EMPATE EM S. PAULO, VERA LÚCIA 1 X PT – 1
(Em São Paulo o PT purga o pior revés)
Vera Lúcia é aquela decidida militante de esquerda, tantas vezes, aqui em Sergipe, candidata ao governo do estado e à Prefeitura de Aracaju. Tem muita disposição, coerência histórica nas suas idéias, mas, nunca obteve algum destaque eleitoral. Suas votações, todas somadas, caberiam numas poucas urnas. Mas Vera Lúcia nunca desiste, e o seu partido que ocupa um nicho específico além da esquerda tradicional, o PSTU, insiste, para não se desfigurar em fazer alianças.
O PT recusou-se a participar de uma Frente de Esquerda proposta por Boulos, que, tendo muito carisma pessoal e fazendo uma campanha leve, até humorística, devolve à esquerda aquele bom humor perdido, após o impactante revés causado pelo fenômeno Bolsonaro. Pois então Boulos está em terceiro, vem subindo, e alguns já aventam a possibilidade de um segundo turno para o sociólogo e professor líder dos Sem Teto. Boulos foi um dos poucos que esteve ao lado de Lula quando ele refugiou-se por algum tempo na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, antes de ser levado à prisão por ordem do hoje decaído e semi-desmoralizado ex-Juiz Sérgio Moro. Há grupos políticos, raros, por sinal, que costumam mover-se por algum sentimento de gratidão, ou de lealdade. Não parece ser essa uma característica visível no PT. Em São Paulo o partido ignorou Boulos, a quem Lula apelou tantas vezes, em momentos críticos, para receber o apoio das ruas, e decidiu, presunçosamente, lançar candidato próprio. Ele é quase desconhecido fora dos quadros específicos petistas, Jilmar Tatto. O mesmo fizeram os petistas com Ciro Gomes, e tantos, tantos outros.
Vera Lúcia e o PSTU não se surpreendem com a baixa votação. Nem se iludem. Encaram a eleição como um instante para esgrimir suas idéias, e tendo visibilidade. Não imaginam nada mais do que isso.
Para o PT, contudo, esperando pelo menos uns 20% do eleitorado paulistano, estar ao lado de Vera Lúcia do PSTU, aquela nordestina, recém chegada à Pauliceia, absolutamente desconhecida, pode parecer um pesadelo.
Mas não é um passageiro sonho terrificante, é a realidade, que talvez permaneça, enquanto o velho PT de guerra, não reformular métodos, não buscar novas lideranças, não espanar cuidadosamente a poeira pegajosa dos cenários de corrupção, tendo ao lado tipos assim como Geddel Vieira Lima. Isso exige algo denominado autocrítica.
Sem que nada disso acontecesse lançaram candidatos majoritários em muitas cidades. Em Aracaju, por exemplo, depois de tanto tempo participando da administração de Edvaldo Nogueira, que até teve Eliane Aquino, ícone petista, como sua vice. Hoje, pesadamente o atacam. Por isso, Edvaldo até mereceu oportuno reparo, feito por um histórico e coerente militante, Sílvio Santos, seu ex-Secretário.
Por fatos assim, é que o ex-deputado federal Márcio Macedo poderá amargar, em Aracaju, - salvo melhor avaliação - um pífio desempenho, e que será ainda mais desastroso, figurando ao lado de um nebuloso obscurantista chamado Rodrigo Valadares.
Em Canindé do São Francisco o panorama é ainda pior, apesar de ter o PT uma candidatura relativamente competitiva. Depois de juntar alhos e bugalhos, fantasiar de vermelho uma considerável parte da direita, e apresentar um candidato que talvez não saiba a diferença entre questão social e caso de polícia, o PT deu folego até para remanescentes da antiga pistolagem-peculatária, que, faz pouco tempo, dominou o município.
Canindé, apesar de miúdo, cresce, nesse processo que atravessa o PT de trair, quando oportuno, suas idéias de berço, que, afinal, deveriam ser parte irremovível da sua história.
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RENDA BRASIL, MOURÃO E O “BOLO” DE DELFIM
(Mourão aponta o caminho, resta percorrê-lo)
Quando o vice-presidente Hamilton Mourão disse que não há dinheiro no orçamento para financiar a Renda Brasil, e a solução seria tirar de quem tem para dar a quem mais necessita, ele, com sucinta simplicidade, ofereceu a única saída para acabar com essa farsa da busca de dinheiro em cofre vazio.
Interpretada no seu contexto e em todos os seus desdobramentos, a frase do general, aparentemente simplória, tem, de fato, um potencial arrasador para as concepções que norteiam a política econômica do ministro Paulo Guedes. Diante da absoluta e confessada incapacidade do presidente para ter uma visão menos atabalhoada dos meandros um tanto sutis de que trata a ciência da economia, o “Posto Ipiranga”, assim apelidado Paulo Guedes, foi o técnico escolhido para ser, durante a campanha, o seu oráculo-guru. Eleito, o fez super-ministro, aquele que ditaria todas as decisões de política econômica e financeira.
