Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
Força Nacional ou Farsa Federal
13/05/2017
Força Nacional ou Farsa Federal

A Polícia Militar do Rio de Janeiro tem hoje um efetivo em torno de 30 mil integrantes, desses, cerca de 20 mil estão diretamente engajados no combate ao crime.  Lá, “combate” não é força de expressão, é guerra mesmo. Não há nenhum treinamento, por mais eficaz que seja comparável à experiência e à destreza que as tropas adquirem quando se envolvem frequentemente em combates, e se vêm diante daquela alternativa terrível do matar ou morrer. Se muito mata e sobrevive, o combatente adquire aquela armadura protetora da confiança em si mesmo, e no grupo do qual faz parte, e isso faz a grande diferença.

Portugal tem um pequeno exército, mas na época das estupidas guerras coloniais, em que enfrentou durante vinte anos seguidos os guerrilheiros que lutavam pela independência de Angola e Moçambique, as tropas portuguesas eram colocadas entre as melhores do mundo.

A polícia fluminense, pela duríssima contingência do dia a dia sangrento, é a mais preparada para os duros embates no emaranhado de ruas e casas das favelas, ou nas ruas, confrontando-se com bandidos que têm um sofisticado arsenal.

Apesar de eficiente, a numerosa tropa não está dando conta do recado.  Entre outros fatores, o principal é a forma de repressão contra o tráfico de drogas, que, faz tempo, já se revelou desastrosa.

O Rio se torna uma “terra de ninguém”, onde em largos espaços o tráfico é senhor absoluto.

O Brasil também se vai transformando numa “terra de ninguém”. Os seus históricos donos que eram os bandidos engravatados, estão agora em refluxo, enquanto avançam ousadamente, outros bandidos, os encapuzados.

Então, para socorrer o Rio, chega a Força Federal com mais 300 homens, que se juntam aos 200 que lá estão.  São sem duvidas policiais altamente preparados, mas o que poderão fazer onde 30 mil não estão conseguindo? A não ser que todos os integrantes dessa tropa federal de intervenção repitam as proezas que fazem nas telas Silvester Stalone ou Arnold Shwazenager.

Essa Força Nacional, que os próprios policiais denominam “farsa federal”, não é invenção de Temer, ela já existia desde o tempo de Lula.

O aparato que utiliza, talvez disfarce um pouco a sua baixa operacionalidade, mas, enquanto isso, nada mais é do que a farsa que esconde a realidade dura da ausência de Brasília na efetiva coordenação e comando de um sistema integral e federalizado, que possa estabelecer algum controle nas fronteiras, que trace novos caminhos para a questão das drogas, que defina exatamente o papel a ser desempenhado pelas Forças Armadas, nesse conjunto de elementos indispensáveis;  e que consiga montar  uma rede eficaz de inteligência, e, ao mesmo tempo, mobilize a sociedade para que se comece a descobrir os caminhos civilizatórios de uma cultura coletiva de paz.

Do contrário, vamos nos iludir com uma farsa depois da outra, até quando, pela negligencia coletiva, os encapuzados baixem a bandeira nacional erguida no Planalto, e a substitua pelo mesmo pedaço de pano seboso que já erguem em todos os presídios.

NOTA DA GENTE UMA CAMPANHA HERMÉTICA

O Secretário da Fazenda professor Josué Modesto, reconhece que A Nota da Gente, a campanha hermeticamente feita, e com o propósito de combater a sonegação, terá que ser completamente reformulada, ou acabar de vez.

Presume-se que uma campanha com os objetivos propostos, teria de merecer, em primeiro lugar, a adesão da sociedade, dos consumidores, que adquirem produtos e serviços, e, atraídos pelos prêmios, iriam sempre pedir a nota, o passaporte indispensável para a sorte.

Para que isso realmente acontecesse, a prévia seria a relação atraente dos prêmios, intensamente divulgada pela mídia, e todas as informações indispensáveis sobre os sorteios, à forma de habilitação, o calendário, e como seria entregue a premiação. Essa é uma constatação pueril, básica, que qualquer cabeça mediana ou apenas toscamente dotada de alguma inteligência, logo reconheceria como procedimento básico e essencial. Em seguida, no curso desse raciocínio elementar, se contrataria uma empresa especializada, que organizaria tudo, daria credibilidade à promoção, e sobretudo a visibilidade a ser construída pela mídia,  para que se gerasse o interesse coletivo pelo sorteio. Em outros estados, campanhas são feitas com sucesso, e em Sergipe, tivemos iniciativas idênticas e com bons resultados.

