Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
SERGIPE VOLTANDO A BRASÍLIA 
11/01/2023
SERGIPE VOLTANDO A BRASÍLIA 

Dois de Sergipe, Márcio e Eliane, ocupando lugar de destaque em Brasília.

Faz tempo, não há no palco da República, Brasília, um sergipano que “domine a cena”, e tenha, sobre ele, os olhos do resto do Brasil. Ou seja, não existem sergipanos exercendo algum cargo público de projeção nacional. 

O último que ocupava espaços na mídia, por ter a destacada função de líder do presidente Temer no Congresso, foi o deputado federal André Moura. Isso durou enquanto Michel ocupava a presidência. Para Sergipe, em particular, essa projeção de André também se traduziu em forte protagonismo, no que se refere à canalização de recursos para as
Prefeituras sergipanas.  

Há muitos anos não temos no Superior Tribunal de Justiça, um ministro oriundo de Sergipe. Isso, por outro lado, revela também a fragilidade dos nossos políticos, em termos de prestígio suficiente para fazer indicações de nomes, e vê-las concretizadas.  Lembra Carlos Pinna, conselheiro do TCE-SE, e historiador: tivemos, de uma só vez no STJ, os ministros Geraldo Barreto Sobral, Luiz Carlos Fontes de Alencar e José Arnaldo da Fonseca.

Carlos Ayres de Britto por cerca de dez anos nos tornou vaidosos, acompanhando o transitar da sua inteligência, da sua cultura, do seu absoluto domínio do direito constitucional, também, da sua verve espirituosa, algumas vezes docemente mordaz, da familiaridade absoluta com todos os capítulos, parágrafos e incisos da nossa Carta Magna. Há quem jure que ele a tem completamente na memória.

Carlos Britto, encantava o país na defesa de teses muitas vezes tão complexas quanto controversas. Ele passeava por elas, enquadrando-as, com precisão, aos valores civilizatórios, enfim,  ao humanismo. Infelizmente, aposentou-se quando o limite ainda era a cifra dos setenta anos. Este ano, ele chega aos 80, e a sua lucidez, seu equilíbrio, seu discernimento e autoridade moral, revelados quando comandou o Supremo, num dos instantes mais tensos da sua história, tudo isso, faz uma enorme falta. 

Sergipe já ocupou o Supremo com outros nomes, como lembra o presidente da Academia de Letras, o escritor José Anderson Nascimento. Foram eles, antes de Britto: Coelho e Campos,  Pedro Antônio de Oliveira Ribeiro e Heitor de Souza.

Na Academia Brasileira de Letras, lembra ainda Anderson, os sergipanos que envergaram o fardão: Sílvio Romero, João Ribeiro, Laudelino Freire, Aníbal Freire, Gilberto Amado. E o último, Genolino Amado, com o seu fardão custeado como manda a tradição pelo Estado, quando era governador o engenheiro Paulo Barreto de Menezes. E assim, já se passou quase meio século.

No Tribunal Superior do Trabalho, Sergipe tem hoje um ilustre e jovem jurista, Carlos Augusto Leite de Carvalho. Faz menos de dez anos, aposentou-se no mesmo cargo, outro destacado jurista, Simpliciano Fernandes Fontes, que é irmão do ex-deputado João Fontes.

Ministros de Estado, tivemos, durante o governo Sarney João Alves Filho, na importante pasta da Integração Nacional. O dinamismo e criatividade de João, marcaram os quase cinco anos de sua permanência no plano federal. No governo Itamar Franco, Leonor Barreto Franco foi nomeada para o Ministério da Ação Social. A ex-primeira dama chegou ao cargo em consequência do prestígio do seu ex-marido Albano Franco, que, ainda hoje, circula entre muitas sólidas amizades no centro do poder. Um delas,  o Ministro da Defesa José Múcio.  

No período dos governos militares, como lembra a advogada e ex-vereadora de Aracaju, Mírian Ribeiro, houve um médico sergipano, Mário Machado de Lemos, que ocupou, aliás com muito destaque, o Ministério da Saúde. O doutor Mário era irmão do deputado  federal sergipano, já falecido, Eraldo Lemos.
No primeiro governo de Lula, o geólogo e Senador petista por Sergipe, José Eduardo Dutra, que tinha ligações de estreita amizade com Marcelo Déda, tornou-se presidente da PETROBRAS. Foi um gestor responsável; no período dele, a PETROBRAS se manteve imune aos que sobre ela avançariam, logo depois. Em Sergipe, as atividades da petroleira foram ampliadas, e aqui surgiram importantes centros de pesquisa.

