Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
ONDE A VALE BOTA O PÉ, NÃO NASCE GRAMA
04/08/2018
ONDE A VALE BOTA O PÉ, NÃO NASCE GRAMA


ONDE A VALE BOTA O PÉ, NÃO NASCE GRAMA

         A Vale guarda alguma semelhança com as patas dos cavalos de guerreiros mongóis ou hunos. Onde ela, a terceira maior empresa do Brasil, põe o seu pé, vai deixando, atrás de si, um rastro de destruição.

          Não precisa ir muito longe em busca de destroços, eles estão aqui mesmo, em Sergipe, de onde agora a Vale se afasta sem deixar saudades, mas nos legando um passivo ambiental gigantesco, uma ferrovia destruída, e muitas dúvidas sobre as possíveis vantagens que auferimos com a intensiva exploração da mina de potássio Taquarí-Vassoura.  

       A Vale ganhou todas as isenções possíveis e imagináveis, gerou empregos, tornou-se operadora exclusiva do nosso único porto marítimo, o Terminal Inácio Barbosa, na Barra dos Coqueiros.

          A Vale já privatizada saiu a comprar “ferro velho” estatal. Um deles foi a ferrovia Leste Brasileiro, que nos toca de muito perto, porque, ainda que precariamente, nos servia.

        Surgiu então a Ferrovia Atlântica, nome suntuoso para adornar uma farsa. Em pouco tempo, os trens, que ainda sacolejavam lentos pelos trilhos, saíram de circulação. Não transportavam passageiros naquela época, década dos oitenta, mas nos traziam gasolina da refinaria de Mataripe, levavam o potássio da própria Vale, a amônia e ureia da FAFEN. Havia uma composição que por aqui transitava, trazendo sal do Rio Grande do Norte para o Polo Petroquímico de Camaçari. Parece um devaneio, mas é verdade. Existia uma linha férrea que interligava seis estados nordestinos: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Era obsoleta, mas ainda operante.

          A Leste já era sucata quando surgiu a Ferrovia Atlântica, comprada pela Vale, que apresentou planos ousados para a ampliação e modernização da rede. Mas, o que era esperança, transformou-se no desalento de estações abandonadas, a maior delas, o prédio enorme no bairro Siqueira Campos, servindo de abrigo a bandidos e drogados. Tudo está sendo saqueado, só não retiraram ainda os pesados trilhos. Um trecho daquela ferrovia morta passa estrategicamente por dentro das instalações da FAFEN, a grande indústria que a quadrilha de Temer quer fechar, para reeditar a mesma estória de transformar patrimônio público em monturo e depois vendê-lo como se fosse lixo.

          Há em Sergipe, também, a obra inacabada de uma ferrovia, essa iniciada e abandonada no governo do marechal Dutra, o primeiro eleito pelo voto após o fim da ditadura de Getúlio (1930-1945).

          A hidrelétrica de Paulo Afonso estava em construção e imaginou-se uma linha de ferro estratégica, por onde passaria quase todo o material para a obra.  Depois, seria uma ligação permanente entre Aracaju, um porto, e Paulo Afonso, o polo de desenvolvimento surgindo no sertão. Para comandar a construção, veio a Sergipe o engenheiro mineiro Zair Moreira.  Faltou verba e a ferrovia parou nas proximidades da cidade de Simão Dias, em frente à casa do grande fazendeiro e proprietário de terras, José de Almeida Dória, Dorinha.

          Morreu a estrada, morreu a ideia.

P S - A imprevidência, irresponsabilidade e ganância da Vale causaram em Minas e Espírito Santo a maior tragédia ambiental do mundo. Com a devastação de terras, propriedades, vidas, biomas e do rio Doce. No Pará, o crime ambiental da Vale assume proporções assustadoras. 