Mas a nossa nota sergipana nasceu com o irremediável defeito de um projeto pífio, que não foi além da escassez de inteligência, no tempo em que na Secretaria da Fazenda prevaleceram às inclinações pelo salazarismo crioulo. Salazar, como se sabe, foi um ditador português célebre pela mesquinharia e incapacidade de entender o mundo.

Há prêmios, que não são entregues porque os ganhadores deles não tomam conhecimento.

O professor Josué, que privilegia a inteligência e o discernimento, ao invés de negligenciá-los, estaria, agora, analisando um novo modelo para a natimorta Nota da Gente.

FHC E OS SEUS DESLIZES

O ex-presidente Fernando Henrique é ainda um dos poucos políticos brasileiros que fala e confere credibilidade ao que diz. Vez por outra, ele, ao longo da vida politica escorregou em palavras ou atos. Chegou a sentar na cadeira do Prefeito de São Paulo. Era candidato, já se considerava vitorioso. A empáfia lhe custou caro, e Jânio Quadros, vencedor, antes de sentar-se na cadeira, em ato espalhafatoso, nela pulverizou desinfetante.

Agora, dando opiniões sobre reforma política, FHC chegou a sugerir candidatos, e lembrou-se de dois nomes: o do prefeito mata-mendigos, João Dória, e do apresentador de televisão Luciano Hulk.

Talvez tenha cometido na vida que chega aos 82 anos a sua maior gafe. O sociólogo que não desconhece as variáveis psicológicas que afetam as massas, poderá estar atento ao clima de decepção que conduziria a escolha para candidatos com cara nova, e estreantes na cena política, mas ele, um ex-presidente, não poderia deixar-se conduzir, também, por esse sentimento de adesão ao risco e à irresponsabilidade.

Há, nos quadros tucanos, o nome cheio de méritos da desembargadora Luizlinda Valois, hoje Ministra da Igualdade Social no governo Temer. Essa baiana, mulher negra, umbandista, jurista, lutadora, demolidora de preconceitos e de desigualdades, é nome léguas e léguas à frente de um janotinha a quem o povo causa nojo, também, do bom apresentador de TV, e, nada mais do que isso.

Por que Fernando Henrique não lembrou-se dela?

Talvez porque apesar de ter tido militância na esquerda não conseguiu vencer aquelas relutâncias elitistas que o fizeram, quando quis definir-se como mestiço, dizer que à semelhança de todo brasileiro, ele também tinha  “um pé na cozinha”.

SEMIÁRIDO NA AGENDA DE JB

Após vencer a eleição para o novo mandato, Jackson começou a buscar ideias aplicáveis ao semiárido. Alguns meses depois, criava uma Força Tarefa para tratar, especificamente, do mais grave problema do sertão sergipano: a escassez, de chuva, a raridade da água.

As novas perfuratrizes já operavam, e a elas acrescentou-se mais uma. Na região, por excelência de solo raso e cristalino do semiárido, são poucas as áreas onde se pode obter água potável, ou com baixa salinidade. Nessas áreas definidas com uma mínima previsão de êxito, pela expertisse de geólogos, foram intensificados os trabalhos de perfuração.

Já existem poços produzindo boa água, principalmente em Canindé, onde há um veio do aquífero Tucano. Barragens foram recuperadas, outras ampliadas. Trata-se de mudar o modelo de agricultura dependente da chuva, para outro que priorize a pecuária leiteira, a criação de pequenos animais.

Para quem já tem a disponibilidade de água, chega agora o crédito do Banese, são 20 milhões de reais, para que sejam irrigados a palma, o milho, o sorgo, e com eles assegurar o alimento para o sistema limitado de confinamento ao qual o sertanejo dá o nome perfeito de “vaquinha na corda”. Para esse financiamento operaram em conjunto o Secretário de Governo Benedito Figueiredo, o Secretário da Agricultura Esmeraldo Leal, o diretor-presidente do Banese Fernando Mota, e os dirigentes da Cohidro e Emdagro, José Carlos Felizola e Jeferson Feitosa.

Jackson foi a Canindé, Poço Redondo, Monte Alegre e Porto da Folha. Passou dois dias nesses municípios, acompanhado pelo Vice Belivaldo, o presidente da Assembleia Luciano Bispo, os deputados Jairo de Gloria e Jeferson Andrade, os Secretários Benedito Figueiredo, Esmeraldo Leal, Sales Neto, e o ex-prefeito de Canindé Heleno Silva e assessores.

