O FERTILIZANTE RUSSO E A SOLUÇÃO EM SERGIPE
O texto sobre os fertilizantes já estava concluído, quando recebemos este vídeo enviado pelo amigo Mozart Santos, que, vivendo agora em terras lusitanas , perguntava sobre o nosso potássio. No vídeo aparece Sukita, ex-prefeito de Capela, mandando à Brasília um apelo para que sejam consideradas as jazidas sergipanas. Sukita, como se sabe , foi preso e teve cassados os seus direitos políticos que tenta readquirir. O controverso político, empresário agora em aflição, e ágil campeão de Karatê, demostra, no vídeo ,que a sensatez pode surgir onde menos se espera. E tanto estamos carentes dela.
Acontece, agora, o que há muito tempo já era previsto. Com a brutal invasão da Ucrânia pelo regime do assassino Putin e as sanções econômicas aplicadas à Rússia, escancara-se a vulnerabilidade brasileira no que diz respeito ao suprimento de fertilizantes. O cenário gera incertezas.
No caso do potássio 95% são importados e os 5% da participação nacional resultam da mina sergipana.
A história da produção de potássio em Sergipe é um tanto complicada, aliás, como são todos os projetos estratégicos para o país. No começo dos anos 70, apareceu por aqui um aventureiro chamado Lynaldo Uchoa de Medeiros. Pernambucano, ele começou no Recife dando golpes de esperteza na Caixa Econômica Federal, fez crescer uma empresa de construção e logo surgia o Grupo Lume. Medeiros ganhou, no governo de Médici, uma concessão para explorar as jazidas de potássio sergipanas. Criou uma empresa com capital pífio e mandou para Aracaju alguns executivos, visivelmente picaretas. O jornalista Orlando Dantas iniciou no seu jornal uma pesada campanha contra o Lume. Ao assumir a presidência, o general Geisel cassou a concessão, e em 1978 criou a PETROMISA, uma subsidiária da PETROBRAS. A instalação da mina foi iniciada e exigiu proezas da engenharia nacional, inclusive, para chegar aos 400 metros de profundidade atravessando um volumoso aquífero. Máquinas e diversos equipamentos pesados desceram por dois poços e começaram a perfurar as galerias que hoje formam, no subsolo, uma rede com mais de cem quilômetros.
O presidente Figueiredo veio em 1982 visitar as obras da mina de potássio, o Projeto Taquari- Vassouras; o jornalista Roberto Marinho, presidente da rede Globo, estava na comitiva. Era governador o empresário Augusto Franco; o presidente participou também, como aviva a memória do escrevinhador o ex-executivo do Grupo Franco José Nilton, da inauguração da fábrica de tecidos do Grupo, a Nortista.
No discurso em Taquari-Vassouras, Figueiredo lembrou que Sergipe se tornaria o único local no hemisfério sul produzindo potássio. Augusto Franco preparava-se para deixar o governo, e ao seu lado estava o vice-governador Djenal Tavares de Queiroz, general, e colega na Academia Militar do presidente, a quem chamava com intimidade de Cazuza. Djenal seria o próximo ocupante do cargo, com a missão de estreitar os laços em Brasília e ajudar a eleger o engenheiro João Alves Filho, já escolhido por Augusto Franco com o aval forte do general e político.
Quase ao mesmo tempo, instalava-se em Sergipe a FAFEN, subsidiária da Petrobras, destinada a produzir amônia e ureia a partir do gás natural.
Assim, foi surgindo em Sergipe o Polo de Fertilizantes.
Confirmavam-se as previsões feitas ainda nos anos 50 por Walter de Assis Ferreira Baptista, geólogo autodidata, e visionário com o pé no chão, por tão bem o conhecer.
Em 1990 o presidente Fernando Collor de Melo atabalhoadamente extinguiu a PETROMISA. Fechou a única mina de potássio no hemisfério sul. Durante a sua campanha corriam rumores de que ele iria acabar a PETROMISA, para atender aos interesses do seu ex-sogro, controlador do grupo Monteiro de Carvalho, maior importador de potássio do Canadá. Por isso, o senador Albano Franco, que era também presidente da CNI, exigiu dele um compromisso público de que não faria o que fez. Também o governador Valadares, que foi o segundo governador do país a apoiá-lo, quando Collor ainda era um azarão, recebeu a promessa de que ele não tocaria na PETROMISA. A PETROMISA voltou a funcionar no governo de Itamar Franco. Por fim foi privatizada, tornando-se um dos enormes tentáculos da mineradora VALE, que, depois, não demonstrou muito interesse na mina sergipana, porque já explorava jazidas semelhantes no Canadá, e com maiores vantagens econômicas.
