PARLAMENTO OU COVIL?
(Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, e Lúcio Costa, os três idealizadores e construtores de Brasília com suas linhas futuristas, jamais imaginariam que na suntuosidade arquitetônica do Congresso Nacional se imaginasse criar um covil e dar abrigo a meliantes)
Definem os Dicionários: PARLAMENTO: Reunião das Assembleias que compõem o Poder Legislativo dos países que são regidos por uma Constituição.
O Congresso Nacional ou Poder Legislativo, composto pelo Senado e Câmara dos Deputados.
COVIL – Refúgio de ladrões de salteadores. Sinônimos: Antro, Valhacouto, Furna, Cafua, Tugúrio.
O Parlamento brasileiro - Câmara e Senado -, não pode ser confundido com um covil, ou valhacouto.
Elegemos os nossos representantes esperando que todos eles exerçam na plenitude as suas funções, e tenham asseguradas as suas prerrogativas, todas, aliás, muito bem explicitadas na Constituição da República.
Senadores e deputados têm imunidades, e elas são suficientes para lhes assegurar a liberdade plena de expressão, de ideias, de crenças, e um leque amplo de competências que podem exercitar ao amparo e à sombra das leis que os protegem.
O parlamentar, todavia, não deve confundir imunidade com impunidade. No estado democrático de direito que vivemos, e torcemos para que assim permaneça, não há brechas para, perante a lei, tornar diferentes as pessoas.
A deputada federal Flordelis, é, sem nenhuma dúvida, uma degenerada moral, tudo isso evidenciou-se a partir da investigação sobre o assassinato do seu marido, pastor evangélico, como ela também se intitula.
Dela, disse a Ministra Damaris: “Flordelys é um exemplo para as mulheres brasileiras”.
Ganhamos, na Câmara, uma nova celebridade, o deputado Daniel Silveira, miliciano eleito para representar sua facção no parlamento. Depois das suas falas indecentes e criminosas, desnudou-se por completo o caráter do meliante truculento, desrespeitoso e atrevido.
Tipos assim não devem encontrar guarida no espaço das instituições, que precisam ser preservadas, e merecer algum respeito.
A Câmara adotou a atitude mais sensata, ao alinhar-se com a decisão unânime do Supremo, para que permanecesse preso o parlamentar que afrontou a Constituição, quebrou as regras elementares da civilidade, e do respeito que deve existir entre os indivíduos e as instituições. Ódio e baderna conduzem à desintegração social, e o que fez o ainda deputado foi usar o seu mandato para estimular o ódio e a baderna.
Flordelis, e Silveira, não são casos isolados. Há no Congresso gente sem as características cafajésticas desses dois espécimes raros de bandidos, mas, com o rabo preso por alguma “esperteza” que fez. Para indivíduos assim, nada melhor do que a garantia da impunidade. A pressa, a sofreguidão como tentaram alterar o texto constitucional, para fazer dos deputados federais uma espécie de brasileiros aos quais não se aplicam as leis do país, é algo gravíssimo, que desliza seguindo a corrente de devastação moral que assola o país, algo como se fosse uma pandemia corroendo os fundamentos éticos, nos quais se assentam as sociedades civilizadas. O Brasil tem sido palco para todo tipo de insólitas experiências, entre elas a ideia monstruosa de armar a população, “para a defesa da liberdade e dos seus direitos”. Quais seriam esses defensores armados? Sem dúvidas, milhares de tipos assemelhados a Daniel Silveira.
O novo presidente americano Joe Biden, disse, como um sinal de alerta, que as instituições democráticas estão sob ataque em todo o mundo.
E aqui acrescentamos: a democracia é hoje uma cidadela sitiada.
Estão deixando que o regime democrático seja desmoralizado com atitudes como essa da Câmara, e oferecendo o melhor pretexto para os que abominam a democracia. Se essa PEC escandalosa vier a ser aprovada, esperemos, pelo menos, que os deputados sergipanos não estejam ao lado dos que têm todos os motivos para sonhar com a impunidade ampla, total e irrestrita.
Mas a forte reação da sociedade fez seus efeitos, e a parte majoritária da Câmara, que não está fugindo da justiça ou da polícia, levou o presidente Arthur Lyra a entender que o momento era absolutamente inoportuno para pôr em votação uma excrescência com arrasador potencial de desmoralização do nosso Parlamento, que, de fato, se transformaria num valhacouto.
O voto, se continuar existindo, seria então o passaporte que daríamos, para que todos os tipos de delinquentes espertos, cometessem toda espécie de crimes, absolutamente certos de que nada lhes aconteceria.
Aprovada a tal emenda que agora deve ser definitivamente prescrita da pauta na Câmara, permaneceriam lépidos e fagueiros, sem tornozeleira na perna, tanto a Flordelys como o Daniel Silveira, e tantos outros tipos de bandidos com licença especial para matar, roubar, assaltar, estuprar.