Levou toneladas de silagem para distribuição gratuita com criadores que estão sem condições para manter os pequenos rebanhos.  Os recursos para a compra chegaram do governo federal, foram autorizados pelo próprio Temer. O coronel Mendes, chefe da Defesa Civil, foi o encarregado da compra e da complicada logística de distribuição.

Há agora, no semiárido, equipamentos de dessalinização, que asseguram o fornecimento de água potável para consumo humano. Um trabalho a cargo da Secretaria do Meio Ambiente, ao qual dedicou-se o Secretário Olivier Chagas, ao lado do especialista em recursos hídricos, Ailton Rocha. Em Poço Redondo Jackson inaugurou uma escola técnica de formação profissional. Segundo o Secretário da Educação, Jorge Carvalho é a única no Brasil construída para assentados da reforma agrária.

Em Porto da Folha, foram entregues mais de 400 títulos de propriedade. Os ocupantes são agora donos legitimados, com possibilidade de contraírem financiamentos, e a terra já poderá ser transmitida por herança. O governo garantiu também o seguro safra, com a contrapartida ao aporte federal.

JB reuniu-se com os prefeitos Ednaldo de Canindé, Junior Chagas de Poço Redondo, Chico do Correio, de Glória, Nena de Luciano de Monte Alegre Miguel de Dr. Marcos, de Porto da Folha, também com vereadores, lideranças e produtores da região e com o empresário Dutra Junior, que instala uma fábrica de rações em  Glória.

O DILEMA DE QUEM DISSE NÃO

Muitos dos senadores e deputados que disseram não ao projeto de reforma da previdência estão agora diante da ameaça do governo de retirar-lhes toda a participação que têm no governo. Para eles, pior ainda, é o bloqueio de recursos destinados aos locais onde têm influencia política. A chantagem explicita do governo Temer, vai dando certo, e muitos já pensam em aderir ao projeto, desde que  fabriquem para isso um bom pretexto,  como, por exemplo, a permanência de todos os direitos que têm hoje os trabalhadores rurais, e se acrescente às aposentadorias especiais a categoria dos guardas penitenciários.

Aliás, é um absurdo deixar de fora os que lidam com o perigo constante de conviver com presos, na sua maioria bandidos. Já os policiais legislativos, que lidam com gente fina e em ambiente refrigerado, terão o mesmo direito concedido aos outros policiais, que se envolvem com o combate às quadrilhas mais explicitas, e fisicamente perigosas.

AS CASAS BANCÁRIAS E A ROLETEIRA SABIDA

Chico Varela, o engenheiro químico aposentado e escritor em plena faina criativa, depois de ler o que domingo escrevemos sobre as antigas Casas Bancárias de Aracaju e dos “tamboretes” com status de bancos, lembrou do Banco da Produção, da família Calumbi Barreto, e de um episódio que lhe foi relatado pela principal protagonista.

Na calçada em frente ao banco que ficava na Rua José do Prado Franco, uma senhora negra e muito gorda, instalara-se com um tabuleiro onde vendia roletes de cana. Ela era namoradeira, e dava um magro dinheirinho a jovens, dos quais se tornava amante. Um deles sumiu, e depois apareceu para lhe pedir uma quantia maior de dinheiro. Ela negava, ele insistia, até quando explicou-lhe, definitivamente, o motivo  da negativa: “Olhe, eu fiz um acordo com seu Calumbi, o dono do banco aqui de lado. Eu não empresto dinheiro e ele não vende rolete de cana”.

O CANTO DA MÃE DA LUA E O UIRAPURÚ

O Uirapurú, pássaro miúdo e esquivo das florestas amazônicas, raramente solta o seu canto mavioso, que, diz a lenda nascida entre os índios, todos os bichos ficam a escutá-lo e um silêncio profundo envolve a floresta.  Há pássaros que trinam, como o canário, o tão festejado curió, que produz uma espécie de embolada repetitiva e sem duvidas magistral, outros, como o sabiá, o azulão, aproximam-se do flauteado, ou até do planger de precários violinos.

Ninguém se lembra da desprezada Mãe da Lua, coruja um tanto disforme, uma espécie de galho seco. A ela atribuem poderes malignos, prenunciadores de morte ou desgraças.

Nesse plenilúnio de céus claros, a Mãe da Lua está soltando o seu parcimonioso flautear, pelas caatingas que ainda restam. Canta, silencia por longo tempo. E quem ouve o canto da Mãe da Lua, mesmo sem ser supersticioso, fica a imaginar que alguma entidade incorpórea, estaria emitindo sons etéreos, numa fantasmagórica flauta doce.

