Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
Como se faz triste o Brasil
17/03/2018
Como se faz triste o Brasil

COMO SE FAZ TRISTE O BRASIL

          O Brasil anda triste e não há nada pior do que um país tristonho. O povo brasileiro está depressivo ou se pondo em pé de guerra. Que desconsolo enorme o de uma geração que se vai findando e tendo vivido os anos dourados, aqueles quase todos coincidindo com o quinquênio alegre, febricitante, criativo e esperançoso, a era JK. Que desconsolo enorme para uma geração que sobreviveu a tantas peripécias da História sem ter perdido a confiança num país que conseguia galvanizar a força criadora de um povo ainda cordial e que agora se depara com a opressividade desses tempos violentos, ásperos, carregados de absurdas odiosidades. Que desconsolo enorme ver um país que o mundo admirava, a terra da tolerância, da ausência de radicalismo, da mistura benfazeja de todas as raças e onde, agora, se apagam as luzes do bom senso e da esperança, dando lugar à obscuridade que nos remete à truculência dos insanos.

          Não é só desconsolo, é também frustração junto com desilusão e medo, tudo aquilo que faz o cenário lúgubre do pessimismo sem cura.

          Essa coisa inominável, a estupidez da execução da vereadora carioca Marielli Franco, nos deixa a sensação de que a barbárie se instalou entre nós, porque muito pior do que o crime foi a “justificação” que surgiu na selvageria instalada nas redes sociais, aquela foto da vereadora com a inscrição que nos faz descrentes da nossa própria condição humana: “Trate bandidos como vítimas e um dia a vítima será você”.

          Marielli venceu os obstáculos enfrentados por quem nasce negro e é morador de favela. Aliás, ela é um exemplo dessa superação feita por muitos outros. Nas Favelas, em quase todas elas, há centros dinâmicos de iniciativas. Deles saem empreendedores que se destacam fazendo negócios inovadores, surgem líderes, pessoas intelectualmente qualificadas.

           Uma coisa em tudo isso é claro e evidente: não se poderá vencer o crime, começando por criminalizar todos os favelados.  Contra essa criminalização é que se insurgia a vereadora.

           Lembre-se que Brizola determinou que as polícias não fizessem incursões armadas pelas favelas, até porque elas no Rio são mais de mil e nelas vivem centenas de milhares de pessoas. Essas questões precisam ser discutidas, analisadas, sopesadas, diante do clima caótico que se instalou no Rio, onde a maior e mais pesada ameaça parte das milícias, os corpos armados formados na sua maioria por policiais reformados, expulsos ou na ativa. As milícias já têm sob seu controle absoluto mais de cento e cinquenta áreas no Rio de Janeiro.

          Estão fazendo algo que poderá ser pior do que o próprio crime, estão partidarizando a tragédia, e os extremos se encontram na mesma insensatez, até se esquecem de que, não só a vereadora foi executada, também morreu um cidadão que apenas trabalhava para ganhar a vida, o motorista de uber Anderson Gomes. Se acham, os extremistas de um lado, que a vereadora, a sua família, não merecem respeito, pelo menos que respeitem, manifestem solidariedade, à família do trabalhador executado.

          A saída estaria apenas nos aeroportos internacionais? E o que será do povão que nem sabe o que é passaporte?

 

CULTURA POPULAR OU ESSA COISA DA RALÉ

          O Pré-caju durou mais de vinte anos. Fabiano conseguiu, sem dúvidas, fazer ressurgir em Aracaju o Carnaval, que há muito tempo sumira. A cidade movimentou-se com a festa, recebeu turistas, surgiram empregos, dinheiro circulando. O Pré-caju foi um bom negócio enquanto havia fartura de verbas federais estaduais e municipais e as emendas parlamentares generosas para manter a folia. Mas tudo relacionado à festa nos chegava da Bahia. Do dinheiro que custeava a vinda das bandas, dos cantores e cantoras famosas e caras, da hospedagem de toda essa gente nos hotéis aracajuanos, uma boa parcela procedia do setor público, que patrocinava o Pré-caju. Assim, uma suculenta fatia do bolo era drenada para a Bahia.

