Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
O Nazismo Ressurgindo na Terra de Roosevelt?
26/11/2016
O Nazismo Ressurgindo na Terra de Roosevelt?

Para que fosse derrotado o nazi-fascismo houve a decisiva participação de quatro personalidades históricas: Winston Spencer Churchill, Joseph Stalin, Franklin Delano Roosevelt, e Charles De Gaulle.

Mas, sem a tenacidade, a convicção democrática e coragem de Roosevelt, os Estados Unidos antes mesmo do ataque a Pearl Harbor não teria  alimentado o corredor marítimo de provisões e armamentos levados à Inglaterra para  evitar o colapso da resistente ilha, e depois, à todas as frentes de batalha, inclusive na Rússia.

Roosevelt decidiu a sorte  da guerra ao colocar em cena o colossal poderio industrial- militar americano.

Surgido do  meio de um amálgama corrosivo de ódio e nacionalismo levados as últimas consequências  pelas humilhações impostas  ao Império germânico derrotado na Primeira Grande Guerra, ( 1914 – 1918) um cabo do exército alemão, desmobilizado após o armistício, fez o caminho impossível até tornar-se, em 1933, senhor supremo da Alemanha, submetendo à sua vontade os orgulhosos generais,  casta  de linhagem nobre, com seculares tradições,   que  ergueram o braço  na saudação  símbolo do totalitarismo  aliado ao culto da personalidade : Heil Hitler, Heil Hitler, Heil  Hitler.

Chamava-se Adolf Hitler o fanático  que provocou a maior hecatombe da História.

Segundo o historiador William Shirer , ¨há muitos  caprichos estranhos do destino na estranha vida de Adolf Hitler ¨.Um desses caprichos do destino : a mudança do nome do pai dele, Alois Schicklgruber,  filho de mãe solteira. Depois, o seu pai,   resolveu reconhecê-lo, e  ele passou a ser Alois  Hitler, nome que foi transmitido a Adolf.    Multidões nas ruas  aclamariam: Heil Schiklgruber, Heil Schiklgruber?

Nos Estados Unidos, um nome que acomoda a  fonética  com a semântica,    faz ressurgir o uivo aterrorizante de fanáticos neonazistas: Heil Trump, Heil Trump. Eles proclamam a supremacia branca , pregam o ódio aos negros,  judeus,  latinos. Seria a maior das tragédias se a pátria de Franklin Roosevelt, do negro Barack Obama, viesse a se tornar um valhacouto da canalha nazista,    entre os quais  Trump , ( Heil Trump ?) vem escolhendo assessores. 

A DECADÊNCIA DO BAIXO S. FRANCISCO

O desembargador aposentado Pascoal Nabuco,  aprovado em concurso para    Promotor de Justiça, foi exercer suas funções na Comarca de Neópolis , às margens do rio São Francisco, isso, a partir de 1979. Foi então contemporâneo de episódios que assinalavam a vertiginosa decadência da região. Ele dá um eloquente testemunho sobre o enfraquecimento econômico  do baixo São Francisco, apesar das tentativas autoritárias de substituir a tradicional forma de plantar arroz, pelo perímetro irrigado do Betume, que   nunca deu certo. Desapareceram as fábricas tradicionais de óleos vegetais, de tecidos, delas, subsiste a Passagem, em Neópolis, criada pelo pioneirismo e visão dos Peixoto Gonçalves. Mas, em frente à fábrica, não ancoram mais os navios Lusitânia e Lusobrasil, de uma empresa de navegação do mesmo grupo, que transportavam os tecidos para os mercados do sul, e de lá retornavam com mercadorias para Aracaju, Penedo, Neópolis. Ainda eram navegáveis as barras do Sergipe e do São Francisco. Há, em todo o trecho sanfranciscano entre Sergipe e Alagoas, os restos das velhas tecelagens, das descaroçadeiras  de algodão, de arroz, os escombros de antigos cortumes.

O panorama é de certa  forma desolador. Com base na memoria histórica que faz o desembargador Pascoal Nabuco dos seus tempos de Promotor às margens do Velho Chico, caberia perguntar agora: O que seria possível fazer para reverter o continuado processo de decadência ? o que teria feito ao longo desse tempo a CODEVASF ?