VÍDEO DE 2011 JÁ MOSTRA O ESTADO PRECÁRIO DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

 

A MÁQUINA CHINESA DE CONSTRUIR FERROVIAS

       A China constrói máquinas gigantescas. Trata-se de um “navio terrestre”. E olhe lá! Diante delas, um navio de mil toneladas poderá ser pequeno. A máquina é fabulosa e serve para construir estradas de ferro em qualquer terreno, superando tudo o que agora se alcançou em avanço tecnológico na área da engenharia ferroviária.

        A máquina chinesa não dispensa a mão de obra humana, pelo contrário, a utiliza intensamente na complexa logística, mas consegue fazer a proeza de executar todas as tarefas ao mesmo tempo. Prepara o terreno, faz terraplenagem, instala os dormentes, sobre eles fixa os trilhos e vai avançando sobre eles, também perfura túneis. A depender do terreno. avança mais de 7 quilômetros por dia.

        Em países africanos, como o Quênia, empresas chinesas já utilizam essas máquinas. A China tem um astronômico projeto. Quer criar uma rede estratégica de ferrovias da produção em vários países, basicamente para o transporte de commodities, destinadas ao mercado interno chinês. Nisso pretende aplicar um trilhão de dólares ao longo de vinte anos.

        Uma máquina semelhante, made in USA, e única, já está em operação.  Deram-lhe o nome de Bertha. É alusão a uma peça de artilharia alemã, canhão enorme transportado num trem especial. Esse canhão gigante chegou aos arredores de Paris na Primeira Grande Guerra e, a uma distância de 30 quilômetros, disparou petardos de uma tonelada contra a cidade.

         Os chineses têm condições de espalhar pelo mundo as suas máquinas caríssimas e, para isso, têm linhas de crédito especiais ou podem fazer tudo com as suas próprias construtoras, que têm olhos postos no Brasil, desde que, aqui, a Lava Jato, procurando e encontrando roubos, praticamente desmontou as nossas grandes empreiteiras.

         Se no próximo ano tivermos um governo que não seja de ladrões nem de enfurecidos e primitivos “salvadores”, seria possível, dentro de condições decentes, atrair os chineses, para, em parceria com empreiteiras brasileiras, virem fazer ferrovias por todo o Brasil. Como se fez no passado com os ingleses, seria possível adotar-se o regime de concessão das linhas construídas. Só que isso exige um governo que tenha competência, dignidade, respeito dos brasileiros e credibilidade internacional para firmar contratos sem roubalheiras, nem vendendo o que resta da soberania nacional.  

O SUCESSO DA CHINA. VAMOS IMITAR?

 

ENTRE A BRAHMA E A ITAIPAVA

ENTRE AS DUAS, UM ICMS DIFERENCIADO

          Há um cálculo instigante que anda sendo feito. Ele resulta da preocupação do governador Belivaldo com a enorme renúncia tributária, provocada pelo excesso de incentivos fiscais. O governador, um advogado, demonstra respeito aos contratos e não pensaria em quebrá-los, pois tem consciência que isso resultaria em demorada judicialização e, o pior, afastaria investidores. Mas acredita que no bojo de uma reforma tributária, que deve ser iniciada pelo próximo governo central, a questão dos incentivos deverá ser um tema indispensável.

          Há incentivos que chegam a 95%, como é o caso da Brahma, só para citar apenas um. Esse incentivo existe há mais de 20 anos, desde que a fábrica, trazida no governo de Albano Franco, aqui se instalou. A promessa de chegar a um determinado teto de empregos não se concretizou e isso implicaria na revisão do teto do incentivo, coisa que não foi feita. A Brahma, quando questionada, ameaça sair e isso não é bom, nem sob forma de chantagem e, pior ainda, se efetivamente a ameaça concretizar-se.

      A Brahma, do poderoso grupo AMBEV, da mesma forma que a Vale, têm sido empresas ausentes da vida sergipana. Grupos sergipanos, quase todos, desenvolvem projetos sociais, da AMBEV aqui não se conhece nada. Talvez isso seja uma dissociação própria do gigantismo, que faz pouco caso de certas áreas onde opera. A maior cervejaria do mundo tem um braço que apoia projetos ambientais. Aqui, a Brahma já deveria ter saído na frente e tomado a iniciativa simpática aos sergipanos, simpática à consciência ambientalista, assumindo o encargo de preservar o rio Fundo, de onde extrai a água, de excelente qualidade, para produzir a sua cerveja.

