UM TELEFONEMA PARA A HISTÓRIA DE SERGIPE
Na tarde dessa quarta-feira, 21 de setembro, na sede da PETROBRÁS, no Rio de Janeiro, um telefone foi acionado para uma ligação para Aracaju com o governador Belivaldo Chagas. Era o presidente da empresa, Ivan Monteiro, que comunicava a decisão já tomada de não fechar a FAFEN. Em torno da mesa estavam o ex-governador de Sergipe, Albano Franco, o secretário do desenvolvimento econômico do estado, José Augusto Pereira Carvalho, o assessor para assuntos de minérios, Oliveira Júnior, e o superintendente executivo da SEDETEC, Carlos Augusto Franco.
Naquele momento, chegava a bom termo o trabalho, iniciado pelo governador Belivaldo, no sentido de elaborar um documento demonstrando a plena viabilidade da FAFEN e a necessidade de mantê-la funcionando, para que não entrasse em colapso todo o polo de fertilizantes de Sergipe. Albano foi convidado por Belivaldo para integrar a força tarefa criada e, também, manter contatos com o presidente da República e a PETROBRAS.
Belivaldo foi hábil em envolver Albano, personagem sergipano com trânsito livre nas áreas federais e sempre disposto a servir ao seu estado. No contato inicial que teve com o presidente, Albano entregou-lhe o documento e Temer garantiu que a FAFEN, até o final deste ano, não seria “hibernada”, como anunciara, no início deste ano, o desastrado ex-presidente da PETROBRAS, Pedro Parente, o mesmo que atrelou ao dólar o preço dos combustíveis e, na crista da onda de insatisfação dos caminhoneiros que paralisavam o país, felizmente pediu exoneração.
A chegada de Ivan Monteiro colocou alguma racionalidade nos rumos da PETROBRAS e constatou-se que seria absurdo o sucateamento da FAFEN e o desmonte de um complexo industrial, a ela atrelado, com a perspectiva cinzenta do desemprego para mais de cinco mil pessoas.
Na primeira semana de outubro o presidente da PETROBRAS virá a Aracaju para analisar com o governador Belivaldo as alternativas para a manutenção da FAFEN, que deverá ser privatizada, mas, permanecendo em operação, até que a venda se concretize. Caso Bolsonaro seja eleito, corre-se o risco do retorno da “hibernação”, porque o especulador no mercado financeiro Pedro Guedes, que será o comandante da economia, tem em mente muitas coisas, menos o interesse nacional.
Ivan Monteiro falou ainda sobre os avanços nos trabalhos de prospecção na costa sergipana nos campos marítimos, que estão listados entre os maiores do país, comparáveis aos da bacia de Santos e do Rio de Janeiro. O dirigente da estatal manifestou, também, seu interesse em analisar a proposta do governo de Sergipe para a ampliação do Terminal Marítimo na Barra dos Coqueiros, que é da estatal, e operado, hoje, pela VALE.
Essa é a estratégia mais consistente para o desenvolvimento de Sergipe nos próximos anos, já sendo esboçados estudos para a implantação de um polo mineral-petroquímico, visando o aproveitamento econômico, local, de uma parte da volumosa produção de petróleo e gás na plataforma marítima sergipana.
Já existiriam grupos interessados em instalar mini refinarias em Sergipe, diante da capacidade de oferta do petróleo e gás, que colocará o estado entre os cinco maiores produtores do Brasil.
Agora mesmo, opera na costa sergipana um navio norueguês que faz prospecção em uma área adquirida pela Exxon. Fica a 80 km da costa sergipana.
A REUNIÃO NA PETROBRAS, O EX-GOVERNADOR ALBANO FRANCO, O SECRETÁRIO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, JOSÉ AUGUSTO PEREIRA DE CARVALHO, O PRESIDENTE DA PETROBRAS, IVAN MONTEIRO, O ASSESSOR E ECONOMISTA OLIVEIRA JÚNIOR E O SUPERINTENDENTE EXECUTIVO DA SEDETEC, CARLOS AUGUSTO FRANCO
A HABILIDADE POLÍTICA DE BELIVALDO AO CONVIDAR ALBANO FRANCO
FLAGRANTE
Ribeirópolis, Sergipe, Brasil, 22 de setembro, 16 horas, ônibus escolar da Prefeitura fazendo campanha eleitoral para o candidato a deputdo estadual que, coincidentemente, é filho do prefeito do município.
