Alguém, que alimente dúvidas sobre a eficiência dos órgãos públicos no Brasil, percorrendo o trecho norte da BR-101 em Sergipe, ficará convicto de que, além de acomodar prepostos incompetentes de políticos quase sempre desonestos, aquelas siglas não passam da sucata a que foram reduzidos os elos de uma burocracia estatal pachorrenta e inepta. Escolhemos Sergipe, apenas, por ser uma referência próxima, mas o quadro de paralisia operacional e desleixo é visível em todo o país.
A BR-101 começou a ser duplicada no primeiro governo de FHC. As obras foram paralisadas por desastrosa ordem do T.C.U, que teria identificado algumas pequenas irregularidades. Depois de oito anos, no governo Lula, o prejuízo maior pela paralização já ocorrera e as obras foram retomadas. Quatro anos depois, no capengante governo Dilma, nova interrupção. Agora, Temer assegura a Jackson que as obras serão reiniciadas e a emperrada rodovia estará pronta em dois anos. Então, mais de 20 anos já terão passado, desde que a duplicação de apenas 200 quilômetros iniciou-se.
No trecho sul avançou-se mais. No percurso norte, uma parte está concluída, mas, no que ficou incompleto ou, ainda, a ser iniciado, há total abandono. Tudo se deteriora, existem pontos perigosos, sem sinalização, e acidentes sempre ocorrem. O DENIT- SE, aquela parcela mais enferrujada da sucata federal, sequer ensaia, pelo menos, um arremedo de sinalização; nem faz a retirada de entulhos, a desobstrução de trechos já prontos, por onde poderia passar o trafego. No desleixo que é total, o DENIT-SE fornece a prova indesmentível de incapacidade.
Alguém sabe o que faz o DNOCS em Sergipe? Pois é, trata-se de sigla antes famosa e importante no nordeste: Departamento de Obras Contra as Secas. Já construiu açudes, barragens, estradas, perfurou poços, mas, em Sergipe, a sua atuação foi pífia. Hoje, a sede local do DNOCS em Aracaju está instalada à beira mar e é só isso o que resta. O DNOCS aqui, nada faz, é sucata inservível.
A CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento, nada abastece e, o pouco que faz, é marcado pela suspeita de que a contratação de caminhões e carretas, se tenha transformado num negócio rendoso, para poucos.
A CODEVASF é acúmulo histórico de equívocos e de práticas nada exemplares. No governo Geisel iniciava-se em Sergipe o Projeto Betume, que seria a alternativa técnica para a rizicultura praticada nas várzeas, na “lama do arroz”, dependendo das cheias anuais do rio.
Deputados estaduais foram visitar as obras. Oviedo Teixeira era do MDB, a oposição que o regime militar permitira, a maquiagem liberal na face enfarruscada do regime. Enquanto os da ARENA, partido que lustrava botas e azeitava baionetas elogiavam o projeto, Oviedo, com aquele jeito de matuto tímido e empresário sagaz, resolveu fazer uma advertência: “Da forma como aqueles canais e diques de contenção estão sendo construídos, na primeira grande cheia o São Francisco leva tudo”.
Valadares, hoje senador socialista, era líder da ARENA e contestou Oviedo. Ajeitando as palavras para não parecer ofensivo, elogiou a preocupação de Oviedo, mas, disse desconhecer em qual faculdade de engenharia ele estudara, para desfazer, de forma tão peremptória, um projeto que contava com a assessoria de especialistas franceses. Oviedo respondeu que não passara das letras e da aritmética elementares, mas, aprendeu na “escola da vida”. Nem se passou um mês, o Velho Chico engrossou, ocupou as margens, invadiu cidades e levou de roldão, como previra Oviedo, as obras mal feitas.
Pois é assim, a empresa que começou errando, continuou o mesmo trajeto. É sucata privilegiada, para ela, uma emenda parlamentar destinou 100 milhões, recursos antes destinados à UFS. Na falta deles, o reitor Ângelo Antonioli suspendeu projetos de tecnologias essenciais para o campus do sertão.
Se destinados à conclusão da emperrada BR-101, os cem milhões seriam úteis. O DENIT é sucateado? É. Mas a CODEVASF também.
O SUCESSO DA EMBRAPA
ONDE POLITICA NÃO ENTRA
Enquanto se dissolve a confiança da sociedade nas empresas públicas, assaltadas, ou excessivamente gastadoras e ineficiente, a EMBRAPA é modelo daquilo que um economista classificaria como relação perfeita de custo benefício. O que o governo aplica, a empresa devolve em tecnologia, em inventos, em pesquisas, que se aplicam na prática. Grande parte do sucesso do setor primário da nossa economia tem, ao lado, a tecnologia que os incansáveis pesquisadores da EMBRAPA produzem.
