Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
VÍRUSTEMPOS (4)
03/04/2020
VÍRUSTEMPOS (4)

TEXTOS ANTIVIRAIS (4)

Entre aqueles milhares de caixões que descem às covas, ou entram nos fornos crematórios, um cenário que cada vez mais assusta o planeta, nesses tempos de coronavírus, há, um outro caixão que não é fúnebre, não guarda vivos, mas percorrerá, também, um mesmo caminho que conduz à morte, no caso, o óbito de uma ideia que a pandemia agora vai exterminando.

Morreu, a realidade matou, a ideia do Estado Mínimo, muito difundida nos últimos anos. Sem merecer uma teorização consistente, a tese, nascida no fórum restrito da plutocracia global, logo encantou estudiosos das ciências sociais, historicamente preocupados com o Estado gigante, recheado dos superpoderes imaginado por Hobbes. O Leviatã, foi livro que esteve nas cabeceiras daqueles ativistas dos totalitarismos de todas as cores ideológicas. O que são o fascismo e o nazismo, senão Estados agigantados, onde os déspotas, Mussolini e Hitler, seduziram os grandes magnatas, e, sob o pálio aterrador do Estado absoluto se puseram a imaginar, uns, a glória das conquistas a ferro e fogo, outros, o quanto ganhariam com elas. Para a grande massa da população italiana e alemã, o Estado lhes reservou um papel heroico: serem buchas de canhão.

Lênin, o principal construtor da engrenagem comunista, alcançou a dimensão ainda maior do Leviatã. Instalou a ditadura do proletariado e ofereceu ao Estado absoluto o cadáver de todas as liberdades. Ao expropriar tudo, extinguir a possibilidade individual de criar sistemas de produção, desde graxar sapatos a plantar batatas por conta própria, Lênin, depois Stalin, submeteram o “homem soviético” que nascia, aos desígnios imperiais do Estado educador, fiscalizador, provedor exclusivo e absoluto, e tantas vezes cruel.

O ser humano, em ambos os sistemas, tornava-se, apenas uma peça facilmente descartável de um complexo maquinismo, movendo-se para assegurar a supremacia, a plenitude, a força coercitiva do Leviatã.

Nenhuma dessas experiências acabou sem causar catástrofes humanas.

Persiste, a grande preocupação de criar a blindagem do Estado de direito, que o torne invulnerável à corrupção, aos desmandos, aos arroubos liberticidas e totalitários. Mas, não será o Estado Mínimo aquele que poderá assegurar essas garantias. Até porque, esse modelo que visa minimizar a burocracia estatal, gera uma outra incontrolável: a tecnoburocracia das corporações, que se autodenominará Estado Mínimo.

O cortejo do Estado Mínimo rumo ao arquivo, ou cemitério das ideias, já foi aberto pelo presidente Donald Trump. Ele, não só anunciou um pacote trilionário de dólares, que aliás já começam a ser distribuídos pela máquina eficiente do Estado; também, para completar a heresia que espanta os ortodoxos ultraliberais, Trump interveio numa grande corporação, a General Motors, para que ela redirecionasse sua linha de produção, dando prioridade a equipamentos hospitalares.

Um Estado Mínimo enfrentaria o vírus, teria condições, recursos financeiros e humanos para salvar a economia?

Os que pretendem o Estado Mínimo estão, todos, buscando agora abrigar-se à sombra do Estado que dizem combater.

Os pobres, os famintos, os desempregados, seriam lembrados na arquitetura restrita de um Estado Mínimo?

O que se precisa, hoje, é começar a projetar a arquitetura do Estado eficiente, que não é podado, é aperfeiçoado, e essa é a grande indefinição da equipe econômica, toda ela fascinada pelo ultraliberalismo, aquela ideia de que pobre só é pobre, porque é incompetente ou preguiçoso.

Paulo Guedes chegou anunciando a privatização completa, a venda de tudo.

Se por desventura a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o BNDES, já estivessem privatizados, quem salvaria as empresas, quem atenderia ao pobre, ao desempregado?

O Estado eficiente, como esta crise agora escancara a sua necessidade, é aquele, provedor e previdente, desenvolvimentista nos dois sentidos: que apoia o empreendedorismo, a empresa, e cuida também do desempregado, e nos instantes como os que vivemos, cuida de salvar-nos, a todos.

