Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
OS CENTROS DAS CIDADES, A DECADENCIA, A REVITALIZAÇÃO
14/05/2019
OS CENTROS DAS CIDADES, A DECADENCIA, A REVITALIZAÇÃO

(O Centro de Aracaju e a revitalização)

São poucas as cidades que não enfrentam problemas nas suas áreas centrais, aquelas, justamente, onde se concentra ou se concentrava o comércio tradicional.

Projetos de revitalização aparecem e morrem, alguns, todavia, se tornam bem sucedidos, e são exemplos a serem seguidos. O caso do centro do Recife é emblemático. Nos casarões em torno do “Ponto Zero” havia a promiscuidade das precárias habitações coletivas, convivendo forçosamente com o lenocínio, isso, depois que o comércio foi fechando as portas.

Hoje, no mesmo local, e aproveitando os antigos casarões, funciona o polo de tecnologias da informação que também “hospedam” startups. Bares, restaurantes,  integram o complexo que  se tornou  área de lazer, e  também de atração turística. Ali concentra-se uma boa parte da noite recifense.

A deterioração começa quando o centro comercial, que é o embrião da cidade na sua origem, vai sendo suplantado pela expansão urbana, e, nos bairros, vão surgindo os shoppings e outras áreas de comércio diferenciadas das tradicionais.

As transformações fazem parte da dinâmica urbana e são Inevitáveis. No caso, é indispensável que haja criatividade para que o moderno não engula o passado. Basta que o passado não tenha cara de velharia, e se mostre atraente, seja uma opção para todas as idades, ou até uma escolha preferencial para uma determinada faixa etária.

Pelo mundo afora há bons exemplos de revitalização de áreas urbanas, preferencialmente as centrais, maiores vítimas da decadência que o passar do tempo provoca.

De Nova Iorque, cidade que a jornalista sergipana Clara Angélica Porto escolheu para viver, ela cita diversos projetos de revitalização bem sucedidos, a começar pela concepção artística do renascer da vida na área do World Trade Center, devastada pela insanidade da fúria que se alimenta da morte. Dos escombros, surgiram concepções modernas de edificações futuristas, a elas juntaram-se a música, o cinema, atraindo jovens e velhos para a celebração da vida.  O antes desgracioso Bryant Park mereceu a criação de grandes artistas, entre eles o brasileiro Vick Muniz, que também imprimiu suas digitais sublimes na estação de trem da 2ª Avenida. Mais recentemente, Eduardo Kobra, espalhou seus murais fantásticos pela cidade, e tudo isso faz da “big apple”, uma cidade onde o antigo e o novo convivem em permanente ebulição.

Agora, o deputado federal Laércio Oliveira presidente da Federação do Comércio de Sergipe, reúne os comerciantes do centro aracajuano, a ele soma-se a Associação Comercial dirigida por Marcos Pinheiro, e promovem um proveitoso encontro com o prefeito Edvaldo Nogueira.

O que querem?

A revitalização do centro.

Ganharam a adesão do prefeito, que anda dando tratos à bola para colocar Aracaju no topo das capitais brasileiras, e, na ocasião alinhou uma série de ideias, abrindo espaço para receber uma infinidade delas.

Faz uns vinte anos o então governador Albano Franco juntou-se ao prefeito João Augusto Gama, que não era do seu grupo político, e fizeram uma boa revitalização do centro de Aracaju. Surgiu um novo Mercado Municipal juntando-se ao antigo que ficou renovado; ruas foram ampliadas, arborizadas, a “Rua da Frente” apareceu com um novo visual, consolidou-se a ideia de que calçada larga, ampla, é sinal de cidade civilizada.

O Mercado se fez atração turística.