         Mas, voltando aos incentivos, há quem demonstre que a Itaipava, que aqui não tem fábrica, paga, com a comercialização do seu produto em Sergipe, um ICMS igual ao da Brahma, embora tendo uma fatia de mercado da ordem de uns 10%. A Itaipava não tem fábrica em Sergipe e não é contemplada com as isenções. A Brahma recolhe, mensalmente, uma quantia irrisória, diante do seu volume de faturamento. Não é sonegação, é a força do contrato. O governo fez recentemente uma ostensiva fiscalização direta na empresa.

         Há quem diga, ainda, que, se a Brahma saísse de Sergipe, haveria desemprego, o que ninguém de bom senso desejaria, mas o pagamento de impostos poderia aumentar com os produtos da cervejaria vindo de outros estados e, aqui, pagando impostos cheios, sem incentivos.

 

O ARCEBISPO QUANDO CRIANÇA

         A escritora e acadêmica Ana Medina fez, recentemente, na Academia Sergipana de Letras, o necrológio do Arcebispo Dom Luciano Duarte, que era membro da ASL. A vida do intelectual, do religioso, do professor, do homem sempre em ação foi revelada de forma curiosamente minuciosa, abrangendo até o seu tempo de pré-adolescente.

        O menino Luciano, conta a escritora que esmerou-se em pesquisas, escreveu sobre o putsch integralista, uma malsucedida rebelião para derrubar o ditador Getúlio Vargas: “Os integralistas revoltaram-se e quiseram matar o presidente Getúlio Vargas, à meia-noite de um dos longos e custosos dias da semana passada, no Palácio Guanabara, onde ele habita com a sua corajosa família. O movimento, graças a Deus, foi sufocado. Os bandidos verdes usaram dos mesmos meios que usaram os bandidos vermelhos: bombas e incêndios.

            Assaltaram logo o Tesouro, mas foram valentemente repelidos.

            Esses miseráveis integralistas são uns covardes e merecem bem o título de galinhas verdes.

         Eis uma prova da sua refinada patifaria: assaltaram o Tesouro Nacional à meia noite e tentaram um homicídio, porque é claro que essa era a intenção dos bandoleiros verdes, contra o presidente Getúlio Dorneles Vargas, que tão bem governa o nosso amado Brasil, berço de antigas e belas tradições religiosas”.

            O futuro arcebispo ingressara em julho de 1937 no Seminário, tinha onze anos e criou um jornalzinho desenhado a mão, a que deu o nome de Terreiro da Vovó, homenagem ao quintal da casa de Dona Adelaide, sua avó materna, onde ele brincava despreocupado, antes de precocemente tornar-se “jornalista” e querendo ser padre.


O JORNALISTA PRECOCE E O PADRE QUASE MADURO

 

NESSE JOGO DO PERDE GANHA, POUCA PERDA, POUCO GANHO

         Enquanto se aproximavam os dias das convenções, havia um frêmito incomum entre os partidos. Essa eleição que se avizinha vem cercada de características especiais: é talvez a mais atípica já acontecida em Sergipe. Mostram as pesquisas que o eleitor não só demonstra apatia, como promete anular o voto.  

          O frêmito, o nervosismo, a dúvida percorrendo os partidos são sentimentos facilmente explicáveis. Os proporcionais procuram as composições onde as chances sejam melhores, sendo sua busca por espaço o verdadeiro roteiro político.

         Essa movimentação em Sergipe, troca-troca na undécima hora, revela a fragilidade de alianças, a insustentável estabilidade dos chamados governos de coalizão, dividindo-se entre dezenas de partidos.