PRÉ-CAJU

          Depois, as fontes secaram e a festa terminou. Nos tempos de euforia, pintou-se o Pré-caju como se fosse um evento com raízes populares, algo assim muito ligado às tradições culturais da nossa gente. Não era nada disso, mas essa tintura ajudava muito na captação de recursos, recheava a argumentação para facilitar o trânsito pelo setor público. Não se poderia dizer que a festa era essencialmente elitista, mas a verdade é que, sem dinheiro, dela não se participava. O povão mesmo, que não precisa de fantasia para identificar-se como pobre, porque já é denunciado pelas próprias vestes, este, ficava do lado de fora das cordas esticadas pelos seguranças, que faziam o isolamento indispensável entre os pé de chinelo e o tênis de marca.

          Na festa, custeada na sua maior parte com dinheiro público, ao lado da exclusão social, havia o espaço do poder e do dinheiro: os camarotes exclusivos. Entre eles, o mais badalado era aquele da Rede Ilha, o conglomerado de emissoras que ainda pertenciam ao pecuarista Edvan Amorim.  Naquele camarote, em tempos de bonanças, juntavam-se o poder político e as vistosas contas bancárias. Nada contra a festança, a fruição, o prazer, a alegria, cada um leva a vida da melhor maneira que lhe aprouver, mas o ideal seria que tudo isso ocorresse sem essa desvirtuada mistura do privado com o público.

          Somados, todos os recursos públicos destinados ao Pré-caju, desde quando começou a festa até o seu último alento, teríamos dinheiro suficiente para manter a Orquestra Sinfônica de Sergipe durante cinco anos e ainda sobrariam recursos para instalar bandas de música em uns trinta municípios. Com instrumentos, fardas e o salário dos maestros. Haveria dinheiro para dar uma ajudazinha, por modesta que fosse, aos grupos folclóricos sergipanos, que vivem sempre numa enorme pindaíba.

          Pois é, o lado mais autêntico, o lado efetivamente popular da nossa cultura, esse, sempre foi o mais esquecido. E para isso contribuiu também a nossa sociedade, que se deixa fascinar pelos acessórios e faz pouco caso do essencial. Em Sergipe, temos sido tão descuidados com, digamos assim, as nossas coisas, aquilo que faz a nossa identidade, que nos marca ou distingue como povo. De tanto esquecermos isso, toleramos e até aplaudimos, um cantor tipo Wesley Safadão, recebendo de uma prefeitura, trezentos, quatrocentos mil reais, para cantar diante de uma multidão de jovens e fazer apologia ao álcool, entre outras marginalidades que acompanham o seu rastro.

          Contra isso ninguém fala, ninguém diz nada, porque reclamar seria uma inconveniência.

          Nada contra o axé ou o brega, mas, quando se passeia pela história bem sucedida de outros países, que se fizeram desenvolvidos, cultos, socialmente avançados, é fácil constatar que as suas raízes estão fincadas, sempre, no solo generoso da cultura popular, dos costumes, dos comportamentos secularmente transmitidos. É possível entender a Europa sem passear pela evolução da Ópera, entender a negritude do Deep South americano sem incluir o jazz, o soul, os spiritual, o gospel?

          Por que a cultura nordestina, sulista, amazônica e do Brasil central aparecem tão visivelmente identificadas?

          A resposta é fácil e vai ser encontrada na valorização que deram à cultura popular.

          Já observaram a diferença existente nos carnavais do Recife, de Olinda, de Salvador, e o artificialismo vazio que dominava o pré-fabricado e precificado festejo que se fazia em Aracaju antes do carnaval?


          Surgiu, no Executivo, a ideia de dar algum destaque às coisas essencialmente nossas, nada de novidades ou passageiros modismos, mas, tão somente, ir à raiz da formação dessa sergipanidade maltratada, para reencontrar a nossa, por sinal rica, cultura popular. A cultura popular, ainda sobrevivendo escondida pelos recantos sertanejos, praianos, agresteiros, vive, suspira, resiste, no chão sertanejo, nos esconsos de São Cristóvão, na Muçuca, massapês das Laranjeiras, por aí vão espalhando o que, oralmente, lhes foi transmitido, faz séculos, isso agora e ainda, em plena era tecnológica, do email, do zap, da instantaneidade da fala colada à imagem.

