Costuma-se dizer, talvez como ingênuo consolo, que apesar do tsunami de imoralidade pública que nos devasta, ainda restam de pé, firmes e sólidas, as instituições. Os Poderes da República permaneceriam intactos, e funcionariam independentes e harmônicos, tal como prescreve a Constituição, e como exemplificam o modelos mais aperfeiçoados de governança.
Nesse sufoco de esperanças desfeitas, de gravíssimas preocupações com o presente, mais ainda com o futuro, uma imagem positiva das nossas instituições ainda íntegras, seria, pelo menos, a garantia mínima de que, diante do naufrágio existiriam as boias salvadoras, onde nos agarraríamos.
Michel Temer foi o despudorado ¨roedor¨ das nossas instituições. Começou pelo próprio Executivo, quando a ele chegou levando consigo os seus ¨gedeis¨, que eram os assessores da ¨minha estrita confiança¨, como a eles se referia o presidente, gente assim, como Gedel, Loures, Iunes, encarregados de ¨tarefas¨ tais como: ¨negociação¨ com empresários, fixação dos valores da propina, transporte das malas recheadas, agendamento de encontros noturnos e sigilosos do presidente com Joesley Baptista, este, agora por ele classificado como ¨notório bandido¨.
Mas o hoje ¨bandido¨ tinha passe livre para visitar Temer a qualquer hora no palácio onde ele reside, bastando recorrer a um daqueles assessores da ¨estrita confiança¨. Só o conjunto de ações desses ¨roedores¨, teria causado o desmoronar do Chefe do Executivo, se todos os outros poderes também já não estivessem igualmente ¨roídos¨.
Os ¨roedores¨ que transportam malas são os chinfrins, os ¨tarefeiros¨, confundidos com simples moleques, todavia, moleques que se fizeram Ministros, assessores especiais, com entrada livre no gabinete privativo onde despacha o Presidente da República. A confiança era irrestrita e absoluta.
Há ainda os ¨roedores¨ de alto coturno, juristas ilustres, portadores de currículos vistosos. Torquato Jardim, por exemplo, ocupa a Pasta da Justiça com a missão absurda de obstruir a ação da Justiça, de dar ousadia aos réus, e de enfraquecer em primeiro lugar a Policia Federal, depois, o Ministério Público, impedindo-os de investigar os crimes dos punhos de renda.
A Confraria do Peculato ergue-se sobranceira e desafiadora sobre todos os poderes da República. O Executivo já foi ocupado e desmoralizado, o Legislativo há muito tempo desacreditado, agora, completamente ¨roído¨ e colocado de cócoras, vendido e subserviente, onde um desqualificado moral, analfabeto e virulento, tal como o deputado paraense Valdemir Costa ganha notoriedade como tragicômico e ridículo fantoche, o destaque maior daquela cena de explicito despudor moral.
Foi a imagem triste que ficou de um dia que os historiadores irão descrever como aquele em que o deboche chegou ao clímax, quando, após proclamado o resultado da votação o presidente disse, sem demonstrar constrangimento que a força das instituições fizera vitorioso o Estado Democrático de Direito.
O que então nos resta? O Supremo, que dá a um Senador meliante aliado incondicional de Temer, ousado líder de uma parcela da Confraria do Peculato, o direito de permanecer no Senado, depois de ter patrocinado aquela que foi a cena talvez mais contundente de avacalhação de um mandato popular? E o Senado o preserva e defende, até o homenageia. Pelo menos o impediram de voltar a comandar o PSDB, partido que pretenderia ser exemplo de zelo, para não confundir-se com os contumazes sugadores de cofres públicos.
O que nos resta? O Ministério Público afrontado, agredido, tratado com desdém e achincalhe por criminosos que construíram para eles mesmos uma blindagem forte de impunidade?
O que nos resta? As Forças Armadas, colocadas à revelia numa improvisada encenação de combate à criminalidade no Rio de Janeiro, para que Temer possa emoldurar com fardas suas ações afrontosas à dignidade nacional, para isso manobrando militares como se fossem seus ¨soldadinhos de chumbo¨?
O que nos restaria mesmo?
Talvez apenas, e felizmente, a vergonha na cara de tantos que ainda a conservam.
FRAGMENTOS DE UM PAÍS DEVASTADO E DOENTE
Temer e sua camarilha venceram. Há quem afirme que o país se reencontrará com a normalidade política. Isso não passa de um discurso repleto de engodos e falsidades, característica maior de um governo concentrado na própria salvação. Temer fará acirrar a crise, e a economia sofrerá os efeitos da orgia com dinheiro público, que continuará para amaciar descontentes, dobrar os que resistem, e atender à volúpia por cargos e dinheiro da facção mais ousada: o Centrão .