NÓS “ESMULAMBADOS” E O GENERAL MOURÃO
O general Mourão, vice do capitão Bolsonaro, costuma vocalizar estranhos conceitos, algumas convicções pessoais que poderiam ser vistas, apenas, como esquisitices de alguém interessado em aparecer, sendo causador de tempestades, polêmicas e nada mais do que isso.
O que, todavia, preocupa e causa espanto é o fato de que o general Mourão poderá, ano que vem, ocupar uma posição de grande destaque na República, não só por tornar-se o substituto imediato do presidente, como, pior ainda, pela influência que ele terá nas decisões emanadas do Planalto.
Mourão torna-se vítima de um conflito permanente entre o que realmente é e o que tem de aparentar ser, nessa época tão sensível de campanha eleitoral. Daí as suas sucessivas derrapadas verbais e, em seguida, as correções que tenta fazer, orientado pelo seu marketing. Tanto o general, como o capitão não se afastam das suas convicções ou preconceitos, que revelam em instantes de incontidas franquezas. O capitão mediu em arrobas o peso de negros, disse que numa “fraquejada” gerou uma filha mulher, depois de gerar 4 homens, disse mais, que até existiriam “mulheres competentes”.
Mourão, por sua vez, acrescentou pitadas nesse caldeirão de tantas coisas insensatas ditas durante a campanha do capitão, que podem ampliar o espaço do absurdo e, também, revelar um primarismo e um desapreço no trato com questões que as sociedades civilizadas já incluem como conquistas consolidadas e que sequer poderiam ser objeto de dúvidas ou inconformismo.
Algo espantoso foi ouvir o general classificar como “mulambada” os países da América Latina e da África. Ele, além de dizer isso, recebeu palmas pelo que disse, partidas de uma plateia formada por empresários.
O general falava sobre comércio exterior e disse que o Brasil deveria fazer acordos comerciais unicamente com os países desenvolvidos, jamais com a “mulambada” africana ou latino-americana.
Já imaginaram a hipótese de um vice-presidente no exercício do cargo, classificando como “mulambada” a Argentina, a Colômbia, o Uruguai, o Paraguai, nossos vizinhos fronteiriços, e, também, da mesma forma, países africanos, como o Egito, a Etiópia, o Marrocos, ou a África do Sul, nossa parceira nos BRICS. Esses países juntos pesam enormemente na nossa balança comercial. A “mulambada” responde por quase a metade das nossas exportações. Ou seja, dependemos muito daqueles países aos quais o general Mourão demonstra absoluto desprezo e os estigmatiza.
Esse é apenas um dos aspectos daqueles incontáveis riscos que corremos com as bravatas e o espantoso desconhecimento do mundo e da realidade brasileira que revelam tanto o capitão, como o general.
Nós brasileiros integramos a latinoamérica e somos, majoritariamente, negros ou mulatos, fato que também levou o general a fazer observações, nada lisonjeiras, sobre os afrodescendentes, por ele classificados como malandros, enfim a “mulambada”.
Um país como o nosso, que precisa de conceitos ao invés de preconceitos, de ideias ao invés de fanatismos, de tranquilidade ao invés de tumultos, poderá pagar um alto preço, pelo qual as próximas gerações não irão nos perdoar, se agora perdermos o equilíbrio e afundarmos no pântano pestilento da insensatez.
A "MULAMBADA" DA QUAL FAZEMOS PARTE
O CENTRO DA CIDADE, A CRISE E A DECADÊNCIA
Não é de agora que o centro de Aracaju tornou-se decadente. Esse é um processo longo, que começou a partir da instalação do primeiro Shopping Center e se foi agravando.
A cidade expandiu-se e, com ela, o comércio espalhou-se, formando núcleos dinâmicos em bairros, como o Siqueira Campos, em torno dos conjuntos habitacionais e o centro, aos poucos, foi perdendo o antigo charme da sua rua principal, a João Pessoa, onde, ao fim da tarde, fazia-se o footing e, nas noites de domingo, a retreta, quando as lojas exibiam suas vitrines muito iluminadas.
