Em agosto de 1954, oficiais da Aeronáutica instalaram a mazorca que ficou conhecida como “República do Galeão”. Naquela base aérea os rebelados montaram a estrutura ilegal e afrontosa de um Inquérito Policial Militar, (IPM) com o objetivo de punir os responsáveis pelo assassinato do major-aviador Rubens Vaz, atingido pelos disparos do pistoleiro Climério, contratado para matar o jornalista Carlos Lacerda.
Militares da Força Aérea revezavam-se, desempenhando o papel insólito de guarda-costas do extremado jornalista e político. Ele movia uma arrasadora campanha contra o presidente Getúlio Vargas. O “mar de lama que corre nos porões do Palácio do Catete” era a repetida manchete da Tribuna da Imprensa, o agressivo jornal do enraivecido Lacerda, e transformou-se num bordão repetido por toda a grande imprensa, e ganhando as ruas. O pistoleiro errou o alvo e atingiu o major, que morreu na hora. Deflagrou-se a crise que a oposição mais aguardava para depor Getúlio, daquela vez legitimamente eleito pelo voto, e já no seu último ano de mandato.
Getúlio, acuado, perdia apoio militar, (isso era imprescindível na época, quando, nos quartéis, o que mais se fazia era política) e a sua popularidade desabava. Era um homem rígido em relação à sua honra pessoal. Foi ditador por 15 anos, e em 1937, quando, por obra e desgraça da constituição fascista que impôs ao país, tornou-se um autocrata, na exata medida do mais amplo absolutismo.
Com todos esses poderes, não enriqueceu a si mesmo, nem à sua família, e, ao ser desposto em 1945, voltou à sua estancia Santos Reis, nos pampas gaúchos, e só não a encontrou falida porque um amigo, que era vizinho, e grande estancieiro, João Goulart, tomou providencias para que o rebanho de carneiros lanígeros e de gado Hereford não desaparecessem.
No dia 23 de agosto Getúlio soube que o seu irmão, Bejamin, seria convocado a depor na “República do Galeão”, e ao findar a noite, sentiu que estava praticamente deposto. Sabia que em virtude do clima de vingança e ódio sofreria humilhações. Já demitira o “Anjo Negro”, Gregório Fortunato, chefe da sua segurança pessoal que também foi extinta. Gregório traíra a confiança do chefe rigoroso, abusara da posição que ocupava, fizera negócios escusos, e mandara matar o jornalista Lacerda.
Gregório preso assumiu a culpa, mas em nenhum momento incriminou Getúlio. Naquele tempo não havia o “instituto da delação”. Mas o pau cantava no lombo de quem tivesse algo a revelar. E Gregório foi ferozmente torturado.
Na manhã do dia 24 de agosto, Getúlio deu um tiro no peito, deixou o legado histórico da sua Carta Testamento. Saiu morto do Catete, todavia, mantendo a honra, e denunciando aos brasileiros, a impatriótica sanha dos seus inimigos. Todos, logo foram postos a correr pelo povo enfurecido nas ruas.
O presidente Temer viveu a mais triste e repugnante página da historia republicana, por ele mesmo provocada, tendo de submeter-se ao questionário de 82 perguntas elaborado pela Policia Federal. Não houve excessos, não houve nada que não estivesse em acordo com a lei, com a Constituição, a PF cumpriu, com altivez e profissionalismo o seu papel. O presidente, submetido aquele tipo de questionário, já não mais honrava o cargo, já não mais mantinha de pé a sua própria honra.
Entre Getúlio e Temer, há aquele abismo que separa a decência da indignidade.
TEMER, O EUNUCO DA HONRA
Eunucos, como se sabe, é sinônimo de castrados. Castrava-se por diversos motivos. Por castigo, por conveniência, e até por estética, exigências da arte. A prática vem do fundo da História, e em algumas tribos, perdidas no tempo, ainda é algo comum e tolerado, até com reverência.
A Bíblia nos fala de eunucos escravos, postos a servir esposas e concubinas no harém de reis e potentados. Da Idade Média veio o costume de emascular crianças, para que elas se mantivessem gordinhas, e com voz suave. Na Itália os “castrati” substituíam as mulheres, e tornavam-se sopranos, ou meio-sopranos, nos coros das orquestras.
Castrar, literalmente, é cortar o falo. Fique bem claro a tantos políticos que usam desastrosamente o que deveria ser o pretérito perfeito composto da primeira pessoa do singular do verbo falar, quando abusam em dizer: “Eu tenho falo” ao invés de falado. Ficariam livres das jocosas observações sobre o exibicionismo vulgar e idiota.
