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1) CANINDÉ DE ONDE A LEI AGORA ANDA SUMINDO
2) ENQUANTO O BRASIL QUEIMA A POLÍTICA INCENDEIA O MUNDO
CANINDÉ DE ONDE A LEI AGORA ANDA SUMINDO
Este carro parado ontem a noite, pertence ao irmão de Kaka, Roberto. Há quem afirma que teria sido encenação para servir como álibi para as operações de hoje. A nossa PM se prestaria para este papel? Estranho, muito estranho.
A lei, tal como a entendem juristas, constitucionalistas, hermeneutas, filósofos, ou, simplesmente, o senso comum, deve ser a ferramenta essencial da equidade, ou o tijolo principal do complexo edifício das sociedades civilizadas. A lei não pode ser desvirtuada pela parcialidade. Quando isso acontece, a sociedade degenera, e o exercício da política se transforma em farsa ou palhaçada tragicômica.No desventurado município sergipano de Canindé do São Francisco, o tempo agora retroage e se aproxima dos anos em que a violência gerou sangue, medo, corrupção e truculências. Por enquanto, não há violência, pelo menos física, mas os sintomas de esgarçamento da autoridade ou contaminação do ambiente político se fazem sentir na escalada de sucessivos episódios. O candidato Kaká Andrade, sempre escudando-se, como propala, na proteção da família, que inegavelmente tem poder, disfarça assim suas fragilidades, enquanto chama adversários ou críticos de vagabundos e maloqueiros.
Repetindo em seus programas eleitorais que tem o apoio dos governos do estado e da república, ele dá consistência à insinuação sempre repetida de que pode fazer, pode mandar, pode desvirtuar a eleição sem que nada lhe aconteça. Alardear numa campanha eleitoral, insistentemente, que tem o apoio do governo do estado e do governo da república, pode ser caracterizado como crime eleitoral, mesmo que não ocorram interferências desses poderes durante a campanha. Nenhum outro candidato fez isso. Em Aracaju, a candidata Candisse de Lula, petista e esposa do senador petista Rogério Carvalho, diz ter o apoio do presidente e companheiro de partido, não do governo federal. E Lula comprova o apoio nos programas eleitorais. Em Aracaju, o candidato Luiz Roberto diz que tem o apoio do governador Fábio Mitidieri e do prefeito Edvaldo Nogueira. Não se diz apoiado pelo governo ou pela prefeitura. Essa ausência de sutileza pode configurar um crime. Mas Kaká não tem alcance para entender, ou conviver com sutilezas, muito menos para as habilidades que a política exige. Adora enfeitar-se de poder, e nisso algumas vezes se torna grotesco ou desinteligente. Entre a esquisitice, os acessos de vaidade e a arrogância, aflora também a carência de bom senso.
Faz um ano, Kaká amedrontou o prefeito Weldo, que o derrotara, e contra o qual manteve um bombardeio constante e tentativas para o defenestrar. Mudou e assumiu o controle da prefeitura. Nomeou quem quis, demitiu e nomeou centenas, entre eles os principais secretários: de finanças, licitações, o setor jurídico, a educação. Explicou, falando na rádio Xingó FM, dizendo que o prefeito, fragilizado, abalado psicologicamente, apelou ao amparo da sua família, e assim, ele, condoído, decidiu ajudá-lo. Esclareceu que fazia tudo por Canindé e que o povo de Canindé logo sentiria a diferença. Mas, o que o povo bem viu foi a imagem do caos.
A prefeitura transformou-se num escancarado comitê eleitoral. O prefeito, assustado diante do que sua caneta era impelida a assinar, terminou resolvendo demitir o secretário de finanças e outros, mas, sob ameaça de ter o Gaeco nos seus calcanhares, vai tentando contemporizar. Entre tantos atos de desmandos, houve um pagamento feito a um empresário que controla a frota de caminhões-pipa, e os pipeiros não chegaram a ver a cor do dinheiro. Pararam, e no município mais seco do semiárido, dezenas de famílias tiveram de beber a água contaminada das barragens. Isso acontece durante a “interventoria do interventor Kaká.”
