O Grupo Maratá queria construir um hangar executivo no aeroporto de Aracaju. Escolheu um local que seria tecnicamente o mais adequado para guardar os aviões que utiliza, e também disponibilizar espaços para aviões executivos ou esportivos, baseados em Aracaju, ou de passagem.
Mas no lugar escolhido havia três coqueiros. Aí, começaram as dificuldades. O assunto, sendo ambiental, fugia à alçada da Infraero, que já dera aval à ideia, mas o licenciamento dependeria da Prefeitura de Aracaju, com o autorizo do Secretário do Meio Ambiente, o engenheiro Augusto Cezar Viana. Ele é um gestor eficiente, e entusiasmado com o que faz. Técnicos da Secretaria descobriram que os coqueiros impediam definitivamente a construção, pois não podiam ser derrubados em nenhuma hipótese. Junto, quase ao lado há uma nesga exuberante de Mata Atlântica.
Não está bem cuidada, como de resto no aeroporto o panorama é de desolação, resultado da indolência incompetente da estatal que descuida dele. Os três coqueiros simbolizam, no caso, os impasses a que nos levam uma legislação e uma prática ambientais responsáveis pela formação de uma onda negativa em relação ao meio ambiente. Há, em face das ações ecológicas um conceito negativo, da mesma forma como acontece com os direitos humanos, erradamente transformados em alvos da luta desarrazoado de setores conservadores e mesmo reacionários, que agora estão no poder, e lá chegaram numa eleição inquestionavelmente democrática, defendendo teses que ganharam apoio da sociedade.
Assim, para que não haja retrocessos causados por intransigências bobas, caberiam, tanto aos defensores dos direitos humanos como do meio ambiente, uma oportuna reflexão, e uma autocrítica, sem abdicar de princípios, mas corrigindo roteiros. Três coqueiros poderiam ser substituídos por 300. Margeando o próprio aeroporto há uma avenida arborizada com coqueiros, muitos deles necessitando substituição.
O próprio secretário municipal, o engenheiro Augusto Carlos Viana, vem fazendo um bom trabalho de arborização urbana, e cuidando dos mangues que nos cercam, seguindo uma boa tradição de plantar, que existe na Prefeitura de Aracaju ao longo de tantas administrações e que foi intensificada exatamente por Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira.
Finalmente, o caso dos três coqueiros foi resolvido, o Grupo Maratá, ergueu o seu hangar, que também gera empregos, a urgência maior que hoje temos.
Mas os Três Coqueiros ficam como símbolo das irresoluções ambientais que precisam ser superadas com técnica, com sensibilidade, e mais ainda bom senso, um assunto do qual iremos tratar nos próximos escritos, a começar pela polêmica criada em torno da mudança na estrutura burocrática do setor ambiental em Sergipe.