O centro entrou numa progressiva e, talvez, inevitável decadência.
Quando João Augusto Gama foi prefeito, houve uma parceria com o governador Albano Franco, seu adversário político, então chegaram recursos para que fosse ampliado e recuperado o Mercado Central e readaptadas as ruas do centro. O Mercado ganhou mais vida e integrou-se melhor ao circuito turístico. Mas a decadência prosseguiu e parece mesmo ser irreversível, se quiser sobreviver apenas como área comercial.
A inauguração, no próximo ano, do novo Shopping, nos limites do centro com o bairro Industrial, certamente irá criar um novo fluxo de consumidores na área, mas o centro tradicional nada ganhará com isso, ao contrário até.
É preciso que se criem alternativas diversas para aquela parte de Aracaju, que atravessa os mesmos problemas afetando os centros históricos das capitais e de tantas outras cidades maiores. E isso requer criatividade, inovação, duas palavras tão caras ao prefeito Edvaldo Nogueira.
Há bons exemplos de centros revitalizados, no Recife, em parte em São Paulo, no Rio, principalmente com os projetos da Olimpíada. Florianópolis é um exemplo mais consistente de um centro que se mantem dinâmico, embora em outras partes a segurança periclita e se forma uma cracolândia.
Recife teve sucesso, também, em criar uma exuberante vida noturna em torno do Marco Zero, espalhando-se pela região do Recife Antigo, que era um imenso lupanar, e nos velhos sobrados coloniais se instalaram startups na área de novas tecnologias, o chamado Porto Digital Recife.
O que mais ameaça agora o centro aracajuano é a crise, a quase recessão que continuamos a enfrentar. Na onda devastadora, que levou de roldão nos últimos três anos duzentas e cinquenta mil pequenas e médias empresas brasileiras, estão sendo tragadas também as lojas do centro aracajuano. Quem por ali passa avista, a cada quarteirão, dezenas de cartazes pregados sobre paredes ou portas já fechadas: Vende-se, Aluga-se.
É a falência que ronda, a desistência de tantos que criaram seu negócio, o mantiveram por muito tempo e, agora, se sentem vencidos, impotentes, inadimplentes e sem esperança numa possível reversão de expectativas a curto ou médio prazos. Por isso decidiram parar, alguns buscando outra forma de sobrevivência, outros, cruzando definitivamente os braços. E o desemprego aumenta, a esperança some.
Nunca o centro de Aracaju viveu dias tão difíceis e entristecedores.
O CENTRO HISTÓRICO, CRISE E DECADÊNCIA
XIITAS AMBIENTAIS AMEAÇAM EXISTÊNCIA DA COROA DO MEIO
Uma visão ambientalista absolutamente desarrazoada ameaça a existência do bairro Coroa do Meio, hoje um dos maiores de Aracaju e onde concentram-se atividades, que já foram intensas, da construção civil, comerciais e turísticas em escala crescente. Lá surgiu o primeiro Shopping Center de Aracaju, lá existem restaurantes, concessionárias de veículos, atividades de lazer e o comércio se faz, a cada dia, mais diversificado.
A Coroa do Meio é área disputada por quem busca um bom lugar para morar, daí a multiplicação de projetos de novos edifícios de apartamentos e condomínios. Mas agora está tudo parado, esperando que se resolvam as intrincadas objeções que envolvem a Justiça Federal, os Ministérios Públicos, a ADEMA do estado e a SEMA da Prefeitura de Aracaju.
Como se sabe, a Coroa do Meio nasceu de um grande projeto de aterramento dos manguezais, no que antes era chamado o Colodiano, palco de tantas aventuras de um grupo de jovens inspirados nas cenas de Woodstock e de maio de 1968, em Paris. O projeto foi iniciado pelo então prefeito, João Alves, e concluído pelo prefeito que o sucedeu, Heráclito Rollemberg.
Na época não houve restrições de natureza ambiental, até mesmo porque a consciência ecológica entre nós era apenas embrionária. A Prefeitura, em 1977, fez o loteamento e vendeu tudo, com a garantia, evidentemente, de que ali não havia restrições de ordem legal.
