Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
ÚLTIMA SEMANA ANTES DA FRENÉTICA CAMPANHA
29/09/2018
ÚLTIMA SEMANA ANTES DA FRENÉTICA CAMPANHA

AVISO: A partir deste sábado, o Blog será reduzido e publicado com novas matérias diariamente.


ÚLTIMA SEMANA ANTES DA FRENÉTICA CAMPANHA

Estamos há oito dias da escolha de um presidente que tenha capacidade administrativa e política para começar a retirar o Brasil da pior crise da sua história. Temos agora quase 14 milhões de desempregados, 250 mil empresas comerciais ou prestadoras de serviços já fecharam as portas, mais de dez mil indústrias foram paralisadas, agravando imensamente o processo de desindustrialização começado há décadas. Mais de 20 milhões de trabalhadores estão vivendo de bico para sobreviverem, e isso é visível nas ruas atulhadas de gente que se tornou vendedora até de caixas de fósforo.

As contas públicas estão em desordem, e a previdência sugando cada vez mais recursos do orçamento engessado. Ha uma bomba relógio com tempo certo para explodir.

A imagem do Brasil no exterior é péssima, e são vários os fatores que contribuíram para o descrédito de um país que crescia, e de repente, a partir da inepta Dilma, começou uma trajetória descendente que Temer só fez acelerar sob o aspecto social.

Um enorme sentimento de descrédito na politica, até de revolta contra os políticos, conduz a uma preferência quase espontânea por uma candidatura, a do deputado Bolsonaro. A ele atribui-se a qualidade de ser honesto, o que não chega a ser virtude, apenas obrigação moral, e dele também se diz ser uma novidade, e representaria a anti-política, embora ele já esteja há 26 anos exercendo mandatos eletivos . Começou a ser famoso pela agressividade, ausência de civilidade, e a virulenta campanha que fazia contra os homossexuais, além de repetidas afirmações desrespeitosas em relação às mulheres, e chocantes elogios a um sinistro personagem, perverso e covarde, que teria aplicado choques elétricos na vagina de uma jovem estudante, prisioneira política que se chamava Dilma Roussef, além de outros atos desumanos.

Tornou-se então, aquele político que renegava a política, um personagem caricato, com frequência chamado a figurar em programas humorísticos, onde aparecia como figurante ridículo, até então, apenas hilário. Dai, passou a sugerir soluções radicais para gravíssimos problemas que afetam a população brasileira, como a violência, a condescendência que se acredita existir em relação a assaltantes, homicidas, estupradores, e menores delinquentes.

A corrupção tornou-se sistêmica, percorre todos os setores da sociedade, embora os escândalos na área política alcancem, como seria normal, uma repercussão muito maior.

Mas a onda bolsonarista parece não enxergar que nunca antes na história deste país tantos poderosos, tantos personagens centrais da vida pública, tantos magnatas foram parar na cadeia, exatamente pela prática da corrupção. E tudo isso na plenitude da democracia.

É natural que toda essa turbulência tenha gerado uma onda de indignação, chegando até ao exagero ou ao desatino de alimentar uma tendência ao autoritarismo, que vai ao extremo das manifestações a favor de uma intervenção militar, ou seja, uma ditadura salvacionista, que até chegam a classificar como constitucional, o que resulta, individualmente da ignorância, com excesso de contaminação fascistoide, traduzindo frustrações existenciais, ou, coletivamente, a incapacidade  de aceitar a civilização.

Os bolsonaristas não são culpados de nada, talvez, somente da ansiedade equivocada  por soluções que não dependem de um só homem, ainda mais quando se trata de um homem capaz de vocalizar absurdos como este, no decorrer de uma entrevista ao iniciar o  primeiro mandato : ¨Eu sou favorável à tortura e você sabe disso, e o povo é favorável também¨.

 ¨Bobos somos nós que estamos pagando impostos. Inclusive xará, conselho meu, e eu falo, eu sonego tudo que for possível, se não puder pagar imposto eu não pago¨.

Pergunta: Se você fosse presidente da República fecharia o Congresso Nacional?

¨Não há a menor dúvida daria golpe no mesmo dia, não funciona, e tenho certeza que 90% da população faria festa e bateria palmas, o Congresso não serve para nada, só vota o que o presidente quer, e  se ele é a pessoa que tem poder, que manda, que tripudia sobre o Congresso, dá logo o golpe, parte para a ditadura. Agora não me vai falar em ditadura militar, só desapareceram 282, a maioria marginais, assaltantes de banco, sequestradores¨.

Pergunta: O senhor tem esperança no futuro do Brasil, de que maneira o senhor enxerga um  Brasil melhor para todos nós?

¨Não é essa palhaçada que está ai na imprensa, inclusive paga com dinheiro do povo. Me desculpa não vai melhorar nada, através do voto não se muda nada neste país, absolutamente nada, só vai melhorar quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo um trabalho que o regime ainda não fez, inclusive matando trinta mil, começando por FHC, não deixando ninguém de fora, matando, se vai morrer gente tudo bem, toda guerra morre inocente, inclusive que vá trinta mil marginais junto comigo, não eu ,que não sou marginal, outros,  mas se eu tiver que morrer tudo bem¨.

