Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
O BOI CAPADO E A FARSA DO PEÃO DESENGONÇADO
27/09/2022
O BOI CAPADO E A FARSA DO PEÃO DESENGONÇADO

O boi capado, metáfora de um tempo.

O touro era manso, capado, para não ter a ousadia de cometer machezas. Estava embandeirado, mas não era um boi de festa. A bandeira nacional o recobria, seus chifres foram precavidamente serrados. Aguardava-se o peão destemido, que viria montá-lo para exibir-se ao pequeno público, e resistindo, impávido, às corcovas do taurino indomável. Seria, assim, uma espécie de metáfora bovina do sucesso inquestionável de um candidato.

O touro, um “patriota” carregando a bandeira, seria quase um miúra, igualzinho aqueles que são preparados para os embates nas “plazas de toros” espanholas.

Desce de uma moto sem capacete, e rosto enfezado, o audaz “toureiro”, aproxima-se da “fera”, que mais parece dopada, sobe ao lombo do bicho, e a alimária, pesadona, começa um andar bamboleante, e logo se detém exaurida.

O “ toureiro” desce, encerrando a ridícula jornada de alguns metros. O touro fica com aquele jeito aparvalhado, sem entender nada do que acontece à sua volta.

Aquela, foi mais uma cena de campanha do candidato Bolsonaro. Aconteceu  às margens do São Francisco, onde floresce um grande projeto de irrigação, polo de desenvolvimento fantástico no sertão pernambucano, em Petrolina, de um lado, e Juazeiro do outro, no lado baiano.

O candidato, e atual presidente da República, nada falou sobre a região, os seus sucessos, e seus anseios e temores. Preferiu o lombo do boi capado, e depois uma fala raivosa, agredindo, xingando, repetindo impropérios.

De tudo aquilo restou a metáfora de uma castração do bom senso e da inteligência brasileira.

O boi capado, e indevidamente portando a nossa bandeira, fica como símbolo de uma visão bovina, de um Brasil amesquinhado.

Longe dali, o candidato que em Pernambuco, (a terra escolhida para o trotar do boi capado) ultrapassa os 60% de votos, estava reunido com uma expressiva parcela do PIB brasileiro, e aplaudido, ao sugerir que o mundo empresarial se junte a uma Frente Ampla de salvação nacional, e o ajude, depois, de forma solidária numa campanha para erradicar a fome, que voltou a torturar milhões de brasileiros. No mesmo dia, Lula recebia, também, o apoio maciço da inteligência brasileira, representada por artistas, literatos, acadêmicos, filósofos, o mundo da cultura, do entretenimento. Somavam-se também à Frente Ampla, democrática, personagens como ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal, ministros aposentados Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Celso de Melo e Nelson Jobim, que traduziram em densas declarações, sua indignação ao abastardamento das instituições, levado a efeito pelo “domador do boi capado”. Em resumo, eles afirmam que Bolsonaro não está à altura de ocupar o cargo de presidente da República. O ex- ministro Delfim Neto, somou-se à frente, da mesma forma um dos formuladores do Plano Real, André Lara Rezende, e o jurista e professor emérito, Miguel Reale Junior, aquele mesmo que assinou o pedido de impeachment da presidente Dilma. A onda de adesões à Frente

Ampla é enorme, e grotescos espetáculos como o desfile do “boi capado” ajudam a engrossá-la.

 

LEIA MAIS

 

BAIXA O PANO NO PALCO DE VALMIR DE FRANCISQUINHO


A espera ansiosa para ser ou não ser.

O debate na TV–Sergipe entre os candidatos ao governo de Sergipe, foi uma espécie de último suspiro do candidato Valmir de Francisquinho, inquestionavelmente um fenômeno eleitoral. Ele não se saiu mal, e seus adversários não o questionaram sobre  a decisão que a qualquer momento poderia inviabilizar a sua candidatura, que ele, com muita ênfase, reafirmou estar garantida. Na madrugada da quarta–feira conheceu-se a decisão do Tribunal Eleitoral, reafirmando a inelegibilidade da chapa encabeçada por Valmir. Ele e sua vice, a advogada Emília Correia, continuam aparecendo nas urnas eletrônicas, mas, os votos obtidos serão anulados. Poderá, apesar de tudo, surgir uma nova decisão que o livre definitivamente da enroscada atual. A novela tem infindáveis capítulos.

Não se sabe, exatamente, a razão da teimosa insistência de Valmir em manter-se candidato, sendo evidente que, de última hora, algo poderia acontecer. O que aconteceu, até agora, em nada engrandece o processo eleitoral, revelando, pelo contrário, uma excessiva lentidão da Justiça, que gera mal estar e descrédito.

Não se sabe, exatamente, para aonde será encaminhado o poderoso capital de votos que tem o ex-prefeito itabaianense. Todos agora estão no seu entorno, em busca de um provável apoio, mas, ao que parece, Valmir gostaria de permanecer figurando nas urnas, na hipótese de poder, depois, exibir o número de votos obtidos, como troféu compensador para uma batalha perdida. Todavia, permanecendo a decisão atual, os votos serão simplesmente anulados, e ninguém jamais saberá quantas vezes nas urnas foi digitado o nome dele.

