NESTE BLOG
1)O FAISCAR DOS BRILHANTES ATRAPALHANDO A SENSATEZ
2)DESTAQUE NA OLIMPÍADA A NEGRITUDE E A FAVELA
3)O ESPORTE JANIO QUADROS E A MENINADA DO SKATE
O FAISCAR DOS BRILHANTES ATRAPALHANDO A SENSATEZ
O presidente francês e a sedução dos diamantes.
No inicio dos anos setenta, um francês, Valéry Giscard D ´Estaing , oriundo das castas mais distintiguidas da aristocracia, aplicava seus sólidos conhecimentos adquiridos nas melhores escolas e universidades, exercendo o cargo de Ministro das Finanças da República Francesa.
Do outro lado do Mediterrâneo , na África, em uma colônia francesa que se tornara a República Centro Africana, “reinava” um déspota, bufão vaidoso , ostentando a fama de ser canibal, era Jean Bédel Bokassa.
Um dia, o frequentador de palácios reluzentes antes habitados pelos seus ascendentes orgulhosos, encontrou-se numa mesa de negociações com o africano, cujos pais o haviam alimentado com a carne de feras abatidas pelas suas lanças nas correrias em meio as extensas savanas.
Giscard, o apreciador de vinhos, queijos e patês, e Bokassa, que guardava carne humana na sua geladeira, tratavam de negócios envolvendo interesses da Metrópole e da antiga Colônia.
Diante do homem requintado faiscavam os brilhantes fantásticos saídos das minas controladas por Bokassa. Entre Banguí, a desenxabida capital do país africano e a Paris das Luzes, as hierarquias tradicionais ficavam invertidas.
Giscard, o nobre, era só mesuras , gentilezas e afagos ao “ canibal”, que, à sua frente, exibia as duas reluzentes pedras , raridades , extraídas do chão da África e lapidadas com esmero numa das joalherias da Place Vendôme. Giscard recebia os diamantes, que aumentariam o patrimônio , e deveriam ser guardados numa caixa-forte. Eram tão volumosos que a sua mulher não poderia exibi - los ao colo.
Sobre o gesto do colonizador poderoso, amaciado e seduzido pelo ditador de uma ex- colônia, baixou um completo silencio.
Giscard foi eleito Presidente da República, Bokassa, que o seduzira com o faiscar das pedras tentadoras, era posto a correr do seu Palácio por tropas francesas, que vieram “restabelecer a democracia.”
Ficou comprovado que Bokassa era mesmo canibal. Encontraram, nos seus frigoríficos, carne humana “de primeira qualidade”.
Ponto para Giscard, ponto para a República Francesa, que ajudara a derrubar um ditador. Paris, dos pensadores, Paris, palco das lutas pela liberdade, igualdade e fraternidade, levava a civilização a Bangui, onde os centro-africanos dançavam nas ruas comemorando, e a Marselhesa era o hino de todos.
Mas um jornal, fez desabar o castelo e melar a festa. O satírico Le Canard Enchainé, ( Pato Amarrado) em manchetes de uma ironia cáustica e denúncia arrasadora, fazia surgir o “ affair des diamants”, ( caso dos diamantes ) que passou a dominar o cenário político , e a inspirar o vaudeville, ou a gozação popular , nos meios artísticos parisienses.
Giscard, perdeu a eleição em 1981, e teve de enfrentar a Justiça.
Lula, nos seus mandatos, época de muita aproximação com a França, recebeu de um presidente francês um relógio, caro, avaliado hoje em 60 mil reais.
Há poucos meses ele presenteou Macron, o presidente francês, com uma táboa de queijos finos, quase todos de Minas. Uma gentileza elegante, e a insinuação para que Macron, provando, avalizasse a qualidade dos queijos brasileiros.
O general Charles de Gaulle do alto da sua experiencia e sutileza, dizia que era quase impossível governar a França, um pais que tinha mais de mil queijos.
Lula sabe e o Itamaraty tão bem o orienta que seria uma gafe imensa, se ele viesse a presentear a senhora Brigitte, a esposa de Macron, com um mimo valioso, tal qual um colar de pedras preciosas brasileiras. E Macron com certeza o devolveria.
Talvez Lula nem tivesse conhecimento do “ affair des diamand” que derrubou Giscard, mas Macron, conhece a história da França, e os escândalos contemporâneos.
O general Figueiredo quando presidente do Brasil foi fazer uma visita de Estado à Argentina, conversar com seu colega o presidente general Galtieri.
