UM JET SKI SEM RUMO
(Bolsonaro e o Jet Ski)
Aonde mesmo queria ir Bolsonaro montado naquele jet ski absolutamente impróprio?
Dom Quixote, o emblemático personagem de Cervantes, era um tresloucado. Balançando no tropel trôpego de Rocinante, sua desengonçada montaria, apontou a lança justiceira contra moinhos de vento, vistos por ele como se fossem a metamorfose de monstros pérfidos do mal.
O fidalgo delirante, movia-se por um sentimento nobre de justiça, e a ânsia de reativar supostas virtudes, esquecidas nos baús do tempo.
Já o piloto montado no jet ski, deslizando nas águas poluídas do restrito “marzinho” federal, segurava no leme errado, em hora imprópria, e circunstância adversa, numa encenação mórbida do seu completo desapego a qualquer sentimento humano de piedade.
Acelerando seu jet ski, num indevido lazer, Bolsonaro talvez tenha visto, ao longe, as bandeiras a meio mastro no Congresso Nacional, e no Supremo Tribunal Federal. Ele, que não lembrou-se de repetir o mesmo simbolismo de respeito e solidariedade, nos três dias de luto nacional decretados pelos outros dois poderes, talvez, esboçando aquele seu riso pérfido de escárnio, e voltando-se para o segurança que o acompanhava teria dito: “Olha aquilo, não são patriotas, são covardes, baixaram a nossa bandeira. Morrer é normal, faz parte da vida, 70 milhões vão ser contaminados.”
Hannah Arendt, em uma das suas obras fundamentais, As Origens do Totalitarismo, afirma que o Império da exceção só se torna possível, quando se forma uma realidade que as pessoas não acham mais suportável, em virtude da destruição da esfera pública, que daria um sentido e um significado às suas vidas. E surge um sentimento de fuga desta realidade constrangedora.
Bolsonaro carrega com ele uma visão totalitária, já chegou a dizer que foi escolhido por Deus para governar e salvar o país. Assim, a existência de instituições que asseguram o livre pensamento, a liberdade de expressão, a cultura, os intelectuais, os artistas, a imprensa, os movimentos sociais, os sindicatos, a sociedade organizada, as minorias, seriam vistos por ele como um estorvo.
Daí, a sua recusa em declarar-se presidente de todos os brasileiros, e acenar para um entendimento nacional pacificador, no mesmo momento em que assumia o poder. Pelo contrário, estimulou o conflito, anunciou um tempo de guerra para eliminação dos inimigos e das conspirações que ele mesmo identificava. Para ele, a política, como a mais elevada forma de ação humana, perde inteiramente o sentido, por estabelecer a necessidade do diálogo, da aceitação da pluralidade, e da recusa completa às “verdades” dogmáticas.
Sem o saber, porque é inculto e inimigo da cultura, Bolsonaro aceita, instintivamente, o darwinismo social, e na pandemia, enxerga a momento de alcançar seus objetivos pessoais.
Afinal, vão morrer velhos, doentes, gente fraca, abatidos por uma “gripezinha”. “E você não é homem não porra, tem medo de um vírus?”
Os que não aguentarem a “gripezinha”, serão os inúteis, que representam custo para a sociedade. A pandemia, cancelando 10, 20, 50 mil CPFs, seria uma providencial limpeza eugênica, ao mesmo tempo, uma ajudazinha para o equilíbrio das contas públicas.
Bolsonaro nunca enxergou o Coronavírus como uma questão de saúde pública. Ele o caracterizou, logo, com a suspeita de ser uma conspiração comunista, ou tentativa de golpe urdida pelos seus solertes, numerosos e bem articulados inimigos. Na visão dele, a Covid-19 seria uma oportunidade de acirrar ainda mais o clima de desencontros e odiosidades. Até remédio, foi prescrito pelo presidente. Quem não o aceita é inimigo, é impatriótico.
Vamos todos tomar cloroquina. É isso aí.
