¨Não se enxerga, meu grande soberano, O que ele possa ainda ostentar de humano, Porém o quanto a cornucópia atesta: O sucesso das armas nos butins, Que apaga meios, atingidos fins, Por trás do brilho que o poder espreita¨.
Wagner Ribeiro, AVE CAESAR..........
(2013)
O desprezado conceito de moralidade pública sofrerá nova aviltante derrota. A Câmara dos Deputados concederá a Temer o nefando privilégio de permanecer impune e desafiador.
Paira sobre o Brasil aquela devastadora imagem da putrefação moral em que nos encontramos. A TV, repetidas vezes, exibiu a cena afrontosa: a longa fila de desavergonhados detentores de mandatos que o povo lhes conferiu, aguardando sua vez de chegar ao Chefe da Nação para lhe venderem o voto.
A salvação de Temer nada tem a ver com a ideia de garantir o funcionamento pleno e normal das instituições, preservando-se a mais importante delas, a Presidência da República.
Salvando a própria pele Temer transmitirá segurança à Confraria do Peculato, que nele enxerga o começo de um escape coletivo. A Confraria perpassa as instituições, tem abrangência nacional, coloca-se acima dos partidos, e mesmo divergindo de forma aparentemente inconciliável, encaminham-se, todos os seus ¨conspícuos e honráveis integrantes¨, para o mesmo estuário dos interesses comuns, que devem ser, por eles, acima de tudo preservados.
A permanência de Temer é questão fechada na Confraria. Se ele cair, todos os outros confrades estarão ameaçados. Temer é o colarinho branco melhor engomado, o punho rendado mais vistoso, e para muitos que até bem pouco vestiam macacão, a certeza de que se ele conseguir sobreviver, o alongado festim continuará, sem que ninguém o detenha.
Depois da rejeição da denuncia pelos senhores deputados, que custou até agora a bagatela de 2 bilhões e 300 milhões de reais, começa a manipulação preventiva do Código Penal. Dele, serão retirados todos os artigos ou parágrafos que possam representar ameaça ou constrangimento aos reincidentes na prática de crimes do colarinho branco. No novo código penal que pretendem aprovar, estarão afastadas todas as possíveis ameaças aos respeitáveis senhores que integram a Confraria do Peculato.
Se os brasileiros um dia acreditaram que o nosso destino histórico seria o de viver sempre numa Democracia, agora, o sonho acabou: a Cleptocracia está instalada.
¨A CONSTRUÇÃO DO ESPANTO ¨ A CONSTRUÇÃO DO INDIGNO
Um dos livros mais instigantes o poeta Santo Souza chama-se a Construção do Espanto. Para Kleiber Vieira, amigo e biógrafo do místico e genial Santo Souza, de quem se considerava parceiro nos mistérios da Cabala e da ¨arte real¨ o poeta, naquele livro, vai ao âmago das indagações sobre a condição existencial, causa dos ¨espantos¨, ou tormentos, que o ser humano elabora ao longo da vida.
Santo Souza na juventude flertara com o Integralismo. Sua admiração por Plínio Salgado não seria somente literária. Talvez, a simpatia houvesse esvaziado ao sentir o odor nauseabundo do fascismo no ¨milho¨ dos ¨galinhas verdes¨. O universo da poesia, do transcendente, a imersão na aventura maior do pensamento, levaram Santo Souza a encarar as circunstancias com um certo desdém, e a politica não seria propriamente um espaço do seu agrado.
Mas ele muito bem interpretaria a essência daquela frase: ¨Nada do que é humano me é indiferente¨. Por isso, cultivando a virtude, o justo e perfeito, se vivesse ainda nesses dias tormentosos do nosso país, castigado pela indignidade, pela arrogância cínica de tantos poltrões, assim, insultado nas suas crenças e convicções maiores, o poeta descesse do seu virtuoso trono metafísico e baixasse ao cotidiano. Escreveria poemas de revolta e nojo. Depois, os reuniria num livro que não poderia ter outro nome: A Construção do Indigno.
BOAS NOTÍCIAS NA EDUCAÇÃO
Na Educação sergipana houve momentos nos quais agudizou-se a tensão entre a mudança que a busca pela eficiência impunha, e a resistência corporativo-ideológica que desvirtua a docência, colocando-a a serviço de um insólito abecedário político-eleitoreiro. Os propagadores desse A B C, onde a intolerância não era incomum, tinham, e continuam tendo, visões muito peculiares sobre o processo educacional.
Sergipe, em consequência, andou capengando e ficando para trás. Nos chamados governos conservadores, logo rotulados como anti-povo, o discurso confundia-se, em certos momentos, com os anseios justos de mudança e renovação política. E o que era intolerância e inadequação, misturou-se, com o anseio da sociedade por novos caminhos.