          Aqui, no troca-troca, houve movimentações em todos os sentidos, até porque são três os principais candidatos na disputa pelo governo, cenário, entre nós, um tanto incomum.

          O fato mais rumoroso foi a ida de Ivan Leite para o aconchego da definição que antes já fizera o seu partido, o PRB, onde ele é a grande e respeitável referência. Ivan discordou do bloco dos dois pastores da Universal, que deslocou o partido do grupo onde estava há 12 anos e assegurou que seria um dissidente, votando em Belivaldo. A política é aquela nuvem inconstante, tal como a definia, com especial mineirice, o plutocrata matreiro Magalhães Pinto. A esposa de Ivan é candidata a deputada estadual pelo PRB e não se sentia confortável.

         Ivan carrega a secular tradição de uma aristocracia oligárquica que fazia política, ocupava o poder à custa dos próprios cabedais. Esses cabedais até minguavam no exercício da vida pública, como no caso de Leite Neto, o mais poderoso ocupante da Comissão de Orçamento que já houve na República e que fechou um minúsculo banco que tinha em Sergipe com outros dois sócios, justamente quando estava no auge do prestígio político. Nada parecido, como se vê, a essa patifaria, que agora circula no Planalto.

        O avô de Ivan, senador Júlio Leite, um dos melhores exemplos que se poderá colher na política sergipana, quase fecha a fábrica de tecidos Santa Cruz em Estância, pela socialização de ativos que fez, montando, naquele tempo, um notável aparato social para os seus trabalhadores, talvez não compatível com a real capacidade financeira da indústria têxtil, que envelhecia. Seu filho, o engenheiro Jorge Leite, pai de Ivan, reorientou o grupo, com visão de futuro, criou a elétrica SULGIPE, uma grande empresa sergipana, que hoje, Ivan, também engenheiro elétrico, dirige.

        Todos cobiçavam Ivan para ser vice, senador ou suplente. No grupo de Belivaldo, ele estava impedido pela posição do seu partido, mas, mesmo assim, aparentava ter um compromisso. Decidiu mudar, aceitou o convite para tornar-se vice de Eduardo Amorim. Juntou à chapa o seu nome, até hoje uma referência de respeitabilidade.   

             Em termos de votos, ainda há muita avaliação a fazer, porque o eleitorado estanciano, a parte que sempre fez oposição a Ivan e faz agora também ao prefeito, com popularidade baixa, pode reagir de forma imprevisível, daí, a caracterização da Estância como cidade do voto livre.

           Ninguém melhor para analisar essa conjuntura do que o ex-deputado Leopoldo Souza, estanciano de raiz, que marcou época como opositor ao regime autoritário e viu, com absoluta surpresa, um cidadão inexpressivo, sem tradição nem carisma político, pobre, pobre de “marré de si”, ser eleito prefeito, impondo fulminante derrota a todos os grupos políticos que controlavam o município. Chamava-se Neneco.

            Ninguém faz exercício de futurologia com precisão, mas é possível imaginar que Ivan Leite corre o risco de repetir a antológica frase de Marcelo Déda: “Eu cometi um grave erro, quando servi de Bombril para limpar o grupo dos irmãos Amorim”.

            Nesse troca-troca, Belivaldo perde o ex-prefeito de Socorro, Fábio Henrique, que, no grupo dos Valadares, pai e filho, terá espaço para eleger-se deputado federal e emplaca sua esposa, a deputada estadual Silvia Fontes, como vice de Valadares Filho. Ganham os Valadares, muito fracos em Socorro.

          Para Belivaldo chega Zé Franco, nome sonoro, repleto de influências, primo de Albano, sobrinho de Augusto Franco, filho de seu Manelito Franco, que ultrapassou os cem anos de vida e é hoje nome lembrado com respeito em toda a região da Cotinguiba. Zé Franco, ex-prefeito de duas cidades, ex-deputado, elegeu Fábio seu sucessor, tinha com ele uma relação que se foi esgarçando e, agora, insatisfeito com o rumo do “aliado”, vota em Belivaldo, vota em André Moura para o Senado e faz isso com uma certa vontade de medir forças.