A lista de (apenas equívocos?) é alentada. Não se viu, lamentavelmente, nenhuma ação do Ministério Público para pôr algum vestígio de ordem no que se tornou quase um “cabaré sem dono”.
“Costeando o alambrado”, como metaforizava Leonel Brizola no seu modo gauchesco, entra agora, nestas linhas de puro espanto, a memória de um proxeneta imerso no lenocínio. Era Tonho do Mira, ou Maria -38 (para dar consistência à sua bissexualidade). Ele tinha aversão a qualquer desordem no seu cabaré famoso, o Mira Mar. Quando, nas noites em que começava qualquer bagunça, ele, com agilidade felina, pulava ao balcão, depois de impor silêncio com disparos do seu Schmidt-Wesson, cabo de madrepérola, proclamava: “Esta porra é um cabaré, mas tem dono.” E tinha mesmo.
O comando do batalhão da PM foi mudado, e Kaká, querendo que seu prestígio fosse levado aos quatro ventos, sussurrava ao ouvido de amigos, simulando segredo, que o episódio teria o seu sub-reptício dedinho. Agora, sintomaticamente, um policial do batalhão, que nas horas de folga fazia a segurança do candidato Machadinho, foi transferido para Aracaju, apesar de ter família em Canindé e ali servir há muito tempo. Enquanto isso, estão à disposição de Kaká três militares da PM que fizeram o roteiro inverso: foram transferidos de Aracaju para Canindé.
O chamado “bico” que fazem policiais militares e civis é coisa normal, existe em todas as polícias brasileiras, como uma espécie de complemento de renda, sem que o serviço no quartel ou nas delegacias venha a ser afetado. Dos novos oficiais que comandam agora o batalhão de Canindé, não há, até hoje, nenhuma atitude de intimidação a qualquer eleitor, candidato ou cidadão discordando de Kaká, mas, diante do panorama vigente, acumulam-se as insinuações de que a força seria empregada de forma bem próxima ao que fez o comando da PRF pelos estados nordestinos, onde o predomínio da preferência por Lula preocupava Bolsonaro. Kaká tem justificadas preocupações de norte a sul, de leste a oeste, onde sua rejeição é alentada. Para amainar essas preocupações, começa a funcionar um “dinheiróduto” com ramificações pelos povoados, pelos bairros pobres da sede.
E pobre é o que não falta no município que tem uma prefeitura rica.
Sobre essa contradição, já é outra história...
PS. ANTES DE TERMINAR ESTES ESCRITOS, CHEGA A INFORMAÇÃO: A POLÍCIA ESTARIA NESTE MOMENTO NAS ENTRADAS DE CANINDÉ, FAZENDO BACULEJO EXCLUSIVO. SÓ NOS VEICULOS COM ADESIVOS DO CANDIDATO MACHADINHO. E UM POLICIAL A PAISANA, QUE É SEGURANÇA DE KAKA, DANDO INFORMAÇÕES SOBRE OS CARROS DOS ADVERSÁRIOS, O COMANDANTE DO BATALHÃO QUE É UM MILITAR QUE RESPEITA SUA FARDA DECLAROU QUE NÃO TINHA CONHECIMENTO DO QUE ESTAVA SENDO FEITO. ENTÃO, ESTARIAMOS DIANTE DE UM ATO GRAVE DE INDISCIPLINA, PASSIVEL DE PUNIÇÃO DE ACORDO COM O CÓDIGO MILITAR. GRAVE, MUITO GRAVE. RESPONSÁVEL POR TUDO, O CANDIDATO QUE DIZ TER O APOIO DO GOVERNO E ESTARIA ESTIMULANDO OS MILITARES A COMETEREM DESATINOS.
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ENQUANTO O BRASIL QUEIMA A POLÍTICA INCENDEIA O MUNDO
Na reunião com os governadores a Brasilia esfumaçada.