Veio Déda, e ele logo constatou que o seu sonho de evolução e mudança social não passava pela mesma senda tortuosa, onde se faziam os exercícios da guerrilha escolar-propedêutica. Tentou, então, uma saída técnica, fazendo Secretário da Educação o ex-Reitor da UFS, José Lima, cientista, educador com visão de futuro e pés no chão. Homem ético, foi injustiçado alvo das mais torpes campanhas, enquanto afanosamente buscava dar consistência às ideias objetivas e lúcidas que tem para a escola. Houve avanços, mas José Lima cansou da luta, no meio da qual foi várias vezes ¨sepultado¨. Outro alvo foi Déda, de quem anteciparam impiedosamente o funeral, crueldade inimaginável.
Enquanto dedicavam-se tão festivamente a organizar féretros de ¨inimigos do povo", os arautos da ¨educação popular¨ nem se preocuparam em acompanhar as cifras decadentes das nossas escolas sabotadas. Déda convocou um amigo, ex-deputado estadual, Defensor Público, com larga experiência administrativa. Ao chegar, Belivaldo Chagas cercou-se de técnicos, dialogou o quanto pode, e venceu uma batalha: revelou os prejuízos enormes causados à população pobre pelo grevismo que parava escolas por causa de uma ¨unha encravada".
Assim, o ano escolar retornou à sua antiga dimensão, e houve mais aproveitamento. Belivaldo reformou a rede, fez, na Educação, o que agora faz Almeida Lima na Saúde: reduziu gastos concentrando serviços em um só local, no caso dele, com o aproveitamento de um amplo terreno ao lado da sede da Secretaria. Ali um novo prédio concentra serviços essenciais. Também não escapou de ver o seu ¨caixão¨ passar, carregado aos ombros de coveiros sindicais e parlamentares, naquela folia necrófila de esfaimados.
Quando, a convite de Jackson, o professor Jorge Carvalho assumiu, já sabia muito bem que as carpideiras iriam derramar lágrimas de fel sobre o "seu esquife". Simplesmente ignorou os préstitos lacrimosos.
Jackson o apoia decisivamente, e junto a ele tem aparecido como ¨defunto¨, na morbidez de péssimo gosto que passou à caracterizar manifestações marcadas pelo que Lênin denominou: ¨doenças infantís¨ da militância. Tratou exclusivamente de dar vida, mais vida às escolas. Vem conseguindo.
Semana passada Jorge fez, para o governador em exercício Belivaldo Chagas, um relatório sobre o funcionamento das escolas em tempo integral, em Aracaju e no interior. Mostrou o sucesso do programa Educa Mais. São 30 minutos transmitidos pela TV-Aperipê aos sábados, às 11 horas, e pela Rádio Aperipê, nas sextas, às 13. Elaborado por especialistas, o programa pode ser acompanhado pelo You Tube em tempo real, e em busca, pelo Google.
Com a Fundação VIVO a Secretaria da Educação fez parceria para capacitar professores a transmitirem com mais eficiência o conhecimento de Matemática e Português. Isso já se faz em 310 escolas estaduais e municipais. Assim, ocorre um processo estimulante de valorização da Escola Pública.
Um novo clima de repúdio à desordem contribui para esse avanço. Na Assembleia Legislativa o presidente Luciano Bispo tem incentivado o debate, a troca de ideias. Por sugestão de alguns deputados convidou professoras da rede pública do Crato a virem explicar, em Sergipe, o que se fez para alcançar as cifras meritórias que aquele município cearense exibe.
O deputado Zezinho Guimarães sugeriu ao prefeito de Itabaianinha, Danilo de Joaldo, que contratasse professoras do Crato, e a educação municipal evoluiu. Em Aracaju uma reversão de expectativas pessimistas igualmente ocorreu durante a administração de João Alves, que colocou na Secretaria da Educação a professora Márcia Valéria, acostumada na resistência ao retrocesso com a máscara de modernidade.
Edvaldo Nogueira recusou-se a admitir o conceito difuso e confuso de ¨educação popular¨, um dos disfarces do corporativismo, e vem acompanhando os avanços que faz a professora Cecília Leite.
E assim caminha a Educação......
O ESPAÇO PÚBLICO OS QUIOSQUES DO DETRAN E O PALÁCIO DO JABURU
Faz 20 anos que o espaço anexo ao DETRAN, é ocupado, em parte, por quiosques. Ali são assegurados mais de 40 empregos diretos. Área pública não pode ser usada para fins particulares, a não ser que para isso se faça uma licitação, com toda a transparência exigida.
O Ministério Público, que tem sobre os ombros a tarefa nobre de ser fiscal da lei, exige agora que ela seja cumprida. Age estritamente no campo da sua competência e responsabilidade.
