CANDIDATURA DE ROGÉRIO OU COMO DESTRUIR UM PARTIDO
Os dois "tratores", entre o antigo de Euvaldo e o novo de Rogério, tantas diferenças.
Rogério, o senador, e agora candidato ao governo de Sergipe, gosta de comparar-se a um trator. De fato, quando se trata de defender os seus próprios interesses, Rogério é comparável aquele imaginário trator sem freios, descendo sem freios a aracajuana ladeira do Santo Antônio, ao qual, um dia, numa eleição lá pelos anos cinquenta, o candidato a deputado federal Euvaldo Diniz colou a sua imagem de político resoluto, capaz de vencer todos os desafios, de superar os mais difíceis obstáculos.
Esses dois “tratores” separados pela voragem do tempo, se distanciam também pelo sentimento, que, na sua época revelou Euvaldo, e que nesta sua época revela Rogério.
A política mudou muito nesses perpassar de decênios.
O “trator” Euvaldo, se cotejado hoje com o “trator” Rogério, seria um ingênuo, incapaz de entender o intrincado jogo daqueles interesses que permeiam a política, e o cinismo de muitos que a fazem.
Euvaldo, era o produto de um tempo em que se valorizava a lealdade, e o político tinha raízes no seu grupo, cultivava afinidades; às vezes, chegava ao sacrifício para não perder a característica de fidelidade ao partido, aos amigos, aos valores comuns que sabiam partilhar.
Não era um mundo de conto de fadas, muito ao contrário, era uma realidade onde não poucas vezes se ouviam o espocar das armas, e quase nenhum dos que preenchiam o cenário político se separavam delas. Havia violência, tramoias, perseguições. Éramos ainda uma recente democracia, saída da experiência traumática do ninho autoritário da República de 1930, que cobriu-se com a capa totalitária do fascismo a partir do nascimento do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937.
Partejar a democracia naquele corpo estéril, tornou-se possível a partir de agosto de 42, quando o nazi-fascismo a bordo do submarino U-507, trouxe a guerra e à morte às praias de Sergipe e Bahia. Então, o povo começou a ganhar as ruas, os brasileiros foram combater o totalitarismo na Itália, e o Estado Novo se foi tornando um anacronismo indefensável. E caiu.
Com todos os defeitos de uma novidade ainda não inteiramente absorvida, a democracia abrigava os “coronéis” mandonistas, tolerava a sonegação, desde que fosse dos aliados no poder, fazia da polícia um instrumento de vinditas, acoberta o crime. Pairava, todavia, um certo sentimento de honra, a palavra traição, era como se fosse um sinete cravado à testa, denunciando a desonra.
O favorecimento era naturalizado, mas esbarrava nos limites dos cofres estatais, que deveriam ser preservados. Ser chamado de ladrão era uma ofensa que motivava um duelo.
Um escândalo brasileiro foi o “dólar rabo-de-peixe”, a moeda americana, a um câmbio subsidiado para os parlamentares federais comprarem os carrões, made in USA.
O assalto mesmo, descarado aos cofres públicos, era alguma coisa que causava vergonha.
Impossível imaginar “orçamentos secretos”, e nem havia a vigilância permanente do jornalismo investigativo, das abelhudas e poderosas redes sociais.
Leite Neto, um líder político que não exibia sorrisos ao eleitor, considerado carrancudo, foi presidente da Comissão de Orçamento da Câmara Federal. Rigoroso, assistiu fechar as portas de um banco do qual era sócio (um dos tamboretes que na época existiam). Ele liberava emendas, mas nunca pediu, nem mesmo admitiu, que os beneficiados depositassem os recursos no seu banco. De um modo geral, nenhum dos deputados ou senadores daquela época, devoravam as comissões sobre os recursos que liberaram.
O voto era “de cabresto”, a maior parte dos eleitores semi-alfabetizados, nem sabia ao certo em quem votava, apenas, depositavam as cédulas nas urnas, quase sempre violadas ou falseadas (e hoje um presidente defende a volta desse tipo de voto com apuração manual).
O “trator” Euvaldo Diniz foi eleito, tornou-se deputado federal, ganhou as boas graças de um Ministro da Saúde e montou uma bem azeitada máquina eleitoral, conseguiu créditos no Banco do Brasil para a sua cerâmica, aliás modesta. Era visto com certa suspeição entre os próprios políticos, até que, após a sua morte prematura, descobriu-se que não havia a fortuna que a ele atribuíam.
O “trator” daquela época era mais uma força de expressão.