Nos castrados ou eunucos, quando perdida a genitália, resta ainda a libido, à sensualidade, em alguns, até a lascívia. Por isso, então, eram frequentes as orgias sexuais de eunucos, que, certamente, recorriam às praticas não convencionais.
Pode haver outras formas de castração, desde que se dê amplitude ao termo, tanto para que se perca um atributo, uma função biológica, ou até pela eliminação de um sentimento, ou mesmo de valores morais.
No caso desse deplorável presidente Temer, devastador da autoestima nacional, da dignidade do cargo que ocupa predador dos mais comezinhos valores éticos, é forçoso imaginar-se que ele, num ato de desespero existencial, ou de submissão completa à patologia incorrigível da cleptomania, tenha feito à cirurgia extrema: emasculou, definitivamente, o sentimento de dignidade pessoal.
É, agora, o exemplar perfeito de um desmoralizado eunuco da honra.
OS MARQUETEIROS CÍNICOS E OS SEUS DOIS MENTIROSOS
Mentiram, e mentiram muito, tanto Aécio como Dilma, enganando a tantos milhões de brasileiros. Não tivemos um duelo de competências, de biografias, de ideias postas à prova, tivemos um arremedo de debate, conduzido, todo ele, pela esperta malandragem armada por marqueteiros de ambos os lados. No Brasil o marketing político tornou-se sinônimo de fraude, de maquiagem do imperfeito, e até do crime. Entre nós, o marketing é uma usina bem montada de mentiras, que, “mil vezes repetidas, transformam-se em verdades”, aquela fórmula ensinada pelo fanático nazista Dr. Goebels.
Os que não queriam Dilma apegavam- se a Aécio, fazendo dele a tábua de salvação do Brasil naufragando, pela incompetência de uma presidente inepta. Aécio seria a esperança de um Brasil melhor, livre da corrupção, conduzido por um cidadão probo e competente. Quem não gostava de Aécio, enxergava em Dilma e no seu grupo, virtudes que nem ela nem o grupo possuíam, ou simbolizavam.
Descobre-se, agora, que Aécio é nada mais do que um gangster beneficiado com a herança digna que recebeu do avô Tancredo Neves. Aécio não passa de uma fraude imensa que o seu marketing tentava ocultar e inverter, dando-lhe a imagem de um Estadista.
Dilma, também se constata, não passava de uma apalermada arrogante, incapaz de enxergar o fracasso que foi construindo. Os marqueteiros bem alimentados com o Caixa 2, transformaram-na em “gerentona” competente, mulher de coragem que o Brasil precisava, para continuar juntando crescimento com ascensão social. Ocultaram bem o desastre que todos no governo já sabiam próximo de acontecer.
Os marqueteiros nos lograram, os candidatos nos mentiram, e o Brasil é agora isso que está aí, uma Nação afundada numa imensa crise, e, que se descobre como caverna permanente, onde se abrigam os Alí Babás e seus 40 mil ladrões.
O GÁS, A TERMELÉTRICA, O CAMPO E O NOSSO FUTURO
As dúvidas sobre a PETROBRAS em Sergipe foram desfeitas após a produtiva reunião de trabalho do governador Jackson Barreto com os dirigentes locais da empresa. O gerente geral Paulo Marinho Paiva Neto, os gerentes de produção Genildo Borba, e de planejamento e gestão, Ricardo Amorim, revelaram, de forma muito cuidadosa, diante da realidade adversa, os planos da empresa para este ano, e 2018.
Retira-se, em função dos projetos em andamento, a suspeita de que, pelo menos em curto prazo, a PETROBRAS estivesse programando uma redução drástica das suas atividades em Sergipe. No campo de Carmópolis, como se denomina a área produtora da região da Cotinguiba, os poços “maduros”, antigos, estão sendo reativados, e isso leva algum tempo, mas a produção do estado, de 30 mil barris vem sendo mantida, e será ampliada. Em águas profundas a PETROBRAS começa a aplicar este ano, os 500 milhões de reais previstos para o inicio dos trabalhos. O leilão de áreas trará a Sergipe empresas privadas, que irão operar no pré-sal, onde há jazidas de grande porte.
O programa de desinvestimentos, eufemismo para evitar a palavra privatização, está em andamento, iniciando-se pela venda de poços “maduros”. Sabe-se, por informações externas, que haverá mais “desinvestimentos”, neles incluída a NITROFÉRTIL.
Jackson, que disse não “entender o Brasil sem uma PETROBRAS forte” estava especialmente interessado em saber o potencial da produção de gás. O governo estadual monta um projeto para atender indústrias, com destaque para as cerâmicas em Itabaiana e Itabaianinha. Sendo superados alguns obstáculos, imagina-se uma logística de suprimento através de caminhões-tanque, com a participação da SERGÁS.