Em Aracaju fica a sede da EMBRAPA Tabuleiros Costeiros. Até pouco tempo, imaginava-se que ali, naquela ampla área junto ao Parque da Sementeira Augusto Franco, havia apenas a produção de mudas de coqueiros de excelente qualidade. Na sede aracajuana a EMBRAPA realiza importantes pesquisas. Agora, os pesquisadores Hymerson Azevedo e Maiana Chaves, criaram a possibilidade de produzir embriões bovinos por fertilização in vitro, o que, em resumo, consiste na união do sêmen do touro com o óvulo da vaca. E com isso se pode gerar, em escala, bezerros e bezerras de alta qualidade genética, para o corte ou o leite. É avanço tecnológico que ficará à disposição dos criadores e certamente irá acoplar-se, depois, ao programa de melhoramento genético do rebanho sergipano, que Jackson deverá anunciar nos próximos dias e está em fase final de elaboração na Secretaria da Agricultura e EMATER. Hymerson projeta a possibilidade de uma parceria com o SERGIPE-TEC para gerar negócios.
O chefe-geral da EMBRAPA em Sergipe, é o agrônomo, advogado e escritor Manoel Moacir Costa Macedo. Ele vem a ser irmão do ex-deputado federal e atual diretor financeiro do PT, Márcio Macedo. Perguntem se foi o irmão influente que o teria indicado antes, durante o governo petista? Lá não há intromissões ou ingerências políticas. Nenhum dirigente resulta de acordos realizados no âmbito dos partidos que dividem o poder. Na EMBRAPA há, unicamente, critérios de meritocracia. Para habilitar-se a um dia tornar-se chefe, o funcionário da empresa terá de exibir folha de serviços impecável, fazer concursos sucessivos para ir alcançando posições. Finalmente, para capacitar-se a ser dirigente, terá de fazer um curso especial e depender das notas de uma banca com examinadores da EMBRAPA e do meio acadêmico.
É exatamente nisso que a EMBRAPA se diferencia da CODEVASF, et caterva.
DEMOCRACIA & AUTORITARISMO
A democracia é um invento social historicamente recente. Embora se considerem os gregos seus inventores, lá pelo século IV antes de Cristo. Na polis grega, reuniam-se os integrantes da elite e, de forma direta, decidiam os destinos da Cidade Estado. Os escravos, os miseráveis, as mulheres, os “inimigos do Estado”, não sentavam nos degraus de mármore da Ágora. O ideal aperfeiçoado da democracia vem sendo mantido, enfrentando contratempos e, as vezes, relativizado.
Na riqueza das controvérsias, na dinâmica social onde estão presentes os conflitos inerentes à sociedade plural, os desgostosos com a democracia apontam a fragilidade do sistema diante dos desafios do presente, e sugerem o autoritarismo como solução. A democracia, alegam, não responde com soluções prontas e eficazes, e se encolhe diante dos graves sintomas das novas doenças sociais que se acumulam.
Isso não é novidade. Os anos vinte e trinta foram pródigos nessa gárrula argumentação, que seduziu as massas desesperançadas e estimulou frustrações e ódios acumulados a saírem em busca de revanches.
O papa Pio XI publicou em janeiro de 1922 a sua primeira Encíclica, a Urbi Arcano Dei. Era uma sugestão para governos despóticos, necessários diante do caos social, da ameaça bolchevista. A Encíclica defendia a tese de que o poder resulta do Direito Divino, limitando o acesso ao poder dos escolhidos por Deus, o Supremo Eleitor. Era a visão da Igreja atrelada aos interesses das Casas Reais Europeias. Mas favoreceu o avanço do fascismo, a Marcha Sobre Roma em outubro de 1922 e a tomada do poder pelas hostes tumultuárias de Mussolini, onde estavam patriotas inflamados e desajustados sociais de todo tipo. Em Portugal começa o “reinado” do natidecrépito Salazar. Do outro lado, nas estepes russas, a selvageria de Stalin, iludindo a tantos, que pelo mundo afora se deixaram seduzir pela fórmula bárbara da ditadura do proletariado, vista como a purgação necessária para que se chegasse ao paraíso de uma sociedade sem classes, sem exploradores ou explorados.
Em 31 de janeiro de 33, empossado Primeiro Ministro, Hitler assiste, em Berlim o desfilar de sinistra procissão das suas truculentas milícias, iluminando com tochas a extensa Avenida Unter Den Linden. Era a noite lúgubre do inicio da tragédia alemã e mundial.
