Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
TEXTOS ANTIVIRAIS (35)
06/11/2020
TEXTOS ANTIVIRAIS (35)

A PETROBRAS E AS CAPIVARAS (35)

(No Tecarmo, ainda não é a vez das capivaras)

Sempre há pessoas que, sensatamente, duvidam de um colapso do bom senso. É ótimo que elas existam. Pessoas assim, afugentam o pessimismo e tentam manter viva uma réstia de esperança. Samarone, o médico, (aliás, os aracajuanos deveriam conduzi-lo à Câmara de Vereadores) e João Fontes o advogado, são permanentes ativistas, agitando ideias, externando suas indignações, polêmicos sempre, e, como todos os que não se enclausuram no silêncio mudo da omissão morfina, aqui, e ali, cometem erros. Errar é humano, desumana é a complacência impassível.

Deles, salvo engano, surgiu a ideia da criação do Parque das Capivaras. Seria naquela extensa área onde foi instalado, cercado de verde e de lagoas o TECARMO, antes, apenas um complexo de tanques armazenando o óleo vindo de Carmópolis e conduzido através de dutos submarinos até os petroleiros, fundeados ao largo. Com a produção no mar a partir de 1968, ali instalou-se uma unidade de gás, que abastecia Sergipe, e os nossos vizinhos. A princípio distante, depois, se foi rodeando pela cidade que se expandia, e sendo então criadas as “zonas de fuga” para a eventualidade de incêndio, explosão, escapamento de gás. De uma grande distância eram visíveis as torres queimando permanentemente o gás, e iluminando as noites, as vezes, com tanta intensidade, que surgiam alarmes.

Nessa apressada e deselegante forma como a Petrobras retira-se de Sergipe, (o termo correto seria criminosa atitude) o TECARMO apagou o fogo, desativou tudo, e por lá ficaram os custosos equipamentos, sujeitos à maresia que a médio prazo fará de tudo uma enorme sucata. No verde que cerca as lagoas, passeiam, mais tranquilas, as capivaras prolificas, e revoam bandos de jaçanãs, saracuras, paturis, marrecos, patos e martim-pescadores. Do brejo imenso e dos coqueirais extensos que ladeavam a antiga estrada carroçável, ligando a cidade ao Mosqueiro, restam poucas manchas, uma delas, é a área do Tecarmo.

O que pretendem os ambientalistas?

Apenas, que haja uma atitude de responsabilidade, tanto social como ecológica, da empresa que há 57 anos produz petróleo em Sergipe, e há 52, também o gás. A Petrobras poderia ceder o terreno para que nele surja mais uma área verde em Aracaju.

Faz algum tempo, a Petrobras que orgulhava os brasileiros deixou de existir. Dizia-se que o golpe de 1964, iria submeter-se às pressões das grandes petroleiras, e a elas dar de presente a nossa estatal do petróleo. Isso não aconteceu. Todos os militares e civis que administraram a empresa, miraram na sua expansão e, com o general Geisel na presidência, tanto da petroleira como depois, da República, a Petrobras reforçou a sua posição estratégica no cenário econômico brasileiro, expandindo-se através de subsidiárias, não especificamente ligadas ao negócio do petróleo.

Geisel, certamente, nunca imaginaria que um dia a Petrobras seria uma empresa com as portas abertas para a rapinagem de uma “companheirada” que tinha raízes ideológicas naquela frase que mobilizou amplos setores, percorrendo o espectro ideológico, desde a esquerda até a direita: “O petróleo é nosso”. E ninguém sabia nem mesmo se no nosso subsolo existiria o “ouro negro”, fator decisivo para a nossa autonomia econômica.

Hoje, com as ações partilhadas entre grandes fundos de investimentos estrangeiros, a Bolsa de Wall Street é o farol da empresa, e não há, entre os seus executivos, preocupações tais como: os efeitos desastrosos do fechamento das FAFENs, os prejuízos causados a um estado chamado Sergipe, ou a qualquer outro, principalmente se localizado no nordeste.

