Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
TEXTOS ANTIVIRAIS (51)
11/03/2021
TEXTOS ANTIVIRAIS (51)

CONSTITUIÇÃO, OU CAMISA DE FORÇA

(As mortes aumentam e o presidente continua negando a tragédia)

Não, não vamos engolir o choro. Há mais de 260 mil mortos que motivam o pranto de quem se comove, sente a dor das ausências, ou o travo amargo da angústia diante da desumanidade de um descaso absoluto.

Não, não vamos reprimir o choro. O choro é sinal eloquente de que o sentimento prevalece, e enquanto houver sensibilidade sempre haverá a certeza de que os valores humanos sobrevivem.

Se nada acontece neste “berço esplêndido”, onde o gigante dorme embalado ao “som do mar e à luz do céu profundo”, mesmo assim, não estaríamos então a desperdiçar o nosso choro, as lágrimas não se perdem, nunca se tornam inúteis. Elas fertilizam o chão, mesmo o mais árido desses dias opressos, e nunca deixarão de nascer as rosas cheirando a futuro.

Os brasileiros, que não são desalmados, choram, estão tristes, cabisbaixos, talvez confusos, e ouvindo, silenciosos, as cifras de uma tragédia que dia a dia se avoluma.

Ninguém precisa fingir que não chora. Afinal, os que choram são vítimas, os que mandam engolir o choro, quase sempre são os verdugos, aqueles, cujas almas andam misturadas com as suas vísceras.

O drama brasileiro é mais cruel, porque aqui, os efeitos da pandemia foram agravados pela insanidade de um presidente cuja estratégia política se confunde com a trapaça. Ele trapaceia quando nega, quando mente, quando cria versões absurdas, e nesse ato desprimoroso de trapacear, revela a sua incapacidade, e o que é pior: sua completa ausência de sentimento humano.

Enquanto o país chora, o presidente faz troça, escancara o riso.

Ele não é responsável pela pandemia, mas, ao lado do seu atrapalhado ministro da saúde, são os maiores culpados pelo avanço incontrolado do vírus. O que era a “gripezinha”, alguma coisa que só amedrontaria quem fosse “maricas”, que não chegaria a matar três mil pessoas, idosas ou doentes, já vai registrar trezentas mil mortes, com uma letalidade diária ameaçando alcançar três mil vidas perdidas.

Nesse cenário atroz, o presidente não teve uma só palavra de respeito, sequer, um mínimo que fosse de piedade humana.

Quem trapaceia com a morte não entende o significado da vida.

Agora, completando ou revelando a trapaça, o presidente enfim colocou a máscara. Lembrou, finalmente, de que a vacina é necessária. Mas é a mesma vacina que transformaria gente em jacaré, e que ele determinou ao ministro atarantado que cancelasse a anunciada compra. Era a vacina que “um idiota pedia para comprar, mas, só se fosse na casa da mãe dele”..

Se a vacina chegou, foi porque o governador paulista tomou a dianteira, e estabeleceu a parceria do Instituto Butantan com a China. Enquanto isso, a tropa turbulenta dos filhos, junto com o Chanceler energúmeno, ofendia o embaixador chinês, e sugeria a sua expulsão. Agora, estão ajoelhando-se aos pés do Embaixador, para que ele interceda junto ao seu governo e libere mais “vacinas-jacarés” para o Brasil; enquanto, por sua vez, o Ministro das Comunicações, lobista dos interesses do sogro, Sílvio Santos, e de outros mais, anuncia exatamente nesse instante crucial, que a empresa chinesa Huawai será desclassificada, e não participará do leilão da tecnologia 5 G.

E querem a boa vontade da China?

Muito além da trapaça, revela-se a calamitosa ausência de governo, a carência de uma liderança minimamente capaz de cumprir metas e alcançar objetivos.

Toda essa questão da vacina já estaria tranquilamente resolvida, se à frente dos entendimentos fosse colocado o vice Hamilton Mourão, agora relegado ao desprezo pelo presidente, que finalmente usou máscaras. Forçado por Lula.

Diante deste país na antessala do caos, e tornando-se um grande cemitério, não há mais como esconder a trapaça.

Caberia, agora, ao que resta de lucidez ou instinto de sobrevivência nas nossas elites sempre cúmplices, escolher entre duas alternativas: a Constituição ou a camisa de força.

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A CIDADE COLOCADA À VENDA

(Um festival de vendas desejadas e não concretizadas)

Quem percorre o centro de Aracaju, ou até mesmo bairros mais afastados, nem observa, porque já se tornaram tão comuns os anúncios anunciando a venda de casas, apartamentos, terrenos, como se houvesse uma enorme feira de imóveis em busca de compradores.

É quase um terço dos maiores imóveis da cidade colocados à venda. Dirão, alguns, que isso faz parte do fenômeno de deterioração das áreas centrais, o que acontece hoje em boa parte de regiões metropolitanas, perdendo a característica de centros dinâmicos, concentrando comércio e serviços.

No caso de Aracaju, há, influenciando essa “pandemia” de frustradas tentativas de vendas, alguns fatores específicos, e um deles, o principal, é o esvaziamento econômico da nossa cidade. Aquela herança desastrosa que nos legou a insensível petroleira, a mesma que, antes, nos injetou tantas esperanças, nos trouxe uma onda movimentada de progresso, e com isso ajudou a elevar o PIB sergipano ao primeiro lugar no nordeste. Posto que agora perdemos. Já estamos em terceiro. A PETROBRAS abandonou Sergipe, e o fez de forma traiçoeira, agiu, como se diz no popular: com mão de gato.

E lá se foi a renda, desabando de cambulhada com os milhares de postos de trabalho cancelados em Aracaju. Grande parte dos trabalhadores não chegou a ser posta no olho da rua, mas foi compelida a trocar de domicílio. Assim, aqui as perdas se acumularam.

O panorama do mercado imobiliário em Aracaju, é pior, porque além da pandemia, além da crise econômica, sofremos essa desidratação de todo o sistema Petrobras, desde o petróleo e o gás até o setor de fertilizantes, afetado duramente com o fechamento da FAFEN, que neste março ou abril, felizmente deverá reiniciar suas atividades, “sob nova direção,” no caso, do grupo privado Unigel.

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A CIDADE DEIXANDO DE FEDER

(Para o Engenheiro Carlos Melo, diretor-presidente da DESO, a solução para o problema da fedentina em Aracaju acontece agora com a ampliação da rede e conscientização dos Aracajuanos)

Aracaju está começando a deixar de ser uma cidade fedorenta. O pestilento odor de esgoto, espalhou-se, atingindo principalmente uma parte da chamada “área nobre” da Orla e bairros adjacentes, principalmente aqueles cortados pelos canais, transformados em cloacas. A expansão da rede de esgotamento sanitário, e finalmente o comportamento civilizado de parte dos ocupantes de prédios, residências e pontos comerciais, que lançavam esgotos nas redes pluviais, agora, sendo conectados aos esgotos, vem reduzindo o mal cheiro, o que se pode observar mais intensamente na Orla, e ao longo do pútrido canal do Tramanday e outros.

Respira-se agora um ar de melhor qualidade, com pontos críticos ainda existindo, como nas imediações da enseada da Atalaia, onde fica a Igreja do bairro. O engenheiro Carlos Melo, diretor-presidente da DESO, garante que a complementação de obras em andamento, devolverá à cidade o ar limpo, que, há coisa de uns trinta anos, fomos começando a perder.

 

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