                Será emocionante acompanhar o partejar das urnas em Nossa Senhora do Socorro.

IVAN LEITE, A ESCOLHA DOS AMORINS. BOMBRIL?

 

VOLNEI LEITE, 5 MANDATOS E COM AVALIAÇÃO EM ALTA

            Em Carmópolis, faleceu o prefeito Volney Leite. Seu sepultamento transformou-se numa quase unânime homenagem do povo ao prefeito, que estava cumprindo o seu quinto mandato. Volney tinha a fórmula para manter-se junto ao povo. Era simples, atendia a todos e a qualquer hora, não se escondia dos que o procuravam. Sempre teve a mesma linha política e não enriqueceu.

             O vice Alberto Cruz assume a Prefeitura. Ele é filho do publicitário e jornalista Thetônio Cruz, ex-prefeito de Carmópolis, o primeiro em Sergipe a fazer um projeto de preservação da Mata Atlântica.

CINCO MANDATOS E TERIA O SEXTO

 

UM CANDIDATO ENTRE OS MAÇONS

            Orlando Carvalho de Mendonça é um empresário que divide seu tempo entre as suas empresas, a Fabise, o carro-chefe, e a atividade de prestação de serviços à sociedade. Ele administra, há vinte anos, o Asilo Rio Branco e o faz com tanto zelo, que ali parece ter criado uma segunda família.

             O Asilo foi criado pela Loja Maçônica Cotinguiba e Orlando dá continuidade à iniciativa filantrópica. Dedicado ao trabalho maçônico, Orlando agora quer ampliar mais a capacidade que ele tem de trabalhar e fazer, para isso, num café da manhã, na sexta-feira, dia três, foi lançada a chapa que concorrerá à eleição para escolha do Grão Mestre do Grande Oriente, uma espécie de autoridade maior, que coordena as ações de todas as Lojas filiadas. A chapa é formada por Orlando, Grão Mestre, e Benone Rodrigues de Faria, Grão Mestre Adjunto.

              Antônio Neto, da Loja Estrela de David, falou estimulando os maçons a unirem-se em torno de Orlando.

A MAÇONARIA NA BUSCA DA EFICIÊNCIA

 

A EMPRESA DE 1 TRILHÃO E O IMPASSE DO JAVALI

            Uma diferença a ser anotada.

           No mesmo dia em que nos Estados Unidos anunciava-se que a Apple, empresa de alta tecnologia, alcançava o valor de mercado de astronômicos 1 trilhão de dólares, aqui no Brasil discutia-se, intensamente, como conter o avanço de manadas de javalis, que nos chegam do Uruguai e da Argentina e, aqui, devastam as plantações. Arrasam um grande milharal da noite para o dia.

         Uma gringa, falando com forte sotaque, dizia que matar javalis teria de ser uma tarefa específica do Estado brasileiro, que, para isso, teria de criar equipes técnicas multidisciplinares, para aplicar, em cada um dos bichos, uma injeção letal que não lhes causasse sofrimento. No dia seguinte, sexta-feira, 3, a Adema anunciava que havia apreendido 46 jabutis, em Aracaju e os especialistas estavam estudando como reintroduzi-los na vida silvestre.

           O jabuti ou cágado é criado como se criam galinhas, patos, perús e são vendidos, porque alguns, que não são poucos, o consideram uma fina iguaria. Se está em extinção, como dizem, criá-los seria uma forma também de preservação. Eles se multiplicam em cativeiros.

