Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
DA ERA DO GÁS, A “ CAVEIRA “ E O ESCRITORIO EM S. PAU
18/07/2024
DA ERA DO GÁS, A “ CAVEIRA “ E O ESCRITORIO EM S. PAU

NESTE BLOG

1) DA ERA DO GÁS, A “ CAVEIRA “ E O ESCRITORIO EM S. PAULO

2) O CIMENTO E AS ÁRVORES A POLEMICA DA SEMENTEIRA

3) O CLUBINHO DOS CAFAJESTES

4)DO AGRONEGÓCIO ATÉ A PICANHA E  AO MST

 

 

 

 

 

DA ERA DO GÁS, A “ CAVEIRA “ E O ESCRITORIO EM S. PAULO

Antes de anunciar o gás, é preciso saber se ele será produzido.

 

 A ida do governador Mitidieri a uma audiência  com a nova presidente da PETROBRAS, significa uma duvida imensa sobre a anunciada era  do gás em Sergipe, somente concretizada se, efetivamente, a petroleira der sequencia às  ações na plataforma da bacia Sergipe- Alagoas. Suspensas há mais de cinco anos, ou reduzidas a quase nada, essas prospecções já haviam detectado a existência de imensas reservas de óleo e gás. Necessitava-se, ainda, de alguns procedimentos complementares, complexos,  para que jorrasse  do subsolo  a uma distancia superior a cinquenta quilômetros das nossas praias, e em  águas profundas. Nessas, aliás, a PETROBRAS tem um know-how precioso e quase único adquirido nas “ aventuras” pioneiras pelo pré-sal, de onde saem mais de 70 % do gás e  óleo, este ultimo, que consumimos e exportamos.

As jazidas do pré - sal da bacia Rio- Espírito Santo- São Paulo, começam a dar sinais de esgotamento. A previsão é que não durem mais de dez anos. Assim, a empresa tem urgência em operar outros campos, e entre eles o nosso, é o mais avançado em termos de prospecção e avaliação de reservas. Ou seja, o que poderá ser colocado a produzir   em menor espaço de tempo, desde que haja para isso os investimentos necessários.

Não se entende, então, porque Sergipe foi sumaria e estranhamente riscado da agenda da estatal, enquanto eram anunciadas  a Margem Equatorial, aquela, num ponto a mais de 300 quilômetros de onde o Amazonas encontra-se com o Atlantico.

Anunciou-se, também, a perspectiva de exploração de um bacia,  a de Pelotas, no litoral gaúcho.

Não se tenha a ilusão de que enquanto houver petróleo e gás, acumulados no fundo da terra e sendo um ativo capaz de transformar-se imediatamente em moeda, essas fontes de riqueza serão abandonadas.

Sem cair na estupidez do negacionismo, é preciso encarar a realidade de uma terra que atravessa uma inclemente crise climática, cujas consequências são ainda imprevisíveis, mas, precisa alimentar dez bilhões de seres humanos, essas formigas prolíficas que abarrotam o  castigado planeta. Não se conseguirá extinguir a economia do carbono num horizonte inferior a trinta anos. Assim, o que deve fazer com a maior urgência possível a ciência é buscar formas de amenizar as descargas que empesteiam a atmosfera.

Plantar bilhões de árvores  é uma dessas formas, a mais fácil e cientificamente comprovada.

E o Brasil não pode sacrificar-se em nome de um projeto de  energias renováveis que o mundo , na sua maior parte não vem cumprindo.

Agora, o incompreensível em tudo isso é o  capítulo Sergipe – Alagoas riscado na agenda da estatal.

O governador Mitidieri está buscando a resposta, e depois dela será possível pensar  realisticamente, sem devaneios de otimismo panglossiano, se haverá ou não em futuro próximo ou distante a era do gás em Sergipe.

Essa página de incertezas começa a ser virada com os contatos agora em curso.

Nessa busca por investimentos o governador Mitidieri terá de fazer uma espécie de “ exumação “ da caveira de burro”, o patuá maligno, que, segundo o professor Aloisio de Campos,  impedia o nosso desenvolvimento. O local preciso onde a soturna caveira foi enterrada, não se conseguiu ainda detectar. Mas, sem dúvida, está bem próxima das nossas falhas, talvez,  ausência de bons equipamentos de detecção.