No novo projeto de revitalização, é preciso incluir o Mercado Municipal, montar um bom marketing para atrair mais consumidores de produtos de subsistência e também mais turistas. O Mercado Maria Virgínia Franco, movimenta todo o centro, amplia a circulação de pessoas espalhando seus efeitos pelo comércio no entorno, basta que se descubram certas convergências de consumo, e todo o comércio ganhará, adequando suas estratégias de venda, realizando promoções semanais que, efetivamente, sejam atraentes. Os artistas aracajuanos podem ser convocados para dar um visual transformador ao conjunto de edifícios, onde alguns tanto se destacam como aquele prédio tão colorido onde se instalou o G Barbosa.  Ou seja, o projeto, embora sem possibilidades maiores de recursos financeiros, terá de ser abrangente extremamente inteligente e criativo. De nada adiantará apenas tapar buracos de ruas, consertar meio fios.

É preciso fazer muito mais, Edvaldo sabe disso, e então é hora de convocar quem pensa e cria, para fazer   algo   que vá além do corriqueiro.

Será que arquitetos, urbanistas, artistas, gente que pensa, não poderiam conspirar, juntos, para darem a Aracaju, um presente inusitado e impactante de coisas novas?

Nessa crise tristonha de ideias, de inteligência, de sensatez, nesse panorama brasileiro   cinzento que se desenha, afundar no pessimismo desesperançado é o pior que poderia nos acontecer.

No centro histórico de Aracaju onde o drama político-econômico-social brasileiro mais tristemente se revela, com lojas fechando, prédios sendo abandonados, anúncios de vende-se ou aluga-se, por toda parte, aqueles apelos sem resposta, tentemos, seguindo a trilha dos comerciantes e de líderes empresariais e políticos que não se descolam da esperança,

dar uma resposta positiva e concreta ao desalento.

Aracaju agradece.

MOURÃO, A CHINA E A “REINVENÇÃO DO SABER”

(Mourão vai a China consertar erros)

Gerardo de Melo Mourão, ausente daquele fervilhar de referencias que merecem os grandes literatos, os intelectuais que marcaram o seu tempo,  principalmente depois que se vão, é, todavia, nome ilustre apesar de deslembrado.

Jornalista, poeta, romancista e professor, Gerardo foi essencialmente um grande polemista, agitador de ideias, desempenhando o verdadeiro papel do intelectual, que é badernar o conformismo, sacudir a apatia, acordar para o novo, para a transformação, a mudança. Por isso, foi preso ao longo das duas mais esticadas ditaduras brasileiras: o Estado Novo de Getúlio, e aquela que se auto-intitulou “revolução democrática de 31 de março”. A primeira, entre a feia carantonha do DIP e do DOPS, e os sorrisos do “Pai dos Pobres” durou 15 anos, a segunda, com acessos de mau humor raivoso e sintomas de acessibilidade à tolerância, alcançou a maioridade dos 21 anos.

Gerardo foi aliado, depois, ferrenho opositor das duas. E pagou o preço. Autor de um dos grandes romances brasileiros, O Valete de Espadas, editado em mais de dez línguas, Gerardo, fluente em tantos idiomas, foi o primeiro correspondente de um jornal brasileiro na China, o Estado de S. Paulo, onde incorporou o mandarim ao seu estoque linguístico, e produziu, nos seus dois anos em Pequim, reportagens e artigos, construindo uma perenidade de ideias, apesar da vida efêmera dos textos jornalísticos.

Uma parte desses artigos, reunidos a textos de conferências e aulas magnas que Gerardo proferiu em Universidades no Brasil e em diversos países, foram publicados em livro sob o título: A Invenção do Saber.

Gerardo Mourão era parente do general Olímpio Mourão.

Filho, aquele, que ligou os motores dos seus quase sucateados blindados, e começou a depor Jango Goulart. Doente, pouco antes de morrer, ele publicou suas memórias, um dos mais fortes libelos contra os desvios do regime que ajudou a instalar.

Esses Mourões têm raízes cearenses, e sobre eles fala Gerardo no seu livro Peripécias dos Mourões, quase um poema épico.