Foram juntos visitar uma cavalariça do exército. Galtieri mandou separar um potro da raça criolla , e deu a Figueiredo, que disse ter gostado de um outro. Resultado, regressou ao Brasil com os dois e os hospedou na Granja do Torto, onde eram alimentados com aveia e cenoura pela Viúva, sempre pródiga.
Tão generosa, que patrocina o Festival das emendas PIXs, que os nobres parlamentares não admitem perder.
A Lula, um sindicalista, não cabe bem usar um relógio luxuoso, mas ele diz que apenas o guardou e o recebeu antes de uma decisão do TC proibindo os tais presentes.
Nos países árabes super ricos, ética, é assunto desconhecido. Eles costumam mesmo corromper, seduzir com aquele brilho fatal dos diamantes.
Bolsonaro esteve em visitas oficiais aqueles países, tratando de negócios vultosos, na área do petróleo e gás, e deles recebeu “agrados” de altíssimo valor, inclusive colares, rebrilhantes, para a sua esposa. Recebeu, guardou, e envolveu oficiais generais , aeronaves da Força Aérea, Embaixadas e Consulados para o transporte, e depois, a venda clandestina das joias nos Estados Unidos. Utilizou-se de servidores públicos para essas transações, e levou ao limbo do descrédito um general , Lorena Cid, e um almirante, Bento Albuquerque, que foi um eficiente ministro. Atendiam a Bolsonaro nessas transações furtivas e beirando a promiscuidade. Outros auxiliares, como o tenente-coronel Cid que teria uma carreira a percorrer com credenciais para chegar ao generalato, estão sendo processados, foram presos, e o ex-presidente não tem um só gesto de solidariedade efetiva, que seria o de responsabilizar-se por tudo.
Já Lula, deveria entregar o relógio a uma instituição de caridade, enquanto os senhores parlamentares ao invés de se empenharem numa briga inglória pela manutenção das emendas Pixs, poderiam elaborar uma legislação vistosa, bem minuciosa, sobre essa questão de presentes, tanto para eles mesmos, quanto para integrantes do Executivo e Judiciário, deixando bem claro que Magistrados e Promotores não podem também receber presentes de empresas, como patrocínio para eventos de quaisquer espécies, inclusive, esses badalados seminários jurídicos em Lisboa.
Que a proibição não seja limitada apenas aos burocratas de baixa patente.
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DESTAQUE NA OLIMPÍADA A NEGRITUDE E A FAVELA
A vitoria de Bia e Rebecca, e também derrota do preconceito
Um francês , que era Barão, Pierre de Coubertin, em 1896 realizou o sonho de recriar na idade moderna os jogos que os gregos inventaram, sete séculos antes de Cristo. As Olimpíadas não eram apenas uma consagração do esporte, tinham um significado mais amplo: exaltavam a paz. Guerreiros abandonavam as armas e competiam , triunfando ou perdendo , sem a ferocidade do ódio.
Nos jogos, os habitantes das cidades – estado da Hélade demonstravam que competir não significava subjugar ou matar o adversário; e que os campos de batalha poderiam dar lugar às arenas onde surgia a prática do Esporte.
Estavam descobrindo , aqueles gregos olímpicos, que ensarilhar as armas , cultivar a harmonia e praticar os jogos, ou seja, o esporte, eram atitudes que preservavam a vida e arejavam o espírito.
Sem guerras acontecendo, naquele tempo olímpico de distensão e congraçamento, começou a ser pronunciada uma palavra estranha, que os gregos, embora timidamente, já haviam acrescentado ao seu vocabulário: EIRINI, PAZ. E todas as línguas e dialetos foram criando palavras que têm o mesmo significado.
Transcorridos mais de dois mil e setecentos anos desde os primeiros jogos gregos, a ideia de paz percorre as olimpíadas modernas, que, ao longo de 128 anos, só foram interrompidas nos períodos das duas Grandes Guerras , quando ocorreram as maiores carnificinas que o homo sapiens causou, desde que aprendeu a fazer o fogo e clareou a noite nas suas cavernas.
Mas, o ódio entre as nações, o preconceito racial , mancharam quase todas elas.
Na Olimpíada de Munique, 1974, foram metralhados e mortos 17 atletas. Todos assassinados por integrantes da organização terrorista Setembro Negro. Por que foram trucidados ? Eram judeus, só isso.
Nesta quinta -feira, em Paris, uma técnica da equipe feminina de ginástica, fez, com os dedos, o sinal repugnante do White Power, adotado pela horda dos supremacistas brancos. Ela é da Hungria, país que já viveu e sofreu a opressão do comunismo soviético, e agora, desgraçadamente, revive as práticas fascistas , que incluem o ódio racial.
Também, nesta quinta -feira, em São Paulo, um Procurador de Justiça que é negro, foi constrangido por um segurança ao entrar no prédio sede do MP.
