Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
O SINTESE E A SÍNDROME DO CEMITÉRIO
03/12/2019
O SINTESE E A SÍNDROME DO CEMITÉRIO

(Foto de 12 de junho de 2012: No simulado velório do governador Marcelo Déda, uma "realização" do SINTESE, a deputada petista Ana Lúcia participou da farsa cruel)

Qual o governador qual o Secretário da Educação que, nesses últimos trinta anos não foi, numa encenação de péssimo gosto “sepultado” pelo SINTESE?

Os dirigentes do Sindicato dos Professores de Sergipe (SINTESE), parecem dominados por uma estranha compulsão pelo cenário lúgubre dos féretros, talvez, uma Síndrome dos cemitérios. Seria uma nova espécie de patologia psíquica, associada à necrolatria, ainda a merecer estudos mais aprofundados.

Os dirigentes do SINTESE, ao longo de vários anos, especializaram-se na organização de cortejos fúnebres. Adquiriam caixões, providenciavam todos os adereços, flores, velas, castiçais, até carpideiras não faltavam, enxugando lágrimas e recitando lamúrias, e havia o fundo musical, a Marcha Fúnebre de Chopin, não exatamente por gosto musical, apenas, porque é uma das mais conhecidas.

Tudo, porém, não era somente simulação de tristeza, lamentos, prantos. A parte, digamos assim dolorida, e também fingida, era apenas para melhor explicitar a natureza do evento,  ao mesmo tempo fúnebre, e festivo, sobretudo, caricatural.

Parece contraditório reunir choro e alegria, mas, era exatamente esse o objetivo dos féretros, o cúmulo da suprema vingança do SINTESE sobre as suas vítimas selecionadas.

Havia a simulação triste do sepultamento, ao mesmo tempo a comemoração da morte, as danças bárbaras em torno do “cadáver.”

Selvagens? Não exatamente. Afinal, o SINTESE é uma entidade que representa os professores, e teria de homenagear a humanização, a civilidade, a tolerância, os  princípios que orientariam as suas ações.

Entre manifestantes que pulavam naquela fuzarca cruel onde se antecipou o enterro verdadeiro de Marcelo Déda, estavam dirigentes do SINTESE.

No Hospital, onde percorria a última sofrida etapa da sua agonia, Marcelo Déda, lúcido, consciente, superior, assistiu o vídeo do seu prévio “sepultamento”. Com a visão turva pelas lágrimas que lhe escorriam na face vincada de tanto padecer, ele identificou, quase junto ao seu “caixão”, a companheira de partido, sua ex-secretária de Estado, a deputada e professora Ana Lúcia.

A péssima repercussão, a nódoa moral que restou daquele espetáculo público, uma desumana calhordice, fez com que o SINTESE reprogramasse suas ações   externas de militância,  contendo os ímpetos das   macabras vinganças.

Suspendeu então, por algum tempo, os “sepultamentos” de pessoas que elegia como inimigos, mantendo, todavia, a mesma linha arrogante que sempre caracterizou o sindicato: o exclusivismo da sua própria, única, e incontroversa razão. Trocou a morte simbólica de alguns, pela tortura real, metodicamente planejada contra os alunos filhos de pais pobres. Essa tortura é exatamente a greve, que ameaça o período letivo, que desorganiza o ensino, que desmoraliza a Escola Pública.

No SINTESE, decide-se uma greve da mesma forma como se programaria uma viagem de lazer dos seus dirigentes. Nas Assembleias que realizam, onde se decidem as paralizações, nunca contam com mais de 2% dos sindicalizados.

Existem cerca de nove mil professores, não se sabe o número exato dos sindicalizados, mas, é provável que sejam quase todos, porque o Estado desconta o imposto dos trabalhadores, e o repassa integralmente para o SINTESE. Numa Assembleia assim, decidiu-se, ao terminar novembro, uma greve geral. Ou seja, suspenderam as aulas no final do ano, quando se realizam as provas. Com efeito, acintosamente agrediram os alunos, afrontaram os pais, que esperam da Escola Pública um mínimo de responsabilidade com o futuro dos seus filhos.

O SINTESE, como se sabe, tem a sua própria e exclusiva razão, e dessa forma seus dirigentes podem desafiar a sociedade sergipana, podem fazer pouco caso do sacrifício das famílias pobres,  quase todas com ganhos inferiores à renda dos professores. E não se quer dizer com isso que os professores sejam bem remunerados. Absolutamente não. Mas os dirigentes do SINTESE devem saber que entre os alunos das Escolas públicas, milhares deixam as suas casas com carência alimentar, e é a merenda na Escola que ameniza essa situação. Pais e mães estão desempregados, e milhares deles recebendo menos de um salário mínimo por mês.

Quando o SINTESE bate a porta das escolas na cara dos estudantes, a fome cresce em cada casa das famílias que não conseguem suprir a mesa com um mínimo de alimento, para atender às necessidades básicas dos adolescentes.