Quase todos aqueles sergipanos, no primeiro plano nacional, sempre tiveram as vistas voltadas para o nosso estado. Já o intelectual Lourival Fontes, alma e índole fascistas, um dos mais poderosos ministros de Getúlio Vargas, lembrou-se de Sergipe, apenas, quando aqui quis eleger-se senador. E conseguiu, com  apoio de quase toda a cúpula política estadual. No Senado, da mesma forma, continuou deslembrado da terra berço.

Depois de um longo interregno, voltamos agora ao proscênio da República. 

Márcio Macedo, é baiano, de Entre Rios, veio para Sergipe, começou a militar no PT. Tornou-se um dos amigos mais próximos de Marcelo Déda. Biólogo, ele foi chamado para ocupar a Secretaria do Meio Ambiente. Ele é irmão do advogado e agrônomo, Manoel Moacyr Macedo, que dirigiu a EMBRAPA em Sergipe, e incentivou importantes pesquisas. Márcio fortaleceu a visão ambiental, e conseguiu expandir as áreas de preservação, incluindo, pela primeira vez, o bioma caatinga, com a criação do Parque estadual da Grota do Angico; regularizou as duas reservas federais da Serra de Itabaiana, e da Mata do Junco em Capela. Sua sensibilidade em relação aos temas ambientais o fez  deslocar-se até uma área de Canindé do São Francisco, ao lado do fotógrafo da natureza, o suíço-brasileiro Marcel Nauer, criador de um Jardim Botânico particular em São Cristóvão. Foram participar do plantio de quatro pés de baobás oriundos daquele horto. Era uma experiência, para verificar se aquela gigantesca árvore africana,  se aclimataria bem ao nosso semiárido. O baobá portentoso, que Saint-Exupery avistava das alturas, quando cruzava desertos e selvas do norte africano, na sua imaginação fértil de piloto-filósofo-romancista, o fez nascer, ameaçador, no planeta miúdo onde vivia, solitário, o Pequeno Príncipe. O baobá pode durar mais de mil anos, e aqueles dois, que sobreviveram em meio à caatinga em Canindé, crescendo com a lentidão de quem tem muito tempo para existir, chegam agora aos 16 anos. Márcio e Marcel Nauer serão convidados para brinda-los aos vinte, ainda recém nascidos.

Márcio renunciou em fim do mandato de deputado federal, para tornar-se Ministro, tendo desistido de candidatar-se à reeleição, para ficar ao lado de Lula durante toda a campanha.

No período mais crucial do PT, debaixo do fogo da Operação Lava Jato, comandada pelo faccioso juiz Sérgio Moro, hoje desmascarado, Márcio tornou-se tesoureiro do partido, no instante em que o seu antecessor estava preso. Só depois, a prisão se revelaria injusta, e Márcio foi segurando o barco, sob ameaça de naufrágio. Com Lula levado à prisão,  em mais um capricho do juiz Moro, Marcio Macedo refez seus hábitos, e passou a viajar frequentemente a Curitiba. Acompanhou todo o tempo de calvário do líder e amigo. Hoje, é um dos seus principais e mais prestigiados ministros. Assuntos de Sergipe certamente passarão por ele, e aqui, seu espaço político na cena nacional se refletirá intensamente.

Assim, começa a alterar-se o quadro que antecipadamente se imaginaria desenhado para 2026. Márcio Macedo terá um considerável peso eleitoral.

Uma aliança  entre Márcio Macedo e o governador Fábio Mitidieri, não é uma suposição improvável, muito menos descartada. Mitidieri  tem  capital político suficiente para isso. Ele, apesar de ter recebido no segundo turno os votos do bolsonarismo, já declarara, antecipadamente, que votaria em Lula. Antes, ele foi o único deputado federal sergipano, não petista, que votou contra o impeachment de Dilma. Nem precisaria pedir perdão, como outros fizeram agora, recentemente, durante o primeiro turno.

