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EM DEFESA DO MST COM
AS DEVIDAS RESSALVAS
TÓPICOS:
1- A COVD NO MUNDO E O DESASTRE BRASILEIRO
2- FRANCISQUINHO E O PÉ FRIO DE ROGÉRIO
3- O MITO E A MOLECAGEM NO PODER
4- A DESO EM TEMPO DE ESPERA
5- OS EMPRESARIOS E A CIDADE HISTÓRICA
Tudo começou com os acampamentos á beira das estradas.
EM DEFESA DO MST COM
AS DEVIDAS RESSALVAS
Ao longo da sua história o Brasil carregou o peso anacrônico de um ranço feudal. Entender esse sintoma grave de atraso e ojeriza às transformações é essencial para a compreensão mais ampla dos renitentes problemas que acompanham a formação da nossa nacionalidade.
Em 1976, Victor Nunes Leal, ex- ministro do Supremo cassado em 1969, num dos excessos mais trevosos do Ato nº 5, escreveu um livro intitulado Coronelismo, Enxada e Voto, o Município e o Regime Representativo no Brasil.
Nesse estudo sociológico essencial, o autor desnuda uma aberração que descaracterizava o exercício da democracia no Brasil. Era o poder do “ coronelismo” arraigado nos municípios, e, ao longe, tornando reféns governadores e presidentes.
O “ coronel ,“ aquele , de baraço e cutelo, tinha as raízes do seu imenso poder fincadas na posse da terra. Eram mandões absolutos nos amplos tratos de chão cobertos, em parte, pelos pastos, canaviais, o plantio do café, e alongavam-se, cercando vilas ou povoados, onde os habitantes , quais servos de feudos, prestavam obediência irrestrita ao senhor. O tamanho do mando era equivalente ao patrimônio ou à ousadia insaciável do soba arrogante, inflando suas vaidades sobre o “ gado “ submisso.
No nordeste, mais distante da urbanização, da fábrica, e assim, também da classe média e do operariado, o tempo dos “coronéis” tornou-se mais alongado e infenso às mudanças, e eles resistiram à industrialização que se iniciava com a SUDENE, uma entidade formada por gente pensante, que Juscelino Kubitschek inspirado por Celso Furtado criara, para levar desenvolvimento à região, debaixo das advertências de ser um barril de pólvora em vias de explodir.
O sustentáculo do “ coronelismo “ era a posse incontestada do patrimônio fundiário, cuja origem muitas vezes os cartórios não comprovavam, e criaram-se assim, dois tabus intocáveis: a terra e a fome, ocultando a evidencia de que os dois tinham uma simbiose maligna, configurando aquilo que um teórico do subdesenvolvimento o sueco Gunnar Myrdal, classificava como o círculo vicioso da pobreza.
Josué de Castro. um médico nutricionista,
sobretudo um cientista social, incansável pesquisador da desgraça planetária da fome, publicou, nos anos cinquenta dois livros icônicos. Eram os denunciadores Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Neles, havia o alerta para a calamidade oculta dos milhões que morriam por falta de comida, no Brasil, e em escala planetária.
Ao mesmo tempo, surgiam em Pernambuco as Ligas Camponesas, lideradas por um advogado, Francisco Julião, nome que passaria a figurar nos arquivos do DOPS, como o de um “perigoso agente do credo vermelho que pretendia solapar os valores da nossa sociedade cristã e democrática.” Julião radicalizou, lançando as palavras de ordem: Reforma Agrária na Lei ou na Marra.
De fome morria muita gente no Brasil, e acusava-se o latifúndio improdutivo de ser um dos responsáveis pela carência de alimentos.
De fato, morria-se muito de fome no interior, sobre a terra onde pouco se plantava para comer.
O médico e escritor Francisco Rolemberg, pouco lembrado como atuante parlamentar, recém formado em Salvador , retornou a Aracaju para trabalhar no hospital público Santa Izabel , que tinha o terrificante apelido de matadouro . O índice de mortalidade por cirurgias era assustador. Chico analisou as estatísticas e observou que as vítimas eram, quase todas, provenientes do interior, e extremamente pobres. Decidiu então que somente realizaria as operações depois que os pacientes passassem, internados no hospital, por um bom período de alimentação farta e nutritiva.