A longa jornada pela noite a dentro dos totalitarismos, causou a tragédia humana que se pode medir pela soma assustadora, em torno de cem milhões de mortos.
A favor da democracia, nem é preciso dizer mais nada.
EDVALDO COMEÇA ACERTANDO
Edvaldo tem marcado seus dois primeiros meses na Prefeitura com ações acertadas, na linha do que mais atormenta e inquieta a população. A equipe é, na sua maioria de excelente qualidade, onde se destaca, com o retorno à causa pública, o desembargador aposentado Netônio Machado, na Procuradoria do Município. Dos novos que chegam, o técnico previdenciário Augusto Fábio, modelo de gestor, agora assumindo o Planejamento; enquanto o tenente-coronel Mateus, que contribuiu para a inegável eficiência da defesa civil estadual é posto na chefia da similar aracajuana, e para o lugar que ele ocupava vai o tenente-coronel Alexandre, que faz parte do setor diretivo da Defesa Civil estadual.
O desafio de eliminar a espantosa fedentina da 13 de Julho e adjacências está sendo assumido pelo engenheiro Ferrari, nas ações para desobstruir e despoluir o Canal do Tramanday, sempre farto em excrementos. No caso, como se costuma dizer, o buraco é mais embaixo. Para tapá-lo vai ser preciso bem mais do que ações de emergência. O importante é que a Prefeitura já reconhece o problema da fartura de excrementos, vindos não se sabe exatamente de onde, o que está a desmerecer a nossa pretendida qualidade de vida. É preciso acrescentar na empreitada a DESO, o Ministério Público, as Secretarias municipal e estadual do Meio Ambiente e a ADEMA.
UM NOVO CORONEL
Que ninguém se assuste, o título dessa nota não se prende ao surgimento de mais um desses “coronéis” que remanescem ainda, infelizmente, na cena política. O coronel a que nos referimos é o agora promovido Tenente-Coronel Mendes, que chega ao mais alto posto dos policiais militares, o de Coronel. José Erivaldo Mendes é do Corpo de Bombeiros, e se fez mais ainda merecedor da promoção, por ser eficiente na chefia da Defesa Civil de Sergipe. Pela presteza como se move as agruras de quem vive no semiárido, não são piores.
O SOCIALISTA E O TUCANO
Diante da agenda de privatizações definida por Temer, dois senadores sergipanos ficam embaraçados. Como os dois, um desde o inicio, outro recentemente, concentraram-se exclusivamente no cenário sergipano, talvez por isso, ficaram desatentos para a linha do governo que apoiam. O senador Amorim, agora Tucano, com o compromisso renovado da adesão às privatizações, fez, por aqui, dura crítica à desestatização da DESO, algo exigido pelo governo central. Se tivesse a visibilidade de outros colegas de estados mais importantes, certamente receberia uma advertência pública do senador Aécio Neves, presidente do PSDB. Já o senador Valadares, socialista, adotou uma conveniente dubiedade: aqui, ele se diz contra a privatização da DESO, no plano nacional é favorável à imediata venda de todas as demais empresas de saneamento.
O LIVRO DE FILINO
Filino Carvalho foi um comerciante que começou com uma farmácia e depois se tornou representante comercial. Era cidadão prestante, respeitado e benquisto. Não se imitava apenas a trabalhar para garantir o pão à mesa, era observador, crítico, fotógrafo em busca de registrar a paisagem humana e natural, leitor, que fazia da leitura o melhor caminho para compreender o seu tempo. Ou seja, não se acomodava quieto, era participante. Gostava de por ideias no papel, fazendo crônicas, pequenos artigos, quase à guisa de um diário, e também contos, aliás muito imaginativos. Guardava o que escrevia ou publicava seus textos nos jornais, mas o fazia de forma irregular. Vinte anos após a sua morte, as filhas, os netos, recolheram cuidadosamente seus escritos e, agora, neste mês que seria o do seu centenário, o publicaram em livro intitulado: Filino Crônicas e Saudade. É livro prazeroso para se ler. Narrativa, algumas vezes de forma curiosa, de um período entre os anos 40 e 70. Nos Contos de Filino, também o sabor da facécia, como naquele, que descreve as habilidades manhosas da mulher do alfaiate, em cidade pequena e bisbilhoteira, disfarçando suas idas noturnas ao Cartório, para o sempre ansiado encontro com o Tabelião.