A ¨ TROVOADA¨ SEM CHUVA INQUIETOU O SEMIÁRIDO

Millor Fernandes, foi um dos maiores humoristas brasileiros. Sua imensa cultura refinava o humor, afiava a crítica. Em O Cruzeiro, revista absolutamente líder nos anos 50,  Millor  assinava uma coluna, o Pif-Paf, onde desenhava, satirizava, fazia rir, e também gerava enormes tumultos.
Produziu um verso logo exorcizado como satânico , que causou  a sua pronta demissão: ¨Ter feito o mundo em sete dias, prova que Deus é incompetente. Por que em tão pouco tempo se tinha uma eternidade pela frente ? ¨

Um intelectual carioca cujo nome nem é lembrado, condenando Millor, escreveu um untuoso artigo onde até conseguiu afirmar algo a merecer meditação. Disse ele, pedindo perdão pela possível blasfêmia, que Deus deveria mesmo ter  demorado mais a criar o mundo,   para, além do barro com que fez Adão, e da costela dele, com a qual fez Eva,  colocar, em cada ser humano, uma dose indispensável de bom senso.

Por falar nesse  ¨lapso divino ¨ nos vem a lembrança da tempestuosa operação sob o comando dos Ministérios Públicos.   O objetivo anunciado seria salvar a bacia do São Francisco da degradação. Quiseram talvez,  reconstruir o mundo,   tarefa que desafiaria a própria Criador. No sétimo dia Ele, que era Ele, descansou .  Refestelou-se o Grande Arquiteto, talvez numa rede entre estrelas, e ficou a contemplar, satisfeito, a imensidão cósmica , à qual dera  forma, movimento, e vida.

Então, fecharam e multaram queijarias , restaurantes, bares. Lançaram ao lixo centenas de quilos de queijo. Quebraram gaiolas, dando a liberdade a pássaros que irão morrer, porque, engaiolados, perderam a memória de como sobreviver livres. Apreenderam redes, tarrafas, anzóis, destruíram tanques rede, prenderam carvoeiros. Cúmulo dos cúmulos, proibiram caminhões – pipa de transportar água, alegando que era preciso a autorização da Agencia Nacional de Águas.  Além da retirada ¨sem autorização,¨argumentaram: a água era impropria para beber. A água seria para os rebanhos, e já se informa a morte de animais sedentos.  Os caminhões, sob o comando do Exército,  ou da Defesa Civil e Prefeituras, utilizam obrigatoriamente pastilhas de cloro para a descontaminação. O rio está mesmo poluído, e isso é consequência de cidades, mais de 400, que ao longo do seu leito despejam esgotos sem tratamento.  Em Canindé, um sistema construído muito mal pela CODEDVASF, não faz o tratamento,  isso,  há mais de vinte anos. Em Paulo Afonso, cidade de médio porte, um esgoto despeja, como uma cachoeira, merda puríssima no dique -4, local onde atracam barcos com turistas.

Quanto às queijarias, elas são mesmo, na maior parte  imundas. Nelas, não há moscas, há enxames,  eventualmente,  passeiam ratos e baratas. Por perto, há porcos que se alimentam com o soro, um subproduto. É certo, nosso queijo não é nenhum roquefort, ou canastra.

Queijeiros  há muito tempo tentam conseguir financiamentos no BANESE para reformar e higienizar as suas fabriquetas. Antes da ação um tanto espetaculosa, seria preciso conhecer a realidade da região. Saber, por exemplo, que exigir carteira assinada para trabalhador do campo, é dele retirar o futuro da aposentadoria pelo FUNRURAL, ou   a Bolsa Família que recebe.

Não se pode ter a ilusão ingênua, ou equivocada, de que uma operação pontual e excessivamente  dura, venha a resolver problemas antigos, e mudar a cultura de uma região da noite para o dia. 

Há desemprego crônico no sertão, o Brasil já chega aos 12 milhões de desempregados, só em outubro 74 mil trabalhadores perderam seus postos de trabalho; o país vive a pior crise da sua História. E saem pessoas dos seus gabinetes, com a presunção  autoritária de que iriam reconstruir o mundo a curto     prazo. As suas ações geraram, pelo menos, uns 300 desempregados.

O  Judiciário começa a conceder liminares, e atividades penalizadas  estão sendo reiniciadas. Há seis anos o semiárido sergipano está a esperar por chuvas, e chega então uma  ¨trovoada seca ¨, espalhando o desespero e a revolta,  deixando  desempregados  diante do último recurso, que seria empunhar uma arma,  e ampliar a horda dos bandidos que assaltam e matam.