O que faz a Petrobras em relação a Sergipe, é algo difícil de classificar como procedimento de uma empresa moderna, responsável, e sobretudo sintonizada com os interesses de uma comunidade a qual ela serviu, e também serviu-se, de forma a criar uma relação de interesses mútuos que, de repente, deixaram de existir.

Caso o presidente Bolsonaro atenda às ponderadas solicitações que a ele levaram o governador Belivaldo, e o deputado federal Laércio Oliveira, é possível que aconteça alguma compensação pelos prejuízos imensos causados a Sergipe, desde que fechou a FAFEN, culminando, agora, com a desativação de todas as atividades da empresa. Resta ainda fazer um inventário completo do desastre econômico, que amplia o desemprego, reduz drasticamente a circulação de riqueza, com efeito dominó em toda a cadeia produtiva e nas receitas públicas.

É o tipo perfeito de uma calamidade pública meticulosamente planejada por eficientes burocratas, especialistas em terra arrasada.

Caso a Petrobras intensifique suas atividades na plataforma marítima, não há razão para que Aracaju não venha a ser a base logística das operações no mar.

Se a FAFEN voltar a operar como já parece certo, e forem reativados os campos produtores em terra e em águas rasas, o que poderá acontecer até a curto com a transferência para a iniciativa privada, o TECARMO será mantido onde está, por uma questão até de economicidade.

Mas, em qualquer dos casos uma coisa é certa: infelizmente não existirá a Reserva Ambiental das Capivaras, ou Parque da Restinga.

Talvez, tenham esquecido de um Ministro do Meio Ambiente, que bem poderia parafrasear o Dr. Joseph Goebels, um dos “gênios” do nazismo: “Quando ouço falar em ambientalismo, saco a minha pistola”.

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A GUERRA PERMANENTE EM BUSCA DA CIVILIZAÇÃO

(Inconformado, Donaldo Trump toca fogo na reputação dos Estados Unidos)

A “guerra” pela civilização impulsionou o homo sapiens a sair da caverna, despertou-lhe a curiosidade, o fez olhar o céu, acender o fogo, polir a pedra, nela rabiscar imagens, enfrentar as feras, transpor obstáculos, vencer as intempéries, amanhar a terra, fixar-se nela. Assim, surgiu o homo economicus.

Ele venceu oceanos, abriu inusitados caminhos, criou as cidades, ergueu catedrais, comerciou, plantou, produziu.

Essa é a história que percorre a “guerra” pela civilização, ou a marcha permanente da sensatez.

É sensato o ser humano esmagar um outro?

Quando se responde negativamente a essa pergunta, se vai construindo a civilização.

Mas essa marcha civilizatória se tornou muito mais complexa, primeiro, por não ser um consenso, segundo, por abranger tudo o que diz respeito ao ser humano, e ao planeta onde ele vive.

Paradoxalmente, a marcha da civilização enfrenta obstáculos, e até suscita guerras de extermínio.

O que está acontecendo nos Estados Unidos é um preocupante episódio dessa marcha pela civilização. Será um equívoco imaginar que a simples derrota dessa espécie nociva de ser humano, que é Donald Trump, possa reconstruir a civilidade num país devastado pelo discurso odiento.

O extremismo está impregnado em grande parte da população americana. As teorias da conspiração, propagadas como se fossem verdades absolutas; uma visão retrógrada que subsiste ao lado do que mais avançado se alcança em tecnologia; um arsenal imenso de conhecimentos é contestado, as vezes, por um fanático iletrado, que diz falar em nome de Deus.

Espalhou-se o medo de um suposto onipresente inimigo, cuja identidade é desconhecida, e as pessoas refugiam-se na posse de armas, imaginando que uma forma difusa e imprecisa de liberdade estaria sendo ameaçada. Tudo isso, juntando-se ao pandemônio de medo e negacionismo diante de uma pandemia que agora já contamina cem mil pessoas por dia, e mais ainda, a insegurança diante do futuro, fez engrossar o caldo venenoso que desconstrói a razão.

Trump, alquimista desse caldo desagregador, conseguiu fazê-lo escorrer por todo o país.

O resultado é uma eleição contestada, e todas as outrora respeitadas instituições americanas sendo corroídas.

E milhões de fanáticos já lubrificando seus fuzis.

Quem imaginaria, há dez anos, um cenário desses na maior democracia do mundo?

Biden, se eleito, e quase certamente o será, assume a responsabilidade histórica e única, de reagrupar os americanos em torno de um programa comum de reencontro com a civilidade, pulverizada em quatro anos de exercício bárbaro do populismo, que deseduca, desinforma, e faz surgir o mito de um líder infalível, inquestionável, tanto fazendo gracinhas como vinganças.

O país que possui o poder de usar seus arsenais e destruir a vida sobre o planeta terra, não conseguiu, ao longo da sua turbulenta e tantas vezes heroica história, formar uma sociedade capaz, apenas, de viver civilizadamente.

Essa eleição poderá ser um alerta, tanto para os Estados Unidos como para o mundo.

INFORME DESO

Projeto Deso verde : mudas frutíferas são distribuídas na sede da Deso

A companhia de saneamento de Sergipe - Deso, através da gerência socioambiental - Gesa e da coordenação de educação ambiental - ceam, em parceria com a coordenação de preservação mananciais e segurança de barragem - cops, ligada a gerência de meio ambiente - Gmam, promoveu ação de distribuição de 150 mudas, na sede da empresa, totalizando 1200 mudas no cronograma entre as unidades da companhia. diante da programação, a próxima distribuição passará pelo distrito norte, galpão, centro de distribuição, além das regionais.

a ação representa um estímulo à participação dos funcionários e à valorização dos projetos. foi um momento que valorizou a participação dos funcionários e serviu também para que eles valorizem a iniciativa da Gesa e da Gmam em fazer a distribuição não só das mudas, mas também da cultura através do 'programa livro liberdade para a alma', que vem disponibilizando acesso a várias pessoas da empresa para consultar livros e cd's com os mais diversos assuntos.

de acordo com a coordenadora estadual do movimento nacional dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ods) - Sergipe, Sandra Sena, a iniciativa contribui para que mais pessoas tenham atitudes sustentáveis. "essa ação das mudas e a dos livros são puro ods. elas são exemplos para que outras pessoas e empresas façam algo semelhante, então, viemos para prestigiar e aplaudir a Deso por esse momento. os objetivos de desenvolvimento sustentável, propostos pela ONU e compactuados com 169 países, são muito importantes para que as novas gerações possam contribuir com o meio ambiente e ter iniciativas sustentáveis", destaca.

Projeto Deso Verde

O coordenador de educação ambiental da Deso, José Jorge Silva, explica o objetivo do projeto Deso verde. "a ideia maior é que possamos fazer um reflorestamento nos mananciais, nas áreas de nascentes, mas nada impede que essas mudas também sirvam para fomentar alguns projetos em áreas urbanas. entendemos que a água é o nosso produto e o que impulsiona nosso trabalho, por isso, nos vemos como responsáveis no processo de fomentar esses projetos para promover o replantio. sem contar que cabe a mim, enquanto educador ambiental da empresa, fazer com que as pessoas criem uma consciência sustentável", frisa.

para Jadson Barbosa, do setor de protocolo da empresa, a iniciativa é fundamental para disseminar a consciência ambiental. "é fundamental ter uma ação como essa porque estimula as pessoas a se conscientizarem em relação ao meio ambiente. a Deso está fazendo um trabalho excepcional para incentivar o plantio de mudas, a leitura e criar um ambiente mais harmônico", diz.

Projeto livro liberdade para a alma”

Para a secretária da gerência socioambiental e responsável pelo 'programa livro: liberdade para a alma', Maria Cristina Santana, esses projetos suscitam mais conhecimento sobre meio ambiente para a população. "meu projeto já vai fazer três anos em dezembro e vem crescendo aos poucos. além de ter trazido os livros e cd's, reciclei os marcadores antigos que tinha, colocando a arte do projeto de forma manual. tudo começa aos poucos e a cada dia estamos levando mais conhecimento para a população sobre como ajudar o meio ambiente, dando visibilidade aos projetos. estou muito feliz", revela.


 


 

 

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