O DINHEIRO DA DESO E O “ PRESENTINHO DE NATAL”
Uma decisão acertada, dinheiro da Deso para as prefeituras só em janeiro.
O governador Fábio Mitidieri já teria traçado as regras para a partilha da suculenta soma de recursos provenientes da inusitada venda da DESO, que não é rigorosamente uma privatização, mas, transfere o comando operacional da empresa para um grupo privado, coisa que outros estados já fizeram, e até agora estaria revelando bons resultados. Em relação ao modelo que não é simples adotado em Sergipe, onde a água continuaria sendo fornecida pelo que restou da estatal, resta dar tempo para que se confirme ou não a eficiência da fórmula adotada.
A DESO nesta última e derradeira administração, desceu os últimos degraus do desleixo, do desrespeito ao consumidor. Os infelizes viventes ou sobreviventes na região vasta do semiárido ,, são as mais indignadas testemunhas desses tempos em que não mereceram, sequer, um simples aviso, diante das resilientes interrupções no fornecimento, durante as quais, nunca avistaram algum carro -pipa chegando, enviado pela DESO como sempre acontecia antes, nessas situações de crise transformando-se em calamidade pública.
A DESO é a própria calamidade pública. Dai porque as resistências à privatização, ou o que seja que tenha sido feito, não chegaram a produzir consistentes protestos , além das tímidas manifestações sindicais.
O fato agora irreversível, é que, a abusadora da paciência do povo está extinta, e a sua “ morte” gerou para o governo uma soma portentosa de recursos, a maior além das receitas normais, ou corriqueiras, já postas à disposição de um governante de Sergipe, desde os anos noventa, quando foi feita por Albano a privatização da ENERGIPE, ( agora ENERGISA) o que rendeu um valor aproximado de 500 milhões de reais, apesar da inflação, ainda menos do que os anunciados quatro bi, propiciados pelo que também se passou a denominar “ aluguel da DESO “.
A dinheirama terá de ser repartida com os setenta e cinco municípios sergipanos. Há prefeitos que até imaginam judicializar o caso, entendendo que caberia aos municípios algo mais do que oitenta por cento da bolada.
O que deverá prevalecer, porém, é a aritmética já consagrada pelo governador, e que renderá uma soma de recursos que, nem em sonho, seriam cogitados pelos prefeitos.
Com a divisão, alguns ficarão com somas superiores a vinte milhões de reais, logo, na primeira partilha.
O que se tem a observar agora é a data do inicio dessa distribuição já decidida pelo governador: o próximo mês de janeiro de 2025.. Ou seja, os prefeitos em fim de mandato não devem mais esperar o Papai Noel que lhes traria o “presentinho de Natal “. Sem duvidas o governador Mitidieri sopesou os riscos do dinheiro farto e em “ fim de feira”.
Entre os novos prefeitos que tomarão posse no primeiro dia do ano, havia a enorme preocupação de que a tentação do “ presentinho de natal” transtornasse a cabeça dos prefeitos nos seus últimos dias de caneta na mão.
Os prefeitos que assumem , principalmente aqueles que receberão as finanças em desordem, podem agora ficar tranquilos, se tranquilidade ainda for possível para um prefeito como o eleito de Canindé, que assiste o dia a dia de um processo calamitoso de devastação da máquina pública. Mas o caso de Canindé tem uma característica inusitada: pelo desastre atual não pode ser culpado apenas, o prefeito que a trancos e barrancos vai conseguindo manter-se no cargo até primeiro de janeiro.
Pela folha que foi irresponsavelmente inflada, pelo calote aplicado a fornecedores e aos próprios funcionários, por uma infinidade de atos administrativos desconexos, e até a transformação da própria prefeitura em comitê eleitoral, o maior responsável é o candidato derrotado em outubro, Kaká Andrade. Pela forma nada exemplar como foi conduzida a Prefeitura desde o ano passado, responde legalmente o prefeito Weldo, mas a sua caneta moveu-se sob as ordens de Kaká Andrade , o candidato que ele derrotara, e que desde o primeiro dia de mandato o ameaçava com sucessivas ações na justiça.
Um dia, lá pelos idos de julho do ano passado, Weldo, receando que o pior lhe acontecesse, foi abrigar-se debaixo da sombra protetora de Kaká Andrade, que teve o desplante de declarar publicamente, que era o salvador do prefeito assustado, e até jurando, em tom solene: “ em curto espaço de tempo, vou colocar a casa em ordem.”
A casa que ele prometera consertar, transformou-se num pardieiro, onde as mais “ excêntricas providencias” foram postas em prática. Desavergonhadamente.
O que está acontecendo hoje, a calamidade em que afundou o município, resulta, em grande parte, dos desmandos registrados na época em que Kaká tornou-se o prefeito de fato. Enquanto o de direito tornava-se, apenas, um manipulado boneco de engonço, obediente e amestrado, botando a caneta onde lhe ordenavam.
E então, a esbórnia desatada transformou-se no caos absoluto.
O dinheiro que em hora certa e oportuna o governador irá liberar, no caso de Machadinho, o novo prefeito de Canindé, será uma ajuda substancial, para que volte a existir responsabilidade, acrescida com uma indispensável dose de vergonha na cara.
Assim, talvez seja possível transformar o caos em esperança.