Os ¨deuses ¨ falharam na condução da ¨trovoada¨ sem efeitos, talvez porque Deus não houvesse acrescentado mais um tempinho à Criação, para colocar em Adão e Eva aquele DNA de bom senso, a ser   transmitido aos seus descendentes.

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A PETROBRÁS DEMITE E VENDE ATIVOS EM SE

Foram mais de 7OO os demitidos pela PETROBRAS em Sergipe. Somam-se eles aos mais de 400 também aqui demitidos pelo Banco do Brasil . A PETROBRAS  também está vendendo ativos. Aqui em Sergipe os campos em terra estão sendo oferecidos, mas, poucos demonstram interesse em explorá-los. São campos maduros com problemas de manutenção, e também ambientais, e capacidade limitada de produção. A  ¨Joia da Coroa¨ a ser oferecida, seria  a FAFEN, a fábrica de fertilizantes nitrogenados. Enquanto se retrai, a PETROBRAS coloca uma pedra no caminho de um importante investimento para Sergipe: a fábrica de cimento projetada para o município de Santo Amaro . Investimento em torno de um bilhão,  e 600 empregos diretos criados. O impedimento é um poço de petróleo mixuruca, próximo, e por isso a estatal  insensível,  não    libera a área da jazida de calcário, indispensável para a produção do cimento.

¨SEA LOS OJOS Y OÍDOS DE LA  REVOLUCION ¨

Há uns 20 anos, em Cuba, um jornalista que lá foi a desfazer o que lhe restava de esperança em revoluções, espantou-se com os numerosos  out- doors espalhados por cidades e estradas, nos quais estava escrito em letras enormes: ¨Sea los ojos y los oídos de la revolucion¨. ( Seja os olhos e ouvidos da Revolução). Era a institucionalização do ¨dedodurismo ¨ , que tanto conhecemos aqui, durante o regime autoritário. O   poder revelava, sem  reservas, a sua face amedrontadora, estimulando uma rede de delação, onde cada vizinho, cada colega, estaria a espionar, a bisbilhotar o outro para delatá-lo    se o considerasse suspeito de sabotar, ou simplesmente ser indiferente à Revolução.

Quando as pessoas saíram às ruas pedindo o impeachment de Dilma, alguns, se mostraram furiosos, porque havia médicos cubanos trabalhando no Brasil, porque o país ajudara uma empresa brasileira a construir o Porto de Mariel em Cuba, e enxergavam quase a iminência de uma invasão cubana, transportando para o Brasil o seu comunismo.

Condenavam aspectos positivos da revolução cubana, como a qualidade do ensino, a eficiência do seu sistema de saúde  Agora, toleram calados, a adoção aqui no Brasil, verde e amarelo, do que  pior existe no regime ¨vermelho ¨ cubano.

Essas medidas propostas contra a corrupção, que na maior parte são positivas, têm todavia, no seu bojo uma, que é exatamente o pior exemplo a se importar de Cuba: a instituição do medo como instrumento essencial do regime ditatorial.

Pela proposta já aceita na Câmara pelo relator, vamos criar a figura do burocrata dedo-duro, aquele que no serviço público ficará a espionar os colegas para descobrir possíveis atos de corrupção. E a esses  indivíduos se confere um status de heróis, merecedores de recompensas.  Com isso, em favor  da baixeza da delação, se desconstrói a  estrutura constitucional do Estado, que tem órgãos especificamente voltados para prevenir e combater a corrupção. A saber: os Tribunais de Contas, as Polícias, especialmente a Federal,  o Ministério Público, o Judiciário,  as Controladorias, os Conselhos, as Corregedorias.

Num regime democrático, a figura de quem se presta a atuar como dedo-duro, deveria ser execrada, jamais premiada.

ENTRE CABARÉS E OS ¨ GALINHAS –VERDES ¨

Murilo Melins, memorialista primoroso, publica no próximo número da excelente  revista Cumbuca, produzida pela pertinácia fértil do jornalista e poeta Amaral Cavalcante, um artigo delicioso de se ler. Enfoca a vida noturna em Aracaju nos anos 40 e 50. Fala sobre cabarés, sobre as suas inquilinas, sobre as venturas e desventuras da boemia. Tudo num clima de poética nostalgia. Nostalgia aliás,  que Mellins tem muitas razões para cultivar.

Já  Gilfrancisco , pesquisador incansável, que tira da poeira dos arquivos a História de Sergipe, deve publicar brevemente dois trabalhos essenciais para que se conheçam o pensamento e as ações do fascismo brasileiro em Sergipe, representado pelos Integralistas, sempre pejorativamente chamados de ¨galinhas verdes ¨.