A SAINT GOBAIN E UM PROJETO ABORTADO

A Saint Gobin, vidraceira francesa surgida há mais de 300 anos, fabricou os vitrais dos palácios dos reis Luizes, chegou a Sergipe, instalou-se em Estancia.  Festejou-se muito a empresa portadora de tantas tradições. Associou-se com o grupo sergipano Constâncio Vieira, e só esse fato, redobrava a confiança no empreendimento, beneficiado por isenções fiscais e participação do estado na construção de uma parte da infraestrutura.

A Saint Gobin vendeu as suas ações a um Fundo de Investimentos Americano. Era sócia minoritária, o grupo sergipano tinha a maioria das ações. O negócio não agradou ao grupo Constâncio Vieira, e foi parar na justiça. Enquanto isso, a fábrica precocemente fechou as portas, demitiu os empregados. O grupo sergipano tem suas razões para exigir o cumprimento de cláusulas contratuais, todavia, poderia ter emitido um comunicado esclarecendo os reais motivos que geraram o impasse e o encerramento das atividades. Seria um mínimo de atenção, não só ao governo, mas ao povo sergipano, aos estancianos em especial.

NA ERA PÓS PETROBRAS O QUE FAZER COM AS JAZIDAS

O que esperam os brasileiros é que a PETROBRAS, depois do saque e do desgoverno, volte a operar como empresa sólida e confiável. No momento a petroleira não tem capacidade financeira para projetos, tais como a exploração de muitos campos em águas profundas.  Mas o petróleo está lá, no fundo, e lá ficará, se nos próximos 20 anos não for explorado.

A tendência mundial é pelo abandono progressivo dos combustíveis fósseis. A cessão desses campos para grupos privados ou estatais estrangeiros que tenham capacidade financeira para tocar projetos, seria, para Sergipe, em especial, a solução mais plausível. A retirada da estatal, a forma traiçoeira como nos últimos anos tem tratado Sergipe, só nos motivariam a pensar numa era pós – Petrobrás. Se assim não fizermos, perderemos precioso e irrecuperável tempo.

MORO DECEPCIONA A INSENSATEZ FANÁTICA

Para os fanáticos dominados por uma insensatez odiosa e virulenta, o Juiz Sérgio Moro perdeu a fascinação que tinha, quando a ele atribuíam à vontade de humilhar, até de prender o ex-presidente Lula. O Juiz agiu como um Juiz, e era isso que as pessoas de bom senso dele esperariam que assim procedesse.

Todavia, o Juiz errou quando, após a audiência, foi às redes sociais agradecer aos que nas ruas manifestaram-se a favor da lava Jato. Juiz para ser Juiz não precisa do apoio das ruas, e aos que se manifestam, não deve nenhum agradecimento.

A questão do documento exibido pelo Juiz como prova obtida pelo Ministério Público sobre o confuso caso do tríplex de subúrbio, e que nem assinatura tinha, fez Lula crescer, e deixar a impressão de que “provas” daquele jaez, não o levarão a ser condenado.

A LEMBRANÇA DE NELSON JOBIM E A REPERCUSSÃO

Comentário que fizemos sobre uma possível e desejada união nacional em torno da candidatura à presidência do ex-ministro do STF, Nelson Jobim, gerou muitas manifestações de pessoas de variadas matizes político-ideológico, considerando que, para o país, e nessas circunstâncias, não haveria nada melhor do que um candidato ungido por um amplo consenso em função da paz social e de um projeto de Brasil.

O “RAMBO” SERGIPANO

Yes, nós temos o nosso sergipaníssimo Rambo. Trata-se daquele policial civil que abateu de uma só vez quatro assaltantes invadindo um ônibus. Enquanto os bandidos dominavam o motorista do outro lado da porta de vedação, o policial pediu que os passageiros se protegessem e começou o ataque. Agiu com absoluto sangue frio e muita precisão.

Ninguém ficou ferido, e os bandidos foram mortos. Não se sabe o que aconteceria aos passageiros naqueles ermos da rodovia entre Petrolândia e Cabrobó, se os assaltantes não fossem contidos. O nosso Rambo está a merecer medalha e promoção do governo do estado. Não como regozijo pelas mortes, mas, pelo ato de bravura, de cumprimento do dever, numa circunstancia absolutamente incomum e perigosa.

EU QUERO CHORAR

I` wanna cry, foi o nome em inglês da operação dos hakers que afetaram sistemas de informática em pelo menos 70 países. Sabotagem que nos dá a apavorante ideia do que poderia acontecer, caso houvesse uma interferência nas comunicações por satélite utilizadas pelas aeronaves.  Seria algo próximo a uma catástrofe global. O mundo se torna cada vez mais um lugar perigoso.

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