Transformaram uma pandemia em guerrilha ideológica. Morreram mais de 700 mil pessoas. O mesmo fizeram em relação à escola, e levaram a guerrilha para as relações internacionais. Houve um quase colapso no ensino, e emissários tiveram que correr às pressas: um indo para o Oriente Médio, outro para a China, no caso, foi o vice-presidente General Mourão. Esses improvisados diplomatas corrigiram as idiotices praticadas pelo obscurantista chanceler Ernesto Araújo, e o agronegócio escapou por pouco de perder seus principais mercados. Seguidor do filósofo pré-cambriano Olavo de Carvalho, Ernesto Araújo disse, no Itamaraty, a diplomatas formandos que desejava tornar o Brasil um “pária no mundo”. Quase alcançamos o título deprimente. Bolsonaro se viu obrigado a demitir o chanceler, da mesma forma que terminou por afastar-se do tal Olavo de Carvalho, que chamou os generais brasileiros de “cagões.”
A Assembleia Legislativa de Sergipe aprovou a propositura de um deputado conhecido como Dona Trump, criando em Sergipe o Dia do Conservadorismo, em memória de Olavo de Carvalho. Saberia os senhores deputados o que, neste caso específico, significa a ligação do conservadorismo ao degenerado Olavo? É provável que nunca o teriam lido, muito menos conhecido detalhes sobre o estilo de vida amoral do “filósofo”, que morreu amaldiçoado pelas próprias filhas.
O governador Mitidieri já sancionou a lei, e o criticam por isso. No caso, ele não poderia agir de outra forma. A proposta foi aprovada pela quase unanimidade dos presentes, com apenas um voto contrário da deputada trans Linda Brasil. Se não sancionasse, a proposta voltaria a plenário e, outra vez, seria aprovada. E isso lhe desgastaria na sua própria base, aliás, imensa. Estamos atravessando um tempo turbulento de avanço do extremismo. Não é fenômeno brasileiro, é planetário. O fascismo revive com força e ímpeto, depois de assumir também a forma selvagem e genocida do nazismo, o mesmo que levou o mundo à Segunda Grande Guerra (1939 – 1945). Basta, para constatar a história ainda contemporânea, folhear alguns livros impressos ou virtuais, frequentar a TV, as plataformas sociais, onde muito se ensina, e também muito se devasta. Infelizmente, nesse imediatismo dos nossos tempos, que, presunçosamente, se intitulam pós-modernos, estamos perdendo o hábito da leitura, nos distanciando assim do que é básico: pelo menos, uma tintura de cultura geral. Através dessa tintura, se saberia, também, que o comunismo, uma das três pragas do século XX, acabou soterrado em 1989 pelos escombros do Muro de Berlim, derrubado pelos idosos berlinenses, a geração que conviveu com o monstro hitlerista, ao lado de jovens sufocados por um outro monstro, o stalinista. Ficariam sabendo, também, que o pior desastre que a humanidade já viveu começou através de uma aliança entre os dois totalitarismos, o nazismo e o comunismo, de mãos dadas e iniciando a matança.
Assim, imaginava-se, na simbologia de um muro desabando, que nascia uma nova era de paz, tolerância e civilização. Nessa sonhada era, a política, ao lado do saber, da academia, da ciência, seria o instrumento saudável a conduzir a evolução da humanidade, ou melhor: do humanismo. Direita conservadora, centro moderador e esquerda formariam, à falta de outro modelo, as democracias, cada um cedendo o seu lugar, tranquila e educadamente, ao outro que fosse mandado pelo voto popular. Sem imaginar cenas como o 8 de janeiro no Brasil e o janeiro anterior nos Estados Unidos, quando hordas ululantes de ódio pediam sangue a escorrer, incentivadas pelo presidente derrotado que não queria sair, e o mesmo acontecendo um ano depois no Brasil. Outra vez a doença totalitária contaminando o mundo. E assim vamos vivendo, e chegamos a produzir por aqui tipos como o execrável Pablo Marçal, e nos Estados Unidos o arrogante gênio criativo, e também acanalhado, Elon Musk. E o pior: para eles há quem erga altares.