JB vem insistindo com a Petrobrás para que seja liberada a jazida de calcário necessária para a implantação de uma fábrica de cimento em Santo Amaro, um investimento de 800 milhões. No local, a Petrobras tem um poço com diminuta capacidade, mas há aspectos técnicos envolvendo a questão.
Depois, houve a visita do governador Jackson com o vice Belivaldo e comitiva, às obras da Termelétrica na Barra.
Investimento de 5 bilhões, numa obra que anda rápido, e cronograma rigorosamente cumprido. A usina, conquista de Sergipe, após disputa renhida com tantos outros estados, é referencia internacional. Como revelou o objetivo e moderno executivo Eduardo Maranhão, responsável pelas obras, empresários de todo o mundo buscam informações.
Querem instalar usinas semelhantes em outros locais. A termelétrica suprirá, a partir de 2020, 15 % da demanda de energia do nordeste. O prefeito da Barra, Ailton Martins, eufórico com o crescimento do município, anota o começo do ISS pago pela termelétrica, onde mais de 180 pessoas já trabalham a maioria da Barra. No pico da obra, serão 2.500 empregos diretos. Integra o complexo, um super navio de regaseificação, que ficará ancorado a 4 milhas da costa.
O barco chegará no começo do próximo ano, logo em seguida virão as turbinas fabricadas nos Estados Unidos pela GE, que lidera o empreendimento, uma joint- venture reunindo capitais americanos, brasileiros, árabes, europeus, e a participação do Banco Mundial. O gás virá do exterior até que a produção sergipana seja suficiente para suprir os 6 milhões de metros cúbicos diários consumidos pela termelétrica. Haverá sobra para alimentar uma cadeia produtiva, e nisso, Jackson enxerga a possibilidade de um complexo industrial na Barra. O projeto já está em elaboração na Secretaria do Desenvolvimento, sob supervisão direta do secretário José Augusto Pereira de Carvalho.
Tratou-se, no mesmo dia, de outro assunto: a produção da soja em Sergipe. O chefe da EMBRAPA sergipana, Manoel Moacir Macedo, levou o técnico da empresa Sérgio Procópio especialista em soja, que supervisiona dois campos experimentais da Embrapa nos municípios de Dores e Frei Paulo. Na explanação do técnico ao governador, produtores da agricultura familiar e empresarial, secretários e assessores, foi revelado que Sergipe possuiu manchas de solos ideais para a soja, e aqui foram batidos recordes de produtividade e de qualidade dos grãos. A produtividade em Sergipe chegou a 80 sacos por hectare. A média nacional é de 50 sacos. 100 grãos de soja pesam, em média, 15 gramas, os produzidos em Sergipe, pesam mais de 20 gramas.
Sérgio Procópio abordou os males causados pela monocultura permanente, sugerindo uma rotatividade entre o milho e a soja. Ressaltou a possibilidade da produção de sementes selecionadas, o item destacado como mais viável em curto prazo, tanto por produtores, como pelos técnicos. Jackson disse que o seu proposito era abrir melhores perspectivas de negócios para o campo, e que o projeto de sementes selecionadas terá apoio do seu governo.
CHORROCHÓ FEZ LAMPIÃO CORRER
Chorrochó, encravada nos ermos do Raso da Catarina, por onde andava Lampião a esconder-se, é lugar de gente disposta e solidária. Os chorrochoenses, (seria assim mesmo?) juntaram-se, quando ouviram falar que Lampião estava a caminho, e, armados, repeliram o bandido e seu bando.
Capela, em Sergipe, reeditaria a façanha dos valentes filhos de Chorrochó, quando o fogoso rábula Dudú da Capela juntou-se ao literato Zózimo Lima, e saíram, os dois, a recrutar quem estivesse disposto à resistir. Batido, Lampião fugiu, prometendo voltar, o que nunca fez. Pois então, em Chorrochó, juntaram-se, muitos, na comemoração de um fato por lá até não muito raro: um aniversário de cem anos.
A centenária, mulher realizadora e solidária, plenamente lúcida e ativa, Dona Marieta, cercada de dezenas de sobrinhos, e mais dezenas daqueles que ela educou e orientou ao longo de tanto tempo, depois das idas e vindas que fez a cavalo de Chorrochó a Petrolina, para estudar e tornar-se professora. Por lá estavam, para a missa celebrada pelo padre Jeferson, no largo alpendre da fazenda Queimadas, entre outros, os chorrochoenses, “sergipanos”, João Elói, Paulo Ernani, Nei Macedo Maia, casado com a chorrochoense Rita Menezes, e mais Geraldo, Leonardo, Washington, Jairo, Zenadja, Arnóbio, todos Menezes, e os amigos Geraldo Rezende, (Gegéu) e João Lira.