O cenário do presente é horroroso, e o futuro está mais incerto do que nunca.
Ninguém poderá prever com um mínimo possível de exatidão o que acontecerá nos próximos meses, ou como transcorrerão as programadas eleições de 2018.
Agora, um ex-presidente faz da sua condição de réu, e indiciado em 9 processos um chamariz para ter votos, e ser outra vez candidato. Responde aos que o acusam dizendo que sofre perseguições políticas, e por isso, será outra vez candidato. Terá muitos votos, sem duvidas, porque uma considerável parcela dos brasileiros sente saudades do seu governo, e não leva em conta os gravíssimos erros cometidos, nem avalia o clima de acirramento de ódios que seria criado.
Lula estaria crescendo eleitoralmente num cenário de terra arrasada, em que benefícios sociais são extintos, as universidades federais à beira da falência, ameaçadas de paralização a partir de setembro. Neste agosto Lula recebe na UFS o título honorário de Doutor. No seu governo expandiram-se as Universidades, o ensino técnico.
Será que o deputado André Moura, líder de Temer, poderia, antes disso, ir à UFS, tentar ouvir, além das sonoras vaias, o que teriam a dizer alunos, professores e funcionários, e explicar a eles onde estaria o interesse público na gastança desavergonhada daquele leilão de deputados, desatino irresponsável do qual ele também participou?
Corremos sério risco de viver cenários políticos terríveis. Como estes: Ao final de uma eleição radicalizada e certamente marcada por violências, um segundo turno, onde se enfrentariam Lula, salvo da cadeia, enfraquecido, odiado por muitos, e o perigoso maluco Bolsonaro, com um fuzil na mão e nada de sensatez na cabeça.
Outro cenário desesperador seria a entrada em cena com chances de vitória num segundo turno da ¨novidade¨, a ¨cara nova da eficiência administrativa¨, o janotinha enfatiotado João Dória, invasor de terras públicas, mentiroso profissional, e já encenando como provável candidato o seu show de horrores midiático, à custa da miséria e da degradação humana de moradores de rua e drogados, que ele humilha, persegue, espanca e mata, para mostrar que pode limpar as ruas da ¨escória humana¨ emporcalhando a cidade luminosa e rica.
Num segundo turno com Lula, Dória, uma enorme fraude, pessoal e politica, poderia vencer.
O pior é que a esperança de um Brasil capaz de criar um clima de entendimento, de elaborar um projeto de país, consistente, e com adesão plena da sociedade, em ambos os casos, seria nula.
Seremos obrigados a sair catando os fragmentos desta terra degradada, e aos poucos, deles ir retirando as doenças que os contaminam. Algo semelhante à uma reconstrução econômica, social, ética, política e republicana, deste maltratado Brasil.
O BICENTENÁRIO DE SERGIPE
Lembra, o sempre atento e presente historiador Luiz Ribeiro Soutello, que o nosso Sergipe d`El Rey fará dois séculos de existência em julho de 2020, ou seja, daqui há 2 anos e 11 meses.
Durante algum tempo persistiu a duvida sobre a data da comemoração, se em julho, ou em outubro, quando por aqui chegou a Carta Régia assinada por Dom João VI, certidão do nosso nascimento como sergipanos. O patacho moroso que trazia a boa nova, levou tempo na viagem. Quase 3 meses depois cruzava a barra do Sergipe para lançar ferros em frente a um povoado de pescadores, numa praia arenosa, onde, 35 anos depois, seria construída a nova capital, Aracaju.
Festejou-se então o surgimento da Capitania de Sergipe, independente da Capitania da Bahia. Não se conformaram porém os baianos. O governador nomeado, brigadeiro Carlos Cezar Burlamaque tomou posse na Câmara de São Cristovão. Menos de um mês depois uma tropa vinda da Bahia o levou preso para Salvador.
Passou algum tempo até que sergipanos e baianos negociassem a paz. A nossa independência só foi reconhecida após o tumulto da Revolução Constitucionalista na corte deserta de Lisboa, e na corte do Rio de Janeiro, onde Dom João VI, vivia seu ultimo ano no Brasil. Os efeitos da revolução constitucionalista em Portugal se fizeram sentir até nas pequenas vilas de Sergipe, onde grupos armados se enfrentaram.
O historiador Soutelo, guardião do calendário cívico sergipano, sugere que o governador Jackson Barreto, já no inicio do próximo ano, baixe decreto criando comissão de alto nível, para começar a elaborar o roteiro das comemorações. Precisaremos de muita criatividade para pensar o evento, e mais ainda para descobrir de onde sairá o custeio.