UMA HOMENAGEM A WAGNER E MARCOS
Wagner Ribeiro viveu a Hélade no seu genial devaneio poético. Passou ao largo da Acrópole, e sob oliveiras sentou-se junto a alguém que falava aos discípulos, e notou, no rosto sombrio de um deles a ansiedade de um presságio. Era um filósofo aluno, fascinado pelo que falava o mestre e antevendo a taça de cicuta que logo seria ofertada, e sendo bebida, consumando-se o imposto e aceito sacrifício. Chegou a ouvir-lhe murmurar, quando o veneno já lhe tolhia a fala, pedindo a um aluno que saldasse a dívida de um galo que ele comprara a Alscépio. Wagner, o nosso grande helenista, na devoção poética a um mundo onde encontrou valores eternos, deles fez, filosófica e inflexivelmente, a sua carapaça dura, de cidadão e jurista, imune a tudo o que não fosse digno, sensato, justo.
Foi esse cidadão, um dos homenageados na noite bonita de saudade e reverência, que o médico e acadêmico Lúcio Prado Dias organizou, para também homenagear a memoria do irmão, Marcos Prado Dias, lançando postumamente o livro que ele escreveu: 2003 – O Ano da Educação. Médico, professor, Marcos era fascinado pela Educação e esse fascínio, essa dedicação, esse despojamento, o fez sofrer as injustiças, que talvez tenham apressado a sua morte. Marcos era um homem ético e íntegro. O que aconteceu com ele, seria reeditado na vida de outro apóstolo devotado à educação e à cultura: Luiz Antônio Barreto. A noite foi bonita, pelos sentimentos, pelas presenças, pelo que se ouviu dizerem Jackson da Silva Lima, Lúcio Prado Dias e Marcelo Ribeiro.
O acadêmico Murilo Mellins, conta, que poucas vezes se viveu uma solenidade onde Sergipe demonstrou o que é essencial nas sociedades civilizadas: o reconhecimento, a exaltação dos exemplos, para que eles percorram a História.
O DETRAN E AS MOTOS
Uma das preocupações do coronel R/1 Luís Azevedo à frente do DETRAN, é a letalidade exagerada do nosso transito. As estatísticas mostram que pilotar moto é algo tão perigoso como ir para a guerra. Na UTI do Hospital de Urgência, em média mais de 40% dos que lá estão são motoqueiros acidentados.
A moto é um transporte uma ferramenta integrada ao desenvolvimento. Luís está planejando uma campanha de orientação para o trânsito com foco maior no caso das motos.
A CAVO CAVA CRISES
Desde que chegou a Aracaju e entrando em aguerrida competição para tornar-se responsável pelo lixo, a Cavo tem cavado sucessivas crises. Quando o ex-prefeito João Alves insatisfeito com a Torre, trocou-a pela Cavo, anunciando uma nova era para a lixaria aracajuana, houve um colapso e o lixo acumulou-se nas ruas. A Cavo sobreviveu, as coisas pareciam ter entrado nos eixos e, agora, alegando créditos não recebidos a Cavo desativou a frota, outra vez o lixo acumulou-se nas ruas. Em seguida, a greve dos lixeiros. A Cavo cava crises.
LUCIANO E A ASSEMBLÉIA
A presença do deputado Luciano Bispo na presidência contribui para melhorar a imagem desgastada do legislativo. Luciano dialoga, reaproxima da opinião pública o poder e agora faz na mídia campanhas voltadas para o interesse público, neles embutindo ações da AL.
ALMEIDA, AS “GARRAS” E A GARRA
Para alguns, Almeida Lima tem garras e estaria sempre disposto a exibi-las. Para outros, o ex-prefeito e senador, tem garra, e muita, para enfrentar desafios e superar dificuldades. Ele, sem dúvida, está agora usando toda essa garra para por em prática as idéias reformadoras que tem para o corroído organismo da saúde pública. Vai precisar, de vez em quando, também mostrar as garras.
E ANDRÉ PERDEU A DISPUTA
O deputado André Moura ficou de fora. Foi afastado da liderança do governo na Câmara e nem lhe deram o consolo de uma liderança até agora inexistente da Maioria. André retorna ao gabinete comum de todos os demais deputados. Foi fatal a divergência com Rodrigo Maia e errou feio supondo que Temer gostava dele.
O SENSATO LOGO DA PREFEITURA
De tanto ver em Madrid o símbolo da cidade sendo usado em tudo o que fazia a Prefeitura (Ayuntamento de Madrid), Luciano Correia, que se doutorava em Comunicação, entendeu que por aqui, no terceiro mundo, andávamos meio atrasados com aquela mania de cada governante criar a sua própria logomarca. Chegando à Secretario da Comunicação da Prefeitura de Aracaju, não foi difícil a Luciano convencer ao Prefeito Edvaldo que o logo municipal deveria ser, nada mais nada menos, do que o próprio e heráldico símbolo da cidade. Assim se fez.