A reeleição de Mitidieri, dependerá, evidentemente, do governo que fizer, e da capacidade que tiver para somar votos,  e tornar-se, como é hoje Edvaldo Nogueira, uma liderança atraindo votos populares, independentes do comando de chefes políticos. O prefeito de Aracaju fazendo uma administração criativa e eficiente,  revelando capacidade de transferir votos, como ficou demonstrado no segundo turno vencido em Aracaju por Mitidieri, estaria imaginando uma candidatura ao Senado em 26. Serão duas vagas. Márcio poderá tentar uma delas, ou, caso não haja um entendimento, candidatar-se à sucessão de Fábio Mitidieri. Mas, nisso, pesará também o desenho que tiver a sucessão de Lula.

O atual senador Rogério, pelo andar da carruagem não terá maiores chances num pleito majoritário, o mesmo acontecendo com o senador Alessandro Vieira, apesar de ele estar, em termos políticos e pessoais, muito distante daqueles conhecidos métodos de Rogério. Alessandro, ganhou projeção nacional atuando na CPI da covide, honrava, naquele instante, mais uma vez, o cargo que ocupa, enquanto Rogério votava a favor do Orçamento Secreto , uma das suas peripécias.

No plano nacional, se projeta também uma outra figura: Eliane Aquino, ex- vice governadora, que, não sendo sergipana, da mesma forma que Márcio, tem a sergipanidade hoje nas suas veias.

É viúva de Marcelo Deda, aqui, nasceram  os seus filhos, aqui, ela exerce um trabalho principalmente na área social, que lhe rendeu nada menos do que sessenta mil votos, ficando na suplência de João Daniel, cuja liderança junto aos movimentos sociais, mais uma vez lhe assegurou um novo e merecido mandato.
Sergipe, assim, retorna com destaque à Brasília. Vejamos, dessa auspiciosa condição, o que se poderá retirar de bom proveito.


O CANGAÇO QUE NOS RESTOU


"A obra maior" do cangaço terrorista

Quem se der ao trabalho de procurar uma obra, uma realização, um só ato que possa conferir ao pretérito governo alguma característica de responsabilidade ou espírito público, terá muita dificuldade em identificá-lo. O pretérito mandatário, gastou o seu tempo empenhado na tarefa insana de aumentar, sem limites, o poder do seu cargo, e conquistar um segundo mandato, onde poderia realizar o desejo de tornar-se algo parecido aos ditadores assassinos, que mancharam com muito sangue os anos do século vinte. Ele não se contentaria com um modelo modesto, assim como foi um Alfredo Stroessner no Paraguai, que até estuprava menores, embora o tenha elogiado muito, numa visita que fez a Assunção, criando um clima de constrangimento entre as autoridades do país vizinho. O pretérito presidente queria um imagem mais vistosa, o de chefe absoluto de um grande país, o Brasil, podendo exercer influência pelo mundo, e espalhar a renascida ideia do “super-homem”, que filósofos europeus desenharam, e tornou-se encarnada em super-bandidos, como foram Mussolini, Hitler ou Stalin. Seria então o “super-homem” dos trópicos, demonstrando a plena viabilidade do poder autocraticamente exercido, reverenciado pelos violadores das sepulturas da história, de lá retirando os restos podres do nazi-fascismo.

O pretérito presidente tinha parcas ideias, pouco cérebro, e vastas ambições, todas elas maléficas.

Assim, ao invés de usar o enorme poder que possuía para cuidar dos verdadeiros problemas do país, desperdiçou essa oportunidade única, preferindo ser uma espécie de dínamo gerador e disseminador de ódios. Dividiu e polarizou a sociedade brasileira, criou supostos inimigos figadais, que precisavam ser destruídos em todas as instituições, desprezou protocolos, fez pouco caso da civilidade e da ciência. Montado em cavalos, pilotando motos, com um número cada vez maior de desocupados a segui-lo, entusiasmados com a disposição que ele demonstrava para esmagar todos os “inimigos do Brasil”, entre eles, com maior ênfase, o Supremo tribunal Federal, chegando a dirigir a estúpida imprecação de canalhas a vários do seu ministro e a proclamar publicamente, num ato político-eleitoral no dia Sete de Setembro, que não mais acataria determinações emanadas do STF.

E formou-se a horda fanática, e formou-se, também, a procissão imensa dos que nele enxergavam, de fato, um líder capaz de “regenerar os brasileiros”.

Esses últimos, nem suspeitariam que estavam a lidar com um indivíduo totalmente destituído de qualidades humanas, embora ele estivesse a revelar sua verdadeira índole a todo momento.

Nem notaram, talvez, no decorrer dos seus quatro anos de tumultos, que daquele ambiente criado, nada de bom poderia sair.