Como parte dessa busca o governador anuncia agora a recriação de um Escritório de Sergipe em São Paulo. Anunciado até como o primeiro naquele estado.

Não é.

Em 1972, o governador Paulo Barreto de Menezes, empenhado na mesma tarefa  de desenterrar a “ caveira “ que até hoje se prolonga, decidiu criar o escritório paulistano. Veja-se como esta estranha “exumação” se alonga no tempo !!

O economista e professor Dilton Barreto, é um desses que participaram da afanosa luta  ,  para  desmistificar a “ caveira “, demonstrando que os projetos sergipanos eram  viáveis. Apesar do azíago   caveirame, houve êxitos. Houve conquistas relevantes.

Para isso, Dilson valeu-se algumas vezes do Escritório de Sergipe, comandado pelo seu colega economista Jose Rezende Pacheco.

Na inauguração do Escritório modesto, mas num ponto central da cidade, junto à Avenida Paulista, houve um episódio amedrontador. Era comandante do 2º Exército o general sergipano Humberto Melo. Homem extremamente vaidoso e que não dispensava uma ostensiva exibição de poder, ele mandou instalar blindados e ninhos de metralhadora em torno do prédio onde estava o Escritório. Seria uma prevenção contra atos terroristas.

Para que sobrevivam e até se justifiquem, as ditaduras necessitam  ter inimigos, ou fabricá-los. E de parceiros que sejam diarreicos de poder.  

 Sergipe manteve também outros escritórios. Um deles no Rio de Janeiro. Durante anos a fio foi dirigido pelo sergipano Jose Garcez. Era muito útil no tempo em que a capital estava no Rio .  Depois de Brasília o escritório passou ainda uns dez anos até ser extinto.

Em Brasília foi instalado um outro, muito movimentado até, e disputado por muitos políticos sem mandatos, saudosistas do Congresso, e com status e salário de Secretário de Estado.

Nos tempos em que na SUDENE decidia-se quase tudo sobre o nordeste, de onde Recife era considerada capital, Sergipe manteve lá um Escritório. Foram seus dirigentes dois economistas, e irmãos,   ativos e hábeis “ caçadores” da indigitada   “caveira “. Eram Gabriel D`Anuzzio   e José Anibal.

O governador deve ter encontrado boas razões para considerar útil o renascido Escritório em São Paulo. Dependerá  muito, sem dúvidas,  de quem for ocupá-lo, na condição de lobista ágil e inteligente dos interesses sergipanos.

Para completar, uma bem credenciada Consultoria, não deveria faltar.

 

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O CIMENTO E AS ÁRVORES A POLEMICA DA SEMENTEIRA

A polêmica entre o verde e o cimento.

 

O Parque Augusto Franco, a Sementeira,  era uma área do Ministério da Agricultura onde se faziam  experiencias com o plantio do coco,  e a isso se deve o nível de produtividade que alcançaram os nossos coqueirais, com a substituição das altíssimas palmeiras, que produziam poucos cocos dificilmente alcançados por  “tiradores “, quase acrobatas, que  as escalavam.

 

Augusto Franco era governador de Sergipe quando o Ministério da Agricultura desativou a Sementeira. O prefeito de Aracaju era Heráclito Rolemberg, logo assediado por empresas que  enxergavam uma excelente área onde multiplicar torres de cimento armados, aliás indispensáveis, enquanto as cidades crescem. Mas, prevaleceu a ideia muito melhor de que ali deveria ser, para sempre uma área verde. Ponto para Heráclito e Augusto Franco.

Ponto para os ex-vereadores de Aracaju Jorge Araujo e Samarone. O primeiro, que fez aprovar uma lei  mantendo intocada e verde, a área sempre ambicionada, e o outro, que anos depois atualizou a legislação anterior.

 A área original foi reduzida com uma parte reservada para a  sede sergipana  da EMBRAPA, a quem se deve agora uma parte do sucesso do agronegócio brasileiro.

A Sementeira  passou por algumas modificações, ampliou-se o numero de árvores,  foram criadas áreas de lazer, e o Parque, todo, tornou-se uma esverdeada   área, onde o aracajuano encontra-se com a natureza, caminha, corre, espraia-se na grama, em baixo das árvores, senta ao lado de Marcelo Deda, em estátua perfeita, e ouve as musicas que ele preferia.  