Sem isso, qualquer “víruszinho”, desde que não seja “gripezinha” nos derrota, derrota também o mundo, a começar pelo seu lado mais desconexamente rico.

Trump, que é grosseiro, mas não é burro, jogou rapidamente ao lixo as teses minimalistas do Estado encolhido, e entrou em cena com todo o peso financeiro e decisório que tem os Estados Unidos. Se quiser, além de ganhar a eleição, receber o prêmio Nobel da Paz, Trump poderá propor um acordo entre os grandes, para que cortem, conjuntamente, os seus gastos militares em 50%, e destinem a trilionária dinheirama à ciência, às pesquisas, à correção das desigualdades. E inventem logo uma forma eficiente de acabar com as pandemias.

De que adianta aos americanos, russos, chineses, ingleses, franceses, aos ainda em grande parte miseráveis, indianos e paquistaneses, terem arsenais atômicos, porta-aviões e submarinos nucleares, misseis transcontinentais, drones, naves-robôs viajando pelo espaço, e nos mandando imagens de planetas, estrelas e galáxias, se, mesmo juntos, não conseguem derrotar um vírus microscópico? Pretendem, nos próximos anos, pousar mais vezes na lua, chegarem à Marte; sonham instalar colônias pelos planetas, e estão todos inermes, atarantados, diante de um “víruszinho” solerte, nascido em algum charco fétido da China; e agora passeando desafiador pelo mundo, viajando a bordo de aviões de última geração, em navios de cruzeiros sofisticados, ou encrustado na sola gasta dos sapatos rotos de algum refugiado, correndo da pobreza e da guerra.

Nesse clima em que vivemos, escutando mantras corrosivos, todos os dias repetidos, não há espaço nem circunstância para que se possa avaliar os perigos que se escondem na ideia do Estado Mínimo. Países mais inteligentes, onde há capitalismo inventivo, já buscam trocá-lo pelo modelo de um Estado efetivamente operante, que, todavia, não se classifique como pós-industrial, ou pós-moderno, e, mesmo assim, incapaz de nos livrar daquela sensação de que permanecemos vulneráveis, da mesma forma que o camponês, o comerciante, o bispo, o nobre, o senhor feudal, dizimados na Europa ao longo de sucessivas pestes, que as narrativas originadas na Idade Média, tão cruamente nos relatam.

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"Programa Deso Vida" promove responsabilidade social

Reunir parceiros, instituições participantes e disseminar o programa para que mais entidades possam ser beneficiadas. Esse foi o clima durante a segunda edição do "Programa Deso Vida", desenvolvido pela Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, através do setor de Assistência Social, que tem o objetivo de propiciar a regularização de débitos existentes e contribuir para a manutenção de adimplência das instituições participantes, através da adoção de tarifas diferenciadas. Para tanto, as instituições devem preencher alguns requisitos de elegibilidade, conforme estabelecido no regulamento.

A programação foi iniciada com a apresentação do Coral Cantar das Águas, além de muitos agradecimentos de representantes das instituições presentes. Após a interação no auditório, uma feirinha solidária de artesanato com vários estantes e produtos diversos na área externa atraiu a participação dos funcionários, tudo isso ao som da "Orquestra do Lar Infantil Cristo Redentor", além da visitação a unidade móvel "Saneamento Expresso" e um vasto coffee break.

A Companhia pretende manter a comunicação com o público externo a partir desse projeto e também de outras maneiras. Será mantida uma via de mão dupla entre a Deso e a sociedade, visando sempre atender as pessoas mais carentes em todas essas instituições. O planejamento para 2020 visa chegar o mais próximo do cliente para que ele fique satisfeito com a prestação dos serviços, interagindo sempre. Por isso, é investido em novos canais de atendimento como o atendente virtual, tudo baseado em inteligência artificial.

É um trabalho extremamente valoroso para a sociedade e muito importante realizar a segunda edição do evento, haja visto o sucesso da primeira. O intuito é que o evento seja anual, sempre trazendo uma inovação para que se torne cada vez mais interessante. O objetivo é ampliar a participação de outras instituições no programa, por conta da importância que ele tem.

INSTITUIÇÕES

Para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, a preocupação da Deso com a sociedade por meio desse projeto revelou a importância dele. Enquanto instituição, receber esse recurso do abatimento da conta é de suma importância, mas mais importante do que isso, é que a Deso vira um exemplo de empresa ao se preocupar com o lado social.

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