Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
TEXTOS ANTIVIRAIS (11)
28/04/2020
TEXTOS ANTIVIRAIS (11)

O CRIME E O VÍRUS (11)

Foi assassinado, em Lagarto, Jorge Alexandre Souza Santana. No dia 24 de março ele foi atingido por 10 tiros disparados por Rodrigo Dantas dos Santos, mais conhecido por Rodrigo Rocha. Não foi o primeiro crime por ele cometido. Os dois, vítima e matador, eram amigos desde a infância. Segundo o pai do morto, ambos, usuários de drogas. Nisso, acabam as semelhanças. O matador é filho de pai rico, Zezé Rocha, empresário e político influente, também, reconhecido como cidadão correto, de hábitos pacíficos.

A vítima, Jorge Alexandre, é filho de pai pobre. Embora, como foi dito, amigo de infância do seu assassino, tinha, com ele, uma relação de submissão, pela dependência financeira.

Costumavam fazer farras juntos, participavam de vaquejadas, de festas e baladas. Jorge Alexandre se beneficiava disso, porque não tinha despesas. Por qualquer motivo se desentenderam, e foi o bastante para uma pistola Glock, a arma da moda, importada, austríaca, ser acionada, e disparar dez projéteis. O corpo ficou estirado no chão da casa, que pertence ao matador, e ele evadiu-se.

Num país onde acontecem algumas dezenas de milhares de assassinatos por ano, mais um, torna-se apenas acréscimo à sinistra estatística. Tanto matadores como vítimas, raramente figuram nos espaços noticiosos, onde não cabem tantos nomes, muito menos, os detalhes que envolvem as tragédias.

Faz uns quarenta anos, os jornais sensacionalistas, dos quais se dizia que das suas páginas escorria sangue, eram recordistas em vendas.

Hoje, o crime entre nós está naturalizado, já é coisa absolutamente comum, incorporada ao cotidiano.

Vida, vida humana, é algo desvalorizado, vilipendiado.

Ninguém presta mais qualquer atenção aos assassinatos que acontecem, a não ser, se forem envolvidos por uma carga espantosa de requintes perversos, inimagináveis crueldades, ou, neles apareçam personagens do mundo do poder e da fama.

No caso que aqui tratamos, o matador não é exatamente um personagem que tenha conquistado um lugar no círculo dos poderosos e famosos. A notoriedade que o cerca, é por ser filho de um cidadão destacado no universo dos negócios, e também da política, e que tem a boa fama de pessoa correta. A fama, que lamentavelmente acompanha o filho, e que o pai não desejaria que ele a tivesse, é a de ser violento, dedo inquieto no gatilho.

Quando esse outro crime de Rodrigo Rocha aconteceu, logo formou-se aquele clima de dúvida em relação à capacidade que demonstram as autoridades, para agir acima das influências do poder do dinheiro, associado ao poder político. Apesar de terem, nos últimos anos, ocorrido conquistas no âmbito social, que afastam a sensação incômoda e até deletéria da impunidade, dizia-se, que o matador, com o dinheiro e os relacionamentos que tem, iria permanecer foragido, sem que a polícia o localizasse.

Por outro lado, existia aquele ambiente tenso e assustador gerado pelo vírus terrível, criando a falsa impressão de que surgiria o pretexto para inibir as diligências.

Não foi contudo o que aconteceu.

Na polícia sergipana, pouco se falou sobre o assunto. Não surgiram aquelas autoridades que iluminam o ego sob as luzes de holofotes, e além disso pouco produzem, de prático e útil.

Discretamente, a inteligência policial avançava, e um ponto no mapa paulista foi fixado. Era onde estava Rodrigo Rocha, desfrutando do clima alpestre de Araçoiaba da Serra. Nas imediações da cidadezinha, ele foi detido numa barreira policial. Os policiais sergipanos formaram uma rede de interação com a polícia paulista, e a missão foi cumprida.

Gente civilizada não faz de prisões motivo de festa ou júbilo. Presos, mesmo sendo assassinos cruéis, têm pais, irmãos, filhos, família, as vezes, também amigos. Deve ser lembrado, todavia, que do outro lado há um cadáver, sobre o qual choraram pais, irmãos, filhos, família, amigos. A permanência em liberdade do reincidente matador, seria uma mancha irremovível de desconfiança, não só sobre a eficácia do nosso aparelho policial, mas, sobretudo, em relação à sua própria razão de existir.

Não há pior sentimento na sociedade de que aquela frase deprimente, recaindo sobre as instituições: “Para a cadeia só vai o pobre, o preto e a prostituta”.

Essa frase está aos poucos caindo em desuso, e prisões como a de Rodrigo, servem, como provas concretas da transformação.

A prisão é o sistema que a civilização criou, para funcionar como corretivo aplicado ao delinquente, é também, ao mesmo tempo, uma satisfação moral à coletividade.

A cadeia entre nós virou escola do crime, nela, o que menos acontece é a recuperação do detento, para que ele se reintegre à sociedade, sem representar perigo.

