Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
OS GENERAIS FALAM E LEMBRAM DA SENSATEZ
28/11/2018
OS GENERAIS FALAM E LEMBRAM DA SENSATEZ

O general Mourão, retraiu-se um pouco da nova cena do poder que se desenha. Não parece, contudo, distante dos acontecimentos, e, com a sua característica de franqueza, que às vezes é vista como ameaçadora, expõe, sem reservas, as suas opiniões.

Ele, sem fazer referências às ideias descompassadas de uma diplomacia sem resultados, reveladas nas falas do anunciado novo Chanceler, deixou bem claro que o Brasil não poderá ser parceiro na arriscada aventura de Donald Trump, que transferiu a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, botando combustível na fogueira crepitante do médio oriente.

Mas Trump é poderoso, tem o dólar e os botões do apocalipse, carregado nas ogivas nucleares de seus dez mil mísseis. O Brasil, se o imitasse, quebraria uma tradicional posição da diplomacia admirada exercitada pelo Itamaraty, e não teria sequer efetivas condições militares para garantir a segurança da sua Embaixada. Entraria em conflito com o mundo árabe, um dos nossos principais parceiros comerciais. Temos, na visão do general Mourão, de trabalhar diplomaticamente também, para assegurar nossas metas de comércio e nossa visão geopolítica, sem comprometimentos que nos causem prejuízos. Assim, ele vê como importante a presença brasileira cada vez mais destacada no MERCOSUL e nos BRICS.

O general tem clareza de pensamento, já o chanceler, que aliás é visto com imensas reservas entre os seus próprios colegas, anuncia uma série de ações, evidentemente desastrosas.

Um outro general, que comanda agora a segurança no devastado estado do Rio de Janeiro, permaneceu calado ao longo de todo o inquérito para apurar a estupidez da morte da vereadora Mariele Franco. Agora, o general Richard veio a público para retirar uma cortina de silêncio propositalmente baixada, visando proteger as investigações, e revela, com disposição e objetividade, que o crime não foi de ódio, ocorreu, na verdade, sob o comando de milicianos, uma outra facção de bandidos até fardados, que controlam partes dos morros em estrita ligação com políticos fluminenses, que se consideravam certamente afetados pelas ações da vereadora.

Quando a defunta vereadora e o defunto motorista ainda estavam quentes, começou, nas redes sociais uma estúpida e desumana campanha de difamação e degradação moral de Mariele. O clima pesado de confrontações politicas que se exacerbavam naquele instante, favoreceu o espalhar das sementes destrutivas do ódio.

Chegou-se até ao ato diabólico da comemoração do assassinato.

Mais um episódio daquela perda da sensatez que nos contamina.

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