(O último grande navio deixando o porto de Aracaju, o Amambahy. Foto: LEC 1984)
A PETROBRAS some cada vez mais da cena sergipana. Se decidir transferir suas jazidas para outras petroleiras, tudo bem, o problema é se resolver guardá-las inexploradas para um futuro incerto das energias fósseis. Aí, o que hoje valeria ouro, amanhã se transformaria em ourina. As petroleiras estrangeiras, a poderosa EXXON entre elas, estão por bem perto, querendo usufruir do que resta do banquete. Independente da PETROBRAS, hoje penalizando Sergipe com uma talvez desconexa política de desinvestimentos, as outras petroleiras irão assegurar a médio prazo o petróleo e o gás, para isso ampliam-se os investimentos, e surge um aumento de atividades, entre elas a complexa logística de transportes em mar aberto.
Será preciso ampliar o precário cais de Aracaju, nas águas abrigadas do estuário amplo do rio Sergipe.
Aracaju sempre foi a base para essas operações, intensificadas quando, em 1968, surgiu petróleo e gás na costa em frente à Atalaia. A capital sergipana deverá permanecer com essa condição, porque, no Terminal Marítimo na Barra dos Coqueiros as movimentações desses pequenos barcos iriam congestionar o limitado espaço disponível, além de outros problemas. Ressurge, assim, o problema da barra do Sergipe, o grande empecilho para o aproveitamento do largo e profundo estuário, infelizmente subutilizado.
Aracaju só teria a ganhar com a atividade de pequenos navios, mesmo sendo disponibilizadas modestas instalações.
O porto de Aracaju sempre foi o nosso secular desafio. Nos anos setenta travou-se um salutar debate entre os que defendiam o porto estuarino, e o off-shore. Pela solução estuarina manifestava-se o jornalista Orlando Dantas, seguido por um grupo de pessoas que se dedicavam a pensar Sergipe; do outro lado, o grupo liderado pelo economista Aloísio de Campos, que foi um notável planejador do nosso desenvolvimento econômico. Venceu a vertente favorável ao porto de mar, e numa engenharia politica elaborada sucessivamente pelos governos Augusto Franco e João Alves, em articulação com a PETROBRAS, e os sinais verdes dos presidentes Geisel e Figueiredo, o que era o mais acalentado sonho, como se dizia, para retirar Sergipe do isolamento, transformou-se em realidade, com a conclusão do Terminal Marítimo Inácio Barbosa, hoje operado de forma usurária pela VALE.
Ficou esquecido o porto estuarino, e descurou-se da sua importância estratégica, principalmente agora, quando o largo caminho para o futuro de Sergipe está concentrado nas portentosas jazidas da plataforma, aquele prolongamento do maciço continental, antes de atingir as grandes profundidades abissais, além de 3 mil metros de fundo. Nessa área, a uma distância média de 80 km das praias, estão, no subsolo, as jazidas estimadas como gigantes, e lá irão concentrar-se as operações de instalação dos equipamentos, produção, e montagem da extensa rede de oleodutos e gasodutos. Assim, haverá um tráfego constante de barcos de pequeno e médio porte, e Aracaju seria o ponto privilegiado, como base de suprimentos.
Mas é preciso, outra vez, buscar soluções para a nossa barra complicada. Não existe outro caminho, a não ser a dragagem e depois a permanente manutenção. O canal é sinuoso, a barra é instável, o assoreamento se faz constante. O ideal para o tipo de barcos que serão utilizados, seria uma profundidade variando conforme as marés, e um limite mínimo de 3,5 metros, num canal estável.
O cais poderia ser o prolongamento do que já existe em frente ao Mercado Municipal, delimitando-se as áreas para barcos de pesca e os da atividade petroleira.
A situação da barra de Aracaju tem piorado muito nos últimos anos, e existem pontos do canal onde a profundidade fica apenas em torno dos dois metros, nas marés baixas, isso, além das nesgas de terra, as “croas” que surgem de repente e variam de posição.
