Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
OS PROCESSOS DE ROGÉRIO
27/10/2022
OS PROCESSOS DE ROGÉRIO

Os apoios, e o processo de cooptação.

O candidato Rogério Carvalho, que se diz apoiado por Lula, (e se realmente o for Lula estaria cometendo um grave equívoco) tem rara habilidade ou esperteza em lidar com processos, sejam eles judiciais, ou de variadas outras espécies.

Na área jurídica há processos de toda natureza. Processo, é palavra que pode caber em variadas situações. Há processo industrial, econômico, social, científico, comportamental. Há “processo” para tudo, e Rogério sabe como ninguém usá-los em toda sua plenitude de significados.

Agora, ele foi à Justiça mover processo contra jornalista. Quer reparação moral, traduzida em indenização e outras penalidades.
 
Neste caso, ele adota um processo de fuga, ou tenta um processo de intimidação.

Lida também com um processo de metamorfose pessoal, e nisso reside o êxito até agora alcançado na sua vida pública. Consegue, com esse processo, transitar do brutamontes que agride e ofende até companheiros, para chegar a um processo de aquietação, e falsa humildade.

Agora, Rogério anda às voltas com dezenas de processos por improbidade administrativa, o rastro por ele deixado na passagem pela Secretaria da Saúde, alcançando, também, alguns dos seus prepostos. Outros, mais contundentes, os classificam como "laranjas". E nisso surgiria o “processo de alaranjamento”.

Definindo-se como um trator, Rogério adota também um processo especial para a cooptação de apoiadores. Dessa forma, conseguiu colocar no seu palanque eclético um representante de Bolsonaro em Sergipe, o itabaianense Valmir de Francisquinho, e o deputado federal João Daniel, líder corajoso do MST, nos tempos em que seus integrantes chegaram a ser metralhados e presos.

Se eleito, Rogério recorrerá a um processo de acomodação, e convidará João Daniel para ocupar a Secretaria da Agricultura, abrindo vaga para a viúva de Marcelo Déda, Eliane Aquino, na Câmara Federal. A alguns integrantes do agronegócio ele teria adotado um outro processo de persuasão, garantindo-lhes que, na Secretaria, João Daniel será nada mais do que uma peça decorativa, uma “rainha da Inglaterra”, sem autonomia decisória, e por isso, que ninguém se preocupe com o MST, mas, pedindo-lhes que entendessem a sua situação pois o MST representa um fortíssimo manancial de votos. O que quase se tem certeza é que João Daniel não aceitaria essa espécie de castração.

Este, pode ser definido como processo camaleônico, o mesmo que ele usou para ludibriar Lula, e o próprio PT, dando, no Senado Federal, uma “pequena ajudinha” a Bolsonaro e ao seu time no Congresso, com a aprovação do bilionário e facilitado Orçamento Secreto.

Fica aqui a interrogação sobre o processo que ele adotou para receber a adesão entusiasmada de Valdevan-90; da mesma forma o apoio, também efusivo, do homem de negócios empresariais-políticos, Edvan Amorim. Este, anda também às voltas com um portentoso processo de execução judicial, que ronda próximo aos trezentos milhões de reais. E nesse processo de apoio a Rogério, deve ter sido estabelecido, também, um processo de benefícios mútuos, ao apoiador e ao apoiado. Até porque, entre esses personagens, não se cogita de um processo onde caiba o interesse público.

Seria um processo de alienação coletiva imaginar que Rogério, ocupando o governo do estado, mudaria o seu contumaz processo de agir, aquele, que resulta em numerosos processos sobre improbidade, marca registrada da sua vida pública. E Sergipe não escaparia de um deprimente cenário: um processo de degradação ética e moral.


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Além do PT, uma frente ampla e democrática.

Lula, o líder sindical que fundou o Partido dos Trabalhadores, ao lado de intelectuais, artistas, e lideranças da Igreja Católica, segundo o ex-governador e ex-presidente da então poderosa CNI, Confederação Nacional da Industria, Albano Franco, desde aquele tempo, o jovem sindicalista tinha uma civilizada e democrática interlocução com o empresariado. O simpático barbudo, conseguia, através do diálogo, contornar conflitos e auferir benefícios para os metalúrgicos, abrindo perspectivas de entendimento, quando se estava em meio a uma greve e ao acirramento dos ânimos.

Depois de perder três eleições sucessivas, concorrendo pelo seu partido, com alianças miúdas, apenas no campo da esquerda, Lula descobriu que era preciso fazer alianças, abrangendo setores políticos fora do espectro ideológico onde convivia.

Assim, ganhou quatro eleições seguidas, duas, por ele disputadas, e mais duas, em que Dilma tornou-se a primeira mulher no Brasil a colocar a faixa de presidente, ou presidenta, como ela queria e exigia dos subordinados que fosse chamada. Esse gesto tacanho, ajuda a entender melhor porque prosperou a conspiração orquestrada que a defenestrou.

E Bolsonaro foi o ovo chocado naquele ninho amornado pela decepção, misturada com a raiva, e tudo esquentado ao extremo com a ardida pimenta da radicalização ideológica que, a partir daqueles instantes, começou a pavimentar o caminho do capitão.

O PT foi sempre o alvo preferido e quase único. Fragilizado pelos malfeitos anteriores, saiu desgastado, e gerando argumento forte para todas as acusações ou imprecações a respeito do festival de licenciosidades éticas, sem dúvidas acontecido. 

A facciosidade de togas mal usadas por gente como o juiz Moro, e o procurador Dalagnol, dois “anjos” de cabaré, deixaram bem evidente a farsa judicial-eleitoreira, montada para afastar Lula da eleição em 2018.