Mas há considerações de ordem humana que podem ser feitas, ainda mais pertinentes, nesses tempos bicudos em que conseguir emprego e renda é quase milagre. O coronel Luiz de Azevedo Costa Neto, diretor-presidente do DETRAN, está atento à essa situação, e tem dialogado amplamente com o MP. Tenta-se, sem fugir da exigência legal, encontrar a saída que respeite direitos, presumidos apenas, mas que torne menos traumático possível o desfecho do caso, sobretudo, levando-se em conta as famílias que sobrevivem dependendo daqueles quiosques.
Na sexta- feira pela manhã um cidadão ali estabelecido há dez anos, fazia a pergunta para a qual nem o Ministério Público terá a resposta, muito menos os brasileiros indignados com o presidente que tem 5 % de aprovação.
Indagava ele: Eu saio, porque para trabalhar e sustentar minha família ocupo um espaço público, mas não roubo. Eu saio, sendo trabalhador e honesto. Eu saio, porque contra mim, cidadão brasileiro pobre, a lei se aplica.
E quando sairá, só para dar um exemplo, o presidente Temer do espaço publico que abusivamente usa para corromper, obstruir a Justiça, tratar de coisas indignas, e dilapidar os cofres públicos?
VAMOS AO EXEMPLO EM SANTA ROSA DE ERMÍRIO
Santa Rosa do Ermírio em Poço Redondo é o que existe no semiárido sergipano melhor caracterizando a síntese das dificuldades e da superação. Ali não houve a Reforma Agrária induzida pelos movimentos sociais ou pelo poder público. Preexistia uma estrutura fundiária onde o minifúndio e o latifúndio haviam sido abolidos.
Propriedades com média de 150 tarefas propiciavam a agricultura familiar, voltada principalmente para o milho e feijão, até que se agudizaram as mudanças climáticas, a queda brusca nos índices de pluviosidade agravado ao extremo pela devastação da caatinga. Os pequenos produtores trocaram o plantio impossível pela criação que souberam viabilizar.
Surgiram as vacas leiteiras mestiças. A produção e a produtividade foram aos poucos subindo. Instalou-se um polo produtor, enquanto em torno a reforma agrária pulverizava os latifúndios improdutivos, transformados em milhares de lotes dos assentamentos. Em Santa Rosa forma-se uma classe média rural. Já nos assentamentos persiste a miséria, agravada pela inadimplência dos que receberam financiamentos e nunca souberam usá-los.
Não se quer aqui desconstruir a validade dos movimentos sociais, muito pelo contrário. A democracia plena não pode prescindir deles. Mas a maneira como se faz a reforma agrária deveria mudar urgentemente, para que a tornem adaptada ao meio. Os lotes reduzidos jamais assegurarão a subsistência com o plantio de sequeiro.
E em escala a irrigação ali é inviável. O que se precisa é disseminar o modelo de excelência de Santa Rosa por todos eles, e transformá-los em núcleos de produção leiteira, de criação de pequenos animais, isso, desde que os assentados sejam efetivamente pessoas ligadas à terra, com experiência no seu trato.
Santa Rosa faz circular por dia algo acima dos 150 mil reais, cifra que não é alcançada, num mês, por todos os assentados nas securas sertanejas ao seu redor. Só um outro motivo para repensar o semiárido: a produtividade leiteira em Santa Rosa supera de longe a média brasileira.
MACHADO ROLLEMBERG E SEU VOTO CORAJOSO
João Machado Rollemberg, jovem engenheiro, foi ensinar matemática no Atheneu Sergipense. Isso, lá pelos meados dos anos 50. Empreendedor, começou a tocar negócios, e sua capacidade foi observada pelo recém eleito governador Luiz Garcia, que o convidou para ser Secretário da Fazenda.
Garcia, um modernizador, queria retirar o ranço provinciano do aparato fiscal sergipano. Machado correspondeu às expectativas, e também tomou gosto pela política. Candidatou-se a deputado federal. Nesse ínterim, já adquirira a fama de empreendedor. Organizara o modelo de suporte financeiro para instalar o Hotel Pálace no prédio onde havia espaços outros à preencher.
Foi iniciativa direta do governo, e deu certo. Machado já havia também ¨deslumbrado¨ os aracajuanos dando-lhes um outro ¨arranha-céu¨, primeiro edifício de apartamentos com dez andares, o Atalaia, pioneiro desafiador do vaticínio pessimista de que nos solos embrejados da cidade, prédios altos seriam impossíveis.
