Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
PREVIDÊNCIA, IMPREVIDÊNCIA E A “PORCA” SEM DAR LEITE
22/02/2019
PREVIDÊNCIA, IMPREVIDÊNCIA E A “PORCA” SEM DAR LEITE

Qualquer um dos candidatos que vencesse as eleições do ano passado, e fosse eleito presidente, estaria, a essa altura, encaminhando ao Congresso um projeto de reforma da previdência. Até mesmo Boulos, se houvesse vencido, cuidaria do problema, certamente com um modelo onde algumas das suas convicções tomassem forma, mas, conhecendo as entranhas por poucos devassados dos imbróglios das tumultuadas contas públicas nacionais, ele sairia buscando meios para conter a sangria, sem o que, o seu governo tomaria os mesmos rumos das situações vividas pela Grécia, em intensidade dramática, e por Portugal, uma calamidade de menor proporção, e que mereceu um tratamento competente. De resto, o rombo da previdência assusta quase todos os países, desde os muito ricos, como é o caso da França, da Itália, até da pobre, todavia arrumadinha Costa Rica, aliás um exemplo de eficiência, que não se estendeu até a previdência social.

Fernando Henrique tentou iniciar a reforma. Já se acendiam os sinais vermelhos de um sistema de previdência absolutamente imprevidente em relação ao futuro. Deixou um embrião engatilhado, entre eles o impopular ¨fator previdenciário¨, ao qual Lula se apegou e defendeu, até ser tragado pela forte reação corporativa dos sindicatos. Dilma fez a regulamentação, e ficou só nisso, em seguida naufragou na crise por teimosa insensatez, e não teve capacidade para enfrentá-la.

Entre os presidenciáveis do ano passado só o Cabo Dalciolo talvez não se preocupasse com a previdência, preferindo confiar que a ¨providencia¨ daria um jeito.

Como milagres não costumam acontecer, pelo menos em relação a coisas desse tipo, ou se encontra, no terreno das possibilidades humanas, uma fórmula para estabelecer alguma racionalidade no sistema previdenciário, ou ele como opera hoje irá falindo os municípios, estado por estado, e a União se juntará, inapelavelmente ao desastre coletivo. Não se trata de previsão apocalíptica, ou argumentação catastrófica montada de acordo com os interesses do mercado financeiro. Evidente que o mercado tem interesse na reforma, e mais interesse ainda no campo largo que se abrirá para a previdência privada, mas, mesmo com essas constatações, não se pode simplesmente fingir, ou recusar-se a crer na existência da crise no sistema previdenciário, e no potencial que ela tem para arrastar o país à quebradeira, que tanto pode ser agora, como algum tempo depois, mas, não deixará de acontecer. A evidencia matemática não pode ser desconstruída. Fatores diversos nos levaram à essa situação de quase desespero. E a despreocupada imprevidência, aquela falsa ideia de que “Estado não quebra” esta, sempre surge na raiz de todas as desditas que tem vivido este país de imprevidentes despreocupados, imaginando que dos fartos mamilos da “porca” chamada coisa pública, nunca deixará de escorrer o leite, copiosamente.

A reforma proposta pelo atual governo difere daquela montada no governo Temer. Revela propósitos de equidade, mas terá de merecer vários reajustes, para não castigar determinadas categorias, que não conseguiram formar corporações ativas, manipulando lobbies influentes.

Uma coisa é rigorosamente certa: se não houver a reforma da previdência, o país não sairá do fosso onde o fizeram despencar.

É impossível estimular uma economia, quando os investidores têm a certeza de que estamos condenados ao colapso financeiro, na melhor das hipóteses a médio prazo.

Assim sendo, é muito melhor que a oposição enfie por enquanto a viola no saco, e esqueça a cantiga do quanto pior melhor será.

Quando o pior acontecer, todos seremos as vítimas, a não ser aqueles que podem comprar passagem para Miami, ou para Portugal, como aconselha a grotesca ou desvairada ministra Damares, aos pais de filhas jovens, para livrá-las dos brasileiros estupradores.

A ministra deve preferir um estupro lusitano, com bacalhau e vinho verde. Aqui, o estuprador fede a cachaça.


 


 


 

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