Bolsonaro rejeita a República que lhe entregaram para governar, para ele, as instituições, os demais poderes, são adversários que devem ser subjugados. Um dos seus filhos até lhe deu publicamente a fórmula: “Um jeep, dois soldados e um cabo para fecharem o Congresso e o STF.”
Mas, é inegável que outros que o antecederam, Collor, Lula, Dilma, Temer, ampliaram o cenário de devastação moral, de desrespeito à República, de afronta ao senso comum.
Zé Dirceu e Geddel Vieira Lima, separados ideologicamente, têm muitas semelhanças como gangsters. Podem ser considerados figuras emblemáticas de um tempo. Um, articulando o projeto de poder permanente, e para isso montando a quadrilha. Compravam apoio institucional, enquanto isso, iam “socializando”, com eles mesmos, o dinheiro público. Afinal, o objetivo maior seria a “libertação do povo brasileiro”. E até criaram um bordão: “É nóis contra eles”.
Já o Geddel, não usava disfarces, nem simulava boas intenções, apenas, simplesmente roubava. E ele era a própria mão direita, ou de gato, do seu amigo e sócio, Michel Temer, feito presidente para colocar freios na crise política e moral. E surgiram as malas de dinheiro.
Esse charco onde apodrecia a Nação, estimulou, entre os brasileiros, o desejo de alguém que viesse purificá-lo. E esse alguém, por desgraça, veio a ser o ex-capitão insubordinado, Jair Bolsonaro.
Mais uma vez recorrendo à pensadora judia Hannah Arendt: “A ideia totalitária, como mentira monstruosa, leva à criação de um mundo inteiramente fictício, e de perigosos mitos”.
Exatamente porque ainda nos restam as mesmas instituições democráticas, STF, Congresso, imprensa livre, que tornaram possível levar à cadeia tantos que chafurdavam na pantanosa república, é que, agora, logo foi desnudada a mentira, e reveladas as ligações tenebrosas da família Bolsonaro ,a existência de Queiroz, dos milicianos tão próximos. Surgem as gravações do presidente, quase afirmando como um rei de França: “O Estado sou eu”.
Acabou a farsa. Hoje, o ex-presidiário Roberto Jefferson, deputado expulso da Câmara dos Deputados, exibe-se com um fuzil na mão, ameaça atirar contra o STF, sendo fiel soldado bolsonarista.
A “gripezinha” já nos custa mais de 12 mil vidas. Onde estão os projetos do governo Bolsonaro para conter a pandemia, e apressar o retorno integral de todas as atividades produtivas?
O presidente anuncia que vai enviar ao Congresso um projeto de lei para impedir a disseminação da ideologia de gênero. Seria esse o grande problema a preocupar a cabeça do homem do jet ski?
Não é só de jet ski que viaja o presidente.
Alguém imaginaria o vice-presidente general Mourão, circulando livre, leve e solto, num jet ski, no mesmo dia em que o Ministério da Saúde estivesse a anunciar a cifra de 10 mil mortos?
LEIA MAIS:
A FAFEN REATIVADA
(A FAFEN em Sergipe)
Excelente notícia nesses tempos angustiantes de pandemia. A empresa UNIGEL, que arrendou as FAFENs, tanto a sergipana como a baiana, vai colocá-las a funcionar antes do final do ano.
Para que isso acontecesse, houve um longo e agora bem sucedido trabalho. Na área federal, o atuante ministro Bento Albuquerque, das Minas e Energia, foi decisivo. Em Sergipe, montou-se uma nova estratégia para a política do gás, uma iniciativa do governo de Belivaldo, nisso, destacou-se o Secretário do Desenvolvimento José Augusto Carvalho, o assessor Oliveira Júnior. Em Brasília foi importante a articulação do deputado Laércio Oliveira com o governo federal. Na Assembleia Legislativa o presidente Luciano Bispo, coordenou diversas inciativas, e nelas destacou-se o deputado Zezinho Sobral, contribuindo para remover obstáculos criados pelos impostos que oneravam pesadamente a produção.
Por outro lado, a CELSE, a grande termelétrica movida a gás, está prontinha e acabada na Barra dos Coqueiros. Espera que o vírus lhe permita entrar em funcionamento.