Agora tudo se complica e um emaranhado de entendimentos conduz, até, à suposição de que aquilo já construído é ilegal e poderia ser derrubado para que o mangue se reinstale, algo impossível, porque mangue não cresce sobre aterros.
Havendo bom senso e menos radicalismo ambiental (nessas questões o radicalismo também é pernicioso), se poderá encontrar uma fórmula que compatibilize o indispensável desenvolvimento, que é a única forma de gerar emprego, com a proteção ambiental necessária e única para a sobrevivência da espécie humana num planeta menos agredido.
O mangue ainda existe, recobrindo as margens do Poxim, que anda sendo agredido, nele despejam toneladas de lixo e de merda proveniente dos esgotos clandestinos que percorrem toda a cidade. Este é o problema fundamental a ser solucionado.
Mantendo-se os mangues, criando-se, na própria Coroa do Meio, áreas verdes, estimulando-se a arborização de todas as áreas já ocupadas com edificações, se teria, sem prejuízos tremendos, falências e desemprego, a fórmula ideal para a solução do imbróglio e a liberação de tudo o que está, agora, embargado.
Basta que sobreviva o bom senso.
O MANGUE SUMIU, SURGIU UM BAIRRO ONDE VIVEM E TRABALHAM PESSOAS
O REGIME DE 64, SEGUNDO GENERAIS QUE O FIZERAM
Talvez equivocados, talvez ingênuos, mas certamente desconhecedores da História, andam alguns a endeusar a ditadura civil-militar iniciada em 1964, ou acreditando que indivíduos com feição autoritária seriam, agora, a melhor opção para o Brasil.
Em princípio não existem ditaduras boas ou más, são sempre, e simplesmente, ditaduras e o termo é tão conclusivo e definidor que nem precisa de adjetivações. Ditadura é o próprio sinônimo do colapso social, da falência da cidadania, da oclusão de todos os direitos fundamentais. Quem pede ou faz apologia à ditaduras deve sofrer de uma esquizofrenia tão grave, que o torna incapaz de conviver numa sociedade onde existam os direitos fundamentais, a plena liberdade, a capacidade de diálogo e a possibilidade de resolver conflitos através da negociação democrática, com tolerância, civilidade, respeito à diversidade.
Quando todos esses sentimentos se perdem, vem o estupro da violência e uma Nação se divide entre os que tudo podem e tudo mandam, enquanto o resto se submete sem piar, nem gemer.
Depois de um processo insensato de radicalização ideológica no começo da década dos anos sessenta, em que os dois lados cometeram desatinos, a situação chegou ao clímax com a inabilidade do presidente João Goulart, que não avaliou o que representava, nas forças armadas, o princípio da hierarquia e estimulou o estado de sublevação de cabos e sargentos.
Então, no último dia de março de 64, o general Olímpio Mourão Filho, comandante de uma Divisão de Infantaria em Juiz de Fora, acionou os motores dos seus quase sucateados aparatos e se pôs em marcha rumo ao Rio de Janeiro, acompanhado por uma numerosa tropa da polícia mineira. Não ocorreram combates, os generais de um lado e do outro se entenderam e Mourão prosseguiu sua marcha, indo acantonar suas tropas no estádio do Maracanã. Juscelino, o ex-presidente, amigo de Mourão, que participara do seu frenético e produtivo governo, foi visitá-lo e o aconselhou: “Você vai jogar futebol? Então vá ocupar o Ministério da Guerra e assuma o comando da revolta”.
Mourão não saiu do lugar, Costa e Silva, o general quatro estrelas mais velho, ocupou o ministério e tornou-se o chefe do comando revolucionário. Ali começava o clima de tensões permanentes nos quarteis, que, por duas vezes, quase produziu dois golpes dentro do golpe.
As pessoas que tanto louvam agora, até com uma devoção estranha, o regime de 64, o fazem com tanto entusiasmo, que chegam a considerar aqueles vinte e um anos como tempo de todas as virtudes, da pura honestidade, da paz entre os brasileiros. E imaginam, equivocadamente, que num regime autoritário estaria a nossa solução.
Vejamos como era o clima naqueles anos, descrito por generais que dele participaram e foram os líderes da sublevação que instalou o novo regime.