A Sementeira requer silêncio, tranquilidade, ali vivem várias espécies, habituando-se, naquele bosque urbano, a tolerar o burburinho  da cidade.

O prefeito Edvaldo Nogueira caracterizou suas sucessivas administrações por um cuidado especial em arborizar a cidade. Fez isso em várias avenidas, ampliou parques, conseguiu a doação em Canindé do São Francisco de mais de cinco mil mudas de Craibeiras, que hoje estão imponentemente verdes, sombreando a cidade. Ele criou agora o Parque dos Manguezais, enfim, tem solidas ligações com a visão ecológica. Mas, está envolvido agora numa polemica onde se manifestaram inclusive agrônomos, através da sua entidade, criticando  construções de pedra e cimento em meio ao verde que estaria encolhendo.

Enfim, trata-se de uma iniciativa inoportuna, até mesmo pelo período acirrado de campanha política que agora atravessamos. A ideia do  cimento, se alcançar mesmo uma dimensão ameaçadora, poderia ser revista, em consonância com o sentimento forte que cresce,  de defesa da manutenção integral das árvores, ou da impropriedade de cimento em torno delas.

A ideia do verde, sempre verde, e que todos querem verde, deve prevalecer sobre quaisquer outras considerações, inclusive, sobre uma tentativa que já existiria em determinados grupos interessados, de fazer surgir ali uma área para eventos.

O Parque é também dos passarinhos, dos outros bichinhos que ali vivem e convivem com os transeuntes humanos, todos acolhendo a pacifica e segura existência.

O parque precisa de mais verde, de mais silencio, e sobre isso, é preciso, em silencio, meditar melhor.

 

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O CLUBINHO DOS CAFAJESTES

 

A bizarra reunião aonde estariam homens públicos. Ou seriam apenas cafajestes.

 

 

O Rio de Janeiro  vivia, na segunda metade dos anos cinquenta, um tempo de efervescência ,  antecipando a nostalgia de perder a condição de capital federal.   Tornara-se,  outra vez, após o fechamento  dos cassinos  em abril de 1945,  um palco onde juntavam-se boemia e vaidades, reeditando as grandes noitadas do Cassino da Urca. Surgia um ramo do jornalismo que ofuscaria os outros espaços, onde se tratava de futebol, política , polícia, ou seja, a  tragedia cotidiana. Era a Crônica Social, que edulcorava a vida, pelo menos, para a parcela reduzida dos que resumiam a felicidade a uma taça de champagne.  

Frequentar com assiduidade as páginas de Ibrahim Sued, ou Jacinto de Thormes, era a certeza de um lugar entre as celebridades, fossem elas pessoas    com efetiva influencia na sociedade, ou apenas bon vivants, os chamados play boys , e mulheres  elegantes,  ricas, clientes das maisons parisienses,   ansiosas pela  lista das dez mais elegantes,  esperando nela estar incluída.

Foi então, nesse clima de futilidades, que um grupo de jovens e homens  maduros resolveu criar o Clube ou Confraria dos Cafajestes.

Deram um titulo honorário a Ibrahim Sued e o incluíram como sócio fundador da agremiação. Tudo isso em troca da notoriedade que ganhavam, como   despreocupados gozadores.

Eram “  cafajestes ” inofensivos.

O vídeo  que acima reproduzimos, faz lembrar desses “cafajestes” apenas festeiros de ontem, com suas excentricidades jocosas, para escandalizar o conservadorismo.

O vídeo reune um presidente, Milei; um ex-presidente, Bolsonaro; o governador paulista Tarcísio ; o senador Flávio Bolsonaro e outras personalidades centrais do convescote “ conservador” em Santa Catarina.

É um documento triste, vergonhoso, uma cena de absoluto desprezo  às regras da civilidade, uma negação do próprio conceito da decência, uma coisa jocosa, deprimente , irresponsável. Sem duvida cafajéstica .

 Bolsonaro, entrega  uma medalha da “ Confraria dos Imbrocháveis e Incomíveis,” ao seu filho, um senador da República, para que ele “condecore” o mandatário argentino, que rí satisfeito, enquanto sua excelência, o senador da República brasileira fazia ridículos gestos, tentando  explicar o que seria “ imbrochável e Incomível “, diante da jovem  que tentava traduzir com algum recato a obscenidade, naquela cena de rufiões , patrocinada por homens  que deveriam ter, pelo menos, algum vestígio  do  que significa decoro, decência, dignidade, respeito, pundonor, honra.