Com a FAFEN e a CELSE, além da reativação das fábricas de fertilizantes que suspenderam as atividades após a hibernação da FAFEN, surge a possibilidade de serem criados, ou recriados, uns mil postos de trabalho.
JOÃO BARRETO, UMA DESPEDIDA
(João Barreto)
No isolamento onde o vírus forçosamente nos coloca, com a prevenção ampliada pela vulnerabilidade de bem mais de setenta, além do pandemônio de absurdos originados em Brasília, chega a notícia que entristece, e aviva sentimentos de perda, nessas circunstancias, tão próximos: morreu um amigo, um ser humano repleto daquelas qualidades que ajudam a não se perderem as esperanças na humanidade. Me veio a lembrança de João Barreto, em tantos momentos, a sua permanente afabilidade, a doçura no trato, a verve, a sutileza do humor e da critica, invariavelmente no espaço delimitado pela elegância em termos clássicos. Me veio a memória uma frase curta, que ouvi certa vez dita pelo amigo Benedito Figueiredo, aliás um cidadão muito exigente em relação ao comportamento humano: “João Barreto é um artesão do entendimento”.
Com essa capacidade que lhe atribuiu Benedito, João Barreto, próximo da atividade política, tendo exercido cargos os mais relevantes, nunca aceitou tornar-se candidato. Cedeu em 1994, aos apelos de Lourival Baptista, que tentava o quarto mandato, e queria uma pessoa na suplência que, segundo ele, levaria virtude à sua chapa. João Barreto, sob pedidos insistentes do então governador João Alves, da senadora Maria do Carmo, aceitou, e teve a sua primeira experiência participando de uma eleição.
Não é fácil em Sergipe alguém que receba uma aprovação unânime da sociedade, João Barreto, conseguia a proeza.
Mas, diante da lembrança do amigo, a quem, recluso nas caatingas de Canindé, não pude levar-lhe de perto uma prece, fico a lembrar da minha professora Olga Barreto, depois de mais de sessenta anos de uma união de tanto amor, de tanta compreensão, de tantos sentimentos e emoções partilhados, agora, buscando a mão do companheiro e não mais a encontrando.
Para a professora Olga, a cada dia, haverá a sensação revitalizante da vida a dois, que foi meritória e benfazeja, e ela, enquanto aqui estiver, será a continuidade desta essência que não se desfaz.
OS SINDICATOS E O VÍRUS
(O Desembargador Osório Ramos)
Há em Sergipe dois sindicatos que se caracterizam pela forma aguerrida como se conduzem. Um, é o dos professores, o outro, o dos servidores da Justiça. Nesses tempos de vírus, o dos professores ocupou a mídia anunciando alguma coisa como assistencialismo, que é boa iniciativa, mas, não perdeu a oportunidade para fazer os costumeiros ataques ao executivo, o que é corriqueiro.
O outro sindicato, o da Justiça, sempre caracterizou-se pela crítica forte que faz à defasagem salarial, que afirma existir entre os servidores e os magistrados. Trata-se de uma luta normal, de um órgão classista que tem a função precípua de defender seus associados, e para eles buscar sempre maiores conquistas.
Mas há sempre, sem que isso signifique capitulação, a necessidade de um clima respeitoso, onde o diálogo possa existir.
No caso do SINDIJUS, repercute ainda a notícia equivocada sobre acúmulos salariais inexistentes, e vantagens indevidas, que foram atribuídas aos magistrados. Houve o efeito de uma fake news produzida pelo sindicato, que em nada ajuda a estabelecer um ambiente propício ao entendimento.
Na nota que fez divulgar, o presidente do Tribunal, desembargador Osório de Araújo Ramos, restabeleceu a verdade dos fatos, historiou providências que foram adotadas. O Judiciário sergipano, fez reduções proporcionais nos maiores salários, como uma contribuição ao enfrentamento da pandemia.
Os sindicatos não podem esquecer suas reivindicações, mas o momento que atravessamos exige sacrifícios. Ninguém poderá prever ao certo o que acontecerá amanhã. A estabilidade do país e do mundo parece ter entrado em processo de dissolução.