O MINISTRO JOSÉ ARNALDO
Faleceu em Brasília aos 81 anos o ex- ministro do STJ José Arnaldo Fonseca. Já faz tempo que se rompeu a tradição de Sergipe representado naquela Corte superior de Justiça. Todos os sergipanos que por ali passaram, deixaram um histórico de competência jurídica, de honradez, e de afirmação da sergipanidade.
Entre eles, o ministro José Arnaldo caracterizou-se ainda mais pela simplicidade, pela prestimosidade no atendimento aos sergipanos que o procuravam em Brasília. Todos os governadores nesses últimos trinta anos são agradecidos a José Arnaldo pelo que ele fazia na defesa sempre ética dos nossos mais legítimos interesses.
A limpidez da sua toga permitia que ele externasse opiniões, e não hesitasse em decidir tudo o que considerava como justo e perfeito. Quando o então prefeito de Poço Redondo Frei Enoque, foi preso sob alegação de que descumpria a Justiça, e recolhido ao Quartel Central da PM em Aracaju, de Brasília, telefonou-lhe o Ministro José Arnaldo, disse-lhe que poderia tornar publica a solidariedade que lhe manifestava, que estava indignado com a prisão porque era testemunha da sua dignidade pessoal e que, se dependesse dele a soltura, logo a providenciaria. Não precisou, porque a prisão aqui mesmo foi logo revogada.
José Arnaldo Fonseca, jurista culto, íntegro, sergipano de Pedra Mole, do qual os sergipanos se devem orgulhar.
OS RIGORES OU DEVASSIDÕES DA LEI
As leis já estão sendo subvertidas para que o possível rigor delas não incida sobre uma casta de privilegiados superpoderosos. Tanto no Executivo, como no Legislativo, zombam das leis, e as transgridem, agora, cotidianamente. Restaria esperar que no Judiciário, pelo menos, as coisas andassem de forma diferente.
Esses casos registrados, um, com o escândalo de um velho e conceituado advogado no próprio Tribunal de Justiça de Santa Catarina apontando o dedo para um desembargador, e o chamando de corrupto, junta-se a muitos que não produzem manchetes. Um outro episódio escandaloso com repercussão nacional, foi o descaramento da desembargadora presidente do Tribunal Eleitoral do Mato Grosso do Sul indo à porta de uma Penitenciária para acolher o filho, libertado por dois outros desembargadores, coleguinhas da sua mãe e poderosa protetora.
O filho, um meliante perigoso é reincidente, faz parte de quadrilha, participou, entre outras coisas, do resgate armado de um traficante, e foi preso com centenas de quilos de cocaína e fuzis. Um dos desembargadores que concedeu o habeas-corpus chegou ao desplante de ofender o Juiz de primeira instancia que determinou a prisão do filho bandido da desembargadora, cujo suposto amor materno faz imerecida a sua toga.
Se os próprios Tribunais e o Conselho da Magistratura não agirem com rigor e de forma rápida, a contaminação destrutiva do concubinato da lei com o crime, acabará por criar, no Judiciário, um conceito próximo ao que têm agora o decadente Poder Legislativo, e o Executivo, chegando ao rés do chão.
OS DEPUTADOS SERGIPANOS
Os seis federais sergipanos que não se curvaram às pressões do governo, alguns, desobedecendo aos seus próprios partidos e votando para que Temer não permaneça fora do alcance da lei, corresponderam às expectativas de 90 % dos sergipanos. Os 10 % restantes, relativizados ao número de eleitores votantes, com certeza não irão dar para reeleger os que votaram a favor: André Moura e Fábio Reis. Isso teoricamente, se o voto fosse efetivamente livre, não dependesse de vários outros fatores além da consciência de cada eleitor.
Sabe-se bem das pressões a que foram submetidos parlamentares como Joni Marcos, Laércio Oliveira, e Adelson Barreto. Sobre João Daniel, Fábio Mittidieri e Valadares Filho, não encontraram maiores resistências nos seus partidos, mas, receberam também ofertas mirabolantes. Ponto para eles que não curvaram a espinha.
Joni reafirmou na tribuna o seu voto, implorou para que Temer não continuasse prejudicando os sergipanos, e disse que votava não só porque faz oposição a Temer, mas porque o povo brasileiro, o povo sergipano, o governo sergipano, os deputados sergipanos, os senadores sergipanos, os prefeitos sergipanos, estão sendo prejudicados pelo desgoverno federal.
A ASSEMBLÉIA E A INICIATIVA POPULAR
Uma meta do presidente da Assembleia, Luciano Bispo, está sendo cumprida à risca. Ele se propôs a tornar transparentes as ações no Legislativo, e isso está sendo feito com respaldo da mídia.