Milton Friedman, o teórico desse ultra-liberalismo, que percorre a área pornográfica do sonhado Estado Mínimo, arrependeu-se em parte da obra inconclusa, mas Paulo Guedes continua sendo um dos seus mais entusiásticos discípulos, sem tirar da cabeça a idéia do Estado Mínimalista, aquele paraíso de facilidades à disposição dos super-ricos. Essa diminuta casta, 1% da população, concentrando a posse da grande maioria da riqueza planetária, não precisa dos serviços públicos de saúde, educação, previdência, e até segurança. Os muitos ricos nem mesmo chamam a polícia, usam o seu próprio aparato de segurança.
Apregoavam os que foram intitulados neoliberais que a retirada completa da presença do Estado, privatizando-se tudo, e eliminando-se regulações, geraria uma prosperidade imensa e a riqueza seria capilarizada, causando belas surpresas, tanto ao morador de rua em São Paulo, como ao africano na sua cubata, sobrevivendo com renda de cinco dólares ao mês.
Nada disso aconteceu, o capital financeiro concentrou-se cada vez mais em poucas mãos, e disfarçou-se nos paraísos fiscais, em fundações, em mecanismos outros, sofisticados, que permitem a um gangster como Donald Trump, pagar de imposto de renda menos do que declara um gerente dos seus hotéis.
Por causa desse capital astronômico, todavia volátil e avesso aos impostos, aquele “bolo” que Delfim Neto, o “gênio do milagre brasileiro” pretendia fazer crescer até sobrar um pouco para os famintos, na verdade inchou, quase na mesma proporção em que a miséria crescia.
Desde a crise de 2008, quando a colapso geral foi evitado pelos recursos que Obama colocou a irrigar bancos e empresas beirando a falência, esqueceram o Estado Mínimo.
O “Retorno do Estado” como observa o francês Thomas Piketty, autor de O Capital no Século XXl, é a única saída para retirar o capitalismo de uma rota de suicídio, pelo contraste entre o crescimento rápido da riqueza astronômica nas mãos de apenas 1% da população, e a lentidão como cresce a renda dos mais pobres, ou a eles chegam os benefícios sociais.
Nesse cenário, as classes médias são um caso à parte, porque vivem num permanente estado de insatisfação entre a pobreza que ficou para trás e a riqueza correndo sempre na frente.
Mas o “famoso Bolo de Delfim”, terá de ser ao menos minimamente repartido, e essa é uma tarefa urgente, como ficou agora escancaradamente revelado no país pelo devastador coronavírus.
Paulo Guedes não é exatamente o personagem certo para cumprir a fórmula do vice presidente.
Entre os que cercam agora o presidente, garimpando ouro onde não existem jazidas, prevalece o preconceito sobre soluções não ortodoxas, que, para todos eles significam um confisco inaceitável.
Hoje, Delfim Neto apurando a lucidez aos 90 anos, é um dos que mais se debruçam sobre a trágica realidade social brasileira e concorda plenamente com Piketty, quando ele afirma: “O imposto sobre o capital faria prevalecer o interesse geral em detrimento do interesse privado, preservando, a um só tempo, a abertura econômica e as forças da concorrência”.
Quando Mourão fala na necessidade de ir buscar recursos onde eles existem, até de forma ostensiva, não está nem de longe, imaginando confiscos, medidas radicais, muito menos inspiradas em idéias socialistas.
Para quem já chamou de “Bolsa Preguiça” a maior transferência continua de renda no Brasil, que reduziu a fome e gerou mais dinamismo à economia, não é fácil pensar em programa idêntico e com muito maior amplitude.
Existem, todavia, variadas alternativas.
Sobrariam alguns volumosos milhões se fossem apenas cortados os super-salários, que, apesar de inconstitucionais persistem, através de “manobras” tão engenhosas quanto a ânsia hedonista de ter sempre mais; o que é incompatível com a natureza do serviço público, onde, aliás, uma grande parte ronda em torno do mínimo, e os beneficiários das “manobras”, lidam, regular e mensalmente, com holerites além de 80 mil reais.
Reconhecendo todos os méritos do agronegócio, sua capacidade de expansão, seu peso decisivo na balança comercial, é inadmissível que o grande empresário rural, tão favorecido pelo câmbio, pague, proporcionalmente, menos impostos do que aquele que possui uma pequena loja de eletrônicos, e está sufocado pela alta do dólar.
Se essas medidas nem são cogitadas, quanto mais uma taxação mais ampla sobre ganhos financeiros, grandes patrimônios e heranças.
É possível rechear o orçamento combalido e assegurar um programa permanente de renda mínima, por meio do qual o Poder Público brasileiro cumpriria o seu papel essencial, segundo ainda Thomas Piketty, na produção e distribuição de riquezas e na construção de um Estado social adaptado ao século XXI.
