Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA E SÃO CRISTÓVÃO ONDE NÃO HÁ MATADOUROS
26/11/2018
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA E SÃO CRISTÓVÃO ONDE NÃO HÁ MATADOUROS

Na quase praiana São Cristóvão e na sertaneja Nossa Senhora da Glória, podem existir Matadouros para o abate dos bois. Se existiam ou ainda existem, os prefeitos Marcos Santana e Francisco Nascimento, Chico do Correio, deles devem ter guardado uma asséptica distância, e assim, sabendo ser prevenidos em relação a deletérias consequências. São Cristóvão era, até pouco tempo, um município infelicitado pelos desmandos que muito trabalho deu a um atento e indobrável Juiz, Manoel Costa Neto.

Nossa Senhora da Glória não tinha essa ¨tradição¨ comprometedora, precisava, tão somente, de um prefeito moderno e pragmático que soubesse aparelhar, no bom sentido o município, para que se tornasse parceiro e indutor do desenvolvimento. A iniciativa privada já o fizera nascer, demonstrando vocação para o empreendedorismo em maior escala, transmitida pelos feirantes, que ali instalaram o maior mercado a céu aberto da região sertaneja.

A antiga Boca da Mata, infelizmente perdeu a característica ecológica do seu nome, porque da sua área quase desapareceram as vastas caatingas, mas, acomodando-se ao regaço da Padroeira Nossa Senhora da Glória, viu expandir-se o seu comércio, surgirem as indústrias, tornar-se a capital do leite, juntar a isso a força da pecuária, e até produzindo muito milho quando as chuvas substituem as secas, agora extremas. Dois grupos locais lá tanto se destacam, o Natville, o Avelan, e outros que chegaram, como o itabaianense Peixoto, e muitos mais. Glória é agora um polo dinâmico de desenvolvimento.

Em Glória se expande o campus de ciências agronômicas da UFS, e começa agora uma Escola Técnica Profissionalizante, iniciativa do deputado Laércio Oliveira, presidente da Federação do Comércio de Sergipe. É importante contribuição para dar sustentabilidade ao crescimento econômico.

Chico do Correio, faz uma marcante gestão, acompanha a modernidade, mantêm as finanças em equilíbrio. Fez, há uma semana um concurso público para umas duzentas vagas, e houve mais de vinte mil pessoas na disputa. A empresa privada que organizou o concurso, distribuiu os participantes, tanto em Glória como em cidades mais próximas. Em Canindé foram quase três mil, que movimentaram restaurantes, pousadas, hotéis, postos de gasolina, o mesmo acontecendo no entorno da Boca da Mata, onde Véio, o notável escultor, dá formas incríveis ao que modela com sensibilidade e invenção, a partir da maciez da nobre madeira da Umburana.

Em São Cristóvão, o economiário Marcos Santana, em tempo curto alcançou resultados surpreendentes. O sucesso que teria como político e administrador seus irmãos da Maçonaria já antecipavam, pela vocação que revela no desbastar da pedra bruta. E São Cristóvão era uma ¨pedra bruta¨ de impurezas, não exatamente geológicas, mas de degenerescência da máquina administrativa, tantas vezes conspurcada pelo instinto saqueador.

Neste novembro, quando em Glória alcançava pleno sucesso uma Exposição Agropecuária, que se torna a mais importante de Sergipe, em São Cristóvão renascia, com ímpeto, o Festival de Artes. Uma iniciativa do então Reitor da UFS na década dos setenta, Clodoaldo de Alencar Filho. O Festival alcançou destaque nacional. Recebeu o apoio de sucessivos governadores, do prestigiado senador Lourival Baptista, da influencia que tinha Dom Luciano Duarte no Ministério da Educação e Cultura, o suporte decisivo que lhe deu o ministro Jarbas Passarinho, militar e intelectual, destituído das mesquinharias do preconceito. Marcos Santana fez a Festa reviver, levou turistas à quarta cidade mais velha do Brasil, levou o êxtase da arte, iluminou a Praça Patrimônio da Humanidade, os seus casarões barrocos.

São Cristóvão está buscando retomar o caminho promissor do turismo. Para isso, Marcos Santana foi trabalhar parcerias com a iniciativa privada, e Luciano Franco Barreto, líder de um grupo empresarial forte, e de categorias empresariais, construtores, e hoteleiros, já estimula um projeto abrangente, capaz de dar sequência e garantia a um fluxo turístico que se pretende fortalecer na terra onde não mais se esperam os estampidos dos foguetes de João Bebe Água anunciando o retorno da capital, desistindo dos miasmas dos mangues do sítio do Aracaju. São Cristóvão, sede do campus da UFS, faz parte orgulhosa da Grande Aracaju.

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