Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
O PRESIDENTE NO CINEMA E UM "FILME" DO LADO DE FORA
28/03/2019
O PRESIDENTE NO CINEMA E UM

Era uma manhã luminosa em Brasília, e o presidente Bolsonaro resolveu ir ao cinema. Não se sabe, exatamente, se o presidente  é um cinéfilo, qual a preferencia dele em relação a filmes, qual o gênero que mais o atrai,  e o motiva a frequentar as salas escuras. 

No escurinho do cinema e impedido de tuitar, o presidente, apesar de estar em Brasília, distanciava-se ainda mais da cidade de onde  tenta governar o país. 

Mas o presidente não sumiu, ele estava em local certo e sabido, atendendo a convite da empresa americana que fazia o lançamento no Brasil de um filme de autoajuda, algo inusitado na indústria cinematográfica, ainda mais nos Estados Unidos, onde as grandes produções são marcadas pelo selo da boa qualidade. 

Lá fora, além da irrealidade que frequenta as salas de exibição, o mundo rugia, o cenário brasiliense estava tumultuado, o pior possível para um governante que ainda nem alcançava  aqueles simbólicos  cem dias, delimitando o período da lua de mel do novato, com o país, com a sociedade. Em Brasília, dizia-se até que os fatos, em atropelo, assemelhavam-se àquelas cenas do final melancólico do período da inepta Dilma Roussef. 

No cinema, diante dos olhos do presidente passavam as recomendações, os exemplos, os conselhos de religiosos americanos dirigidos a um público em busca de salva- vidas místicos,  ou esotéricos onde se possam agarrar, escapando do naufrágio de vidas marcadas pelas angustias da desesperança. 

As angustias do presidente, se é que elas existem, deveriam ser muito maiores do que os dramas existenciais restritos às individualidades, as angústias presidenciais teriam de ser do tamanho daquelas que atormentam a Nação. A angustia de um Estadista deveria ser a mesma angustia do seu povo, o tormento de um Estadista deveria ser  motivo único para o estimular a todo dia, a toda hora, para concentrar-se, exclusivamente, naqueles projetos que possam, de fato, reduzir  os tormentos da sociedade. 

Do lado de fora do cinema, o drama da realidade conturbada era visível em todos os quatro cantos do Brasil, esta nossa  terra, outra vez em transe. 

Próximo ao Shopping, onde o presidente acomodava-se no cinema, parlamentares indóceis não conseguiam mais acomodar-se bem com o presidente, e se reuniam para dar um recado, demonstrando toda a  insatisfação com o governo. Então, aprovaram uma emenda constitucional com o nome de orçamento impositivo. O resultado foi algo acachapante, o governo não conseguiu somar pífios 10 votos. Esse controle sobre o orçamento foi a camisa de força que o gangster Eduardo Cunha  pretendeu colocar na inepta Dilma. Depois,  um  outro, seu  homólogo Michel Temer, todavia  mais sofisticado e  competente como politico, de certa forma até como governante, teve pleno êxito em desmontar a trama. 

O orçamento impositivo, que é aquela supremacia do Parlamento sobre os gastos do Executivo, seria, em outras circunstancias, um instrumento civilizado para o controle das contas públicas. Mas o governo não poderia deixar de ter  maioria  no Congresso para assegurar a execução das suas metas, isso, principalmente, num governo que apenas começa. 

Configurava-se fora do cinema o clima de “desgovernabilidade" em que vive o país. Mas o presidente tinha os olhos fixos no écran colorido, cheio de mensagens de fé e esperança. 

Reunindo as ultimas esperanças que lhes restavam, mais de 15 mil pessoas, de todas as idades, aglomeravam-se no Vale do Anhagabaú, centro de São Paulo.  Estavam ali desde a madrugada, quando o presidente ainda dormia no palácio. A multidão  disputava uma vaga de emprego entre as pouco mais de 300,  que eram, para a época em que vivemos,  quase milagrosamente oferecidas. Vagas, quase todas, com remuneração de salário mínimo, umas poucas até o teto de 1.800 reais. 

 Há quase 13 milhões de brasileiros  desempregados, mais de 10 milhões  sobrevivendo na  economia informal. 

Enquanto isso, os ¨alunos¨ do guru Olavo de Carvalho estão fazendo política estúpida de terra arrasada na Educação, no Itamaraty, e a ministra Damares continua vendo Jesus subindo na goiabeira. 

Divertem-se, certamente,  fazendo suas experiências medievais no imenso laboratório que ganharam: o Brasil, e  tendo 204 milhões de brasileiros como cobaias. 

Quando o presidente saiu do cinema e dirigiu-se ao seu gabinete de trabalho, o mercado já fervilhava  com a certeza de que ao fim da tarde  a Bolsa desabaria, e o dólar iria para bem perto dos 4 reais. Nesse patamar, reajustes maiores nos preços da gasolina e do diesel, serão inevitáveis. 

Sem irem ao cinema, os brasileiros estão assistindo um filme surrealista, onde  tudo  o que  parecia sólido vai se dissolvendo no ar. 

Nesse 31 de Março a História registra um golpe de Estado que montou um sistema autoritário com duração de 21 anos. Houve instantes em que, no Brasil, a quase ¨perfeição¨ totalitária foi alcançada, houve instantes em que brasileiros, desgraçadamente, se enfrentaram armados, houve instantes em que a força das armas serviu para subjugar, humilhar, torturar e matar brasileiros. 

