Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
OS TEMPOS DO GÁS E OS OUTROS TEMPOS
11/12/2019
OS TEMPOS DO GÁS E OS OUTROS TEMPOS

(Fórum Sergipano de Petróleo e Gás apontando novos caminhos)

Foto: Marcos Vieira

Sergipe sempre teve a característica de alimentar sonhos. Sonhar é sempre bom, desde que não seja uma simples fuga da realidade.
E os sonhos de Sergipe invariavelmente tiveram uma ótima característica: eram realistas, embora, muitos duvidassem, considerando meros devaneios aquelas conversas sobre jazidas portentosas de minérios, as excepcionais riquezas no nosso subsolo. Era a resistência conservadora e pessimista às ideias novas de desenvolvimento econômico. Algo além dos engenhos, da pecuária extensiva, e de obsoletas industrias tradicionais, que, no começo do século passado marcaram uma etapa de pioneirismo, e  juntaram Sergipe a uma metáfora presunçosa: “a Bélgica brasileira". Exagerada avaliação daquilo que estávamos muito longe de efetivamente ser: um estado industrializado.

Parte dos sonhos se confirmou ao jorrar petróleo em Carmópolis. O ano era 1963. Depois, em 1968, foi o petróleo e gás no mar. Queimava-se o gás, desperdiçando-o,  então,  outra etapa do sonho seria industrializá-lo, e isso aconteceu com a unidade de GLP, depois, no governo Geisel, instalou-se a Fábrica de  Fertilizantes,  FAFEN. No início dos anos 80, governo Figueiredo, a Vale do Rio Doce começava a produzir potássio na mina de Taquarí – Vassouras, e nesse ínterim, chegava ao fim a longa novela  da espera quase secular pelo porto. Inaugurou-se   o Terminal Marítimo off- shore na Barra dos Coqueiros. Então, já se instalava o promissor   polo sergipano de fertilizantes. Assim, os dispersos sonhos se transformavam em consistentes realidades,   e nossas adversidades  eram amenizadas.  Até chegamos a poder sonhar cada vez mais alto.

Agora, num dos piores períodos da nossa  história,  tudo o que fora conseguido ao longo do tempo poderia ser desconstruído, ou desabar, e já se anunciava, quase agourentamente:  o “sonho acabou”.  Mas a esperança renasce com a força de um projeto solidamente ancorado em possibilidades reais e factíveis.
Abrem-se os horizontes para uma nova era do gás.
Nesse segundo tempo, tudo o que existia antes torna-se irrelevante, diante  da potencialidade das jazidas de gás e óleo em águas profundas, a uma distancia média de 70 quilômetros das nossas sergipanas praias.
E existe a grande vantagem no que se relaciona ao aproveitamento do gás. Sergipe, nesse particular, saiu na dianteira. Além da Central Termelétrica que entrará em operação dentro de dois meses,  aqui está  ancorado  o navio de regaseificação da GOLAR, a multinacional dinamarquesa que montará em Sergipe o seu polo de distribuição de gás,  o GLV,  utilizado como combustível   em industrias e veículos, substituindo o diesel, com a vantagem do preço competitivo, e adequação ecológica. O GLV pode reduzir consideravelmente a poluição nas cidades.
Nesse caso, Sergipe também sai na frente.