O índice de mortalidade despencou.
Apesar disso tudo ninguém ousava falar em fome. Um político sergipano em comício no interior, disse que o povo estava passando fome, e recebeu a resposta de um cidadão próximo ao palanque: “Doutor, não ofenda a gente, nois é pobre mas graças a Deus tem o dicumê. “
Assim, diante do conformismo e do preconceito que era maior do que a fome, a terra permaneceu improdutiva e o pobre resignou-se a não comer.
Lula falou em fome, criou o Bolsa Família para garantir o mínimo do básico, e a fome de fato acabou. Hoje, grande parte do Brasil o acusa de ter criado a “Bolsa Preguiça”. A fome retornou, o desemprego é alto, a rede de proteção social foi restabelecida com amplitude e sentimento humano, mas, no interior não é fácil encontrar quem tenha disposição para o trabalho.
Criado no Paraná, em 1984, ainda no regime autoritário, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, ( MST) chegou a Sergipe uns dois anos depois, trazido por um catarinense de feições duras, corpanzil rijo e voz altissonante, que começou a espalhar barracos pretos à margem das estradas, repletos de gente, com o objetivo de conquistar as terras além da cerca.
Era João Daniel Somariva, hoje deputado federal em terceiro mandato.
O acomodado conservadorismo rural, ainda com a lembrança viva dos “ coronéis, “ alarmou-se com aquela gente maltrapilha exibindo enxadas e facões, tais como os sans-culotte ou os mujiques russos, nas suas jornadas revolucionárias de 1789, em Paris, ou de 1917 na Rússia. Assustaram-se os donos de terra mal cuidadas, mas, logo descobriram que podiam alcançar bons resultados negociando com o INCRA .
Porém, nem tudo foi assim. De início , os Sem Terras foram tratados com a dureza policial própria de regimes intolerantes. João Alves, no seu segundo mandato, contrariando sua formação democrática, visão inovadora e sintonizada com o social, ouviu péssimos conselheiros, e distorcidos relatos, prendeu em massa, e deixou ao longo da estrada margeando a disputada Barra da Onça, recoberta pelas caatingas, uma imensa e humilhada fila de Sem Terras de mãos à cabeça sob a mira de fuzis, aguardando os caminhões que os levariam à uma Penitenciária em Aracaju. Acampamentos foram derrubados por tratores, e houve feridos.
Depois, finalmente estabeleceu-se o diálogo, que gera o entendimento e a paz. A senadora Maria do Carmo Alves tornou-se frequentadora de assentamentos onde era recebida com pirões de galinha.
Há um saldo positivo para o MST, formado pela escolarização da sua gente, pelo acesso à Universidade que proporcionou, pela parceria com a UFS para que os seus campi chegassem ao sertão, pelas vilas construídas nos assentamentos com casas de boa qualidade, luz, as vezes água e esgoto, E também a produção de alimentos, na linha adotada pela agricultura familiar, que abastece as mesas dos brasileiros. O MST teve em Sergipe, pela primeira vez no Brasil, um assentamento com irrigação para centenas de famílias.
A ideia surgiu após entendimentos quase sigilosos com o governador Albano Franco, do qual participaram João Daniel e o Frei Enoque , ele, dando continuidade ao trabalho social iniciado pelo bispo de Propriá Dom Jose Brandão de Castro. Hoje, o bispo precursor da reforma agrária no baixo São Francisco dá seu nome ao Foro de Porto da Folha, homenagem do Judiciário sergipano
quando era seu presidente o desembargador Edson Ulisses.
Albano foi ao presidente Fernando Henrique que autorizou a instalação do Jacaré- Curituba.