Trechos do livro “Memórias: A Verdade de um Revolucionário”, escrito pelo general Olímpio Mourão Filho, editora LPM, publicado em 1972, após a morte do militar:
“Os quarteis e a Reserva despejaram na administração pública um número nunca visto de militares das três Forças, a maioria do exército, já se vê. Um diário publicou quase três colunas com os nomes dos militares e os empregos ocupados, este número tem aumentado sempre. Semelhante fato prova cabalmente a incompetência e irresponsabilidade de um governo que transformará o Brasil num grande acampamento militar”.
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“E a corrupção passou a invadir tudo, apesar da austeridade – virtude incontestável do presidente militar – protegida exatamente pela autocensura da imprensa temerosa, consequência das possíveis represálias governamentais”.
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“Depois que Costa e Silva, apoiado nos militares, fez-se candidato, contra a vontade de Castelo Branco, a situação piorou muito, porque a luta dos grupos Costistas e Castelistas tornou-se acirrada”.
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“Você mostrou que tem talento político quando Ururahy no 1º Exército, comando que me pertencia. Porque, se eu estivesse no comando agora do 1º Exército, você, o Castello e toda a cambada de políticos que os rodeiam seriam varridos por mim.
Costa e Silva, aborrecido, desmoralizado, apenas se queixou: 'é nesta hora que você acha de vir tripudiar sobre mim...'”
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“O almoço foi realizado na Fazenda Vitória, propriedade do Sr. Paulo Maluf, o mesmo que, por coincidência, veio a ser, segundo dizem, o financiador das viagens do Sr. Costa e Silva e, depois, prefeito de São Paulo, contra a vontade do governador Abreu Sodré, imposto pelo então presidente Costa e Silva”.
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Trechos do livro “O Outro lado do Poder”, escrito pelo general Hugo de Abreu, que foi chefe da Casa Militar do presidente Ernesto Geisel, editora Nova Fronteira, publicado em 1979:
“O pior é a forma como o grupo dominante tem procurado lançar mão de todos os recursos para iludir as Forças Armadas, explorando, inclusive, os seus sentimentos mais puros de disciplina, camaradagem e espírito de corpo e sua fidelidade à Nação. Assim, quando o Exército começa a se inquietar com os abusos e irregularidades dos que estão em posições de mando, acenam com o fantasma do comunismo e procuram fazer acreditar que o importante é manter a união das Forças armadas, pois, desunidas, estarão a mercê dos inimigos da pátria. Dessa forma têm conseguido neutralizar as Forças Armadas e colocá-las perante o povo, como responsáveis por tudo o que está aí.”
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“As palavras do presidente Médici, ditas em outra ocasião e com outra intenção, cabem muito bem na atual situação do país: ‘O Brasil está bem, mas o povo está mal’”.
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“Que o Congresso restabeleça as eleições diretas em todos os níveis, pois essa é a aspiração nacional. Que estude os problemas da anistia e de mudanças na Constituição. Se julgar que deve ser convocada uma Assembleia Nacional Constituinte, que o faça livremente. O estado tem de ser apenas um instrumento, e não há como voltar-se contra o povo”.
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“O Governo está devendo explicações sobre um sem-número de escândalos, de cujo esclarecimento tem fugido. Vou citar apenas doze temas mais gritantes já denunciados pela imprensa ou pelo Congresso, sobre os quais o Governo permanece calado ou, o que é pior, procura dificultar a apuração.
Essas acusações tanto atingem o Governo Geisel, quanto o do seu sucessor. Afinal, o grupo dominante é o mesmo e a figura de Golbery continua por trás de tudo, agora com mais força. Os atores principais não mudaram, apenas substituíram-se alguns coadjuvantes”.
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Trecho do livro “Ideais Traídos”, escrito pelo general Sylvio Frota, ex-Ministro do Exército no governo Geisel, Jorge Zahar Editora, 2006:
“Mostra o escritor Mário Puzzo, em seu livro O Poderoso Chefão, que os mafiosos, quando desejam destruir seus inimigos, vão buscar entre os homens de confiança destes os elementos que lhes facilitem a tarefa. É uma questão de preço e oportunidade, não obstante, é um método que não tem falhado. Não ouso aconselhar a leitura dos livros que versam sobre a máfia, mas, seria interessante para os que pretendem escudar-se contra as falsidades e velhacarias da nossa época, que seja feita”.