Fez o poder aproximar-se das aspirações da sociedade através de debates públicos, e agora divulga intensamente as propostas de iniciativa popular que podem se tornar lei, caso sejam subscritas por um por cento dos eleitores, assegurando-se o uso da palavra em Plenário a dois cidadãos em cada turno de votação, e a apresentação e defesa da proposta feita por um dos subscritores.
Dessa forma, começa a acontecer o sonhado ideal de uma democracia quase direta.
AS ÁRVORES E A VIDA
Tem aquela história engraçada ou trágica dos dois planetas que cruzaram no espaço, um, por bem perto do outro, e trocaram saudações:
- Como vai, tudo bem com você?
- Que nada eu ando muito doente.
- Não diga, o que aconteceu?
- Olha, eu estou vagando pelo espaço já faz mais de 3 bilhões de anos, mas, de uns 200 milhões de anos pra cá, apareceu um tal de homo-sapiens, e a cada ano que passa minha doença aumenta.
O engraçado ou trágico em tudo isso é que a terra, o planeta doente não precisa do homem para viver, mas o homem agredindo a terra está condenando-se à extinção. E a terra despovoada de gente ¨inteligente¨, se tornará uma imensa e intocada floresta, plena de vida.
O que é mais fácil fazer para conter a evolução da terráquea doença?
O simples ato de plantar árvores.
Uma iniciativa desse gênero tomada pelo MP de Sergipe no município de Canindé, em parceria com a Prefeitura e o Comitê da bacia do São Francisco, e a Xingó FM, deu bons resultados, a recuperação de um trecho da Mata Ciliar do riacho intermitente Curituba. Por enquanto o resultado se traduz apenas na preservação das árvores, depois, daqui há 10, 20 anos se refletirão na regeneração do riacho, se outras medidas semelhantes acontecerem. A iniciativa foi considerada a melhor do país, e por isso receberam prêmios os representantes das parcerias, entre eles o ex- Secretário do Meio Ambiente de Canindé, Heráclito Oliveira de Azevedo.
Há outras boas ações semelhantes em curso. O Secretário da Educação Jorge Carvalho, lançou nas escolas o Plante Uma Árvore. Começou a plantá-las com evento cívico no Colégio Alceu Amoroso Lima. Em Aracaju o Prefeito Edvaldo Nogueira vai começar o plantio nas escolas e logradouros públicos.
Por todo o estado, a DESO, e prefeituras como as de Itabaiana, Glória, Malhador, Propriá, Lagarto, Cedro, entre outras, os movimentos sociais, particulares, plantam neste inverno mais de 50 mil árvores. Todas, cedidas gratuitamente pelo Instituto Vida Ativa, que funciona em Canindé do São Francisco. Ao longo de 15 anos já são mais de 600 mil mudas distribuídas.
O RADIALISTA MACEDO FILHO
Aos 79 anos morreu o comunicador Macedo Filho. Ele viveu dias de muito sucesso sendo líder de audiência em Sergipe, na Bahia, em São Paulo. Esse tipo de trajetória vitoriosa fora do estado foi seguida por outros radialistas, como Reinaldo Moura, que depois foi deputado e aposentou-se como Conselheiro do Tribunal de Contas. Outros sergipanos radialistas se projetaram nacionalmente, como Nairson, Wolney, Luciano, Lacerda.
Macedo tinha um estilo muito peculiar. Era sóbrio, não recorria ao sensacionalismo, e seguia uma conduta hoje um tanto posta ao lado: não priorizava o dinheiro. Um cidadão do bem.
O PROGRAMA EMBRAPA & ESCOLA
¨O programa EMBRAPA & ESCOLA é ação que integra a Embrapa e as instituições de ensino, aproximando cientistas, estudantes e professores ao estimular nos jovens o interesse pelo conhecimento científico¨.
Esta, é a apresentação síntese que abre o texto explicativo sobre o que faz a Embrapa Sergipe, na pedagogia do exemplo com ações práticas. Há palestras nas escolas e visitas aos laboratórios e centros experimentais da empresa. Essas visitas, como explica o assessor de comunicação José Roque de Jesus, já foram feitas por mais de cem mil estudantes.
A QUARTA ANTOLOGIA MAÇÔNICA
O prazo para inscrição no concurso de contos poesia ou crônica, da Loja Simbólica Cotinguiba encerra dia 20 de agosto, e pode ser feita pelo site: www.lojamaconicacotinguiba.com.br
Como explica o coordenador Domingos Pascoal podem participar alunos do ensino fundamental e médio de escolas publicas ou particulares de Sergipe e outros estados. Os trabalhos selecionados serão publicados no 4º Volume da Antologia Maçônica, este ano em homenagem aos 100 anos de criação da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo.