NESTE BLOG
-HOSPITAL DO CÂNCER DE LAGARTO
ATENDENDO A PARTIR DE 1/12/ 23
-AS ASSOCIAÇÕES PRÓ- CONSTRUÇÕES E O ESTELIONATO
- O LIVRO DE JB QUE JORGE CARVALHO ESCREVEU
-SAI DA FRENTE,ESTAFERMO
HOSPITAL DO CÂNCER DE LAGARTO
ATENDENDO A PARTIR DE 1/ 12 / 23
Coisa rara: um hospital moderno e amplo, construído em dois anos, já equipado, e começa a funcionar nesse dezembro.
Vez por outra, felizmente, a incredulidade se desmancha.
Quase ninguém acreditava, neste nosso Sergipe tão suspeitoso, e, para assim ser, repleto de razões, que um Hospital especializado em câncer fosse iniciado e concluído no exíguo prazo de dois anos, e, ainda mais tendo uma pandemia pelo meio.
Em Lagarto, a partir de 1 de dezembro deste ano, sim, deste findante 2023, o Hospital do Câncer do sistema Hospitais do Amor de Barretos (SP), estará iniciando o atendimento aos pacientes oncológicos. Em outras palavras: o Hospital está pronto, com todos os seus complexos equipamentos instalados, e começa a salvar vidas.
É possível, e também desejável, que, em um futuro próximo todos os hospitais do câncer estejam desativados. O mal devastador poderá ter sido vencido com uma vacina, ou qualquer outra forma de evita-lo, e deixará de ser a solerte doença que, nos nossos dias, mais tem avançado, adquirido formatos diversos que perturbam e confundem os pesquisadores, estes, às voltas com as possíveis causas, que, até suspeitam, possam estar nos hábitos de vida e circunstancias acompanhando os tempos modernos.
A tuberculose, ou Peste Branca, foi chamada de mal do século, isso, referindo-se ao século dezenove, quando a tísica dizimou vidas de personagens famosos, como Frederick Chopin, que trocou suas polonaises pelo réquiem inacabado, ao sentir que a vida se lhe esvaia aos 39, anos, aqui, no Brasil, Castro Alves, aos 24, tendo a sofreguidão de concluir os seus geniais poemas épicos, na agonia do curto tempo que dispunha.
A invenção em 1943 da estreptomicina, acabou a Peste Branca.
Os hospitais especializados em tuberculose, ou Sanatórios, passaram a servir para o tratamento de outras doenças. O caso mais emblemático é o de Campos do Jordão, estancia climática paulista. Os seus ares puros de montanha, antes do antibiótico, davam esperanças de vida aos milhares de pacientes. Ali, todos os Sanatórios, e eram mais de vinte, foram fechados, ou abrigam, agora, atividades diversas. Em Aracaju o Hospital Universitário funciona no antigo Hospital de Tuberculose.
A hanseníase, ou lepra, era algo aterrador. Leprosos andavam aos bandos, vagando pelos ermos, distantes do resto do mundo, e pelo mundo esquecidos. Num subúrbio quase escondido de Aracaju, havia um leprosário onde os doentes eram amontoados. Não existem mais leprosários, os poucos afetados pela doença recebem um coquetel de antimicrobianos, que o SUS fornece, e ficam curados.
Para negacionistas, energúmenos, onde se encontram até mesmo muitos médicos, não custa recordar que as vacinas BCG e a descoberta pelo Dr. Sabin, já em tempos mais recentes, acabaram com a tuberculose e a poliomielite, (paralisia infantil), doenças que jogavam para baixo a média de vida brasileira.
Com a crença nas possibilidades múltiplas da ciência, faz sentido acreditar, que, em um período de tempo ainda impossível de estabelecer, os hospitais do câncer, desativados, estarão dedicados a outros tratamentos, servindo para outras atividades.
Em um Sanatório nas alturas dos gelados Alpes suíços, o Berghof, desenrola-se a trama do romance fulcral de Thomas Mann, A Montanha Mágica. Aristocratas, nobres e magnatas de toda a Europa, e além, para ali se encaminhavam, em busca da cura, onde os ares puros, secos, e o clima frio, davam consistência aos paliativos médicos possíveis na época, que era a antevéspera da grande guerra. Enquanto pela Europa as armas eram outra vez empunhadas, ali, a busca pela vida gerava um páthos favorável de compreensão entre tantas raças, tantas nacionalidades, e foram tantos que lá em baixo se antagonizavam, e se fizeram inimigos irracionais, agora ali, repensavam as suas existências desagregadoras.
No Sanatório nas montanhas, Thomas Mann alinha os seus personagens, esperançosos de derrotarem a morte, e em busca de sentidos para a vida . Na convivência forçada em espaços restritos, a esperança misturava-se com o conformismo e o desespero, e havia uma catástrofe anunciada: a primeira Grande Guerra.( 1914-1918) Para o ódio, infelizmente, não existem, hospitais nem sanatórios que sejam eficazes.
Ao longo do tempo tem sido imprescindível o papel desempenhado pelos hospitais, como templos sagrados onde se travam as sacrossantas batalhas pela vida.
O Hospital do Câncer em Lagarto será mais um desses virtuosos “ templos “, erguido aqui entre nós, pela pertinácia de um descendente de sergipanos, do Lagarto e de Simão Dias, Henrique Prata.
Quando, um dia, os hospitais do câncer tiverem concluído a sua missão, e estejam sendo desativados, Henrique Prata estará feliz, por ver concretizar-se um sonho que foi do seu avó, médico e escritor, do seu pai e mãe que tanto lutaram contra o câncer, ( sua mãe, a doutora Sila Prata, estará completando cem anos neste mês de outubro. )
Henrique Prata estará na galeria nobre dos que mais fizeram para que os pacientes do câncer fossem tratados com dignidade, e a doença finalmente f vencida.
Certamente, Marcelo Déda onde estiver, sorrirá, diante de mais um sonho seu, concretizado em Sergipe e no mundo.
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AS ASSOCIAÇÕES-PRÓ CONSTRUÇÕES E O ESTELIONATO
O engenheiro e empresário Luciano Barreto, agora, finalmente, assiste as suas denúncias a respeito dessas Associações pró-construções sendo comprovadas. Ele não se manifestava contra a criação de Associações, mas, denunciava a forma por elas adotadas, deixando vulneráveis os associados, e protegidos os criadores e gestores dos grupos. Enumerava brechas ilegais que sinalizavam evasão de impostos e, mais ainda possíveis desvios de finalidades.
Agora aconteceu. Algumas dessas Associações resolveram utilizar o dinheiro dos associados destinados à construção das suas moradias, e foram aplicar esses recursos em pirâmides financeiras que resultaram fracassadas. Como sempre acontece com projetos que lidam com dinheiro alheio, sem uma proteção consistente de segurança jurídica e transparência nos negócios.
A Caixa Preta explodiu e o estelionato revelou-se.
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O LIVRO DE JB QUE JORGE ESCREVEU
Na biografia uma etapa movimentada da história de Sergipe.
O livro Jackson Barreto, Tempo e Contratempo, escrito por Jorge Carvalho, no seu lançamento, nessa quarta-feira dia 18, transformou-se, pela aclamação publica que recebeu, na própria comprovação da tese defendida pelo magistral biógrafo: o biografado foi, efetivamente, a maior liderança popular em Sergipe, desde os tempos do autoritarismo e a transição democrática, cujo clímax foi a apoteótica chegada de Jackson nos braços do povo à Prefeitura de Aracaju, e à vitória alcançada em 1994 no primeiro turno sobre o adversário Albano Franco, em torno do qual se formara um poderoso esquema de poder liderado pelo governador João Alves, A derrota de Jackson no segundo turno, assinalou uma fragilidade sua em firmar a liderança no interior do estado. Mas outros fatores não exatamente políticos contribuíram, revertendo tendencias.