OS FATORES QUE SUSTENTAM A ECONOMIA NO SEMIÁRIDO
No semiárido sergipano, a seca completa seis anos. De todos, este de 2018 tem sido o pior, porque nem houve chuva nesse inverno seco que neste setembro, teoricamente, terminou.
Houve um friozinho, que amenizou a secura, e as nuvens, de onde as vezes caiam pingos esparsos, aparecendo e sumindo em intervalos curtos, ajudavam a reduzir a insolação, mas chuva mesmo não houve, nesse período que chamamos, equivocadamente, de inverno, por imaginar que essa estação seria de água no semiárido, o que agora não mais acontece.
O clima mudou muito rapidamente. O que ocorreria em séculos, segundo o relógio normal dos fenômenos registrados no planeta, aconteceu, visivelmente, nesses últimos trinta anos. Nas terras onde havia pastos e se plantavam roças de algodão, milho, feijão, já começa a existir um panorama de deserto.
A caatinga está sendo rapidamente devastada pelos que, passando fome, não têm outra alternativa e se tornam carvoeiros, uma atividade que, se Dante Alighieri fosse nosso contemporâneo, certamente deixaria registrada como um dos diabólicos suplícios que imaginou, descrevendo na Divina Comédia as agonias do inferno.
Com o botijão de gás a quase noventa reais e o desemprego calamitoso, vender carvão é a única atividade que torna possível ganhar algum dinheiro e sobreviver. Dessa forma a crise social mais se amplia e se faz, também, uma das causas da aceleração das mudanças climáticas.
Mas a economia sertaneja não se encolheu completamente. Há setores que resistem, até crescem, geram emprego, fazem circular riqueza.
São eles a pecuária leiteira, o turismo, apenas em Canindé e Poço Redondo, o Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé, bem cuidado nesses últimos anos, e o Perímetro Jacaré-Curituba, em Poço e Canindé, este, por tanto tempo desprezado pela dupla CODEVASF-INCRA, parceiras em erros, sob ameaça de entrar em colapso, caso não se elabore, com urgência, um modelo de gerenciamento hídrico adequado.
O semiárido tornou-se produtor de leite, através de uma bem-sucedida convivência com a seca, e é atividade multiplicadora, a partir da qual se forma uma vasta cadeia produtiva, representada, principalmente, pelas pequenas queijarias, que estão sendo adaptadas às exigências da fiscalização sanitária.
Com euforia, o diretor-presidente da EMDAGRO, o agrônomo Jeferson Feitosa, anuncia o sucesso de um programa de melhoramento genético, que, a médio prazo, dará maior produtividade ao rebanho leiteiro e, com isso, já se projeta um crescimento da produção em torno de 30% nos próximos cinco anos.
A meta de inseminar 500 vacas neste período inicial do programa já está sendo alcançada, em apenas um mês.
São beneficiados os produtores de leite com rebanho de até vinte cabeças, e sem custos. O projeto foi montado no governo de Jackson e, após a licitação de uma empresa privada, a inseminação foi iniciada no fim de agosto, inicialmente em dois municípios do semiárido. A meta traçada por Belivaldo é abranger todos os pequenos e médios produtores.
O Instituto BANESE esta cobrindo os gastos iniciais, por não haver disponibilidade este ano no orçamento. O presidente do BANESE, Fernando Mota, criou uma equipe para, junto com os técnicos da EMDAGRO, formatar e supervisionar a execução do projeto. Há na equipe o propósito de conseguir mais recursos para a inseminação com o sêmen sexado, o que garante o nascimento só de bezerras, mas é muito mais dispendioso.
Já o turismo, uma atividade que se concentra em Canindé e agora se expande em Poço Redondo, é o resultado quase exclusivo do que faz o empresário Manoel Foguete, o primeiro que acreditou no potencial do Cânion de Xingó. No feriadão de Sete de Setembro, mais de cinco mil pessoas passaram só pelo complexo do Carrancas. Com o dólar alto, as pessoas recorrem mais aos roteiros pelo país.
O QUEIJO DO SERTÃO COM QUALIDADE E HIGIÊNE, O CÂNION, A GRANDE ATRAÇÃO, E A IRRIGAÇÃO QUE VENCE A SECA