          O destaque foi então sugerido pelo arquiteto que projeta, e poeticamente desenha, Ézio Déda. Gama, o Secretário da Cultura gostou, Jackson entusiasmou-se e disse: “Vamos fazer”. Mas, e as restrições orçamentárias, os atrasos nos salários, os problemas nos hospitais, uma segurança que não vence a bandidagem? Enfim, essas considerações do presente tenso, difícil, constrangedor. Mas há um presente de problemas que não serão vencidos, se tudo se acomodar na frustração do nada fazer, então, na discricionariedade das verbas que o governo maneja, havia, no orçamento da cultura, alguma coisa reservada, lógico, especialmente para a cultura. No Instituto BANESE, criado exatamente para dar apoio à cultura, Fernando Motta anunciou algum recurso disponível. Assim, surgiu a possibilidade de ser feito o Largo da Gente Sergipana para dar a   Aracaju mais uma referência, como faz, por  exemplo, a Orla da Atalaia, onde as estátuas dos vultos sergipanos e brasileiros lá estão e, neles, os turistas se aglomeram fazendo selfies. É bom lembrar que quando João Alves fez a Orla choveram criticas.

          Onde se quer que existam turistas satisfeitos, cidadãos de bem com a cidade onde vivem, a cidade há de ser aprazível, há de ser acolhedora, há de ter alguma coisa diferenciada e bem caracterizada. Nem é preciso alinhar exemplos.

          E assim, debaixo de críticas, de incompreensões, de muito preconceito e, também, alguma coisa de recalques, ou do que seja lá o que for, no sábado 17, dia de aniversário de Aracaju, inaugurou-se o Largo da Gente Sergipana. Lá estão em vistosas e coloridas imagens emolduradas pelos horizontes do rio, do estuário e do mar, as nossas manifestações da cultura do povo, danças, folguedos, alegrias, até tristezas. São os Bacamarteiros, o Barco de Fogo, o Cacumbi, a Chegança, o Lambe Sujo e Caboclinho, o Parafuso, o Reisado, o São Gonçalo, a Taieira.

          Seria tão bom que o espaço se transformasse, efetivamente, no Largo da Gente Sergipana e começássemos a pensar, mais criticamente, sobre as estreitezas que nos limitam.

LARGO DA GENTE SERGIPANA

 

AS ELEIÇÕES PRÓXIMAS E AS INCERTEZAS PERSISTEM

          Nunca na história de Sergipe houve uma eleição tão prenhe de incertezas, de problemas presentes e questões inúmeras a resolver. Cerca de cinquenta por cento dos atuais detentores de mandatos não sabem ainda se poderão registrar as suas candidaturas. Isso é inédito, é quase inimaginável. Algo assim, ou apenas parecido, ocorreu durante o regime militar, quando mandatos eram frequentemente cassados e havia a ameaça, sempre presente, de punições a qualquer momento, porque pairava sobre tudo a força totalitária de um monstrengo, a que deram o nome de Ato Institucional nº 5. Após aquele ato, cuja perpetração fará 50 anos no próximo dezembro, em Sergipe, seis deputados estaduais, de uma só vez, perderam os seus mandatos. Na área federal, só um foi atingido, o deputado João Machado Rolemberg. Ele integrava a ampla base governista, mas recusou-se a votar a favor da cassação pela Câmara Federal do deputado Márcio Moreira Alves. O jovem parlamentar carioca fizera, em setembro, um discurso que muito irritou os militares, sugerindo que as pessoas não fossem assistir o desfile do dia sete, como demonstração de repúdio ao regime.

JOÃO MACHADO ROLLEMBERG MENDONÇA, DEPUTADO FEDERAL SERGIPANO CASSADO PELO AI-5

          O presidente, marechal Costa e Silva, posto nas cordas pela quase rebelião nos quarteis, esperou que a Câmara resolvesse o problema cassando o parlamentar alvo das iras fardadas. Os deputados reagiram, numa atitude quase suicida, todavia corajosa. O discurso de Márcio fora apenas um episódio menor, proferido para um plenário quase vazio e sem repercussão numa mídia censurada. A Câmara negou a cassação, e registre-se, no episódio, a atitude digna do sergipano João Machado Rolemberg.  Mas o país pagou um alto preço, mergulhando na obscuridade de um tempo de completo autoritarismo. A Assembleia Legislativa de Sergipe foi fechada e só veio a reabrir para participar de uma simulação, que era a eleição indireta do governador de Sergipe, em face da renúncia do governador Lourival Baptista, que se afastou contra a vontade do presidente Médici, para concorrer a uma cadeira no Senado e, por isso, quase foi cassado também.

