(Governador Belivaldo, deputado Inácio de Loiola de Alagoas, Prefeito Junior Chagas de Poço Redondo, deputada Janier, Jania líder do Grupo Natville, Zé do Poço recordista sergipano da produção de leite, vereador Aderaldo de Poço Redondo. Todos em Canindé, antes de irem ver o torneio leiteiro em Santa Rosa do Ermírio).
O ano era 1989, o local, Cuba, o mês, dezembro. Um jornalista sergipano fazendo turismo na terra de Fidel, foi assistir a Missa do Galo na Catedral de Havana. Curiosamente, a missa era matutina. Como se sabe, tradicionalmente em todo o mundo católico, aquela celebração natalina acontece à meia- noite. Quem fazia o horário era o governo, não o padre. Terminada a missa, o turista dirigiu-se à Bodeguita. Queria, curioso, encontrar na parede do bar icônico a assinatura de Ernest Hemingway, na época, seu paradigma literário, no caminho, o jornalista parou numa banca de jornais, a única que encontrou, então, viu ao lado de periódicos russos e alemães orientais, um exemplar do diário Grama. Esperava encontrar no jornal alguma informação sobre o que ocorria fora da ilha, notícias das turbulências no leste europeu, onde o povo, nas ruas, fazia desabar governos dos chamados países socialistas.
Não havia, sobre isso, nem uma só linha, mas a manchete principal era vistosa e estranha. A matéria ocupava toda a extensão sempre valorizada da primeira página: ÚBERE BLANCO PRODUCE 90 KILOS DE LECHE.
Quem seria Úbere Blanco? Certamente, uma vaca.
Deveria, mesmo tratando-se de uma cidadã vacum, e consequentemente ruminante, merecer todas as atenções da cúpula do poder revolucionário, que, exatamente naquele ano, comemorava os 30 anos da vitória dos barbudos guerrilheiros. Descendo da Sierra Maestra, eles entraram triunfalmente em Havana no dia primeiro de janeiro de 1959. O que aconteceu, desde então, já é outra história, estamos, mesmo, é a tratar de uma vaca extraordinária, tão poderosa que ocupou página inteira do jornal mais importante do país, editado pelo Partido Comunista Cubano, para ser o porta-voz oficial da Revolução. Em Cuba tudo era oficial, pertencente e controlado pelo Estado, desde o jornal até a banca de revista, e a própria vaca.
A notícia do jornal tão lisonjeira para a vaca, de fato exaltava as conquistas da Revolução, e aquela vaca era exibida como exemplo.
Apesar do êxito obtido com Úbere Blanco, nas fazendas coletivizadas a produção e a produtividade do leite eram irrelevantes. Em Cuba, até hoje, o leite é produto escasso.
Sábado, dia 26, num torneio leiteiro, uma vaca raça girolanda e sergipana, sem merecer manchetes, alcançou uma produção de 60 quilos de leite.
Aquela vaca faz parte de um já numeroso rebanho que fez de Santa Rosa do Ermírio, uma bacia leiteira das mais importantes do nordeste. As vacas de Santa Rosa do Ermírio estão acima da média das suas irmãs leiteiras nordestinas.
Onde fica Santa Rosa do Ermírio?
Na área mais seca do nosso semiárido, se poderia dizer: no “ôco do mundo”. Um povoado isolado e distante da sede municipal de Poço Redondo, coisa de uns 30 quilômetros. E nesse isolamento permanecia, até que Marcelo Déda levou até lá uma estrada asfaltada.
Hoje, a povoação que já alimenta pretensões de tornar-se município, tem água encanada, luz elétrica e escolas.
Mas, quando a história do leite começou, ali ainda era um refúgio de pistoleiros, que ficavam indolentes a tomar cachaça, e bem protegidos, até que chegava o “convite" para uma “empreitada". Faziam “o serviço” e voltavam com dinheiro no bolso. Ficavam a beber cachaça, e gastando a munição calibre 38, com a qual furavam mandacarus nas caatingas, treinando para os casos de alvos viventes.