Para nem falar na pandemia, lembremos apenas que a Educação e a Cultura sofreram retrocessos, que, em alguns casos, nos remeteram ao fundo da Idade Média. Mas não só isso, a Ciência foi desprezada, a civilidade destruída, o abismo social ampliou-se. Restava a ele apegar-se ao arsenal do ódio, e foi então o que fez, aliás, com extraordinária competência satânica. 

O governo do pretérito presidente nos deixou o legado do cangaceirismo.

E este legado mostrou o seu cartão de visitas nas cenas jamais imaginadas, que resultaram na destruição das sedes dos três Poderes da República. A horda de bárbaros, devastou patrimônio público onde se encontravam obras de arte, relíquias históricas,  esfacelou objetos raros, coisas primorosas. A horda, tanto quanto o fazem cavalos, pisoteiam, sem atentar para os símbolos que profanam.

Almas sebosas e mentes embrutecidas, mijaram e defecaram, revelando a própria nojeira fétida, onde chafurdam. Fizeram isso,  nos espaços límpidos e claros dos elegantes edifícios projetados pelo gênio de Niemeyer. Segundo o inspirado criador de Brasília, Juscelino Kubitschek, a visão dos horizontes que eles propiciavam, era como se fosse uma antevisão do magnífico futuro do Brasil.

Juscelino, o maior presidente do Brasil, era por essência um otimista, jamais imaginaria que houvesse alguém, capaz de agir, raivoso, destruindo aquilo com tanto carinho criado, como se fossem pontes de esperança ao nosso futuro.

Não pode haver patriota entre aqueles que vandalizaram, destruíram ou roubaram valiosíssimas obras de arte, publicações raras, peças que não poderão ser recuperadas. E assim se foi, no rastro desses criminosos terroristas, primitivos, bárbaros, selvagens, uma parte do acervo do patrimônio cultural brasileiro.  O que significaria a cultura, a história de um povo, se eles estavam a destruir, e a pretender ocupar, definitivamente, as três principais instituições, sem as quais a civilização não existe. 

Mas, ainda há quem esteja a defendê-los, a buscar justificações calhordas para o que não tem explicação.

A horda, a matilha enfurecida, também praticou o saque. E o fez num setor crítico, os gabinetes do GSI, (Gabinete de Segurança Institucional) de onde foram retiradas armas de última geração, e munição farta. Incrível: este setor crucial para a segurança da Presidência, estava sem um só militar a protegê-lo. E já existe um novo ocupante, substituto do general Heleno, um outro general, Gonçalves Dias. A falha, como se observa, não foi apenas do sistema de segurança do governo do Distrito Federal. Esse poderoso armamento roubado ainda não foi recuperado.

Não foram somente pessoas violentas e idiotizadas as que estavam entre os invasores.

Ah, mas entre eles, agora presos, havia idosos, homens e mulheres, muitos apresentando comorbidades. Era um domingo, esses idosos e doentes poderiam estar nos seus lares, cercados pacificamente pelos seus netos. Mas, eles já estavam há mais de 40 dias nos acampamentos fétidos, onde se aglomeravam, alimentando conspirações, e finalmente decidindo fazer a marcha final sobre o STF, o  Congresso, e o Palácio do Planalto. Tudo isso já estava sendo há mais de 40 dias gestado nos acampamentos ao lado de quartéis.

Deles saíram os bandidos, as “tropas de aluguel”, para consumar o pretendido golpe de Estado.

Não há que ter piedade para quem quer que tenha participado daquela cena vergonhosa, aliás, única no mundo. Não se tem notícia, de um país em tempos de paz, onde os três

Poderes tenham sido tomados e devastados por uma horda fanática. 

Cabe, agora, apagar pelo mundo afora a mancha aterrorizante daquele palco ocupado por trogloditas. E isso, somente se fará com a plena aplicação da Lei.

O pretérito presidente nos deixou o legado do cangaceirismo aplicado à política e ao convívio social, e que ainda representa uma ameaça.

Acabar com esse tipo de cangaceirismo, não será tão fácil como se fez com o fugitivo bando de Lampião, na madrugada do dia 28 de julho, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe. Ali, bastaram alguns fuzis, uma metralhadora ponto 50, armando a volante da polícia alagoana. Com essas armas, e em pouco tempo, o tenente Bezerra já estava a exibir as onze cabeças decepadas dos cangaceiros abatidos.