Machado foi eleito, reeleito, até ser cassado pela ditadura. Foi tratar, como empresário, de expandir os negócios ao lado dos filhos. Na renhida eleição de 86, João Alves encerrava seu primeiro mandato, queria eleger Valadares, o que aconteceu, e precisava de bons nomes para compor a chapa proporcional. Convidou o colega engenheiro João Machado para candidatar-se. Machado topou voltar à vida pública interrompida em 68, quando as ruas se agitavam nos arriscados protestos contra o governo autoritário.
Um deputado, corajosamente oposicionista, o jornalista Márcio Moreira Alves, fez um desastrado e quase nem percebido discurso. Era o dia 5 de setembro, e a fala foi considerada ofensiva aos militares. A ¨linha-dura¨ que queria depor Costa e Silva e endurecer o regime, usou aquilo como pretexto. No dia 13 de dezembro foi anunciado o Ato Institucional N-5, e começaram as listas de cassações.
Machado foi um dos atingidos. Meses antes, quando o governo queria porque queria que os deputados cassassem o mandato de Marcito, juntaram-se a oposição e alguns da base governista que não eram sabujos, e reagiram. Machado foi um entre aqueles corajosos, que restituíram a dignidade do Congresso, naquele instante ofendida pelo poder discricionário. Hoje, é aviltado pela indignidade da maioria dos seus membros.
João Machado é nome que honra a classe politica. E desse escrevinhador merece mais do que respeito, também carinho. Foi meu professor de Matemática no Atheneu, também o ultimo dos amigos que estiveram com meu pai, dia 5 de janeiro de 1961, antes que ele entrasse na fatal sala de cirurgia, para ser morto, e levando ao peito uma medalha que Machado retirara a pedido do seu pai, enfermo no quarto ao lado, e a entregara a ele, o amigo Paulo Costa.
Rolemberg completou 90 anos. Segundo o advogado e seu admirador, Antônio João Messias, dando lições de montaria a muitos outros que não têm a sua nonagenária jovialidade.
AS APOSENTADORIAS INJUSTAS
Aposentando-se aos 70, o Professor e Procurador de Justiça, Eduardo de Cabral Menezes, fez um discurso objeto de muitos comentários e apreciações diversas, todas porém, ressaltando a pertinência de quem afirmava estar na melhor quadra da sua vida intelectual, pleno de energias, e condenado ao fastígio do ócio remunerada.
Depois, viria a ¨Lei da Bengala¨. Não fosse essa lei em tantos casos benéfica ao serviço público, o Conselheiro Carlos Alberto de Souza, que comemorou 72, já estaria vestindo o pijama da forçada indolência, e deixando de prestar serviços sempre relevantes, pela sua competência, dedicação à coisa pública e pleno entusiasmo em tudo o que faz. Nisso, a Lei da Bengala foi providencial, como poderia ter sido se aplicada antes para tantos outros imprescindíveis servidores.
OS POSTOS DESATIVADOS UM CONVITE AO CONTRABANDO
Os postos de fiscalização estão sendo reativados. A experiência de desativá-los de uma só vez, revelou-se prejudicial. Cresceu o contrabando, acentuou-se a sonegação. A malograda iniciativa saiu da cabeça renitente do ex-secretário da Fazenda Jefferson Passos. Deve-se a ele, também, outra mal sucedida iniciativa de fazer a promoção hermética, e por isso ignorada, a Nota da Gente.
O Secretário, professor Josué Modesto dos Passos Subrinho, demonstrando que não é (dos Passos curtos) enquanto recupera os Postos deteriorados pelo desuso, estuda a melhor, mais prática e produtiva maneira de trocar a natimorta Nota da Gente, por algo contendo alguma dose de inteligência.
TRABALHO: UMA VAGA 100 CANDIDATOS
Andam pelo interior pessoas que recrutam trabalhadores para uma nova construção. Não se trata de golpe, de fraude, é coisa certa e lícita mesmo. Precisam-se trabalhadores para o canteiro de obras da Termelétrica na Barra dos Coqueiros. Não são muitos por enquanto, apenas duas ou três centenas, mas irão chegar a mais de dois mil. Nesse tempo de desemprego, quando para uma vaga chegam cem candidatos, essa é uma extraordinária noticia.
QUE SOSSEGUEM OS PAPAGAIOS
Está sendo preparada pelos Ministérios Públicos, órgãos ambientais, da saúde, e segurança, uma nova ação fiscalizatória que deverá ocorrer no mesmo local de outra semelhante há uns seis meses. Da experiência um tanto desastrosa da primeira, teriam sido retirados bons ensinamentos, e pelo que se sabe, os papagaios de estimação sobreviventes, podem ficar, tanto eles como seus donos, tranquilizados.
Ninguém irá condená-los à morte, retirando-os dos lares onde acariciadoramente vivem. Também não agirão com mão de ferro, fechando sumariamente atividades produtivas, e gerando mais desemprego e fome. Assim, trata-se de uma boa notícia.