A PROPOSITO DE GEDEL E OUTRAS COISAS MAIS

Na Bahia, costuma-se dizer que ninguém compraria de Gedel Vieira Lima um lápis que ele estivesse a vender. Acrescenta-se mais, que ele, entrando em qualquer lugar, mela, e ao sair, deixa um rastro de sujeiras. Sendo justas ou não essas considerações nada lisonjeiras,  Gedel, apontado como o gênio indispensável para assegurar a governabilidade do periclitante  Governo Temer, despencou rápido, como tantos outros Ministros igualmente suspeitos.
Especificamente,  o motivo da queda seria diminuto, não fossem as suspeições que Gedel sempre carrega com ele. Um prédio é construído com autorização da Prefeitura ,  e licença ambiental. Crentes  na existência de segurança jurídica neste país, os investidores, que, dizem, seriam ¨laranjas de Gedel , ¨iniciam a construção , e em seguida  a obra é embargada por um órgão federal que cuida do patrimônio histórico, Aí surge a versão  de que o motivo real da interdição fora o descontentamento de tradicional, poderosa e rica família baiana, que possui no entorno do prédio em construção, mansões, cercadas por extensas áreas verdes, e a torre de cimento iria  afetar a paisagem, desvalorizar  os seus principescos  imóveis.

Já o Ministro da Cultura defenestrado, que produziu todo o ri- fi- fi, dizendo defender a  sua dignidade insultada por Gedel, não passará mesmo de um desqualificado moral, se houver feito, como o acusam, gravações  de conversas particulares que mantivera com o presidente Temer, o Ministro Padilha e o próprio Gedel.

Teria capitulado diante da banalização de ações agora louvadas, que bem se adequam ao modelo  de Estado policialesco que nos está sendo imposto.
Acenar agora com pedidos de impeachment para o presidente Temer, parece ser no momento uma tentativa ainda impossível, que só contribui para corroer mais ainda a imagem do Brasil no exterior, criar aqui um clima de insegurança, tudo isso ampliando a crise, e agravando o desemprego. Bem ou mal é imprescindível agora que Temer chegue com a tranquilidade possível até o fim de 2018.

Para isso, contudo, o presidente terá de retirar lições urgentes daquele ditado que fala sobre companhias, porcos e farelo. Ao escândalo do dia, o impagável Zé Simão já deu um nome: ¨Suinogate ¨.

O IPVA E O JEFERSON DOS PASSSOS CURTOS

Teria saído da cabeça do ainda Secretário da Fazenda, Jeferson Passos, a desastrosa idéia de mudar o calendário do IPVA, antecipando para janeiro o pagamento , independentemente da chapa dos veículos. Logo janeiro, quando as famílias estão arcando com despesas inevitáveis, como matrículas, aquisição de material escolar, e mais o IPTU, agigantado agora.

A insatisfação foi enorme, e Jackson logo tomou providencias para corrigir a derrapada política de consequências desastrosas,  da qual tomou conhecimento quando estava em Brasília.

Nos círculos próximos ao governo já se comenta que Jeferson dos Passos Curtos, anteciparia  a saída, para ter mais tempo de integrar a equipe de transição de Edvaldo Nogueira. Jeferson será o Secretario de Finanças de Edvaldo.

Existe, também,  a suspeita de que Jeferson, que nesse caso daria Passos  largos, pretenderia antecipar o IPVA para janeiro, porque, com uma parte dele, os cofres da Prefeitura de Aracaju seriam recheados , logo no inicio do ano.

O DEPUTADO JAIR DE GLÓRIA E O  SERTÃO

O deputado Jair de Gloria,- ele prefere ser chamado assim mesmo, associando a sua cidade, capital do sertão ao seu nome,- tem procurado corresponder aos votos sertanejos que lhe asseguraram o mandato. Mostrou-se sempre presente em questões essenciais, como a instalação do Campus da UFS em Nossa Senhora da Gloria, do Instituto Federal  de Sergipe em Poço Redondo, o que infelizmente ainda não aconteceu, pela desastrosa iniciativa de destruir instalações já existentes, com a conivência do reitor do IFS.

Jairo de Glória promoveu sexta feira uma audiência pública na Assembleia,  exatamente para discutir o gravíssimo problema do abastecimento de água no semiárido, assolado por seis anos de estiagem.

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