Essa entrevista foi gravada, não é fake. Apesar de afirmar que o ¨Congresso não serve para nada ¨Bolsonaro é deputado há 26 anos, e tem  dois apartamentos funcionais em Brasília, um para morar, outro  ¨pra comer  gente¨, a resposta que  deu a uma repórter da Folha de São Paulo.

As pessoas que raciocinam com um mínimo de racionalidade, sem fanatismos, ficariam a se perguntar: É esse cidadão que se diz defensor da família brasileira, cristão, inspirado por Deus, o ¨mito¨, que é  candidato à  Presidência da República Federativa do Brasil, e a quem estaríamos entregando o nosso futuro?

Mas apesar de todos esses destemperos verbais, em caso de vitória de Bolsonaro não existe o menor risco de que ele cumpra a promessa de no primeiro dia dar um golpe e instalar uma ditadura, fuzilando 30 mil pessoas. No campo politico-institucional a realidade é outra, e a essa circunstancia o capitão agressivo terá de adaptar-se, se quiser governar.

O problema é outro, é exatamente a constatação evidente de que entre todos os candidatos, exceto o Cabo Dalciolo e aqueles que prometem estatizar tudo, expropriar tudo, sem nenhuma duvida, Bolsonaro é o menos preparado para ser presidente, neste momento de devastadora crise econômica e desmantelamento social.

Nesta última e agitada semana que antecede à eleição, é preciso antes de tudo que solidifiquemos a convicção de que vencendo Bolsonaro, ou o seu mais provável adversário no segundo turno Fernando Haddad, qualquer um dos dois assumirá o governo sem maiores turbulências, seguindo-se estritamente o rito inarredável que estabelece a Constituição, e que o vencido cumprimentará o vencedor, com a cordialidade e o sentimento democrático e patriótico que as circunstancias exigem.

Mas o capitão no hospital acaba de declarar que não aceitará outro resultado que não seja a sua vitória.

Estaria pensando em se tornar um novo Nicolás Maduro, querendo fazer do Brasil uma cópia suja da Venezuela?

PESSOAS QUE PENSAM E AGEM

Luciano Franco Barreto é engenheiro, empresário, suas empresas geram empregos, e os seus lucros produzem iniciativas sociais. O Instituto Luciano Barreto Junior, criado por ele e sua esposa Maria Celi, é mais do que uma homenagem à memoria do filho precocemente falecido, é também uma demonstração virtuosa do que cidadãos podem fazer no sentido de reduzir mazelas sociais, que alguns preferem, por comodismo e hipocrisia, debitar ao poder público, e assim, dando-se por satisfeitos, apenas na condição passiva de indignados.

(O empresário Luciano Franco Barreto)

José Carlos Machado é engenheiro, político, também empresário, já foi deputado estadual e federal, sempre com bom desempenho, e hoje, impedido de concorrer à Câmara descartado por uma tramoia do seu partido o PPS, continua fazendo o que sempre fez:  entusiasmar-se com ideias que impulsionem o desenvolvimento.

Machado, dividiu com João Alves parte daqueles grandes projetos consolidados nos seus governos, como os perímetros irrigados, de Itabaiana, Lagarto, Canindé e Tobias Barreto.

Ele faz agora avaliações sobre a importância desses perímetros para as regiões onde se localizam, e lembra que somente a Ribeira, com 1.200 hectares, gera algo em torno de 8 mil empregos  diretos e indiretos, e injeta na economia de Itabaiana mais de 200 milhões de reais por ano. O plantio da batata-doce na Ribeira ultrapassa em mais  de seis vezes a renda obtida com o arroz irrigado no projeto Betume, às margens do São Francisco. O Jacaré-Curituba em Poço Redondo e Canindé, caso fosse bem conduzido, poderia aproximar-se, sozinho, do valor monetário de toda a produção sergipana de milho, que ano passado quando houve um inverno com chuvas regulares, chegou perto dos 500 milhões de reais.

(O ex-deputado José Carlos Machado)

A lenta agonia do São Francisco, é um problema que tem ocupado o tempo de Jose Carlos Machado, agora também em busca de votos para eleger Aninha, filha de João Alves e Maria do Carmo. Ele vem trocando ideias com o deputado baiano Aleluia, empenhado na revitalização do rio, mas, que enxerga como única saída efetiva a transposição de um afluente do Tocantins, o rio Preto, para o minguante São Francisco.

Luciano Barreto como líder empresarial prossegue a cruzada a que se propôs: eliminar a arrastada burocracia, o sistema de fiscalização das obras que não tem conseguido evitar a corrupção, mas com medidas descabidas paralisa obras, onera desnecessariamente os cofres públicos, e transmite à sociedade uma imagem negativa de incapacidade dos governos para entregarem projetos nos prazos estipulados.

Luciano, em reforço à sua tese, desfila a relação impressionante de obras paralisadas em todo o país, e calcula o peso que isso representa nos orçamentos, a decepção e revolta que se avolumam na sociedade, gerando, como consequência direta, o descrédito da classe politica, e a ideia equivocada de que cada obra incompleta seria o resultado do recorrente vício da corrupção. Se essas obras estivessem em andamento, lembra Luciano a taxa de desemprego seria consideravelmente menor.


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