          A partir do episódio do deputado Márcio Moreira Alves, agravou-se a crise e as grandes manifestações nas ruas fizeram a “linha dura” assumir o protagonismo, exigindo que, em vez de diálogo, o governo aumentasse a força da repressão.

          Na vigência da democracia, cassações de mandatos não são fatos corriqueiros.

          Agora, até mesmo candidatos prováveis a cargos majoritários também não têm certeza sobre o futuro próximo. Além dos problemas que já enfrenta o todo poderoso representante de Temer em Sergipe, o deputado federal André Moura,     surge essa nova investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, que começa com a quebra do sigilo bancário. Na mesma investigação foram incluídos o senador Eduardo Amorim e o deputado estadual Luciano Pimentel, um ex-superintendente da Caixa Econômica em Sergipe, por onde passa a soma de recursos que irriga a indústria da construção civil. As investigações abrangem um período retroativo até 2012. É algo bastante sensível, porque envolve diálogos telefônicos entre cabos eleitorais e, dessas injunções sobre exigências de recursos para custar campanhas, quase nenhum político escapa. O problema mais grave surgirá se, na conta dos senhores parlamentares, figurar algum depósito um tanto atípico. Não se registrando isso, não haverá maiores problemas, a não ser, no caso específico de André, mais pedras colocadas no seu caminho, onde já existem obstáculos, até mesmo, o fato de estar, agora, exercendo um mandato a custa de uma liminar.

          Além desses prováveis empecilhos de ordem legal, há os desencontros de ordem política que continuam assolando tanto o campo oposicionista, como o do governo.

          Na oposição se desentendem os Valadares com André Moura e a sintonia entre o senador Eduardo e o deputado líder de Temer no Congresso não é das mais perfeitas.


EX-DEPUTADO BOSCO COSTA, EX-DEPUTADO HELENO SILVA E DEPUTADO FEDERAL JONY MARCOS

          No governo já ocorreram algumas defecções, como a do ex-deputado Bosco Costa, o ex-deputado Heleno Silva e o deputado federal Jony Marcos, estariam ensaiando uma possível retirada do PRB da base do governo. Com relação às dúvidas que pairavam sobre o afastamento de Jackson para candidatar-se ao Senado, tudo já parece superado e o governador age, agora, fazendo uma contagem regressiva até o dia D, que será seis de abril. Assim, Belivaldo assumiria, e sendo candidato à reeleição.

          Mas, apesar do prazo tão curto, até lá, surpresas mil poderão acontecer, o que torna esses dias que restam até meados de abril, um período de fortes emoções. As atenções se voltam todas para o que será decidido em Brasília a partir da próxima semana.


 

O FUTURO PASSA PELA BARRA DOS COQUEIROS

         Airton, o prefeito de Barra dos Coqueiros, deve andar muito eufórico. Afinal, o seu município bafejado pela sorte, favorecido pela geografia, terá, nos próximos seis a oito anos, a segunda maior receita do estado; enquanto isso, mais quatro milhões vão sendo, a partir de agora, acrescentados à sua receita, só como decorrência da construção da usina termoelétrica. Vários fatores se conjugam para que esse auspicioso futuro seja uma realidade, não apenas provável, mas, concretamente verdadeira.

          Em frente à Aracaju, do outro lado do alargado rio, a Barra, uma ilha, parecia um outro mundo isento ao “contágio”  da civilização. Havia a acanhada sede, quase um areal, onde foram construídas casas e, na extremidade sul, no encontro do largo Rio Sergipe com o oceano, o vilarejo da Atalaia Nova, onde todas as casas eram de palha, um paraíso buscado por veranistas discípulos da natureza. Tudo chegava transportado em canoas e, até a década de setenta, os únicos veículos a motor eram tratores, não havia estradas. Além dos extensos coqueirais, existia, intocada, uma vegetação de restinga e mangues luxuriantes, acompanhando as margens do Sergipe, do canal do Pomonga e de “braços da maré”, que são numerosos. Por tudo isso aquele refúgio da natureza estaria vocacionado a ser destino buscado por turistas a procura de ambientes naturais, de sossego, e distancia do tumulto fumarento das cidades grandes.