Todavia, há muito o que fazer ainda, para produzir mais, para vencer as asperezas da terra no semiárido, e imitar o que alcançaram os produtores de Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, que saíram da pobreza quase absoluta, e construíram um portentoso complexo de produção leiteira. Durante o evento dos Amigos do Leite em Santa Rosa, quando houve o leilão, Sem Terras que produzem leite em Barra da Onça lá estavam, e um deles arrematou uma vaca de alta qualidade genética. No Jacaré – Curituba um líder do MST, João Neguinho, trabalha com a família de sol a sol, produz leite, forragem, e foi dele a ideia de fazer casas em cada lote, ao invés do modelo das vilas afastadas dos locais de trabalho.
Com o prestigio e a articulação que tem em Brasília, o deputado João Daniel poderia conseguir recursos para criar no assentamento Quixabeira, em Canindé, ainda precariamente ocupado, um projeto de irrigação, e ali produzir inclusive forragem para sustentar rebanhos leiteiros que se multiplicam. A terra é excelente, e localizada à margem do Velho Chico. João Alves, com a sua criatividade e capacidade para enxergar oportunidades, descobriu a área, e a desapropriou. Deu inicio a um projeto de irrigação, e hoje, ali, só existem os canos que já estavam enterrados. O resto, - alguns quilômetros deles- tudo “inexplicavelmente” sumiu. A área, ao que se sabe, foi transferida para os Sem Terra, que são poucos, e produzem pouco. Projetos assim, podem remodelar a imagem do movimento dos Sem Terra, depois dessas pontuais e insensatas invasões, quando alguns lhe querem impingir a alcunha de “ terroristas”; enquanto chamam de patriotas os baderneiros anarquistas , vândalos irresponsáveis, que tentaram um jocoso golpe de Estado, que seria cômico, não fosse trágico, nefasto e criminoso.
E agora, surge uma ameaça no horizonte para os produtores de Santa Rosa do Ermírio, que comemoram o início próximo da construção da Adutora do Leite, acabando, de uma vez por todas, a carência de água, trazendo-a direto do São Francisco. “ “Descobriram”, que ali é terra de quilombo, e os empreendedores se sentem ameaçados. Dar amparo, proteger os remanescentes dos antigos aglomerados de quilombos é parte da impagável dívida social que tem o Estado brasileiro com os negros que escaparam da escravidão, e formaram núcleos de trabalho e resistência, distantes dos engenhos e canaviais onde eram subjugados. Mas, é preciso que historicamente a existência do quilombo seja comprovada, e existam, efetivamente, quilombolas negros, uma realidade que não pode ser apenas fruto de esperta imaginação, para que outros que não os negros, venham a auferir, indecentemente, das vantagens de programas sociais cujos propósitos não podem ser criminosamente desvirtuados.
Os que transformaram aquelas ressequidas terras sertanejas em uma região próspera e geradora de riqueza, precisam ter a segurança jurídica de que não serão esbulhados daquilo que adquiriram legalmente, à custa de muito trabalho, suor e sacrifícios.
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TÓPICOS
Enquanto milhares morriam, algumas autoridades espalhavam dúvidas criminosas.
1- A COVID NO MUNDO E O DESASTRE BRASILEIRO
Hoje, 5 de maio de 2023, a Organização Mundial da Saúde declara que a Covid-19 não é mais uma pandemia e não representa um perigo planetário, deixando de ser uma emergência internacional. Morreram sete milhões de pessoas, a economia sofreu um baque gigantesco. O mundo parou literalmente. O Brasil, apesar de representar menos de dois por cento da população mundial perdeu setecentas mil vidas, ou algo em torno de dez por cento do total. É a maior proporção entre todos os países.
Se isso sugere algo a pensar, algo a relembrar, que tentemos fazê-lo sem contaminações ideológicas irracionais, mas, não deixemos de homenagear as vítimas registradas, enquanto um presidente claramente irresponsável, desumano e amolecado, fazia troça e pouco caso das vidas ameaçadas ou perdidas.
TEMPOS RUINS, DEPOIS DA RÁPIDA ALIANÇA COM UM PÉ FRIO.
2- FRANCISQUINHO E O PÉ FRIO DE ROGÉRIO
Bate à porta de Valmir de Francisquinho a ameaça de mais uma cassação pela Justiça. O cassado poderá ser o seu filho Ícaro, deputado federal eleito com grande votação. Alega-se que o partido descumpriu ou teria fraudado a lista de candidatos com a exigida proporção de mulheres.