Não é para isso que pretendemos continuar votando.
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O SATÉLITE SEM O FOGUETE
(Depois da explosão na Base Espacial de Alcântara, o projeto brasileiro de conquista do espaço virou fumaça)
Transcorridos 13 (treze anos) desde que começou a ser projetado e construído, ganhou o espaço o primeiro satélite inteiramente fabricado no Brasil, mas, com uma pequena parte de tecnologia brasileira. O satélite é o resultado de um convênio firmado com a China há treze anos no primeiro governo de Lula.
O projeto remonta à década dos setenta, quando se imaginou colocar o Brasil na era espacial, e dotar o país de capacidade para mandar satélites ao espaço, transportados por foguetes também brasileiros.
Infelizmente nos perdemos pelo caminho, e estamos na rabeira da corrida espacial.
A era espacial não significa apenas fazer viagens para a lua, instalar um robô em Marte, e ficar por aqui recebendo as imagens fantásticas do planeta, onde um astrônomo italiano, Schiapareli, ainda no século dezenove, imaginou ter localizado canais que comprovariam a existência de vida inteligente. Hoje, abandonamos as ilusões sobre esses nossos prováveis vizinhos, e quase nos conformamos com a perspectiva de uma solidão absoluta, nesse abismo cósmico no qual colocamos uma trena, medindo distâncias em bilhões de anos luz.
Depois de tanto tempo, temos agora a decepção de constatar, mesmo tendo um satélite no espaço que classificamos como brasileiro, que, para nós, a corrida espacial foi perdida.
Mais do que alcançar a lua, ou alguns planetas, e até mandar naves exploratórias até o sol, em termos práticos o que interessaria mesmo, é vencer a gravidade terrestre e colocar em torno do nosso planeta satélites que têm, digamos assim: mil e uma utilidades. Simplificando: não teríamos as comunicações simultâneas, a internet, se não existissem hoje, no espaço, milhares de corpos metálicos dando voltas em torno da terra. Sem falar na importância decisiva deles no plano da estratégia militar.
O Brasil parece que conformou-se em ser um país de terceira classe. Assim, apenas tateamos, ainda, no que diz respeito à exploração do espaço. O projeto idealizado há quase meio século, previa dotar o país de capacidade para fabricar foguetes, os vetores para o transporte de satélites. Sem o fundamental que são os foguetes, dependeríamos, como dependemos agora, de tecnologias externas, para colocar em órbita o artefato considerado primeiro satélite inteiramente brasileiro.
Não é, todavia exatamente isso. O Amazonas 1 é resultado da tecnologia chinesa transferida em parte ao Brasil, e o foguete que o transportou é indiano. A Índia aliás, quando o Brasil idealizou seu projeto espacial, limitava-se a copiar foguetes ou misseis de curto alcance para usá-los em eventuais conflitos com a China ou o Paquistão, que, de fato, aconteceram. Hoje a Índia é uma potência militar de primeira classe, envia naves à lua e possui um respeitável arsenal nuclear, o que, no nosso caso, seria desnecessário, vez que estamos, felizmente, distantes dos grandes conflitos ditados pela geopolítica planetária.
Há dezoito anos, num dia 22 de agosto o veículo espacial VLS, primeiro foguete de média proporção que o Brasil enviaria para alcançar o espaço além da nossa troposfera, explodiu 72 horas antes do lançamento, quando foram acionados seus instrumentos eletrônicos. Morreram vinte e um técnicos, entre eles a nata dos nossos cientistas espaciais.
Desde então, quase nada se fez para reativar a Base Espacial de Alcântara, no Maranhão. Que ainda tem a vantagem de tornar menos dispendiosos os lançamentos, pela sua proximidade com a linha do Equador. A revolução que agora a Space-X, um ramo da inovadora TESLA vem fazendo, ampliando a capacidade dos motores que movem os seus foguetes, poderá tornar desprezível a questão da localização da base terrestre, mas, poderíamos tentar correr em busca do tempo perdido. O primeiro passo seria recuperar a soberania nacional sobre a nossa base, que estaria comprometida, após os acertos realizados entre o defenestrado Donald Trump, e o nosso presidente Bolsonaro, seu fã nº 1.
Mas a colocação em órbita do Amazônia 1, demonstra que existe, de fato vida inteligente nas nossas Universidades, nas nossas instituições científicas, algumas delas diretamente ligadas às Forças Armadas.
As nossas Universidades onde se elaboram projetos científicos, não são absolutamente o que delas imagina o obscurantista fanático e irresponsável ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub. Segundo ele, os nossos campi eram locais que serviam apenas para plantar maconha e fabricar cocaína.
E um sevandija desses esteve à frente do nosso Ministério da Educação.
Coisas esdrúxulas, assim, que ainda nos acontecem, explicam porque estamos sendo superados por tantos países, onde o estigma do subdesenvolvimento os condenava a permanecer para sempre como se fossem a escória do mundo.