A VALE vendeu a mina para a multinacional MOSAIC. A nova mineradora vem ampliando a produção, e tendo foco num outro projeto: o aproveitamento da carnalita em vez da silvinita, isso num local bem próximo, e por um novo sistema que dispensaria as enormes escavações. Será mais simples, através de poços profundos, com injeção de gás e água para trazer o minério à superfície, depois, processá-lo usando muita energia também fornecida pelo gás. Um poço piloto já está pronto. O projeto encontrou obstáculos na PETROBRAS, que, da mesma forma como impedirá a instalação de uma fábrica de cimento no município de Santo Amaro, também alegou que em Capela a MOSAIC iria prejudicar suas jazidas de óleo e gás. Hoje, quem explora os campos terrestres é a espanhola CARMO ENERGY, que certamente será menos arrogante.
Quando começou a ser delineado o projeto Taquari-Vassouras, surgiu a notícia da descoberta pela PETROBRAS de grandes jazidas de sais de potássio no Amazonas. Houve o temor de que o projeto sergipano fosse prejudicado. Mas o projeto continuou.
O presidente Bolsonaro talvez nem saiba das possibilidades concretas existentes em Sergipe. Ele já alardeia que em terras indígenas estão as jazidas do potássio que o país tanto necessita. Bolsonaro prefere o caminho turbulento, o que gera controvérsias e divide mais ainda os brasileiros.
Seria urgente acelerar o Projeto Carnalita, ao mesmo tempo, analisar a possibilidade de ampliar a produção na mina Taquari- Vassouras.
A PETROBRAS, no governo Temer , paralisou as unidades de amônia e ureia, as FAFENS, entre elas a sergipana, agora reaberta, privatizada, operada pela UNIGEL. A empresa que é brasileira já aumentou a produção, e demonstra capacidade gerencial. Um sintoma visível é o fato de que acabaram-se os enormes congestionamentos de caminhões a esperar carga ao redor da fábrica. Com logística mais eficiente, reduziu-se o tempo de espera, e isso representa redução de custos para a empresa e os caminhoneiros. Aumentou a produção de amônia e ureia, com o fornecimento do gás em maior escala.
Foi resolvido o problema do fornecimento à UNIGEL do insumo básico, o gás. Nessa questão do gás, o governo de Sergipe saiu na frente. Belivaldo aqui colocou em movimento uma equipe liderada pelo Secretário do Desenvolvimento José Augusto de Carvalho, tendo ao seu lado especialistas como Marcelo Menezes e Oliveira Junior. O Secretário da Fazenda, Marco Antônio Queiroz, removeu os obstáculos na área fiscal; na Procuradoria Geral o procurador Vinicius Oliveira liderou a equipe que formatou o modelo jurídico; em Brasília o deputado Laércio Oliveira relatava o projeto do gás. Houve uma participação decisiva do Ministro Bento Albuquerque, e Sergipe foi o primeiro a criar um modelo adequado para a produção, comercialização e uso do gás, que é fundamental para a produção de fertilizantes.
Já a solução para o potássio, como se constata, também está em Sergipe, é viável, segura, e evita controvérsias.
A solução para os fertilizantes nitrogenados passa pelas FAFENS existentes no país, abandonadas pela PETROBRAS, que causou um imenso e irreparável prejuízo à Sergipe.
E a solução mais uma vez passa por Sergipe, onde operam na plataforma marítima a PETROBRAS e a EXXON, esta última, podendo anunciar até junho a capacidade de produzir quantidades imensas de gás e óleo.
Não se deve tratar a questão dos fertilizantes com visão puramente eleitoreira, votando na Câmara dos Deputados um projeto autorizando a mineração em terras indígenas, quando nem se sabe se nelas estão mesmo as jazidas de sais de potássio.
Em entrevista na Globo-News, o professor Raoni Rajão, da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em minérios, disse que em Sergipe estão dois terços das jazidas de sais de potássio brasileiras, e que as jazidas na Amazônia, sequer estão delimitadas. Apontou o Projeto Carnalita como o mais viável. Aqui estão, a médio e longo prazo, as soluções menos complexas e mais econômicas. Sergipe precisa demonstrar isso ao Governo Federal, ao agronegócio, à agricultura familiar, enfim, a todos os brasileiros, agora preocupados com o panorama criado pela guerra insensata e brutal.
Mesmo que a guerra acabe amanhã, as suas consequências se arrastam por muito tempo, até que se reordenem as relações internacionais.
Nossos representantes em Brasília estão desafiados a impedir a votação sobre as terras indígenas, argumentando com a concretude das jazidas sergipanas, viáveis, sem contestações, e tecnicamente comprovadas, ou melhor: já sendo exploradas.
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