Dificilmente, com a visão arcaico-conservadora que domina o núcleo do governo, medidas dessa natureza serão cogitadas.
Mas, como Bolsonaro só pensa agora naquilo, ou seja, na sua reeleição, é possível até que tenhamos surpresas.
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UMA BOA OBRA E TANTOS PONTOS PARA AJUSTES
(A avenida quase pronta, pequenos problemas a resolver)
A Avenida Hermes Fontes, ao ser inteiramente reformulada, gerou, de imediato, muitas controvérsias. A começar pela derrubada de tantas árvores que sombreavam a artéria, talvez, a mais movimentada de Aracaju. Edvaldo saberia, sem dúvidas, que teria de enfrentar objeções. Começou cuidadosamente a explicar o projeto, a garantir que haveria uma compensação ambiental com o plantio de milhares de árvores, inclusive em alguns pontos da própria avenida. O plantio está sendo feito.
A obra vai sendo concluída, e já se nota um fluxo de trânsito mais livre.
Todavia, persistem alguns problemas, como inversões de tráfego em algumas confluências, a maior delas com a Rua Nestor Sampaio. Aquela é, seguramente, a maior distribuidora e mantenedora, ao mesmo tempo, do pesado tráfego na Hermes Fontes. Sendo Mão Dupla, é a que faz fluir os veículos nas direções oeste e leste. Mudar esse sistema, criando uma mão única na direção oeste, segundo estudos técnicos, é uma decisão que poderá ter indesejáveis consequências. Por outro lado, não houve uma audiência mais ampla com participação de todos os interessados, e restam ponderações ainda não devidamente anotadas. O Prefeito Edvaldo tem a característica de envolver a população em todas as obras fundamentais que realiza, e isso dissolve possíveis incompreensões, ou evita ainda prejuízos irreparáveis aos que estão no entorno dessas obras. No caso da confluência Hermes Fontes-Nestor Sampaio, restam diversos aspectos a avaliar. Isso motivou a interveniência pontual do Ministério Público através do Promotor Eduardo Mattos, um zeloso e ativo Procurador, que construiu destacado currículo com ações, e formulando idéias sobre a questão fundamental do Meio Ambiente. Eduardo é um testado conciliador, e sua presença, no caso, suscita a necessidade de mais diálogos, nos quais a Prefeitura já se envolve.
O Prefeito Edvaldo Nogueira conseguiu alcançar o handicap quase impossível de recuperar a Prefeitura de Aracaju em situação de falência, isso no espaço de um ano. Hoje, está garantida a segurança da Previdência Municipal com um fundo de um bilhão de reais; e já existem recursos disponíveis para obras com valor ainda mais alto. Claro, Edvaldo sabe, como experiente político e aprovado administrador, que até um grão de arroz engasga, se for apressadamente engolido. Assim, nunca deixa de recorrer ao diálogo, e isso tantas vezes requer tempo, antes de amadurecer e executar um projeto.
A confluência da Hermes Fontes com a Nestor Sampaio é um desses projetos a exigir paciência, avaliações técnicas, e tempo para a decisão final. Quando a Avenida Hermes Fontes estiver totalmente aberta ao tráfego, se poderá fazer um teste conclusivo.
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UMA CORREÇÃO A FAZER
No nosso Blog anterior, quando abordamos a realidade sempre constrangedora e dolorosa da morte de um amigo, no caso o agrônomo, gestor público e militante político Manoel Hora, listamos os seus filhos tidos do casamento com a professora e geógrafa Lilian Vanderley. Demos a um filho o nome de João Paulo. O certo é João Alberto. Esse nome foi a escolha do fraterno Manoel Hora e da sensibilidade de Lilian, que se juntaram para homenagear o irmão dele, morto prematuramente, por afogamento no Rio Sergipe. Manoel Hora sempre ia às lágrimas quando recordava a tragédia.
A correção foi sugerida pelo colega e amigo-irmão de Manoel Hora, José Dias.
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DIVULGAÇÃO
A CERVEJA, OS BARES, A PANDEMIA
O grupo Petrópolis, que conquista cada vez mais espaços no disputadíssimo mercado das cervejas, esteve presente durante a pandemia fazendo doações de vários tipos, e agora, na fase de recuperação, traça um programa de apoio aos estabelecimentos que comercializam a cerveja. O nordeste foi contemplado com quase a metade do total do programa. São quarenta milhões de reais aplicados em apoio a restaurantes, bares, botequins, que perderam renda com a paralisação das atividades, e agora lutam pela sobrevivência. Ao todo, no nordeste, são mais de quinze mil estabelecimentos. A maior parte na Bahia, quase oito mil; em Pernambuco, quase dois mil; quase mil no Ceará, e os restantes estados do nordeste, com uma média de 500 estabelecimentos, entre os quais Sergipe.
Trata-se de um tipo de apoio, que, como se diz, vem na hora exata.