Valmir teria sido governador de Sergipe, se não fosse cassada a sua chapa. Um outro seu filho teve cassado o seu mandato de deputado estadual.Foram derrotas e revezes pesados que sofreu o surpreendente líder surgido na trepidante Itabaiana.
Mas, de todos esses inesperados contratempos, nada lhe teria afetado mais pesadamente do que o equivoco que cometeu ao declarar, no segundo turno, seu apoio ao candidato Rogério Carvalho, um pé frio que só lhe tem causado atribulações.Grande parte dos seus votos sumiram, e agora, ele candidato a prefeito da sua terra, terá de contornar um volume considerável de ressentimentos e decepções que ainda restam, porque não lhe perdoam o apoio dado ao senador pé frio.
O MITO FARSANTE, E AS SUAS MOLECAGENS REAIS.
3- O MITO OU A MOLECAGEM NO PODER
Constata-se agora: o mito tinha em torno de si trafegando, ou seria traficando? pelo Palácio da Alvorada, sua residência, um grupo de pessoas que os aliados dele, do mito, já identificam como desclassificadas.
O que vai surgindo a partir das investigações da Policia Federal, aliás uma das mais eficientes do mundo, é uma série de coisas absurdas, coisas próprias de valhacoutos habitados por moleques.
A que teria sido reduzido o nosso país, se os chefes militares houvessem dado atenção aos apelos do mito, ao vozerio desatinado da sua corja, e movessem tropas para dar o golpe, oferecendo, de bandeja, o controle absoluto do país ao mito que montava a cavalo, passeava em motociatas , e imaginava o Brasil como sua propriedade particular e exclusiva ?
Talvez ele logo descobrisse que aquele colar de 16 milhões de reais não caberia ao Estado brasileiro, que aliás não tem pescoço, e o destinasse definitivamente, a um pescoço branquinho, bem ao seu lado. Um mito ?
LUCIANO GOES TENTA DIMINUIR OS VAZAMENTOS.
4- A DESO EM TEMPO DE ESPERA
O governador Mitidieri já disse que é simples terrorismo anunciar que a DESO vai ser privatizada. Mas os estudos para que isso aconteça já estão prontos, elaborados pelo BNDES. Imagina-se que a empresa de águas e saneamento poderia render algo em torno de 8 bilhões de reais.
O governador estaria imaginando uma fórmula que não seria a venda, mas uma espécie de parceria público-privada.
Enquanto isso o presidente da DESO, Luciano Góis, vai tocando o barco, e centrando suas preocupações na perda enorme do “ precioso líquido ,“ que a empresa nunca conseguiu conter, e gira em cifras superiores a 40 %, o que é uma calamidade, e responde pela resiliente falha no abastecimento em diversas áreas, com maior intensidade exatamente no semiárido. Em Poço Redondo, há muito tempo, as torneiras secam na maior parte do dia.
As reclamações acumulam, e se tornam quase uma atoarda a doer nos ouvidos do governador.
Luciano é um técnico cartesiano, e busca orientar-se pela racionalidade. Acredita que reduzir as perdas é algo fundamental, e nisso se concentra.
UM PATRIMONIO DA HUMANIDADE POR SI SÓ NÃO ATRAI TURISTAS.
5- OS EMPRESARIOS E A CIDADE HISTÓRICA
São Cristovão, a antiga capital sergipana, acaba de figurar numa lista elaborada pelo jornal Folha de S. Paulo, entre as principais cidades históricas brasileiras que merecem ser visitadas. Para ampliar o fluxo turístico, a cidade que tem uma praça incluída entre os patrimônios da humanidade, necessita de investimentos, de empreendedores que acreditem nas suas potencialidades. Mas, entre alguns empresários que tentaram montar negócios em São Cristovão, existe quase um sentimento frustrante de decepção, porque, segundo eles, não mereceram da burocracia municipal a atenção que lhes seria devida para o cumprimento de exigências, sem as quais o investimentos se tornam impossível.