O próprio Rodrigo é uma prova da ineficiência do nosso sistema penal, no que se refere à reeducação. Ele já esteve preso antes. Há quem diga que o erro foi o pouco tempo que permaneceu na cadeia, outros, entendem que há casos de sociopatas, que a cadeia não cura, e para esses, o melhor caminho sempre é a medida de segurança, para que fiquem internados num manicômio.

De pouco adianta a cadeia para alguém que recebeu o carinho de uma mãe, a proteção da família bem formada, que teve a perspectiva de um futuro com o qual nem pode sonhar a grande maioria dos jovens brasileiros, e, mesmo assim, beneficiado por todos esses fatores do destino, e da sorte, decidiu jogar tudo isso fora, e tornar-se um criminoso reincidente, acreditando mais no poder de uma pistola, do que poderia fazer, por ele mesmo, e pela sociedade, apenas, sendo civilizado.

O vírus ainda mal estudado da violência, contamina tanto quando o Covid-19, sobre o qual muito pouco se conhece.

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INFORME PUBLICITÁRIO

Deso orienta o uso consciente da água e reforça canais de atendimento em períodos de pandemia


Uma das armas mais eficazes no combate ao Covid-19 é a água, por isso a Companhia de Estado de Saneamento de Sergipe – Deso alerta para o consumo consciente, e vem trabalhando dia e noite para que a água chegue às torneiras dos sergipanos.

O trabalho nas estações de tratamento, laboratórios, as equipes de manutenção, vazamentos e desobstrução de esgotos continuam na quarentena. A Deso reforça que a população também pode fazer sua parte. Na medida do possível, economizar água nesse período em que ela tem que chegar para todos os cidadãos pois, com a quarentena, muitos estão em casa e aumenta o consumo, atitudes simples fazem toda a diferença nesse momento.

Para serviços emergenciais o telefone é o 0800 079 0195, pela internet acesse www.deso-se.com.br/agenciavirtual

Como posso fazer para ajudar?

- Desligue o chuveiro enquanto passa o shampoo e se ensaboa;

- Reutilize a água da lavagem das roupas (para da descarga por exemplo);

- Mantenha a torneira fechada enquanto escova os dentes;

- Mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa os pratos;

- Use regador para molhar as plantas;

- Atente para vazamentos visíveis e ocultos;

- Atente para o fechamento de torneiras (não deixar pingando);

- Use a máquina de lavar na sua capacidade máxima.

Pandemia faz Deso prorrogar prazo para conclusão de obras em Itabaiana

Com o intuito de preservar a vida dos trabalhadores, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) prorrogou para o próximo mês de julho, o prazo para a conclusão das obras de micro e macrodrenagem que vêm sendo executadas em Itabaiana. Inicialmente, os serviços seriam concluídos no final deste mês, mas em virtude do novo coronavírus, muitos funcionários que são do grupo de risco precisaram ser afastados das funções, o que impactou na redução da produtividade em cerca de 30%.

Com a pandemia, foi necessário uma readequação para atender às orientações das autoridades de saúde. Além do afastamento dos funcionários que pertencem ao grupo de risco, uma série de outras ações foram adotadas para que não sejam colocadas em risco a vida de todos os envolvidos.

A empresa está atenta e, na medida do possível, aumentará o número de contingente de operários trabalhando, simultaneamente, em várias frentes de serviço. Não pode negligenciar com a saúde dos trabalhadores e nem com a população, mas, na certeza que, em breve, todos os itabaianenses comemorarão os resultados dessa importante ação que vem sendo executada no município.

Serviço prejudicado – Em nota pública divulgada no último sábado, um dia após os diretores e funcionários da Deso acompanharem in loco os problemas causados pelas fortes chuvas que caíram no município, a Deso já havia explicado o motivo pelo qual o prazo estava sendo prorrogado.

Na nota, a empresa, também, manifestou solidariedade a todos os itabaianenses e ressaltou que, assim como a comunidade, a Deso também tem sido vítima desses alagamentos, uma vez que todo o serviço de drenagem e esgotamento que vem sendo realizado está sendo prejudicado, da mesma forma como prejudicados estão comerciantes e moradores.

A obra de macro e microdrenagem está sendo executada na perspectiva de trazer solução para um problema que historicamente, conforme relatos de moradores e comerciantes, sempre ocorreu na cidade, gerando sérios danos a empresários e a comunidade em geral.

As últimas inundações ocorreram em parte das ruas cujos serviços ainda não foram concluídos. Diferentemente de outras épocas, os trechos onde os canais estão plenamente finalizados, não houve registro de alagamento, exatamente, em função da eficiência do serviço.

A Deso vem agindo sempre de acordo com as autorizações previamente emitidas pela Prefeitura Municipal de Itabaiana, bem como todas as exigências técnicas e legais de uma obra desse porte. A Deso tem compromisso e responsabilidade com a qualidade de vida e bem-estar da população e fará tudo o que for possível para entregar essa obra, totalmente, finalizada até o mês de julho, garantindo-lhe uma vida mais tranquila.

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