NAVIO DA H. DANTAS ATRACADO NA BARRA DOS COQUEIROS

Foto: demosteness/flickriver.com

          A vida da Barra girava em torno da pesca, mas, contrastando com o bucolismo, havia um estaleiro, o H. Dantas, onde muitos barcos foram construídos ou recuperados, o estaleiro ainda existe, atravessando as limitações de uma barra cujo acesso, a cada dia, se torna mais difícil. O “parque industrial” da Barra incluía, também, uma fábrica de óleo de coco, do industrial João Cruz, que foi consumida por um incêndio. A energia elétrica chegou à Barra em 1954, levada por um cabo submarino, uma “proeza resultante do arrojo administrativo do governador, engenheiro Leandro Maciel”, como registrou o jornal Correio de Aracaju.

          Mas tudo começou a mudar muito rapidamente. Primeiro, a entrada em operação de barcos rápidos de passageiros, construção de terminais e balsas para o transporte de veículos, isso, no governo de Valadares (1987 - 1991), que construiu, também, a estrada ligando a sede e a Atalaia Nova à estrada do porto, este, o grande e decisivo investimento, que acelerou a mudança, uma luta, na qual, sucessivos governadores se empenharam e Augusto Franco recebeu, do presidente general Figueiredo, a promessa de que a obra seria executada. Depois, a enorme ponte construída pela teimosia visionária de João Alves. Veio o boom imobiliário, multiplicando condomínios de luxo instalados por empresas de projeção nacional, e os massificados prédios de apartamentos para a classe media de menor poder aquisitivo.


PONTE CONSTRUTOR JOÃO ALVES

Foto: Jorge Henrique/aracajuvirtual.com.br

          A obra fundamental e radicalmente transformadora acontece agora. No canteiro de obras da CELSE - General Motors, já trabalham quase duas mil pessoas. Mais de mil são sergipanos, na sua maioria da Barra dos Coqueiros. É o maior investimento privado do nordeste, 5 bilhões de reais. A usina, primeira de um complexo de três, ficará pronta entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020. O investimento total para o Complexo Energético Governador Marcelo Déda gira em torno de dez bilhões de reais. A usina, diversamente de outras térmicas, usará o gás como insumo básico e será, então, ecologicamente limpa. O gás liquefeito virá do Qatar em navios-tanques e ficará armazenado, num gigantesco barco atracado permanentemente no mar, em frente ao local da usina; regaseificado, o gás abastecerá a usina, mas é na sobra dele, que surge a perspectiva de uma forte cadeia produtiva, que começa a ser desenhada. Serão indústrias de fertilizantes, cerâmicas, de vidros planos e porcelanatos, na sua maioria, mas as possibilidades não se esgotam nisso apenas. Junto com o que já acontece em águas profundas em frente à Barra, para a produção em larga escala de petróleo e gás, é que se firmam, também, outras projeções, diríamos mesmo, fabulosas, para o futuro da Barra e de Sergipe.

          A escolha de Sergipe, pelos empresários do grupo, foi o resultado de muitas tratativas que começaram com o governador Marcelo Déda, quando ele já estava doente. Jackson colocou na sua agenda, como prioritários, os entendimentos com o grupo. Manteve uma linha permanente de diálogo com os investidores e moveu a burocracia estadual, para que tudo andasse com muita rapidez. A cessão do terreno, as questões ambientais, cujo trâmite o hoje Secretário da Saúde Almeida Lima, então presidente da ADEMA, relembra e conta detalhes do que se tornou indispensável para que os prazos fossem antecipados e os empresários tivessem a convicção de que, em Sergipe, a burocracia não lhes retardaria o prazo que a agência reguladora de energia lhes dera para que a usina entre em operação.