Mas não existirá outra alternativa, porque a outra opção seria o porto de Maceió, hoje congestionado, e que oneraria o custo do transporte.
O último barco de porte médio que cruzou nos dois sentidos a barra de Aracaju, foi o navio Amambahy, construído pelos Estaleiros Mauá no Rio de Janeiro, um dos integrantes do então pujante polo brasileiro da indústria naval. O navio fretado pela PETROBRAS fazia o transporte de tubos para gasodutos. Foi complicada a passagem da barra no mês de outubro de 1984. O Amambahy transportava quase oito mil metros cúbicos de tubos, acumulados sobre seu porão e convés, com quase cem metros de extensão, e dispunha de dois guindastes, na proa e popa, para fazer a operação de carga e descarga, indispensáveis, porque o porto de Aracaju não dispunha daquele equipamento.
Para transpor a barra, o navio com pouco mais de 4 metros de calado teve de esperar o pico da maré, e fazer manobras complicadas. Estava sob o comando do capitão de Marinha Mercante Alan Kardec Costa Lima, com mais de trinta anos de experiência comandando os petroleiros gigantes da PETROBRAS; Aposentado, foi convocado para o desafio. Tudo correu bem, mas o Amambahy, tornou-se o último barco com mais de 4 mil toneladas a chegar ao, digamos assim, inexistente porto de Aracaju. E um barco desse porte é quase nada, diante dos que agora cruzam os oceanos, tendo mais de 300 mil toneladas.
Depois dele entrou um navio maior, tinha 10 mil toneladas, todavia veio seco, sem carga, para ser desmontado e vendido como sucata. Era o Heráclito Dantas, homenagem ao pioneiro da navegação e da indústria naval em Sergipe.
Memórias à parte, o importante agora é planejar a infraestrutura necessária para que Aracaju e Sergipe, enfim, obtenham o máximo de benefícios com a produção petroleira e de gás. E para isso o Porto de Aracaju, pequeno embora, terá de ser considerado.
Quem sabe, com a importância econômica das jazidas no mar, a Marinha de Guerra Brasileira poderia vir a incluir no seu planejamento estratégico, uma base naval para barcos de patrulha, no estuário do Sergipe, ideia pela qual lutou, a partir do início da produção de petróleo no mar sergipano, mas, sem sucesso, o governador Lourival Baptista, ( 1967-1970). Apesar do trânsito fácil que ele tinha, entre almirantes, generais e brigadeiros.
O problema é que, além do aspecto militar, necessitava-se de um argumento econômico de peso, para justificar os custos das instalações da Base, e da dragagem permanente da barra.
Esse argumento que faltava antes, agora existe.
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O HOSPITAL DE BARRETOS E SERGIPE
(O Secretário Valberto)
A vontade de Henrique Prata para instalar uma unidade supereficiente de oncologia em Sergipe, terra do seu avô Ranulfo Prata, já se corporifica num projeto quase concluído.
Segundo o médico Valberto de Oliveira Lima, Secretário de Estado que, pela eficiência de gestão, esta humanizando o sistema público de saúde sergipano, a ideia da oncologia de Sergipe gerida pelo sistema do Hospital de Barretos, permanece viva.
No mês de outubro, Henrique Prata poderá estar apresentando o projeto concluído, assegurando a presença em Sergipe dos critérios de gestão e humanismo do Hospital do Amor, como se chama agora o Hospital do Câncer de Barretos. A unidade de oncologia ficará inicialmente instalada no HUSE, dispondo de mais leitos, e racionalizando o uso dos equipamentos existentes. Henrique Prata, o criador e gestor do sistema do Hospital de Barretos, tornou-se referência, por trabalhar somente com recursos do SUS, ou seja, sem custos para os pacientes. Pelo exemplo, surge nas pessoas o sentimento de solidariedade, que se manifesta através de doações e de tantas outras formas.