O VENERÁVEL SALIM E O SEU MANDATO
Ibrahim Salim conclui o seu mandato como Venerável da Cotinguiba, a Loja pioneira, que iniciou em Aracaju, faz mais de cem anos, a prática do ideal maçônico.
Ibrahim conseguiu alcançar êxitos e dar sequência a um trabalho iniciado por Domingos Pascoal, no veneralato do Dr. Jilvan Pinto, chegando, agora, ao terceiro volume da Antologia dos textos de estudantes e professores de diversos colégios. Isso, entre tantas outras atividades, sem enumerar os atos de solidariedade, e ainda as posições assumidas diante de tantos acontecimentos. O que mais se destaca no líder maçônico Ibrahim Salim é a sua capacidade de comandar, de forma sempre amistosa e cordial, dialogando, ouvindo, refletindo, e tomando decisões pertinentes.
O Dr. Carlos Augusto Bitencourt, valoroso obreiro e líder, tem o desafio de fazer ainda mais do que a diretoria que vai suceder, como novo Venerável.
O CORONEL PACIFICADOR
Pelo que disse no seu discurso de posse o coronel reformado da PMS, Luiz Fernando Silveira de Almeida, se constata o acerto de Edvaldo Nogueira ao nomeá-lo para a Secretaria da Defesa Social, enfatizando que queria “profissionais da segurança em diálogo constante com a sociedade, dentro de um pacto civilizatório”.
Falou Luiz Fernando: “Queremos uma Guarda Municipal cada vez mais técnica. Vamos manter o caráter civil da Guarda. Minha conduta será pautada na lei, na ética e no poder estender a mão ao próximo. Vamos dar nossa contribuição para fazer da Prefeitura um canal do povo e para o povo, e ajudar esta administração a reconstruir a qualidade de vida em Aracaju”.
Discursos assim, nos aproximam do ideal civilizatório.
ITABAIANA E SEU SHOPPING
Itabaiana é a primeira cidade do interior sergipano a ter um Shopping, e não é um “shopinzinho” qualquer. É algo imponente, gerador de centenas de empregos, propulsor do comércio e da vida na cidade. Mais uma das tantas iniciativas do dinâmico Grupo Peixoto.
SERGIPANOS EM GENEBRA
Todos os anos em Genebra, cidade onde viveram Voltaire e Jean Jacques Rousseau, cidade da placidez do lago Leman e também de uma intensa atividade financeira, cultural e política, realiza-se a conferencia da organização Internacional do Trabalho. Albano Franco, ex-presidente da CNI, nem conta quantas vezes representou os industriais do Brasil naquele evento, já seriam mais de 20.
Por lá, outros sergipanos, os deputados federais Laércio Oliveira, representando a Confederação Nacional do Comércio, e Valadares Filho, representando a Câmara. Depois da reunião da OIT Albano vai a Portugal comemorar o aniversário do amigo, João Carlos Paes Mendonça, agora, também, tocando uma vinícola, e instalado numa Quinta à beira do rio Douro.
A TERRA COMPARTILHADA
Nesse inverno chuvoso, que, de acordo com as esperançosas previsões da meteorologia, deve estender-se pelo mês de agosto, Sergipe deverá recuperar a posição de segundo maior produtor de milho do nordeste. Acredita-se que a produção possa chegar próximo das 800 mil toneladas, ou até ultrapassar esta cifra. Segundo o vice-governador Belivaldo Chagas, nunca se plantou na sua terra, Simão Dias, tanto milho como agora.
Com as chuvas chegando, muitos se anteciparam, prepararam a terra, adquiriram as sementes e plantaram rápido, sem esperar que chegassem as sementes e os tratores liberados pelo governo.
Vai haver sobra de sementes e disponibilidade de horas de trator, já com recursos assegurados, por isso, o Secretário da Agricultura, Esmeraldo Leal, submeteu ao governador um plano que ele denominou Agricultura Compartilhada. Trata-se de conseguir a autorização de assentados, e de médios ou grandes proprietários, para que áreas não utilizadas possam ser plantadas por quem não possui terra, e esteja desempregado. O governo entraria com as sementes, o preparo da terra. Quem se dispusesse a trabalhar ficaria com toda a produção. Estima-se que cerca de mil pessoas carentes seriam beneficiadas.