          O debate em relação ao que agora acontece na Barra, aos efeitos futuros na industrialização de Sergipe, deveria ser o grande e atualíssimo tema, um dos focos principais dos questionamentos e das plataformas de todos os que pleiteiam mandatos e devem dizer algo mais consistente aos sergipanos sobre o nosso futuro.

 

TIRE UMA FOTO COM DÉDA


DEDA E MURILO MELLINS

          O Memorial Marcelo Déda é primor da arquitetura leve, simples, despojada, algo que sugere na geometria do conjunto, a sutileza de uma mensagem, cujas pistas se sucedem na poesia de um texto, por natureza, solene; nos indicativos da sucessão do tempo, na moldura do verde, na música que se ouve e no calor de quem a interpreta e, assim, por esse caminho de revelações, se chega à inteireza do homem e se vai bem perto da sua alma. É esse percurso que tem a densidade espiritual das sendas de peregrinos, que os sergipanos, os que nos visitam, estão agora convidados a fazer.

          Depois, uma foto ao lado de Marcelo Déda, que se fez cinzas, mas a sua História o perenizou no bronze.


DEDA E ADAILTON JOSÉ SILVA

O TRIBUNAL DE CONTAS EM EVIDÊNCIA

          Quando completava quarenta e nove anos, o Tribunal de Contas, criado em 1968 pelo governador Lourival Baptista, o conselheiro presidente Ulices Andrade fez comemoração para assinalar a data e por em evidência a, assim solenemente chamada, Corte de Contas. Veio a Sergipe o presidente do Tribunal de Contas da União, ministro João Augusto Ribeiro Nardes, que fez uma palestra intitulada: A Importância dos Tribunais para o Brasil e autografou o livro de sua autoria, Da Governança à Esperança, isso, numa época em que desaba a imagem desses tribunais em todo o país. No Rio, sempre por lá, quase todos os conselheiros foram parar na cadeia. Eles negociavam, no próprio Tribunal, ou no Palácio do Governo, junto com o gangster Sérgio Cabral, a divisão da propina. Nos tribunais de Contas da União, dos estados e municípios há conselheiros sob investigação, aqui em Sergipe duas conselheiras estão sendo julgadas em Brasília. A tarefa é difícil, sem duvidas, mas nela, o conselheiro Ulices Andrade se empenha. O prédio do Tribunal recebeu o nome do governador Albano Franco, que o construiu. Depois da lei proibindo nomes de pessoas vivas em locais públicos, a denominação foi retirada. Por sinal, essa regra foi apenas parcialmente cumprida, porque vários outros prédios, ruas, praças, escolas e ginásios de esporte continuam ostentando o nome de pessoas vivas.

          Ulices, sensatamente, deu uma nova denominação ao prédio, escolhendo, quem idealizou e começou a construir o Centro Administrativo de Sergipe, onde se localiza o TC, o ex-governador Augusto Franco. O ex-governador Albano Franco, seu filho, descerrou a placa da homenagem.

          Um importante momento foi o lançamento do livro sobre a função das escolas de contas, escrito pela professora doutora Verônica Nunes de Carvalho Sobral de Souza. Especialista no tema, a professora e acadêmica Patrícia, esposa do conselheiro Carlos Alberto Sobral de Souza, tem dado uma importante contribuição para o aprimoramento do trato com as contas públicas.

 

TEMER É TEMER, MAS É PRECISO SALVAR A INTERVENÇÃO NO RIO

          A intervenção no Rio corre sério risco de fracassar e, se isso ocorrer, é como se fosse concedida carta branca ao crime organizado para continuar agindo, não só no Rio, mas em todo o país. Temer, assolado por denúncias, prestes a ser mais ainda desmoralizado quando forem revelados os extratos das suas contas bancárias e as dos seus sócios e amigos, como o misterioso coronel Lima, o corredor da maratona de malas cheias, Rocha Loures, o arrumador de ilícitos, advogado José Yunes, e alguns outros como as conspícuas excelências, Moreira Franco, Padilha e Jucá. O cenário da República é o pior possível e a economia, que uma equipe competente vem tocando, começa a dar fortes sinais de que a tímida recuperação pode ser interrompida. O horizonte é de chumbo, denso de preocupações e de balas perdidas, ou certeiras, nos alvos que se multiplicam aterradoramente. É preciso salvar, a qualquer custo, essa intervenção apressadamente feita para atender circunstâncias político-eleitorais de um presidente, no rés do chão da popularidade, mas que tem a ousadia impensável de querer ser candidato à reeleição, disso, resulta uma maior devastação dos cofres públicos, com o próprio conceito de equilíbrio fiscal relativizado pelo Ministro da Fazenda, que é também pré-candidato à Presidência, uma irresponsabilidade.