Jorge faz uma passagem primorosamente minudente e analítica sobre a arquitetura politica e social de Sergipe nesses anos, mais de cinquenta, em que o menino de família pobre, nascido em Camboatá Distrito de Divina Pastora, tendo enxergado, ao pisar na lama dos massapês, o tamanho do fosso de segregação que separava o povo simples regando com seu suor aquelas terras, da elite enfatuada dos Engenhos, tomou consciência de que a politica deveria ser o seu caminho, e a sua retórica inflamada, a denuncia contra a tragédia social sergipana e brasileira.
O livro é um documento valioso, uma vivencia trepidante da nossa história recente, e Jorge Carvalho, professor doutor na Alemanha, se mostra o jornalista e pesquisador, visceralmente ligado ao teatro , as vezes do absurdo, da nossa singular sergipanidade.
Merece ser lido, pensado, repensado......
SAI DA FRENTE, ESTAFERMO!
(REPUBLICADO)
Um livro que merece estar nas estantes sergipanas.
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O nome é estranho, parece xingamento. Afinal o que vem a ser um estafermo. Dizem, os dicionários: pessoa feia, mal -ajambrada, imbecil , palerma, empecilho, estorvo. Pode ser também o boneco de madeira que nos exercícios militares de antanho, era colocado para que os cavaleiros com suas lanças e espadas o atingissem, ensaiando o que fariam depois, em batalhas reais .
Os escritores Paulo Sá Brito, e Delman Ferreira, catarinenses, juntaram-se, para que juntos, escrevessem o livro ao qual deram o nome esquisito.
A associação de dois escritores para um mesmo livro é rara, mas, no caso, foi a oportunidade exata para reunir dois talentos, duas mentes criativas, dois desbravadores daqueles fatos que a nossa historiografia deles se fez avara, necessitando da criatividade de alguém como eles, para que fossem retiradas as mantas colocadas, sem duvidas por estafermos, sobre a realidade crua e dissimulada da escravidão, que aqui, toleramos por quase 400 anos.
Paulo e Delman, prospectando a Senzala e a Casa Grande acompanhando a saga de mulheres negras, em contos e crônicas, mais intensamente pela Santa Catarina, branca, expõem feridas, com a mesma coragem como o faz Laurentino Gomes, nos seus recentes lançamentos sobre a história da escravidão.
O livro não é só instigante pelo título, digamos exótico, trata-se de uma leitura de um texto leve, escorreito, agradavelmente bem escrito, sobretudo humano, sensível, também, tantas vezes poético.
Nesses tempos em que as livrarias estão a fechar portas, espera-se que o Sai da Frente, Estafermo! venha a enriquecer as prateleiras das que ainda restam em Aracaju. Paulo Sá Brito tem afinidades com Sergipe, ele é casado com a engenheira elétrica sergipana Laura Porto, uma das maiores especialistas em energias renováveis do Brasil. Vem a ser filha do médico, exemplo de humanismo, Lauro Porto, e irmã do desembargador herdeiro das qualidades do pai, Roberto Porto.
Assim, é possível que ainda este ano o Sai da Frente, Estafermo !, esteja sendo lançado e autografado numa das nossas resilientes livrarias.
Um trecho do livro: “ Sinhô jogou a culpa em mim e já saiu me batendo com o facão que pegou na mesa. Como estava bêbado, não conseguiu me acertar, então, mandou cozinhar um ovo. Chamou o capataz, me obrigaram a abrir a boca e enfiaram o ovo quente. Fiquei vários dias sem conseguir comer, só bebia água e chá. “
Esta árvore na calçada e pendurada sobre o asfalto, está causando acidentes. Na foto a localização.