Ele denunciou a agressão e espera providências.
O Comitê Olímpico cometeu um erro gravíssimo quando agendou e manteve a realização em 1936 da Olimpíada em Berlim, enquanto o tenebroso regime de Hitler já dizimava os judeus, e estava com a sua máquina de guerra ultimando os preparativos para conflagrar o mundo.
Presente a uma das competições, Adolf Hitler assistiu o negro americano Jesse Owens, derrotar na corrida o alemão que o seguia, e ganhar a Medalha de Ouro.
Hitler, furioso, retirou-se do estádio para não entregar a Medalha ao “ untermensh” ( sub-humano) o conceito desprimoroso e infame, a marca registrada do degenerado regime nazifascista .
Nesta olimpíada o Brasil não repetirá os números apenas razoáveis que alcançou em Toquio, mas há motivos outros para comemorações....
Em primeiro lugar, a maioria dos integrantes da delegação brasileira em Paris é de mulheres, grande parte dos medalhados é formada por mulheres e negros, estes, quase todos saídos das favelas, e alcançando a chamada “ Glória Olímpica. “
A Favela, apesar de ocupada por milicianos e traficantes, vai resistindo, dando exemplos de como se pode estimular o empreendedorismo, como podem os jovens que ali vivem escapar do “ mundo fácil “ que os ocupantes bandidos lhes prometem. Vindos das favelas estes brasileiros exemplares, pretos, brancos, pardos, nivelam-se aos maiores atletas do mundo. Eles, subindo aos pódios, guardam na memoria o som dos tiroteios, lembrando do irmão, do amigo que morreram de “ balas perdidas”.
E pior ainda, sabendo que no país cujo nome engrandecem e apresentam ao mundo, ainda vivem muitos que lhes torcem os narizes, inconformados, porque eles são pretos, saíram da favela, e se tornaram campeões.
Mas as cenas de Rebeca Andrade, e Bia Souza, ouvindo o Hino Nacional, contritas, emocionadas, fulgurantes, nos obrigam a acreditar que um dia a “Pátria Amada Idolatrada “ será, de fato, a “Mãe Gentil “ de todos os brasileiros.
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O ESPORTE JANIO QUADROS E A MENINADA DO SKATE
Japinha e o esporte da meninada.
Jânio Quadros, o Homem da Vassoura, seria o Salvador da Pátria. Foi eleito presidente numa onda popular, dessas, que periodicamente se formam neste país, onde um povo tão crédulo quanto decepcionado, acredita no primeiro vigarista que se apresenta como tábua de salvação .
Tornando-se presidente, Jânio revelou-se em toda a sua verdadeira face de demagogo, farsante , paranoico e inveterado consumidor de garrafas. Tinha hábitos estranhos, e nos sete meses que ocupou o cargo de Presidente fez um festival de idiotices.
Eleito prefeito de São Paulo, mesmo depois de ter renunciado e abandonado o país, Jânio continuou o mesmo paranoico.
Não satisfeito por ter proibido o biquini , felizmente sem sucesso, resolveu proibir o skate na cidade. Disse que o esporte oferecia risco às pessoas, determinou até que a Guarda Municipal tomasse o skate de quem fosse encontrado treinando, ou percorrendo as ruas, e quebrasse o brinquedo que começava a ser usado pela meninada. Não era barato, e parecia ser um modismo de quem tinha papai com dinheiro para compra-lo. Mas a meninada da periferia já aderira ao skate, e começou também a fabricar em casa ou nas comunidades os seus próprios “ brinquedinhos “.
Luiza Erundina, a paraibana destemorosa e digna que sucedeu Jânio na Prefeitura, eleita por um novo partido que surgia, o PT, veio em defesa da “ meninada”, protegeu a sua “ brincadeira “ e o seu instrumento. Ate comprou e mandou distribuir entre eles o skate.
Hoje, a “ meninada” com seus skates é aplaudida em Paris, e ganha o pódio.
Figueiredo, o último presidente do regime autoritário, mandou elaborar um empolado decreto onde detalhava os riscos, as deformações que o futebol poderia causar se praticado por mulheres.
Proibiu as mulheres de praticar futebol.
Hoje, quando temos em Marta, a alagoana , o nosso Pelé em saias, mulheres do Brasil e do mundo, enchem os estádios, e sobem
aos pódios olímpicos.
Houve um tempo em que até na Bahia, a polícia caçava capoeiristas, e igualava o seu gingado
aos malefícios da vadiagem.
O mundo muda, quer queiram ou não os renitentes
passadistas, ou empedernidos conservadores.