O hodierno “bulldozer” ou a personificação de Rogério na máquina, seria uma escavadeira que cava em qualquer terreno, sempre à procura de alguma “pedra preciosa,” como aquela hora oportuna para votar, e definir o placar de um orçamento secreto. O “Bulldozer” encontrou o seu filão.
O “tratorzinho” do “deputado arrojado” Euvaldo Diniz, diante do Bulldozer, pareceria brincadeira inofensiva. Mas, Pedro Diniz Gonçalves, pai de Euvaldo, honrado senhor de engenho e homem público possuidor de um inflexível sentimento de honra, se sentiria gratificado.
O “Bulldozer” de Rogério tem utilidades múltiplas. Pode, utilizando o combustível da vaidade egoísta, ser empregado até para devastar o seu próprio partido.
O PT começou a definhar em Sergipe após a candidatura açodada de Rogério, pondo a escavadeira em movimento, antes mesmo de avaliar as consequências do seu gesto em face da candidatura de Lula, que necessita de apoio, não só da “companheirada”, como de todas as forças políticas interessadas em barrar o projeto que é ameaça óbvia e ululante à manutenção da encurralada democracia brasileira.
Rogério, é hoje senador da República, após vertiginosa carreira política, embasada na confiança que Marcelo Déda nele depositou, até poucos dias antes da sua morte, levando, com ele, o peso das decepções acumuladas no trajeto derradeiro.
Deixam o PT figuras que construíram e fazem parte da história do Partido dos Trabalhadores em Sergipe. Rômulo Rodrigues, pensador, estrategista e militante desde os ásperos tempos, escreveu o que poderia ser entendido como conselho ou admoestação. Rogério não aceitou nem um nem outro.
E começou a debandada. Sai o calejado sindicalista e deputado estadual Francisco Gualberto, homem decidido, e que tem, pela prática, plena consciência do que representa a luta social. Sai o ético e coerente deputado Iran Barbosa, que agora também defende uma nova chapa para renovar o esclerosado SINTESE, uma das ferramentas petistas, atingida pelo cisma no partido. Sai também a ex-deputada Conceição Vieira, decepcionada com o egocentrismo de Rogério. Na Assembleia, o PT não tem mais representantes. Aquele, que Rogério faz pouco tempo filiou ao partido, o suplente recentemente empossado Marcelo Montarroyos Leite, foi cassado pela Justiça Eleitoral.
O ex-deputado federal Márcio Macedo, um dos quadros de Sergipe com maior projeção nacional, não está satisfeito, e vê com reservas a atitude de Rogério, votando a favor do orçamento secreto, e assim, fortalecendo o grupo no poder, com prejuízos evidentes à candidatura de Lula, enquanto ele próprio, esperando assumir o lugar do deputado cassado Valdevan - 90, já sabe que não chegará a ser empossado, porque Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, mantém, na sua gaveta, a comunicação da Justiça Eleitoral sobre a cassação do mandato de Valdevan.
E pensa com os seus botões: enquanto nos tomam espaços, um dos nossos, votando o orçamento secreto, os ajuda na marcha para nos esmagar.
Sendo petista, devedor de lealdade ao seu partido e ao seu candidato, Rogério poderia ter consultado o que pensam os seus companheiros, e também procurado sentir o que passa pela cabeça dos sergipanos. Preferiu colocar o “Bulldozer” em movimento, à revelia de Lula, e esmagou a possibilidade de uma unidade que assegura a candidatura ao Senado de Eliane Aquino, viúva do seu benfeitor maior, embora esquecido, Marcelo Déda; e daria, também, uma contribuição em quantidade de votos a Luiz Inácio Lula da Silva, que agora não cansa de classificar como reles traidores, os que votaram a favor do orçamento secreto. E ele sabe que o senador sergipano e petista Rogério Carvalho, foi um deles.
O que amedronta agora os sergipanos, é a possível chegada do. “Bulldozer” nas proximidades dos cofres estaduais.
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DAS BOCHECHAS TORRADAS À COZINHA DO PALÁCIO ALVORADA
Na esteira dos ministros bizarros que lhe antecederam, o pastor carrancudo completou os absurdos.
Disse o presidente: daria sua cara ao fogo pela honorabilidade do Milton Ribeiro, o pastor Ministro da Educação. Ele, o ministro, de maneira nada pedagógica, misturou-se a uma corja de pastores quadrilheiros.
Sem atentar para o perigo que corriam as suas bochechas, o presidente acossado, e de olho na reeleição, teve de sugerir ao soturno malandro uma saída “honrosa”, através de um pedido de demissão, com a promessa pública de que ele voltaria depois, desde que amenizasse o tom daquela informação sobre o presidente, passando a ele a determinação de atender e receber com tapete macio os dois negacionisstas.
