Antes de começar a Revolução Industrial as Ilhas Britânicas eram, como hoje, úmidas e chuvosas. A névoa cobria com frequência o sul, nas proximidades do Canal da Mancha, onde fica Londres. Respirava-se um ar puro, que foi desaparecendo, enquanto surgiam as máquinas, fábricas, chaminés, . Tudo isso à custa da queima do carvão. Londres tornou-se uma cidade com ar cinzento.
O famoso fog londrino, era nada mais do que a deletéria mistura do ar condensado e frio com a fumaça repleta de uma fuligem que escurecia e matava, causando doenças respiratórias e câncer. O fog da grande cidade incorporou-se ao cenário misterioso das aventuras do cerebral detetive Sherlock Holmes. Tornou-se uma característica da literatura, da vida londrina, marca registrada da Inglaterra.
Não foi rápido nem fácil o que se fez para tornar menos sujo e letal o ar londrino. O carvão, aos poucos, foi sendo substituído nas indústrias e usinas térmicas. Avassaladoramente, surgiram os veículos a gasolina e óleo diesel. Só recentemente foram impostas severas limitações à emissão de poluentes pelos motores à explosão.
O ar londrino tornou-se respirável, reduziram-se as enfermidades, mas ainda não está nos padrões exigidos.
Na China cidades gigantescas são cobertas por uma fumaça densa, as pessoas usam máscaras, tateiam no escuro mesmo quando é dia. Há um grande esforço para substituir o carvão, o petróleo. A China é líder na corrida pela energia limpa. Cria nova economia capaz de aposentar o uso do carvão e do petróleo como combustíveis.
Faz tudo isso com a urgência ditada pela conclusão a que chegam pelo menos 90 % dos cientistas sobre o aquecimento global, causado pela queima dos combustíveis fósseis. Os países têm prazos determinados para evitar que a temperatura da terra continue subindo. Surgem os sinais evidentes das enormes transformações já acontecendo.
O mundo todo concorda sobre a necessidade de por em prática politicas ambientais restritivas ao uso do carvão e do petróleo. Nos Estados Unidos, há mais de duas décadas as termoelétricas e fábricas começaram a desprezar o carvão. A atividade mineradora murchou.
Donald Trump, populista sem escrúpulos, comprometeu-se com a decadente atividade carvoeira, com as petroleiras gigantes, atormentadas pela perspectiva de limitação dos seus lucros imensos.
Jogando para a plateia de direitistas extremados que nele enxergam o restaurador do poderio americano, Trump resolve riscar do mapa tudo o que fez Obama em direção às energias limpas e proteção do meio ambiente. Concedeu, por decreto infame, plena liberdade para toda atividade econômica que polua a terra, envenene a atmosfera, faça dos mares e rios uns esgotos.
Trump investe contra a sensatez e a vida. É estúpido cavaleiro do apocalipse, ameaça o mundo quando urra: ¨América First, América First.¨ Se a terra toda se tornar inabitável, o que será da América First de Trump ?
Veremos até aonde irá, numa sociedade onde criou - se avançada consciência ambiental , o enlouquecido tropel desse arauto de fim de mundo.
ROUBALHEIRA AMPLA GERAL E IRRESTRITA
No Rio a roubalheira foi arrasadora. O vício de roubar é contagioso. Autoridade rouba, as outras têm a tentação de imitá-la. No Rio, roubaram governadores, deputados, juízes, desembargadores, conselheiros, e mais a gente miúda também. Na ex - capital de uma República que não era rigorosamente austera, tinha deslizes, nada houve antes que se equiparasse ao que agora aconteceu. As poderosas quadrilhas fluminenses ainda frequentem os palácios, apesar de tantas prisões, inclusive essas últimas, efetuadas pela Polícia Federal, que levou para a cadeia seis conselheiros cheios de empáfia e desafiadores, e da condenação do líder quadrilheiro Eduardo Cunha. O pior de tudo é exatamente isso: os quadrilheiros usam togas. Finalmente, vestem macacões de presidiários.
Da Assembleia saiu sob condução coercitiva o seu presidente Jorge Picciani. Este, todos sabem quem é. Ganhou o apelido de Rei do Gado, onde estão embutidos significados diversos. Na Assembleia, nas Câmaras Municipais, nas Prefeituras, nos Tribunais, restam, copiosos amigos do alheio, claro, se for o alheio público, bem mais fácil de roubar, principalmente quando, em torno da ¨atividade ,¨ se juntam quem comanda o Executivo, quem faz as leis, quem julga o ilícito.
O Rio tornou-se terra arrasada, terra tratada como se fosse carniça a disposição dos urubus glutões. Pela face do Cristo Redentor lá do alto abençoando a ¨Cidade Maravilhosa ¨ estariam correndo lágrimas.