O vice-presidente general Hamilton Mourão é amazonense, mas poderá ser do mesmo tronco, vez que muitos “cabeças chatas” participaram, na Amazônia, da epopeia da borracha. Se assim for, ele, que vai por esses dias à China, poderá seguir as pegadas do seu bravo e lúcido antepassado, e tentar “reinventar o saber”, ou seja, promover a correção de erros crassos resultantes, todos, da ausência ou do desprezo pela lucidez, que só o saber proporciona.

Precisamos reinventar o saber na nossa errática diplomacia conduzida por um obscurantista, aluno do ególatra debochado que se intitulou filósofo, e no seu desvario  estimula, no Brasil, o desmonte da sociedade, para instalar o caos, que é a sua visão demente e catastrófica do mundo.

O vice Mourão tentará construir uma parceria Brasil-China, e nos colocar em boa posição na “Rota da Sêda”, aquela reinvenção moderna do comércio e da integração mundial, da qual os chineses foram protagonistas ao lado da Europa, ainda na Idade Média. Essa “Rota da Sêda”,  representa inversões chinesas da ordem de um trilhão de dólares ao longo de dez anos.

Mourão tem abrangência de pensamento para entender que o Brasil, não pode atrelar-se a ninguém como aliado incondicional, mas, terá de buscar laços diversos para fazer a tessitura do interesse nacional, sendo parceiro da China, dos Estados Unidos, da Rússia, dos Árabes, de Israel, do Iran, e de todos os países  que caibam no nosso xadrez econômico e geopolítico.

Quando o provável parente do vice presidente, o intelectual Gerardo Mourão era correspondente em Pequim, a China vivia epidemias de fome que matavam dez, vinte milhões de chineses, e sua economia ficava abaixo da brasileira, com a diferença de que os chineses eram mais de 600 milhões, e os brasileiros nem chegavam a um décimo daquela espantosa cifra demográfica.

A milenar sabedoria herdada do confucionismo e do budismo, inspirou o país a trocar a estagnação da economia coletivizada após a revolução comunista, pela audácia criadora do empreendedorismo, numa economia aberta.

E estão aí os resultados. Aqueles mesmos que nós também buscamos.

A COTINGUIBA REELEGE AQUILO QUE DEU CERTO

(O empresário Orlando Mendonça, o mais votado da chapa)   

(O Venerável reeleito Carlos Bittencourt, na foto com a esposa Mônica)

A Loja Simbólica Maçônica Cotinguiba, a primeira em Sergipe, e que completa um século e meio em 2022, prepara-se, desde agora, para comemorar a efeméride.

O atual Venerável Carlos Bittencourt de Oliveira tomou a si, durante o seu biênio, a tarefa de quase restaurar o prédio sede da Loja Cotinguiba. Fez uma obra primorosa, e deixou tudo antecipadamente pronto para as solenidades que ali deverão acontecer no sesquicentenário. Não se limitou a isso, e foi dinâmico, participante, empreendedor. Os maçons meditam muito antes das suas escolhas, e privilegiam o mérito. Assim, Carlos Bitencourt foi reeleito numa chapa para o próximo biênio, já com a posse marcada para o próximo dia 26 de junho.

É a seguinte a nova diretoria da Cotinguiba:

Venerável Mestre – Carlos Augusto Bittencourt de Oliveira, 1º Vigilante – Domingos Ferreira Viana, 2 º Vigilante – Djalma Gomes de Souza -  Orador, Luiz Eduardo Costa – Secretário Alvani Bomfim de Souza – Tesoureiro, Renato Lima de Araújo – Chanceler, Carlos Alberto Dósea dos Santos – Deputado Estadual, Francisco Bezerra Lima – Deputado Federal, Orlando Carvalho de Mendonça.

O empresário Orlando Mendonça, que assume quase em tempo integral as ações filantrópicas da Loja, além de tantos outros méritos, foi, por reconhecimento, o integrante da chapa que obteve maior votação.

Um detalhe maçônico: após proclamados os resultados, os integrantes da chapa não eleita, confraternizaram com os da chapa escolhida.

Não houve vencedores nem vencidos.

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