No lançamento do Fórum Sergipano de Petróleo e Gás, que ocorreu no teatro Tobias Barreto, mais de cem empresários brasileiros e estrangeiros estavam presentes, tomando conhecimento do que acontece em Sergipe.
Além dos decretos que o governador Belivaldo assinou reduzindo impostos sobre o gás, e anunciando projetos para facilitar a localização de industrias, houve uma sucessão de boas notícias.
O início da operação do Terminal de Regaseificação da CELSE, o primeiro da iniciativa privada no país, e a junção da GOLAR com a Alliance GNlog, asseguram a  instalação do polo de processamento e a distribuição do gás para industrias e veículos. Por isso, a Cerâmica Serra Azul, instalada em Socorro, e a Industria Vidraceira do Nordeste, em Estância, anunciaram investimentos para ampliar a produção, tendo o gás como combustível.
Caminhões a gás chineses foram apresentados  pelos representantes da montadora Shacman, e pela Alliance GNLlog, e receberam proposta do Grupo Maratá, que pretende substituir, inicialmente, 25% da sua frota pelos caminhões chineses. Os chineses até cogitam instalar uma fábrica dos seus caminhões em Sergipe. Mas isso já é outra história.
Os dirigentes da Proquigel, empresa que faz o arrendamento das duas FAFENS, a sergipana e a baiana, estiveram presentes ao evento, depois, em reunião com o governador, asseguraram que a fábrica sergipana será reaberta num horizonte máximo de 18 meses, mas esse prazo poderá ser menor, desde que com a quebra do monopólio do gás exercido pela Petrobras o preço se torne competitivo.  Os primeiros sinais de que isso acontecerá foram dados, exatamente, no Fórum Sergipano, quando Belivaldo assinou decreto reduzindo o ICMS sobre o gás. Anunciou também a venda para a iniciativa privada da SERGAS, que tem a participação majoritária do estado, mas as decisões  cabem, na sua quase totalidade à empresa japonesa Mitsui, que será uma das interessadas na compra. Projeta-se a construção de gasodutos para Itabaiana, Estancia e Lagarto.
Faz tempo, quando  a SERGÁS  era  dirigida pelo engenheiro Joaquim Ferreira, e  o economista Antônio Carlos Borges  Secretário do Planejamento, no governo João Alves, iniciou-se  a construção de gasodutos para o interior. Alcançaram Nossa Senhora da Gloria, mas, foram inviabilizados, exatamente pelo alto custo do gás, obstáculo que agora parece removido.
O Secretário Executivo Adjunto do Ministério das Minas e Energia, Bruno Eustáquio Ferreira de Carvalho, representando o Ministro Bento Albuquerque, disse que o governador Belivaldo Chagas marcava, naquele dia, uma grande conquista do seu governo,  projetando Sergipe no cenário econômico nacional e internacional.
Para a construção desse cenário, e a articulação eficaz com o Brasília, tal como pretendia o governador Belivaldo, houve participações essenciais, como a do Ministro Bento Albuquerque, das Minas e Energia, um entusiasta da nova era do gás, a articulação politica inteligentemente montada pelo deputado federal Laércio Oliveira,  a competência técnica do Secretário do desenvolvimento,  professor Jose Augusto Pereira de Carvalho, da sua equipe de primeira linha, e do Assessor para Assuntos de Energia o economista Oliveira Junior.
Mas, a grande conquista, é mesmo do povo sergipano.

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CHICO ROLEMBERG 60 ANOS DE MEDICINA


(Chico Rolemberg, uma vida fazendo o bem)

Foto: Infonet

Chico Rolemberg chega aos 60  anos de formado, e permanece como humanista e cirurgião, manejando o bisturi, fazendo filantropia, o que aliás é a característica maior da sua vida.
O médico, de certa forma seguindo uma tendência dos colegas sergipanos, de ontem e de hoje, se fez também escritor, e envereda  por todas as vertentes percorridas pela  sua vasta cultura, à qual acrescenta, todos os dias, o que absorve  da mesma forma ávida como fazia na juventude, ao iniciar a companhia da qual jamais se separou: a dos livros.
Integrante da Academia Sergipana de Letras e da Academia Sergipana de Medicina, Francisco Rolemberg empregou intensamente o seu intelecto na atividade política, onde firmou-se como uma das grandes presenças de Sergipe no Senado Federal, e na Câmara dos Deputados.
Francisco Rolemberg, 60 anos como médico, e toda uma vida voltada para o bem. 


 

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