INFORME PUBLICITÁRIO
Deso orienta o uso consciente da água e reforça canais de atendimento em períodos de pandemia
Uma das armas mais eficazes no combate ao Covid-19 é a água, por isso a Companhia de Estado de Saneamento de Sergipe – Deso alerta para o consumo consciente, e vem trabalhando dia e noite para que a água chegue às torneiras dos sergipanos.
O trabalho nas estações de tratamento, laboratórios, as equipes de manutenção, vazamentos e desobstrução de esgotos continuam na quarentena. A Deso reforça que a população também pode fazer sua parte. Na medida do possível, economizar água nesse período em que ela tem que chegar para todos os cidadãos pois, com a quarentena, muitos estão em casa e aumenta o consumo, atitudes simples fazem toda a diferença nesse momento.
Para serviços emergenciais o telefone é o 0800 079 0195, pela internet acesse www.deso-se.com.br/agenciavirtual
Como posso fazer para ajudar?
- Desligue o chuveiro enquanto passa o shampoo e se ensaboa;
- Reutilize a água da lavagem das roupas (para da descarga por exemplo);
- Mantenha a torneira fechada enquanto escova os dentes;
- Mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa os pratos;
- Use regador para molhar as plantas;
- Atente para vazamentos visíveis e ocultos;
- Atente para o fechamento de torneiras (não deixar pingando);
- Use a máquina de lavar na sua capacidade máxima.
Pandemia faz Deso prorrogar prazo para conclusão de obras em Itabaiana
Com o intuito de preservar a vida dos trabalhadores, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) prorrogou para o próximo mês de julho, o prazo para a conclusão das obras de micro e macrodrenagem que vêm sendo executadas em Itabaiana. Inicialmente, os serviços seriam concluídos no final deste mês, mas em virtude do novo coronavírus, muitos funcionários que são do grupo de risco precisaram ser afastados das funções, o que impactou na redução da produtividade em cerca de 30%.
Com a pandemia, foi necessário uma readequação para atender às orientações das autoridades de saúde. Além do afastamento dos funcionários que pertencem ao grupo de risco, uma série de outras ações foram adotadas para que não sejam colocadas em risco a vida de todos os envolvidos.
A empresa está atenta e, na medida do possível, aumentará o número de contingente de operários trabalhando, simultaneamente, em várias frentes de serviço. Não pode negligenciar com a saúde dos trabalhadores e nem com a população, mas, na certeza que, em breve, todos os itabaianenses comemorarão os resultados dessa importante ação que vem sendo executada no município.
Serviço prejudicado – Em nota pública divulgada no último sábado, um dia após os diretores e funcionários da Deso acompanharem in loco os problemas causados pelas fortes chuvas que caíram no município, a Deso já havia explicado o motivo pelo qual o prazo estava sendo prorrogado.
Na nota, a empresa, também, manifestou solidariedade a todos os itabaianenses e ressaltou que, assim como a comunidade, a Deso também tem sido vítima desses alagamentos, uma vez que todo o serviço de drenagem e esgotamento que vem sendo realizado está sendo prejudicado, da mesma forma como prejudicados estão comerciantes e moradores.
A obra de macro e microdrenagem está sendo executada na perspectiva de trazer solução para um problema que historicamente, conforme relatos de moradores e comerciantes, sempre ocorreu na cidade, gerando sérios danos a empresários e a comunidade em geral.
As últimas inundações ocorreram em parte das ruas cujos serviços ainda não foram concluídos. Diferentemente de outras épocas, os trechos onde os canais estão plenamente finalizados, não houve registro de alagamento, exatamente, em função da eficiência do serviço.
A Deso vem agindo sempre de acordo com as autorizações previamente emitidas pela Prefeitura Municipal de Itabaiana, bem como todas as exigências técnicas e legais de uma obra desse porte. A Deso tem compromisso e responsabilidade com a qualidade de vida e bem-estar da população e fará tudo o que for possível para entregar essa obra, totalmente, finalizada até o mês de julho, garantindo-lhe uma vida mais tranquila.