A CARNE NÃO ERA FRACA, A MÍDIA É SILENCIOSA
A grande mídia bate forte nos políticos, na classe política como um todo. Essa desmontagem da política nada contribui para que a nossa democracia, junto com o nosso país, possam sair inteiros desse atoleiro onde nos meteram. Não há como corrigir a política, a não ser mantendo-a, e votando seletivamente nos que a fazem. É tarefa demorada, que exige primeiro de tudo a reforma, da qual ninguém mais fala. Exige escolas modelares. Exige um esforço civilizatório geral.
No Rio, após os Conselheiros do TC, irão surgir magistrados, e outras autoridades que trocarão compulsoriamente a toga pelo macacão de presidiários.
Sem desmerecer a eficiência da Polícia Federal, seu trabalho que junto com o Ministério Publico e a Justiça é parte importante na reconstrução de uma sociedade apodrecida, desde que não haja excessos, se faz estranho, todavia, o silêncio da grande mídia a respeito dessa coisa desastrosa que foi a Operação Carne Fraca.
Como definiu o senador Ronaldo Caiado, o que foi feito em relação à carne brasileira equivale a um ¨crime de lesa pátria. ¨Os que fizeram a nossa carne enfraquecer no mundo, causando aqui desemprego, desestimulo, e até falências, continuam a dever explicações.
A MACONHA O ABORTO
O OLHAR SOBRE A VIDA
Em pauta, no STF, dois temas intensamente polêmicos: a descriminalização do aborto e da maconha. É discussão que ultrapassa os limites da visão legal. No caso do aborto, ocupa-se a seara da ética, e das religiões, enquanto, quase sempre, se deixa à margem o direito daquela em cujo corpo ocorre o milagre natural da geração, gestação, e da vida plena oferecendo-se à luz. Sobre a mulher, é oportuno também acrescentar que recai a responsabilidade sempre maior pela manutenção da vida a que deu a luz. Ela amamenta, o que é uma sábia imposição biológica. Tem, quase exclusivamente aos ombros a tarefa permanente, as vezes exclusiva, de cuidar da cria, esta, uma subordinação surgida da sociedade estruturada sob ótica machista.
No caso do aborto, além das considerações outras, prevalece ainda essa visão do macho intrometendo-se, indevidamente, no que seriam os direitos inerentes à condição feminina.
Religiosos, quase sempre fundamentalistas,que até renegam a ciência, identificam o aborto como ¨coisa de satanás¨, mas o aborto está sendo ampla e indiscriminadamente praticado.
Pratica-se o aborto atendendo, algumas vezes, à futilidade desumana de parturientes ricas, que não morrem, e matando mulheres pobres que recorrem a ¨fazedores de anjos". Tudo isso ocorre, apesar da criminalização desses atos. A questão de saúde pública converteu-se em queda de braço fanática, porque dela participam os que não se interessam pelo amparo clarificador da razão.
Na questão dos fetos anencéfalos o STF, inspirado pelo arrazoado do nosso Ministro Carlos Britto, que descortinou uma visão iluminista sobre trevas de irracionalidade, permitiu a interrupção da gravidez. Este, o cerne da questão: saber, com a certeza científica, quando o feto biologicamente se completa, e se faz efetivamente vida.
Muitas vezes os que militam tão agressivamente na "defesa da vida" diante da questão do aborto, são tolerantes e permissivos em face de tantas outras questões nas quais a sacralidade da vida é esquecida .
A vida é afrontada, desprezada, quando uma criança nasce e não existem condições para que ela permaneça vivendo dignamente. A vida é afrontada quando uma criança nasce e não estamos a construir um mundo, uma sociedade que a acolha, proteja, e não permita que ela seja incluída nas estatísticas das calamidades da fome, das epidemias, das balas perdidas.
A vida é afrontada quando destruímos a natureza, as árvores, a terra, os rios, e assim cortamos a perspectiva de um futuro para as vidas que estão surgindo hoje. A vida é afrontada de muitas formas, inclusive, quando, pela hipótese de uma vida intrauterina, se obriga uma mãe a sacrificar a sua, que é real, que pensa, logo existe.
No caso da maconha, entre a turma que gosta de aspirar a fumaça malcheirosa,( há gosto para tudo) circulam os nomes variados: erva, diamba(este, afro, e em desuso) coisa, marijuana, hemp, ganja, weed, shunk, canabis, , índica, e por ai vai. Muitas as denominações, e em variadas línguas, são muito mais ainda os que a consomem em todos os níveis sociais, em todas as idades. O negócio da droga é muitas vezes bilionário, e em dólares, dai, a dificuldade imensa ou insuperável para eliminá-lo.