O pretenso educador, ou falsário bíblico, era, da mesma forma que os dois recomendados, um dos privilegiados frequentadores íntimos, gente da “cozinha palaciana”, e tinha, a sustentá-lo, a mão influente da senhora Michele Bolsonaro. Os dois outros larápios, ungidos com a recomendação presidencial, se instalaram próximos ao ministro, fazendo a depravada intermediação de recursos do Ministério responsável pela política educacional do país.
Essa malta, ou súcia, como queiram, de indivíduos moralmente desqualificados, transitava entre o Palácio da Alvorada, residência do presidente, o Ministério da Educação, e aqueles Prefeitos escolhidos para a extorsão e a chantagem. Pediam dinheiro, um quilo de ouro, ou vendiam Bíblias, tendo na capa a foto do pastor e Ministro. Além do peculato, a blasfêmia.
Na era do capitão que prometeu nova forma de fazer política, e absoluta moralidade pública, é assim, nessa promiscuidade de covil, que se fazem os negócios de Estado.
Essa mistura de afinidades, ou aquela intimidade que permite o acesso à “cozinha”, já nos transforma, agora, naquela “republiqueta” futura, que o presidente numa solenidade com generais, disse temer que virá a ser o Brasil, necessitando, portanto, da salvadora intromissão das forças armadas, para nos devolver a democracia e a tranquilidade.
Só numa republiqueta poderia um presidente, ou caudilho, ameaçar com intervenção militar. A essa condição que nos envergonha diante do mundo, deseja reduzir-nos o capitão, sempre inconformado com a democracia, e vez por outra fazendo coro com os seus filhos, que disparam todo tipo de afrontas, inclusive as mais desumanas.
Neste país, correndo o risco de tornar-se republiqueta, recursos que deveriam ser aplicados na educação são manipulados por ministros, dirigentes partidários, e acontecem superfaturamentos de setecentos milhões de reais. Por não ser ainda republiqueta, por haver imprensa atuante e instituições que funcionam, salvaram-se os cofres públicos, porque, a tempo, foi desarmado o golpe. Mas, Ciro Nogueira permanece poderoso e intocável ministro, e Valdemar Costa Neto, merecendo as honrarias do presidente, que, ao lado dele, e do outro assemelhado, Fernando Collor de Melo, anunciou “a luta do bem contra o mal”.
Ao lado desses guerreiros, o combate a ser travado só acabará quando estiverem esvaziados os cofres públicos.
Os ônibus escolares, que custariam um bilhão e trezentos, seriam vendidos a mais de dois bilhões. Os autores desse “pequeno erro”, são velhos conhecidos e parceiros de Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, que os colocaram a gerenciar o Fundo onde estão os bilhões, destinados constitucionalmente ao desenvolvimento da educação.
Pior do que a tentativa felizmente frustrada de assalto, porque ainda temos democracia para denunciar, é a total indiferença do governo em relação ao escândalo que acontece em todas as áreas contaminadas pelas indicações do próprio presidente.
O país vive uma crise educacional catastrófica, não há uma política definida para o setor, apenas experiências bizarras realizadas por amalucados fanáticos. Já passaram pelo MEC cinco ministros, sem que se chegasse a definir qual o projeto para a Educação brasileira.
Fica a constatação que o projeto é esse mesmo, dos larápios fantasiados de pastores.
E as bochechas do presidente não foram churrasqueadas como ele prometeu. Continuam íntegras, balançando flácidas, quando ele gargalha embalando-se nas cadeiras, ao desferir mais um petardo contra o que chama de “inimigos internos”, ou seja, a maior parte do povo brasileiro. O último disparo foi o veto maldoso ao projeto aprovado no Congresso para amparar o setor cultural. Nem chegaria perto dos bilhões que estão sendo torrados na sua ânsia de ganhar um segundo mandato.
Os recursos chegariam para o ambiente artístico, o mundo dos espetáculos, o que mais sofreu na pandemia. Esse mundo abriga os “inimigos”, é formado por pessoas que têm sensibilidade, que pensam, criam, inovam, e estas jamais frequentaram a “cozinha” do clã Bolsonaro.
Um dia esse mundo que faz parte da cultura, criou no Brasil quase cinco milhões de empregos. O homem que prometeu queimar as bochechas pela integridade moral do indigno Milton Ribeiro, entende que os recursos para a cultura, “contrariam o interesse público”.