O cangaceirismo liderado por Bolsonaro, é muito mais complexo, muito mais cruel, desumano e estúpido, do que aquele do qual  Virgulino Ferreira se tornou o principal símbolo.

É preciso fortalecer a tarefa complexa de desmontar essa engrenagem. Para isso, só não poderemos nos deixar mover por um sentimento: o ódio.

A cena dantesca da exibição de cabeças, mesmo no distante ano de 1938, foi definida como repugnante.

Jamais poderemos repeti-la, embora, o cangaço de hoje, seja muitas vezes mais nocivo e ameaçador do que aquele, exterminado no sertão sergipano, que era um fenômeno local, apenas nordestino. O cangaceirismo liderado pelo pretérito presidente, tem fortes ramificações internacionais, é o neonazismo, que explodiu com Donald Trump nos Estados

Unidos, e na Alemanha tentou, faz pouco tempo, um abortado golpe de Estado, que lá fez surgir o nome famoso, "Putsch", desde que Hitler tentou o primeiro em Munique, na distante década dos anos vinte.  

O pretérito e malfadado presidente, nos faz retroceder aos tempos de turbulências do sangrento século passado.

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A TROPA SERGIPANA E O RECADO DE MITIDIERI


O envio da tropa, a demonstração de apoio forte à democracia.


Uma tropa de elite da Polícia Militar sergipana seguiu para aquartelar em Brasília.

Fará parte do contingente que começou a ser enviado pelos governadores do nordeste, e foi crescendo com o apoio de outros governadores. Depois da vergonha, da tragédia, do absurdo, do crime hediondo que marcou o domingo dia 8 de janeiro de 23, tornou-se imperioso o fortalecimento do esquema de segurança na capital federal. O impensável aconteceu: a onda de depredação nas sedes que abrigam os poderes da República. 

A decisão de Mitidieri foi quase imediata, no momento em que não se sabia exatamente o que, de fato, determinara a fragilização de todo o aparato da segurança dos três poderes, em especial, no que concerne à proteção do Palácio do Planalto. Nesse cenário, a presença da tropa sergipana, se tornará, além de operacional, também  simbólica, ao definir a posição de um governador não petista, mas, compromissado com a preservação da democracia e do respeito ao voto popular.

Ao mesmo tempo, afinando da melhor forma possível a relação de Sergipe com o governo do presidente Lula.

Mas há também o recado bem claro: Mitidieri recebeu os votos do bolsonarismo, todavia, se mantém distante dos focos radicalizados que , na prática, se transformam em terroristas. Há focos desse setor extremista em Sergipe, e alguns integrantes deles, com presumida liderança em  municípios,    tentam indicar nomes para ocupação de cargos comissionados. Alguns, destes,  circulavam pelo amontoado de desatinados que entupiam a praça em frente ao quartel do 28º BC. 

Quem renega a democracia, deveria considerar-se inabilitado para exercer posições, ou fazer indicações para cargos resultantes do exercício pleno do regime democrático. 

Observe-se que os líderes políticos que aderiram ao bolsonarismo em Sergipe, quase todos tendo cargos eletivos, como é o caso do senador eleito Laércio Oliveira, emitiram notas públicas, condenado o vandalismo selvagem do 8 de janeiro. Não se confundem, portanto, com a bandidagem explícita dos saqueadores.


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A MARINHA, QUAL CISNE BRANCO EM NOITE DE LUA

No navio-escola, Cisne Branco, um dos símbolos sutis e elegantes da nossa marinha de guerra.

Não se configurou, na prática, aquela anunciada crise que poderia surgir na Marinha Brasileira, com o anúncio feito pelo seu ex-comandante almirante de esquadra Garnier. Seu substituto, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, tomou posse em cerimônia presidida pelo Ministro da Defesa José Múcio.

Preciso, elegante, e enquadrado aos regulamentos militares, ele seguiu exatamente o protocolo,  sem nenhuma referência ao que poderia ser uma insubordinação, ou apenas deselegância do seu antecessor.