O STF decidirá sobre aborto, também sobre maconha. A canabis tem propriedades medicinais, desde que sejam usados alguns dos seus componentes, isso não quer dizer que quem fuma terá benefícios. Maconha é vício, não tão forte e maléfico como o cigarro, mas, paradoxalmente, o cigarro é tolerado e legal. A diminuição do numero de fumantes se fez ao longo do tempo, a partir da campanha solitária iniciada pelo senador sergipano Lourival Baptista. O combate ao tabaco, depois, tornou-se uma ação de Estado. O consumo caiu sem que houvesse repressão. Apenas, educação, conscientização.
O álcool, consumido em excesso, é a droga mais letal que existe. Das bebidas alcoólicas se faz intensa e abrangente propaganda. A cola de sapateiro é droga mortífera quando cheirada repetidamente. Encontra-se à venda livremente no comércio. Houve tempo em que os "flanelinhas" de Aracaju, cheiradores de cola, morriam em série. Enquanto a polícia perde tempo procurando maconheiros e miúdos traficantes, o crime se alastra, o crack está matando em massa.
Haverá um tempo, de maior racionalidade, em que a droga deixará de motivar crimes e criar quadrilhas, estas, ocupando espaços nas Instituições. Entre os conselheiros do Tribunal de Contas do Rio, presos, havia um que era traficante. Esse tempo virá quando a droga, todas as drogas, forem tratadas objetivamente como grave problema de saúde publica. Sem polícia, somente com médicos, psicólogos, professores, famílias, escolas.
A EXPEDIÇÃO SERIGY OU O VER SENTIR E VIVER
Um grupo que se reunia para fazer excursões a cada mês, acabou transformando a atividade em algo mais do que um despretensioso lazer. Surgiu a Expedição Serigy.
A Expedição tornou-se uma pedagogia de compreensão, uma escola livre e libertária. Tendo a natureza como cenário, discute-se, desde a vida alheia, à crise brasileira, especula-se sobre a natureza, as pessoas, formulam-se teorias do absurdo, enfim, vive-se com intensidade o que nos é dado viver. Brevemente se fará uma exposição do repertório vasto das fotos, algumas , são obras de arte, produzidas por Samarone, Jorge Carvalho, também por Luciano Correia, Acácia, a inconteste líder do grupo, Cesar, e outros que breve terão uma ¨kodak ¨.
A Expedição foi a Pão de Açúcar, chegando em navegação pelo Chico exaurido, até a Ilha do Ferro, centro de bom artesanato. Depois, a subida ao restaurante – mirante de onde se abarcam horizontes . Há o ¨torresmo ¨ de couro de tilápia e a conversa amável de Milton, o dono do Bar da Roda. Foi companheiro de Edvaldo Nogueira nas ousadias de fazer política de esquerda na terra do ¨coronel¨ Elísio Maia , sobre quem ele fala com um sentimento de muito respeito.
No domingo, a Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, onde vivem os Xocós.
Finda a luta pela reconquista da terra que lhes foi arrebatada, os Xocós aldeiaram-se na Ilha, quando ela foi foi desapropriada pelo governador Augusto Franco, e lhes foi devolvida. Eram 26 famílias, hoje 156. Eles se miscigenaram, mas conservam as tradições, lamentam a esquecida língua mãe que lhes foi proibido falar pelos que se apossaram das suas terras. Conservam tradições, dançam o Toré. Um dia, em 2012, lá chegou o governador Marcelo Déda, o primeiro na Ilha. Vieram também o Frei Enoque, o professor Luiz Alberto, carinhosamente lembrado, o Bispo Mário, de Propriá, e dançaram juntos o Toré.
O cacique aposentado Apolônio é a memória da tribo, das arbitrariedades contra ele e sua gente praticadas com o respaldo da Justiça. Apolônio lembra com orgulho que um descendente de Xocós é hoje desembargador, o homem que tem história de prática do humanismo, Edson Ulisses. O cacique Bá, que o sucedeu, é jovem, está no cargo há 12 anos. Tem visão ecológica, defende a caatinga, a natureza. Na seca devastadora de seis anos, na aldeia há árvores frondosas, em torno, a caatinga preservada. Constatação reconfortante nesses dias de medo: desde que surgiu a aldeia, lá se vão quase 40 anos, ali nunca ocorreu um crime, nem assassinato, nem agressão, nem roubo. Por isso não há necessidade de policia. No restaurante de Ronaldo, o único, a comida é boa, e barata. Não há bebida alcoólica.
Parece que na Ilha de São Pedro encontramos o ¨Bon sauvage¨, ou a utopia de Rousseau.