Depois de quase quatro anos em que a tônica dominante foi a "socialização" do tumulto, das falsidades, de uma gigantesca e contaminante mentira, hoje, em face da possibilidade real de assistirmos nos próximos anos o desmoronar progressivo do Estado Democrático de Direito, construído com o esforço e a clarividência de várias gerações, e consolidado, ao que se presumia, como cláusula pétrea na Constituição de 1988, à qual seu principal artífice, Ulisses Guimarães, acrescentou-lhe o nome: Cidadã.

Acabou-se o tempo dos golpes de Estado, aqueles clássicos, onde os tanques faziam pelo asfalto o alarido da força, quase sempre esmagando a lei. Hoje, os golpes surgem usando-se o pano de fundo de uma força armada aquartelada, todavia conivente, enquanto o ácido corrosivo da mentira, da desinformação, do delírio de poder pessoal de algum candidato a régulo, se espalha, e se torna aquela mentira que, “mil vezes repetida se transforma em verdade”. Esta, é uma afirmação de Joseph Goebels, o marqueteiro de Hitler, que, por sinal, matou-se junto com o seu chefe, tendo o cuidado cruel de antes envenenar todas as suas cinco filhas. Entre extremistas fanáticos essas práticas inconcebíveis, se tornam comportamento comum.

As práticas solertes de avacalhação das instituições, tem sido a mesma, entre os extremistas.

Toma-se como “inimigo solerte”, um Supremo Tribunal, depois, vão surgindo os outros: a “mídia lixo”, os “assassinos da liberdade”, os “depravados morais“, ou um banheiro unissex, uma mamadeira de piroca, as teorias de "Gramsci", a sublevação da juventude por Paulo Freire, e fictícios demônios que devem ser combatidos, usando-se a "palavra de Deus", repetindo-se o mantra impropriamente  retirado da Bíblia:  "Conhecereis a Verdade e ela Vos Libertará. Some-se a isso o controle da máquina pública, dos cofres do Estado, manejados desbragadamente por um Posto Ipiranga qualquer, e se chegará, então, ao controle total de um país, sem necessidade de calar baionetas ou esquentar os motores dos blindados.  

A coisa pode parecer até um jogo de espertezas, mas vai muito além, implica na transformação de uma Nação inteira em gente subjugada, sufocada pela ausência do oxigênio da democracia, que não subsiste sem os três poderes funcionando, sem os freios da lei, sem o voto livre, sem a liberdade ampla de pensar, de criticar, de discordar, e o equilíbrio e a sensatez indispensáveis aos que governam.

O Brasil, nesses três anos e dez meses de tumultos, de exibições desnecessárias de força e arrogância, do propalar incessante e exaustivo de mentiras, de desafios insensatos, e insistência em propagar temas absurdos, chegou a uma encruzilhada. E há dois caminhos opcionais a seguir.

Um deles, nos levará à imprevisibilidade de um homem ainda mais empoderado pelo voto, que é aquele mesmo, que ria e fazia deboches, enquanto milhares de brasileiros morriam, sufocados sem ar nos hospitais, nas suas casas, e ele fazia a careta esquizofrênica do sarcasmo, do choro fingido: “Tou com medo da Covid”.

Ele era o presidente da República Federativa do Brasil, não era um palhaço em possível surto psicótico de humor negro.

Para contê-lo, para assegurar a tranquilidade, a paz, a harmonia necessárias, indispensáveis, primordiais, para que os 215 milhões de brasileiros, se entendam, se respeitem, se tratem com civilidade e temperança; para que o agronegócio conviva pacificamente ao lado da agricultura familiar; para que o trabalho seja valorizado e o empreendedor possa crescer, lucrar e gerar emprego; para que o Brasil volte a dialogar com o mundo e se faça respeitado e admirado como sempre foi; para que o nosso meio ambiente seja considerado parte importante desta morada de todos nós; para que vivamos sem a ameaça de golpes, ditaduras, ou dos seus disfarces autoritários; para que todas as igrejas, todos os templos, todos os terreiros, todos os espaços reservados à fé e à espiritualidade, se possam dar as mãos; para que os nossos filhos e netos, bisnetos, no futuro não nos venham a recriminar, por termos sido omissos, coniventes ou convenientes, é preciso fortalecer e ampliar a Frente Ampla, agora formada, onde estão, todos os credos, todas as tendências políticas, todas as visões existenciais, toda a imensa diversidade e pluralidade desta Nação brasileira, onde esquerda, centro e direita, sempre conviveram, sempre governaram, ou estiveram na oposição, e assim, tivemos paz para trabalhar, para evoluir, para sonhar.

Para que o sonho não morra, e seja sempre acalentado ao longo do futuro, é preciso aderir à Frente Ampla, que não é o PT, mas o PT nela está representado, como partido reconhecido e legal, da mesma forma que todas as demais forças, que fazem a amplitude e a grandeza de um povo, de uma Nação.

Para que o sonho não morra é indispensável fazer a escolha.

E a escolha é Luiz Inácio Lula da Silva, o homem no qual a Frente Ampla depositou a esperança de que ele seja um instrumento de pacificação, um semeador de harmonias. Lula, é um ex-morador de favela, que tanto conheceu o tormento da fome, e vai juntar o país, numa tarefa humana e cristã para dar a todos o direito de ter um prato cheio na mesa.

Votemos, não em um partido, não em um homem, mas, no portador de uma chama acesa de confiança e fé no nosso futuro.
 

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