Muito sintomática aquela frase, até julgada extemporânea do gigolô de votos Valdemar Costa Neto: “A campanha de Bolsonaro vai ser muito cara”.
Assim, criptografou o que na verdade quis dizer: É por isso que estamos agora tratando de captar recursos, com superfaturamentos, se necessário.
E para bom entendedor a mensagem: Por isso não mexam comigo, e deixem-me agir da melhor forma que sei fazer.
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Dia Mundial da Água: Deso celebra a importante data e comemora o lançamento do livro “MBA em Gestão Empresarial com Foco em Saneamento”
Em uma ação pioneira, a obra é composta pelo trabalho de conclusão de curso dos funcionários da empresa
Uma das datas mais importantes para todos que fazem a Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, o 22 de março, Dia Mundial da Água, teve um clima mais que especial, diante do lançamento do livro “MBA em Gestão Empresarial com Foco em Saneamento”, uma ação pioneira, que reflete a conclusão do curso direcionado para os funcionários da empresa, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe – UFS. O Auditório Central da recebeu os alunos da especialização, a diretoria executiva da Deso, representantes da Universidade, além de colaboradores em geral.
Na programação especial do evento, a apresentação de um vídeo institucional sobre o “Dia da Água”, apresentação de projeto de pesquisa: “O uso do esgotodoméstico tratado na irrigação da palma forrageira” e a “Caracterização do lodo gerado nas Estações de Tratamento de Esgoto em Sergipe”, apresentado por Daniel Fonte Lima, professor do Departmento de Engenharia Civil da UFS.
De acordo com a presidência da Deso, a água é o maior patrimônio, pois todo ser humano precisa dela, por isso a importância em cuidarmos bem do Meio Ambiente e mananciais, e assim, cuidar do planeta. A Deso está sempre contribuindo com isso, fazendo seu papel através da educação ambiental, através do ‘Saneamento Expresso’ que diariamente está nas escolas sergipanas, para levar educação para as crianças. Além disso, é visível o avanço nas obras de esgotamento sanitário em todo Estado, atualmente são vários municípios com a coleta e tratamento, e será cumpido muito antes do prazo que o “Novo Marco do Saneamento” determinou, que se leve a 90% de cobertura de esgotamento sanitário até 2033. Em Aracaju essa marca será alcançada até os próximos quatro anos.
Livro “MBA em Gestão Empresarial com Foco em Saneamento”
A Deso foi pioneira a nível nacional, quando em 2017 foi feita uma parceria com a UFS, e foi trazido para a Companhia uma pós-gradução a nível de MBA, em Gestão do Saneamento, com 50 colaboradores capacitados, durante dois anos. Isso culminou com a formatura e o lançamento desse livro. Infelizmente com a pandemia, várias atividades foram suspensas, mas foi possível unir a data do Dia Mundial da Água, ao marco com o livro, tão importante para a empresa e para a sociedade, deixando esse legado e formando líderes capacitados para execer suas funções internas, visando a qualidade do serviço prestado pela população sergipana.
Segundo o professor Dr. Marcos Eduardo Zambanini, coordenador do Departamento de Administração da UFS e coordenador do MBA, foi um livro feito a várias mãos.”Agradeço imensamente pelo convite e em nome da Universidade Federal de Sergipe, confirmo que as portas estarão sempre abertas, para novos cursos. Como morador do Estado, quero agradecer a Deso pela prestação de serviços, com excelência e com qualidade, buscando sempre as melhorias para nós moradores. É muito importante como conseguimos plantar uma sementinha em cada um dos participantes do curso, e como resultado temos esse livro, que foi construído a várias mãos, com um conteúdo interessante, e com artigos dos alunos da Deso. É satisfatório ter um produto final que teve tanto esforço dos envolvidos. A UFS tem muito orgulho nessa ação que foi pioneira para todos, em um projeto desse porte, onde todos aprenderam juntos”, comemorou.
Para a Coordenação de Desempenho Operacional dos Sistemas Regionais – CDOR, é um dia emblemático, quando todos são instigados a pensar sobre a fonte que sustenta a vida, a água, e reunidos com 16 propostas de intervenção/trabalho de conclusão de curso, vislumbrando um horizonte de melhoria dos processos da Companhia, para otimizar a eficiência da gestão da água desde a captação no manancial, até o consumidor final e, deste, retornando à origem em condições que permitam a depuração pelo sistema. Assim, contribuí-se com a cadeia de consumo da água, pensando nas pessoas, no meio ambiente e na sustentabilidade do sistema.