Essas palavras infames, impronunciáveis, onde se juntam cafajestes.

 

 

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DO AGRONEGÓCIO ATÉ A PICANHA E  AO MST

Diante da carne forte, a bolsa do pobre é sempre fraca.

 

Dizia-se, faz algum tempo,  que São Paulo era a portentosa locomotiva puxando o vagões, os outros estados.

Passava-se, dessa forma enviesada, a enganosa ideia de que o Brasil era um gigante parasita, onde havia um bem sucedido gueto de gente  que trabalhava, produzia, e ainda carregava às costas o peso  dos indolentes.

Quando, nos fervores da revolução paulista de 1932, lutava-se por uma Constituição e faziam circular tendencias separatistas, um grande escritor brasileiro, Monteiro Lobato, escreveu, claro e sem desfaçatez, que os paulistas necessitavam livrar-se da carga de um Brasil preguiçoso, e criarem um país independente,  talvez, depois, unindo-se ampliadamente aos três estados do sul, esbranquiçados pela  corrente migratória de europeus. A ideia separatista ganhava repercussão na histeria da extrema  direita nazi -fascista, formada quase totalmente por italianos e alemães, idolatrando o déspota bufão Mussolini, que marchara sobre Roma em 1922  instalando a ditadura fascista.

A partir de 1933, com Hitler chegando ao poder na Alemanha, os fascistas misturaram-se ao nazismo, uma forma ainda mais violenta e desumana de Estado totalitário.

Os partidos nazistas se multiplicavam em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

Lobato depois se redimiria, ao insistir na acertada tese de que, sem encontrar petróleo no seu chão o Brasil jamais conseguiria decolar.

E a Petrobras fez isso, tanto no chão como na água.

Ao criar Brasília e rasgar estradas para o centro oeste e o norte, Juscelino Kubitscheck   revelava, e sugeria um Brasil imenso, com capacidade gigantesca para produzir e  gerar riqueza.

Coube ao agronegócio fazer a demonstração, transformando imensas regiões em celeiros , que agora abastecem o país e o mundo.

Não há mais espaço para que se propale a ideia nefasta de que os demais estados brasileiros seriam vagões madorrentos, puxados pela dinâmica locomotiva paulista.

Muito menos imaginar que, fora da democracia, existirão caminhos autoritários que possam aquietar as ansiedades que vivemos. Os autoritarismos apenas sufocam  as inquietações.

Durante a votação pela Câmara  do modelo final da Reforma Tributária, Lula e o agronegócio estavam do mesmo lado.

Conseguiu-se incluir a carne entre os produtos isentos de tarifas. A ideia pode parecer, ou talvez seja mesmo controversa, podendo ser substituída por algo como sugeriu o Ministro Hadad e o presidente da Câmara Artur Lira: o cashback,   palavra “inglesada” para uma forma de devolução parcial daquilo que as pessoas de baixa renda pagarem pela carne.

 

 

 

 Algo essencial como tornar a proteína acessível aos pobres,  juntou Lula com visão econômica e social  ao agronegócio, este, querendo ampliar suas atividades diante do desafio de suprir o mercado nacional, que será ampliado, e manter as exportações no mesmo ritmo.

Não seria ainda a picanha chegando aos pobres, mas, apenas a  prosaica “ mistura, “  a carne tornando-se mais barata ,   deixando de ser uma raridade no prato de todos os brasileiros.

O Brasil é  o país das enormes possibilidades que não são alcançadas, por incompetência nossa. Infelizmente, nos tornamos   enviesadamente “ habilidosos “ na sibilina “arte” de transitar com muita desenvoltura pelos cofres públicos.

 Durante muito tempo  atribuíamos as nossas desventuras econômicas às ocultas forças externas.  Ao invés de  pensar o Brasil e ir ao encontro das nossas próprias mazelas.  

Esse episódio da carne chegando ao pobre através de um dispositivo na Reforma Tributária demonstra   a imensidão de virtualidades  que se oferecem a este país, onde até acérrimos e belicosos adversários, como têm sido o MST e o agronegócio, finalmente se encontram, no momento em que os Sem Terra de ontem, se tornam capazes de produzir, e seguem o exemplo do agronegócio.

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