O JARDIM DE INFÂNCIA DA MISÉRIA
Em derredor do edifício Maria Feliciana, o mais alto de Aracaju, instalam-se, à noite adultos, na maioria mulheres, acompanhados de dezenas de crianças, quase todas com idade variando de uns dois a doze anos. Espalham-se em promiscuidade total pelas calçadas, ali fazem todas as noites suas necessidades, (em desobediência flagrante ao presidente Bolsonaro) e lambuzam-se na água de esgotos, que correm junto às calçadas. Os já taludinhos ficam a esmolar, aproximando-se perigosamente dos carros parando nos semáforos.
É aquele o Jardim de Infância ao relento, que se oferece às infelizes crianças, vítimas da irresponsabilidade criminosa, talvez dos próprios pais, que podem estar ali, ou os “alugaram”.
É a nova modalidade do trabalho escravo infantil nas ruas de Aracaju, onde se espera que o mais rápido possível cheguem autoridades ligadas ao problema, e a ele, pelo que se constata, até agora desatentas. Também um retrato cruel, sem photoshop, da nossa assustadora insensibilidade social, da indolência coletiva para cuidar de problemas que, descuidados, desfazem o conceito de civilização.
SERGIPE, O LATIFÚNDIO DAS TARTARUGAS
(O deputado Zezinho a terra das tartarugas)
A revelação foi feita na Loja Maçônica Cotinguiba pelo deputado José Macedo Sobral, Zezinho Sobral: Do território sergipano, 40% são considerados áreas de preservação ambiental e grande parte delas reservadas às tartarugas. Numa palestra que fez sobre o panorama da economia sergipana, Zezinho chamou a atenção dos maçons para a diferença entre as praias de Sergipe onde não podem ser instalados empreendimentos turísticos, e as da Bahia, Alagoas, e restante do nordeste. Aqui, a prioridade exclusiva é para as tartarugas. Com todo reverencia ecológica aos quelônios, e a eles desejando longa vida, e sem perigo de extinção, deveria haver mais racionalidade e menos exagero. Assim, fazendo-se o quelônio senhor absoluto dos latifúndios praianos, não haverá para os humanos a possibilidade de gerar renda e emprego, inclusive, para custear programas visando a sobrevivência deles próprios, os quadrúpedes cascudos, sem nenhuma pressa.
A PM E SUAS INSTALAÇÕES
(Coronel Marconi, um Comandante resolutivo)
O velho quartel central da Polícia Militar em Aracaju está quase todo interditado. O coronel Marconi, comandante da PM, vem conseguindo acomodar a sua equipe nas instalações mais novas anexas à parte isolada. Não perdeu tempo com o chororô em que alguns gestores se gastam, aguardando por recursos agora escassos. O comandante, dando prioridade à incorporação de novos contingentes de concursados, buscou locais também disponíveis, e sem maiores custos, aproveitando espaços, vai distribuindo o contingente, e mantendo a capacidade operacional plena da tropa. Por atitudes hábeis dessa natureza é que o sistema de segurança sob o comando do Secretário João Eloy, vem conseguindo reduzir de forma significativa os índices da criminalidade no estado, que já deixou a incomoda companhia dos recordistas em violência.
EDVALDO E O CAMINHO DO DINHEIRO
(Edvaldo catando recursos)
Com habilidade política e sem descer à política menor dos interesses eleitoreiros imediatos, Edvaldo Nogueira vem descobrindo os caminhos certos da prospecção de recursos em Brasília. E assim, vai driblando a crise e assegurando projetos.
O DIA DO MAÇOM
(Deputado Luciano Pimentel, lembrando da Maçonaria)
Lembrado agora no calendário oficial de eventos estaduais, o Dia do Maçom, ganhou este ano maior destaque. O autor da proposta de inclusão no calendário estadual foi o deputado Luciano Pimentel. Na Assembleia Legislativa o presidente Luciano Bispo presidiu a sessão onde estiveram presentes os Grão Mestres do Grande Oriente do Brasil Clairton de Santana, e Alberto Jorge Franco Vieira, da Grande Loja Maçônica, além dos veneráveis de todas as Lojas em Sergipe. Na Câmara de Vereadores de Aracaju houve sessão especial, proposta pelo vereador José Valter, que é também maçom.