          Entre o conceito de direitos humanos, que é essencial, e a realidade onde esses direitos se aplicam, deve haver alguma possibilidade de flexibilizá-los, sem que se ofenda a crença inafastável na dignidade do ser humano.

          As favelas não podem ser criminalizadas coletivamente, as operações policiais armadas nessas comunidades, não podem ser feitas como acontece agora, descoladas de planejamento, de estratégias, onde só existem, apenas, táticas rudimentares de combate, daí a letalidade entre habitantes pacíficos que nada têm a ver com os traficantes e bandidos.

EXÉRCITO NO RIO DE JANEIRO

Foto: Exército Brasileiro

          Mas às forças armadas deve ser conferido o poder de polícia, a possibilidade legal de alvejar bandidos que estejam ostensivamente portando fuzis. Nas cadeias, devem acabar, definitivamente, as visitas íntimas, o acesso de advogados sem passar por revista, as conversas reservadas com gente como Fernandinho Beira Mar e outros. A lei de execuções penais não pode ser leniente, as penas para bandidos devem ser aumentadas e sem possibilidade de progressão.

          Essas providências são indispensáveis e, para que aconteçam, é preciso acabar com a sacralização de conceitos, que, no momento, servem apenas à causa suja do crime dominante. O assassinato da vereadora Marielle é um repto lançado ao Estado Brasileiro e, se o Estado Brasileiro acabar de ser desmoralizado, o que mais nos restará? Iremos sobreviver com essas leis frouxas, com esses pruridos de uma civilização quase perfeita, que absolutamente não é a nossa?

          E não se deve alimentar preconceitos ou hipocrisias, quando se constata, objetivamente, que descriminalizar drogas menos deletérias, como a maconha, e até a cocaína, é tema a ser analisado, pensado, para que, progressiva e cuidadosamente, comece a se fazer uma legalização que possa afastar o traficante do negócio. Temos de seguir a trilha de países nos quais isso já vem sendo feito e pesar os acertos ou desacertos de tais medidas.

 

A ARTE DE CRIAR SUPERBOIS

          Criar bois e vacas, transformá-los em portadores de nobres qualidades genéticas, fazer o boi chegar a mais de vinte e cinco arrobas, a vaca a produzir sessenta litros de leite, é tarefa complexa, que só se cumpre com a aplicação de tecnologias e também muita dedicação ao que se faz e, ainda também, o carinho reservado a cada rês, ainda que se lide com numerosos rebanhos. Na sexta feira, dia 16, houve leilão de gado no parque Agropecuário João Cleophas, onde também se realizava uma exposição. Ao Leilão deram o nome de 3 Histórias.

          Três fazendas, que se destacaram cada uma num tipo de raça, estiveram presentes, exibindo sua qualidade genética.

          Na raça Guzerá a fazenda Nova Esperança, em Nossa Senhora das Dores, do engenheiro agrônomo Sérgio Santana. Ele, desde criança, já brincava com boizinhos de barro e sonhava em engordar e conformar com apuro e técnica a raça que escolhesse. Optou pelo Guzerá e, hoje, tem um plantel de alta qualidade, excelência comprovada em certames por todo o Brasil.

          Na raça Santa Gertrudis, a Fazenda Mangabeira é quase única em Sergipe a fazer a seleção daquela raça de origem norte-americana. O economista e criador Eduardo Rodrigues Porto da Cruz, adquiriu os primeiros exemplares de criadores paulistas, que importaram o que havia de melhor nos Estados Unidos. Fez isso em 1979 e, desde então, não parou de aperfeiçoar o seu plantel. Eduardo morreu prematuramente em 2009, sua viúva Gilza Calumbi Cruz e seu filho Gustavo deram sequência ao que Eduardo fazia com rara dedicação e eficiência.