A lei, a ordem, o governo, as instituições em geral, passavam longe daqueles ermos inóspitos, onde não se conhecia o progresso, e, da modernidade, nem se cogitava.
Hoje, um cidadão apelidado Zé do Poço, produz, com a sua família, quase 30 mil litros de leite, o que é menos de um quinto da produção total da região.
O maior produtor individual de leite em Sergipe, era Paulo de Deus, chegando a quase 15 mil litros em Canindé do São Francisco. Paulo, todavia, é engenheiro, ex- prefeito de Paulo Afonso duas vezes, um estudioso que muito se preparou para criar um sistema em escala, e produzir muito leite no semiárido. Nisso, foi pioneiro.
Zé do Poço é homem de poucas leituras, mas, tem a coragem, a disposição e a força dos que nascem vocacionados para o empreendedorismo, assim, ele, o pobre que calçava alpercatas, é agora o maior produtor de leite de Sergipe.
Há uma rede de pequenos produtores, gente de parcos recursos, que nem descobriu ainda o caminho dos bancos, mas, vai ampliando seus pequenos rebanhos a cada ano, e com produtividade crescente, o que é resultado de muita eficiência nesses pequenos negócios, onde se nota a presença do SEBRAE.
O maior comprador do leite de Santa Rosa e de todo o semiárido é o NATVILLE, em Nossa Senhora da Glória. Integra o grupo empresarial de Jania, Mota uma ex-bancária que começou miúda, e foi crescendo paralela à expansão da bacia leiteira de Santa Rosa e, como se diz no popular: “chegando junto”, pagando religiosamente em dia, toda semana.
O exemplo da nossa florescente bacia leiteira, deveria servir para os que, nesses tempos tão complicados, contribuem para que um país dividido, com grupos permanentemente em conflito, cada vez mais se radicalize, e esquecem que nada se consegue fora do trabalho, do esforço e da política, entendida como meio de fazer melhor a sociedade. O primeiro a dar o exemplo deveria ser o próprio presidente Bolsonaro, para não atrapalhar o inicio da recuperação que a economia já demonstra.
Enquanto isso, a ministra Damares fala nas calcinhas das meninas da ilha do Marajó, e um navio iraniano está preso no porto de Santos, carregado com produtos de exportação brasileiros, porque o presidente Bolsonaro diz que “está com Donald Trump e não abre", obedece, cegamente, à ordem que o presidente americano deu ao mundo para sufocar a economia iraniana.
O ministro Dias Toffoli já determinou que a PETROBRAS abasteça os navios, mas o Irã ameaça nos retaliar, deixando de adquirir produtos brasileiros, entre eles o milho, a soja, a carne, o leite. Há, todavia, a excelente notícia de que foram bem sucedidas as negociações que o vice-presidente Mourão fez na China, e o país de um bilhão e meio de bocas, e estômagos, vai comprar o leite brasileiro, e seus derivados.
Em vez de estarmos querendo nos engolir, em destruir um ao outro, tentemos buscar paradigmas positivos em histórias como esta, que está sendo construída pelos produtores de leite no semiárido, em especial em Santa Rosa do Ermírio. Pela empresária Jania, por todos os pequenos e microempresários que produzem queijos, manteiga, e vão alimentando e engordando porcos com os refugos da fabricação. Todos, dedicam-se ao trabalho, à meta que traçaram de se expandir, e querem os governos como seus parceiros, e sobretudo, que não os atrapalhem. Por isso, talvez, tenham sido tão calorosos com o governador Belivaldo, quando ele lá esteve, vendo os primeiros resultados do programa de inseminação naquele lote de futuras vacas e também touros, com elevado grau de boa genética, que já estão nascendo.
O que mais precisa Santa Rosa do Ermírio é de água. Não pode ser da DESO. Uma vaca leiteira de qualidade, bebe entre 60 e 100 litros diários. Na região de Santa Rosa poços artesianos foram perfurados pela COHIDRO, mas só um produziu, muito pouco, e com água excessivamente salinizada.