Bastaria um só ser humano que saiu cego de um quartel, o petroleiro, nosso conterrâneo Milton Coelho, para demonstrar que tempos assim, podem até ser justificados, jamais comemorados, porque não existe heroísmo nenhum quando o Estado se transforma em algoz e carrasco, e se faz Ditadura. 

Lá se vão 55 anos. Da revolução ou golpe de 1964 quase não restam os que dele participaram, e os que atravessaram aqueles 21 anos no poder, ou fora dele, também quase já se foram. 

O que aconteceu foi um desastre institucional  no qual ambos os lados em confronto cometeram erros. 

Não se festejam erros, mas as derrapadas institucionais podem ser recordadas a qualquer momento da História, para que sobre eles percorra a imparcialidade da reflexão. E só isso. 

Hoje, o nosso presidente é um capitão do exército eleito democraticamente, mas, que insiste em comemorar a falência da democracia, num episódio do qual a História continuará cuidando, com a isenção que o passar do tempo permite. 

O filme surrealista que fora dos cinemas a realidade nos impõe, revelará, que  brasileiros hoje encanecidos,   sendo jovens em 64, pichavam muros com a frase ¨generais gorilas¨, agora, começam a enxergar nos generais que aposentaram a farda para ajudar a governar o país  o fator de equilíbrio e sensatez, do qual tanto carecem os ¨alunos¨ de Olavo de Carvalho, o decrépito Rasputin, que prescreve ou impõe suas ¨curas¨, lá do hemisfério norte. 

Nem precisamos ir ao cinema, o drama  ou melodrama nos acompanham, mas, se tivermos  juízo e sorte, não se transformarão em tragédia. 

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LEVA E TRAZ 

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- A FAFEN E O GÁS 

Castelo Branco, o presidente da PETROBRAS, difere do ex-dirigente Pedro Parente, não tem empáfia, nem exibe autossuficiência. Recebeu afavelmente os sergipanos que lá foram implorar pela reabertura da FAFEN. A audiência foi solicitada pelo deputado Laércio Oliveira, e com ele estavam o governador Belivaldo, o senador Alessandro, e o Secretário José Augusto. 

O grupo saiu da reunião esperançoso. Já existem três empresas interessadas no arrendamento da FAFEN. O governo, leva dia nove de abril à PETROBRAS um elenco de medidas para tornar viável o negocio, entre elas a redução do ICMS, e uma tarifa de água mais adequada ao enorme consumo da fábrica. 

O grande obstáculo é o preço absurdo que a PETROBRAS cobra pelo gás, o mais importante insumo da indústria. Mas já estão em andamento tratativas com a Golan, empresa associada ao projeto quase concluído da termoelétrica na Barra. O navio de regaseificação já está ancorado aqui, e poderá ser posto em operação antes da demanda da usina, que começará em janeiro. O gás trazido do Catar líquido, e aqui regaseificado, seria fornecido à FAFEN, a preço muito mais competitivo do que o cobrado pela PETROBRAS. 

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- AÇÃO E POUCA FALA 

O Secretário do Turismo Manoel do Prado Franco Neto, é econômico nas palavras, confessa que falar não é o seu lado forte. Mas, em compensação, articula com rapidez e construiu uma boa relação com o Ministério do Turismo. Na manhã dessa quinta, 28, o governo do Estado junto com o trade festejou, no Hotel Delmar, o recebimento do ¨Selo Mais Turismo¨, que foi entregue ao governador Belivaldo por um representante do Ministério. Com o selo de qualidade, abre-se um horizonte melhor para Sergipe, e agora o que se tem a fazer é chegar na frente com os projetos. 

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- UMA MARCA DO AGRONEGÓCIO 

O Parque das Palmeiras em Lagarto onde se realiza a Exporingo 2019, é a maior marca do agronegócio sergipano. A Ministra da Agricultura Pecuária e Abastecimento  Tereza Cristina, veio abrir o evento, e percorreu o Parque acompanhada pelo governador Belivaldo e pelo empresário Geraldo Magela Barbosa Prata, o criador do Parque das Palmeiras,  que se iguala aos melhores parques de exposição do país. Já o Haras do empresário que ali funciona, especializado em cavalos da raça Quarto de Milha, situa-se entre o que de melhor existe no mundo. O empresário não revela, mas, comenta-se que o investimento é superior a setenta milhões de reais. 

Um dos patrocinadores da Exporingo 2019 é o Banco do Estado de Sergipe,  BANESE. 

 Neste sábado haverá leilão de animais e a 4 ª edição da Vaquejada das Palmeiras. 

Em Lagarto estão criadores de todo o país. 

(Correção feita pelo agrônomo Zé Dias. O Haras é de cavalo Quarto de Milha).

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- NADA DA SABE 

Depois de anunciar o fechamento do laticínio SABE que inaugurou com muito entusiasmo, e colocando-o entre os mais modernos do país, o empresário Ricardo Barreto Franco mergulhou num indevassável mutismo, e nada revela sobre o que irá acontecer após a drástica decisão, por motivos operacionais, como foi alegado. 

Sabe-se, porém, que a SABE será mais uma das empresas que Ricardo instala, depois vende, e parte para fazer outra. Se isso acontecer dessa forma, há uma perspectiva favorável para que os trabalhadores de braços cruzados, voltem a descruzá-los. 

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