Disso foram testemunhas: Acácia, Luciano Correia, Ester, Jorge Carvalho, Samarone, César, Auxiliadora, Augusto, Hortência, Ângela, Rogério, Kiki, Fátima, Gabriel, Eduardo, Eliane e o escrevinhador. Os expedicionários daquela vez.
LIVROS, LIVROS, LIVROS
Poucas vezes se fez em Sergipe publicação com tanto esmero, com tanta gente valorosa participando, para que a poesia de Ézio Déda que alí se contem, e é surpreendente, tivesse uma moldura artística compatível com a criatividade e o sonho desse arquiteto-poeta. O livro primoroso é A Casa das Ausências. Livro para ler, reler, visualizar e guardar, com o carinho que cerca as estantes.
Um outro livro, este, com o tema educação, trata de um ano em que, em Sergipe, educar foi primazia. É relato feito pelo médico e professor Marcos Prado Dias, sobre 2003, quando ele era Secretário da Educação, por isso, chama-se, ¨2003 o Ano da Educação¨. Marcos foi figura humana rara, como ressalta seu genro, o exemplar Juiz de Direito Francisco Alves Junior no texto que escreveu para a orelha da publicação.
O prefácio é do irmão, também médico e professor, Lucio Antônio Prado Dias. Ele faz, sem mágoas, todavia doridamente, referencias às campanhas virulentas contra Marcos, movidas por preconceito ideológico pelo SINTESE, o de sempre, e irremediável; aborda, também, as injustiças caluniosas que levaram Marcos, cidadão reconhecidamente digno e probo, a enfrentar processos na Justiça que apressaram a sua morte em 2012. Percorreu o calvário de outro Secretário, Luiz Antônio Barreto, alvo do SINTESE, das mesmas acusações, torpe e falsamente plantadas, que abreviaram o seu virtuoso tempo de vida.
LEMBRANDO DE CLEOMAR, COM ARTE
O Cantinho de Cleomar é espaço criado no Iate Clube como homenagem permanente ao jornalista, escritor e militante da vida e pela vida, que foi Cleomar Brandi. A arte, as mulheres, os amigos, eram a sua inspiração para viver e superar as adversidades que não lhe foram poupadas. O Cantinho de Cleomar foi inaugurado em janeiro com uma exposição da artista plástica Maria da Guia.
Ela, incentivadora sempre da arte no espaço de Cleomar, é agora curadora da exposição de arte naif de Amélia Silveira. Naif é o nome dado pelos franceses, àquela forma de pintura, tão simplificadamente bela, que aqui chamamos de ingênua ou primitiva. A exposição, como informa a sempre solícita assessora de comunicação do Iate, Tanit Bezerra, fica aberta até dois de maio.
DE FERRO VELHO A EMPRESA ESSENCIAL
A COHIDRO chegou quase a ser um ferro velho. A empresa foi sendo recuperada. Agora, o dirigente José Carlos Felizola e sua equipe, comemoram bons resultados, e se ressentem, ao mesmo tampo, da falta de recursos para que possam perfurar mais poços artesianos, recuperar e construir mais barragens pelo semiárido.
A COHIDRO tem a responsabilidade de administrar os perímetros irrigados Califórnia, Jacarecica 1, Jacarecica 2, Platô de Neópolis, Jabeberi e Dionízio Machado. Desses perímetros sai parte das verduras, das frutas que abastecem mercados de Sergipe, de Alagoas, Bahia e Pernambuco.
Se Felizola conseguir por em prática as ideias que tem, o governo ampliará a produção nos perímetros , criando mais empregos, e manterá as ações de um projeto importante para a convivência com as secas.
ACRESCENTANDO, POR JUSTIÇA
Na semana passada noticiando a festa de premiação dos escritores que participaram da Antologia Literária 3, iniciativa da Loja Maçônica Cotinguiba , relacionando os nomes dos que colaboraram para a edição do livro e a festiva tarde de autógrafos, omitimos Marcel Faria Lima, organizador, e José Lauro de Oliveira Filho, que foi, juntamente com Domingos Pascoal e Jilvan Pinto, também idealizador do livro.
O LIXO DESPOLITIZADO
Por 16 votos a 7 a Câmara de Vereadores arquivou a CPI do lixo. Era a tentativa de prorrogar um tema que daria possíveis resultados eleitorais, enquanto o problema permaneceria.
Edvaldo Nogueira pagou nesse 31 de março os salários completos de todos os servidores. Do ano passado herdou 3 salários atrasados, que também já pagou, realizando operação de crédito com o BANESE e a Caixa. Mas, apesar disso, uma parte dos médicos seguidores de um sindicato em tudo semelhante ao insano SINTESE, permanece em greve, abandonando a população carente de Aracaju e do interior que aqui vem em busca de atendimento.