Existe a esperança de uma grande barragem, o governo do estado está tentando concretizá-la, vai buscar parceria com o governo federal. Os produtores, a empresária Jania, o prefeito Junior Chagas, já se prontificaram a participar do projeto. No Congresso Nacional, senadores e deputados sergipanos poderiam constituir uma frente pelo semiárido de Sergipe, destinarem recursos para a barragem de Santa Rosa do Ermírio, e se juntarem na busca de apoio em Brasília.
Com água suficiente, e sendo executado o programa de palma forrageira que o governador anunciou, a produção leiteira de Santa Rosa poderá dobrar nos próximos seis anos.
NOTAS
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SERGIPE TERRA DE ENERGIA
O anúncio de Sergipe como terra da energia, já foi feito em Brasília pelo ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, entusiasmados com o que aqui existe de gás e petróleo. Nesse mês de agosto um leilão vai consolidar os projetos de duas novas centrais termoelétricas da CELSE, uns 6 bilhões em investimentos, e mais uma grande usina fotovoltaica em Canindé do São Francisco, e uma usina eólica em Riachão do Dantas, algo próximo a um bilhão e meio de investimento.
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BATENDO FORTE
O deputado Rodrigo Valadares, bom comunicador, sem poupar munição, quer consolidar a imagem de opositor que não dá trégua ao governador Belivaldo, e ao Prefeito Edvaldo. A curto prazo, pensa na Prefeitura de Aracaju, e não descarta a possibilidade de ter, entre os concorrentes o seu primo, o ex-deputado federal Valadares Filho, que, tendo perdido três sucessivas eleições, a última pelo escore surpreendente de 300 mil votos, afirma que “está sempre pronto a enfrentar desafios."
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MAIS UM IMPEACHMENT
Um novo impeachment está em acelerado andamento. Desta vez é de pequenas proporções, e ameaça seriamente o prefeito de Canindé, Ednaldo da Farmácia, um político sem maior expressão. Chegando aos três anos no cargo, que alcançou como vice, em face da morte precoce do sempre lembrado prefeito Orlandinho Andrade, Ednaldo até agora, não disse para o que veio. Salários atrasados, fornecedores enganados, alunos sem aulas, saúde que não funciona. O município desceu ao fundo do poço, aproxima-se do caos, e a total ausência de capacidade, ou vontade de gerir, da administração atual, agrava ainda mais o problema.
Mas a arrecadação não despencou como se diz, o cofre municipal é que se transformou em misteriosa Caixa Preta, onde ninguém sabe quanto entra, nem quanto sai. A não ser raros privilegiados, como a advogada procuradora do município, Kátia Siqueira, que tem a extraordinária capacidade de multiplicar recursos para pagar precatórios, principalmente, aqueles beneficiando parentes e amigos que ela como advogada cobrou, ou designou para isso escritórios “amigos”, e agora, generosamente, determina que sejam religiosamente pagos em dia.
Enquanto isso, a população padece, mas a voz popular já deu nome novo à procuradora: Kátia Precatório.
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ROCHINHA, DUPLO DECANO
O advogado, professor emérito da UFS, cidadão querido e festejado, José Francisco da Rocha, ultrapassando ativo e prestante os 90 anos, tornou-se, assim, venerado decano de duas respeitáveis instituições às quais ele continua servindo: a Loja Maçônica Cotinguiba, e a Ordem dos Advogados, de Sergipe.
Foi ele, o orador escolhido para saudar a nova turma de bacharéis que se tornavam advogados, recebendo a carteira da OAB. A oração de Rochinha foi um ensinamento de ética e de prática nos tribunais, uma aula magistral aos iniciantes.
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A DESO REFLORESTANDO
Comemorando os 50 anos de existência, a DESO incluiu na programação uma prática ecológica inovadora. Montou um ônibus para servir de sala de aula e laboratório, percorrendo os municípios de Sergipe, e nas escolas distribuindo mudas. O presidente, engenheiro Carlos Melo, quer, até o final do ano, entregar 50 mil mudas. Paralelamente, desenvolve projetos de preservação de nascentes e recuperação de matas ciliares, em alguns casos, em parceria com prefeituras. O Instituto Vida Ativa produz as mudas em convenio com a DESO, sem envolver recursos financeiros.