Melhor faria Vlamir, para medir o seu potencial, se nessas últimas horas que restam, pedisse aos seus eleitores que descarregassem como protesto seus votos em algum desses candidatos, que não chegam a ter um por cento dos votos. Não seria uma tarefa fácil, mas, mesmo assim, ele levaria para o anódino candidato a ser escolhido, uma soma expressiva de votos, e aguardaria as próximas eleições, quando, possivelmente livre das restrições que agora contra ele pesam, poderia concorrer sem o fantasma ameaçador de uma impugnação. Enquanto isso, a condição de vítima estaria funcionando a seu favor.

Nos debates televisivos, dentro daquele mesmo modelo já completamente superado, os candidatos se tornam autômatos, respondendo hipotéticas perguntas, com respostas já anteriormente preparadas. Nesse último da TV-Sergipe, Francisquinho foi visivelmente preservado de maiores constrangimentos, porque havia o olho pregado no seu espólio eleitoral. Tudo sairia politicamente correto, não fosse aquela arrogância, aquela empáfia até deseducada e grosseira, marcas registradas do senador Rogério. Quando Mitidieri o encurralou, batendo no seu lado podre do orçamento secreto, Rogério tergiversou, e afundou na baixaria. O prepotente Rogério, elegendo-se governador de Sergipe, e tendo Lula como aliado em Brasília, se sentirá, assim como Putin: um régulo autocrata. E então, haja laranjais. E aí de Sergipe.

Se depender, todavia, do conceito que Lula tem a respeito de Rogério, passada a eleição, ele repensará o que fazer com o “aliado” inconfiável.

O senador Alessandro, continua repetindo os seus mantras: “gestão eficiente e combate à corrupção”. Talvez, o Delegado  aliás eficiente, esteja embaçando a visão política do agora senador.

Naquele fastidioso debate, surgiu a novidade da candidata do PSOL, Niully Campos. A jovem professora é articulada, transita bem nos labirintos da política, e demonstra conhecer a realidade sergipana.

Mitidieri tentou levar o debate para algo mais propositivo, mas, tornou-se logo o alvo preferido de Rogério, que, por sinal, na sua impetuosidade de terra arrasada, atingiu até Jackson Barreto, o seu aliado de ontem; adversário depois; e agora novamente aliado, dizendo que, em Sergipe, a partir de 2010, não houve mais investimento em Educação e em Saúde. Sobre investimento e “desinvestimento” em Saúde, Rogério pode escrever um alentado tratado, sem deixar de incluir as fórmulas para operar com terceirizadas.

 

LEIA MAIS

 

AS MANSÕES VOLTAM A OCUPAR  ESPAÇOS


Mais uma mansão na boa vida dos Bolsonaro.

A família Bolsonaro parece ter irresisitível compulsão por mansões vistosas, de alto luxo. Nem explicaram ainda de onde surgiu o dinheiro para comprar parte dos 51 imóveis em dinheiro vivo, ou a origem dos nove milhões e quatrocentos mil reais na conta de uma ex-esposa, que, por sinal, terminou por admitir a compra suspeitíssima de uma vistosa mansão às margens do lago brasiliense. Um dos filhos, há dois anos, passou a morar numa espetacular mansão, que, alegou, teria sido financiada pelo banco estatal de Brasília.

Agora, surge uma estranha disputa em torno de uma mansão cinematográfica em Angra dos Reis. O enredo é de filme policial, repleto de episódios eletrizantes ou tenebrosos. Uma senhora de 78 anos diz ter sido enganada. A casa, que fica numa ilha, foi vendida para o jogador Richarlison, isso em 2020. Depois, aparece como dono o advogado Willer Tomaz, amicíssimo de Flávio Bolsonaro, o senador. O caso rola na Justiça, e Flávio surge como testemunha no processo.

A casa é simplesinha: tem 11 suítes, praia privativa, quadra de tênis, heliponto, piscina semiolímpica e mais ainda variados luxos e ostentações.

É avaliada em dez milhões de reais, nesses negócios onde sempre o adicional é pago em dinheiro vivo.

Não há dúvidas, a República foi invadida por um clã de sibaritas.

INFORME PUBLICITÁRIO

Baixa cobertura vacinal pode reintroduzir doenças erradicadas

Sergipe registra queda no índice de vacinação geral, sobretudo em crianças e adolescentes nos últimos três anos. A redução é resultado de uma tendência que atinge o Brasil desde 2015, mas que se acentuou com o início da pandemia da Covid-19.

O cenário é preocupante, principalmente, quanto a cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1). De janeiro a setembro do ano passado, a cobertura vacinal foi de 56%. Este ano, 41 %, segundo dados do Programa Estadual de  Imunização da Secretaria de Estado da Saúde.

Situação semelhante acontece com a imunização contra a paralisia infantil. A cobertura da vacinação contra poliomielite caiu de 73%, da janeiro a setembro de 2021, para 64% este ano de 2022. Embora o Brasil esteja livre da paralisia infantil desde 1990 é  fundamental a continuidade da vacinação para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no país. 

Diante do cenário de baixa cobertura vacinal, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), vem impulsionando o movimento "Vacina Mais Sergipe"; para ratificar a vacina enquanto meio essencial para erradicar e impedir o retorno de doenças.

A Secretaria de Estado da Saúde reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial das crianças menores de cinco anos que devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina.

A maior parte das doenças infecciosas graves podem ser, atualmente, evitáveis através de vacina. Porém, é preciso estar atento ao calendário de vacinação. Sergipe conta hoje com 489 postos de saúde, distribuídos entre sede e povoados, além das unidades  hospitalares que recebem as vacinas para recém-nascidos (BCG e contra Hepatite B).

Voltar