Seu discurso, igualmente protocolar, incluiu a referência respeitosa ao comandante em chefe das FA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Discorreu  sobre os objetivos da Força do mar-oceano, no caso, a nossa imensa e ainda quase virgem Amazônia Azul, tão extensa quanto a Amazônia Verde. Abordou a necessidade estratégica de uma força naval compatível com os interesses de um país, cujo comércio internacional se faz com quase oitenta por cento dos bens exportados ou importados via oceano Atlântico e alcançando os demais. Do ponto de vista estratégico, é visível a necessidade de uma moderna esquadra, incluindo submarinos de última geração, e o destravamento do projetado submarino nuclear, que se arrasta por tanto tempo, e quase entra em colapso o acordo Brasil – França, por conta da briga feia e deselegante, que o presidente pretérito arrumou com o presidente francês Emmanoel Macron, inclusive, insultando grosseiramente a esposa dele. Existe a perspectiva de um estreitamento das relações Brasil – França a partir da próxima visita que fará Lula a Paris. Um submarino nuclear, ou mais quatro ou cinco convencionais, podem parecer muito pouco para as dimensões do Brasil. A Alemanha, no decorrer da Segunda Guerra colocou em ação mais de mil submarinos; um só, desses submarinos nucleares, como será o brasileiro, mesmo com armamento convencional, no caso mísseis, teoricamente, poderia destruir toda a frota alemã, sem ser alcançado por nenhum dos mil submersíveis antigos.

O quadro estratégico evolui rapidamente. Na guerra de agressão da Rússia invadindo a Ucrânia, se mostraram impotentes as colunas de tanques russos, atingidos principalmente por drones, a nova arma  nas futuras guerras, que, infelizmente, ainda ocorrerão pelo mundo.

É com essa visão de modernidade ou ultramodernidade, que o Brasil deverá reequipar suas forças. Com isso, crescerá o entusiasmo dos seus integrantes, e a exigida especialização e o profissionalismo os farão imunes a discursos autoritários,  aqueles contaminantes, do pretérito mandatário, que causou muito mal ao universo dos fardados, levando-os, em parte, ao desaconselhável proselitismo político, sem que fossem tratados objetivamente das reais necessidades da Marinha, Exército e Aeronáutica, que tiveram vários projetos adiados.

A Marinha,  placidamente, “qual cisne branco em noite de lua e navegando em mar azul”, aponta caminhos para o futuro, nas palavras do seu novo comandante, o almirante Olsen.

E o ex-comandante Garnier, em trajes civis, compareceu depois ao almoço oferecido pelo empossado ao Ministro da Defesa e aos almirantes.

Assim, em vez de continências, apertos de mão.

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-TÓPICOS-


1)  Noticiou-se que o jurista Carlos Pinna iria ser indicado para substituir na Procuradoria Geral do Estado o ex- Procurador Geral  Vinicius Thiago Soares de Oliveira. Vinicius fez um primoroso trabalho à frente da sua equipe de procuradores, e ajudou a desatar inúmeros nós jurídicos, gerando benefícios ao estado de Sergipe. Aqui, poderíamos relembrar apenas a regulamentação do gás, trabalho que tornou-se referência em todo o país.
Carlos Pinna, o provável indicado, é o filho do conselheiro Carlos Pinna de Assis. Ele é um jovem jurista, e tem mandato de dois anos como Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, não pensa em renunciar,  pelo contrário, tem boas perspectivas de ser outra vez indicado para o mesmo cargo.
O que se cogita, mesmo, é na indicação do outro jurista, mais velho, conselheiro Carlos Pinna de Assis, que, no final deste ano chegará à idade limite, e terá de aposentar-se.
O que os amigos entendem, e até insistem, é que ele deveria aceitar a indicação para a procuradoria, abreviando sua presença no TC, e sendo desafiado a prestar mais um relevante serviço a Sergipe à frente da PGE.
                   
2) Já estariam identificadas algumas pessoas que ajudaram, financeiramente, para manter o comes e bebes “patriótico” dos acampados em frente ao 28º BC, engendrando ações golpistas criminosas. São, na maior parte, empresários de porte médio, havendo apenas um “peixe grande” entre eles. O pior é que financiaram ônibus para conduzir terroristas a Brasília.
   
3)
Murilo Dantas, delegado aposentado da Polícia Civil sergipana e melómano durante toda a vida, dedicando-se ao canto e a vários instrumentos, é frequentador assíduo do Iate Clube, e entende que de agora em diante deve haver Comodoras, exercendo o comando do Clube. A mulher já pilota aviões caças, já faz parte da tripulação de submarinos, já é maioria entre os operadores do direito em Sergipe, por que não pode ser Comodora nos Iates Clubes, ou até integrantes e Veneráveis nas Lojas Maçônicas? Pergunta ele.
 

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