          Na raça Nelore, hoje a mais difundida no país, a Fazenda Onça Agropecuária, em Itabaianinha, é exemplar na seleção da raça indiana, que não encontrou ainda um rival à altura para que possa crescer, engordar e se multiplicar com tanta eficiência nos climas tropical e subtropical.

          Os empresários Alexandre Vieira da Rocha e Everaldo Vieira Toledo, adquiriram os primeiros animais geneticamente melhorados em Minas, Bahia e Alagoas em 2005 e rapidamente transformaram a Onça Agropecuária num modelo de criação do Nelore PO.

          Criadores assim mantêm a tradição de Sergipe na pecuária selecionada, mantida pelos precursores, como Horácio Gois, Oviedo Teixeira, Murilo Dantas, Martinho Almeida, Belinho Almeida e tantos outros. Eles fizeram com que Sergipe ganhasse o título de “Reino do Indu-Brasil”, após tantos certames vencidos por animais sergipanos daquela raça. Depois, o indu-brasil foi substituído, principalmente pelo Nelore, e começou uma nova etapa.


 

AS ESTORIAS E A HISTÓRIA

          A História escrita somente surgiu porque foi buscar, na oralidade, os fatos a serem descritos nos papiros, nos incunábulos. Os contadores de estórias são, assim, os precursores da História. Contadores de estórias são também aqueles que se voltam para a cultura popular, os costumes, as criações e as fabulações do povo. As rodas se formam em torno de contadores de estórias, no aconchego dos lares, ao pé das fogueiras no campo, nas mesas das antigas tavernas, também agora em torno da cerveja gelada.

          Para que se preservem as estórias e os seus contadores, foi criada em Aracaju a Academia Sergipana dos Contadores de Histórias.

          Longa e profícua vida a mais essa academia, que nasce sob os auspícios inspiradores desse semeador de academias, o tantas vezes acadêmico, Domingos Pascoal.

DOMINGOS PASCOAL

 

O LARGO DA GENTE SERGIPANA LUIZ ANTÔNIO BARRETO


LUIZ ANTÔNIO BARRETO

Foto: Infonet

          Boa, oportuna e meritória ideia essa do vereador professor Bitencourt, que sugere o nome do insubstituível intelectual sergipano, Luiz Antônio Barreto, para o Largo da Gente Sergipana, ali na margem do rio Sergipe, e olhando o mar. Ninguém fez mais pela sergipanidade do que Luiz Antônio Barreto.

          Ficará mais bonito, mais representativo do seu próprio significado, aquele monumento, se for assim chamado: Largo da Gente Sergipana Luiz Antônio Barreto.

 

 

NAS REDES SOCIAIS

- TEXTO POSTADO PELO ACADÊMICO DOMINGOS VIANA:

A NOTÍCIA DO LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL, A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.

QUE PRESENTE DA UNESCO PARA A HUMANIDADE INTEIRA!!!

Já está disponível na Internet, através do site  www.wdl.org

É uma notícia QUE NÃO SÓ VALE A PENA REENVIAR MAS SIM É UM DEVER

ÉTICO, FAZÊ-LO!

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta.

Tem, sobretudo, caráter patrimonial", antecipou em LA NACION Abdelaziz Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e outras 32 instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a não ser "com valor de  patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer melhor as culturas do mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em linha em mais de 50 idiomas".

Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei de Espanha em 1562", explicou Abid.

Os tesouros incluem o Hyakumanto darani , um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato dos azetecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo; trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos utilizados como oráculos e esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia. 

Fácil de navegar:

Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve explicação do seu conteúdo e seu significado.. Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas O PORTUGUÊS. A biblioteca começa com 1200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.

Como se acede ao sítio global?

Embora seja apresentado oficialmente  na sede da UNESCO, em Paris, a Biblioteca Digital Mundial já está disponível na Internet, através do sítio:

www.wdl.org

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela Web , sem necessidade de se registrarem..

Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português), embora os originas existam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840. Com um simples clique, podem-se passar as páginas um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

Entre as jóias que contem no momento a BDM está a Declaração de Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história; o jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das "Fábulas" de La Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a Bíblia de Gutemberg, e umas pinturas rupestres africanas que datam de 8.000 A .C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:

América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num mundo áudio-visual.

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