Então, o SINTESE que se apresenta como paladino vanguardista da Justiça Social, de fato, se faz inimigo do povo, do povo pobre, sofrido, e agora, cada vez mais esquecido pelas politicas ultraliberais, onde pobreza sumiu da agenda. E o SINTESE, progressista, revolucionário até, de fato se faz verdugo do pobre, e coveiro das esperanças que ainda restam, em relação ao revigoramento da Escola Pública.

O que todavia se poderá esperar de sentimento ético, de responsabilidade pública, de coerência moral, num SINTESE que arrecada milhões, e nunca prestou contas, transparentemente, da fortuna  que anualmente recebe?

A Justiça que decidiu sobre a ilegalidade da greve, estabeleceu uma multa de mil reais por cada dia de desobediência. O SINTESE, do alto dos seus milhões de reais, tranquilamente ignora a decisão judicial, e seus militantes, um punhado de gente, permanecem à sombra das barracas armadas em frente à Assembleia Legislativa, na “vigília cívica,” ou fuzarca mesmo, que agora transformou-se em afronta ao povo aracajuano, porque está  impedindo  que se complete o trabalho de decoração natalina da praça Fausto Cardoso,  este ano, superando as expectativas e atraindo milhares de turistas.

O SINTESE é uma máquina bem azeitada e fria, capaz de gerar calamitosos prejuízos sociais ao lado de recursos imensos que o sindicato não revela, muito menos quem deles se beneficia.

Entre os milhares de estudantes, todos adolescentes, muitos, no decorrer dessa greve estão em suas casas, e sentem a falta da merenda escolar, alguns, talvez, sofrendo as agruras da fome, outros ficam nas ruas vulneráveis às seduções do tráfico, que tem os seus agentes espalhados pelas cidades à cata de potenciais consumidores, ou,  cooptando futuros companheiros do crime.

Com sua síndrome de cemitérios, o SINTESE insensível, perverso, brinca e zomba da vida das pessoas, e terminará fazendo o grande féretro, sepultando a Escola Pública, que afirma defender, e na realidade atraiçoa.

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 O PROFESSOR JOSÉ WILSON: “EU QUERO LUZ, MAIS LUZES”

(O professo José Wilson chegando e inovando)

Num evento que marcou a sua estreia no empreendedorismo em Sergipe, o professor Jose Wilson, recebendo convidados no hotel Radisson, que acaba de adquirir dos irmãos Marcos e Osvaldo Franco, fez uma alusão ao Natal, e lembrou aos hoteleiros aracajuanos a ocasião para que todos enchessem de luzes os seus hotéis. No Radisson, ele disse que queria luz, muitas luzes, reforçando o que fazem a Prefeitura de Aracaju e a Associação Comercial, deixando refulgente o centro da cidade. O mesmo, José Wilson disse que deveria ser feito na Orla da Atalaia, começando pelos hotéis.

O nosso trade turístico começava assim a tomar contato com as características daquele cidadão que fez, no interior baiano, aqui bem perto de Sergipe, em Paripiranga, um dos grandes centros de educação superior do nordeste: a Universidade AGES.

José Wilson é muito ligado a Sergipe. Aqui em Aracaju ele veio fazer o curso de Pedagogia na UFS. Era um menino pobre nascido numa casa de taipa, que sonhava adquirir conhecimentos, e abrir melhores perspectivas para a sua vida. Voltou a Paripiranga, e numa casa modesta criou uma Escola. Começou com três alunos. Sua história de vida é muito parecida com a de Jouberto Uchoa, o criador notável da UNIT. Wilson vendeu recentemente a Universidade AGES, e ingressa numa nova fase de vida, diversificando suas atividades empresariais. A AGES hoje é a própria vida da cidade onde nasceu, e se expandiu chegando a Sergipe, em Lagarto, e a muitas cidades baianas, onde tem inclusive, um Polo de Saúde. O numero de alunos, só em Paripiranga, o Campus principal, é superior ao numero de habitantes da cidade.

Com todo esse potencial de realizações o professor Wilson concentra-se agora em Sergipe, tendo escolhido Aracaju para seu primeiro investimento no setor do turismo.

Chegou, irradiando otimismo, e rompendo uma tradição: aqui, os hoteleiros quase sempre se referem à ocupação baixa em seus estabelecimentos, Wilson falou em ocupação máxima, e disse que o Radisson, se tornará pequeno para o fluxo de hóspedes que receberá.

Deu também lições: recomendou que os hoteleiros não esperem pelo governo, pela Prefeitura, que se somem e passem a custear as despesas com publicidade, com promoções, e terão, assim, acrescidos os lucros e consolidado o destino Aracaju.

Nesse novo tempo parecendo surgir, com o empreendedorismo ganhando espaço, a criação de grupos e associações, e a chegada de gente nova como José Wilson, tudo isso representa um bom sinal de confiança em Sergipe.

Um fator de estímulo, de trocas de informações e iniciativas inovadoras, tem sido o Núcleo de Desenvolvimento, criado pelo empreendedor Joaquim Ferreira, que conta, agora, e em pouco tempo, com um vistoso numero de participantes, e já fez nascer alguns empreendimentos. O professor José Wilson já foi convidado a integrar-se ao grupo.

 

 

 

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