          Faz dois anos, os órgãos ambientais, de fiscalização e polícias fizeram, sob o comando do Ministério Público, uma operação de fiscalização sanitária e defesa ambiental no sertão sanfranciscano de Alagoas e Sergipe. O trabalho não foi de todo ruim, há coisas positivas, mas teria sido melhor se não saíssem à cata de papagaios, apreendendo gaiolas e pássaros, invadindo residências de gente pobre. Era o terrorismo ambiental em marcha. Apreenderam dezenas de cágados, que lá as pessoas criam para comê-los, ritualmente, na Semana Santa. Soltaram os cágados na caatinga e, uma semana depois, estavam mortos ou recapturados. Os pássaros morreram todos sufocados numa camionete fechada, enquanto a equipe de captura almoçava num restaurante. A velhinha dona de um papagaio que foi sequestrado, morreu de tristeza dois meses depois.

         Por coisas assim é que aqui viceja e se espalha a estupidez ululante de um Bolsonaro, aquele desastre ambulante de pura ignorância. Três Apple somadas equivalem ao Produto Interno Bruto brasileiro. Mas como correr à frente na tecnologia, com a educação que temos, com a insensatez que até muitos educados revelam? É preciso descobrir o caminho que nos leve à frente dos javalis e jabutis.

A JAVALIZAÇÃO DO BRASIL

 

UM AMADO IMORTAL

           Ter Amado no nome já é privilégio. Mas é também uma sufocante responsabilidade, fazer do nome a ligação indispensável com ancestrais que o tornaram nobre, perseguindo o título que, no caso deles, é a melhor das aristocracias, porque formam, todos, o baronato da cultura.

           Ao clã dos Amado soma-se agora um novo imortal. Paulo Amado, médico, humanista, solidário, simples, culto, criativo, amigo, tomou posse na Academia Sergipana de Letras. Foi a melhor mistura de cultura e festa já acontecida, desde que a Academia faz solenidades de posse. Isso dito pelo presidente da ASL, José Anderson Nascimento. Aconteceu no salão de festas Selma Duarte. Lúcio Prado, mais um dos médicos que “invadem” a academia, produziu um primor de escrito para saudar o duplamente colega.

               Paulo Amado fez uma oração de posse que o seu antecessor José Amado Nascimento assinaria em baixo, e com muita honra. Não precisa dizer mais nada.

O AMADO IMORTAL, UM IMORTAL AMADO

 

A DISPUTA ACIRRADA PELAS VAGAS NO TRIBUNAL ELEITORAL

            Aquelas vagas do chamado Quinto Constitucional estão abertas no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe. São três, duas para a vaga de efetivos, uma de substituto. As listas tríplices para cada vaga são elaboradas pelo Tribunal de Justiça, depois avaliadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, em seguida os nomes irão para a escolha do presidente Temer. Aí, a porca torce o rabo.

             Já se sabe que não será obedecida a ordem de classificação nas listas. O critério que prevalece no Planalto não é o do mérito, mas o da sabujice. Há fortes interesses políticos em jogo, o medo de que cabeças rolem se houver rigor, como tem havido até agora. Por isso, Temer escolherá quem se mostrar mais solícito para atender demandas que lhes chegarão em breve.

            Nesse país, onde a meritocracia sumiu, tudo é permitido na permissividade que nos acabrunha e desmoraliza. Temer desprezou a ordem na lista para a escolha do Procurador Geral da República e nomeou a segunda colocada. Deu-se mal. A Procuradora Raquel Dodge o encurrala e certamente, no próximo ano, pedirá a sua prisão.

           Aqui, na lista para a vaga da Juíza Denize Maria de Barros Figueiredo, o primeiro foi o advogado Juvenal Francisco da Rocha Neto. Ele também aparece em primeiro lugar na lista para a vaga da Juíza substituta, Lenora Viana de Assis.

           Juvenal é advogado conceituadíssimo, integra, como concursado, a equipe de juristas do BANESE. Já exerceu no TRE/SE as funções de Juiz e Juiz substituto. Desempenhou, com altivez, imparcialidade e senso de justiça as suas funções. Saiu homenageado. Podem apostar, nessa República de Temer, ele não será escolhido.

PRIMEIRO NO MÉRITO, ÚLTIMO DE TEMER


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