Chegamos, finalmente, ao fogo que devasta o Brasil, ao lado de um perigoso incêndio na política. Brasília, cercada pelo fogo e numa ampla sala esfumaçada do Palácio do Planalto, onde se buscava soluções para evitar uma tragédia pior, alguns governadores levavam a gasolina da radicalização. O governador de Goiás, por sinal no seu estado muito bem avaliado e querendo outra vez candidatar-se a presidente da república, tendo Michele vice, anda avançando na pauta radical. Deve concordar com uma espécie de “estado islâmico” que ela propõe, acabando no Brasil o estado laico e levando pastores como Malafaia ao comando da nação subjugada. Mesmo assim, atentando contra a civilização, ela, sem dúvidas, seria uma vice a somar votos para Ronaldo Caiado, que, até para impressionar o lado admirador dos Marçais, disse que não pode prender os “andarilhos" que estão a espalhar incêndios porque, quando são presos, não permanecem na cadeia. O governo federal, segundo Caiado, teria tirado dos governadores a capacidade de agir.
Nenhum governo federal nem estadual prende ou solta. Esta é uma prerrogativa da justiça. Para manter uma pessoa até indefinidamente presa, basta um juiz qualquer, da cidade ou do campo, decretar a prisão preventiva. Ronaldo Caiado, ex-senador da república, no terceiro mandato de governador, não sabe?
Enquanto isso, na Carolina do Norte, Mickey Robinson, um negro, candidata-se a governador. É republicano, apoiador de Trump, e se declara nazista, homofóbico e também pedófilo. Ele começa a causar revolta. E Trump já se preocupa. Histeria extremista pode fazer mal.
Enquanto isso, na cidadezinha de Springfields, no Illinois, apareceu a gata que Trump disse ter sido devorada pelos haitianos emigrados. Os infelizes oriundos do Haiti, que chegam a ser mais de dez por cento dos oitenta mil habitantes, representam uma mão de obra indispensável para a economia local. O prefeito da cidade, que é republicano, os defende. Estão ameaçados agora, após a colossal mentira de Trump, por turbas de brancos supremacistas. Mas, enquanto isso, a gata que Trump disse ter sido devorada pelos haitianos, apareceu no porão da casa da sua dona. Ela agora pede perdão por ter acusado os vizinhos emigrantes, e a eles foi levar suas desculpas. Mas Trump continua com o mesmo discurso ridículo, explicando que a gata teve sorte. Fugiu da panela.
São os cenários da barbárie avançando sobre o pós-moderno, ou desfazendo aquela conversa sem sentido da chegada de um fim da história...
Xxxxxx xxxxxxxx xxxxxxx xxxxxxx xxxxxxxx.
A mesma história continua, e é tempo de guerra. Netanyahu acaba de iniciar uma nova era de terrorismo de Estado. De uma só vez, o serviço secreto israelense matou mais de trinta e feriu mais de dois mil, numa ação indiscriminada, onde crianças, idosos, inocentes, morreram ao lado de combatentes do Hezbollah. Virá a resposta do lado até agora definido como terrorista, enquanto aviões israelenses já bombardeiam Beirute, a capital do Líbano, um país sem sorte. A matança prossegue. A voz dos que falam em paz é sufocada pelo poder imenso dos fazedores da guerra, os magnatas da indústria bélica, simples manufatureiros de armas, ou açougueiros, conduzindo também suas coniventes boiadas. E o serviço secreto israelense, sintonizado com o delírio guerreiro do primeiro-ministro extremista e rodeado por fanáticos, faz explodir ao mesmo tempo os antigos celulares comprados pelo Hezbollah, imaginando livrar-se da letal tecnologia israelense. Descobre-se, agora, que o próprio serviço secreto, o Mossad israelense, na Hungria, os fabricou e vendeu. Ou seja, recebeu dinheiro dos “clientes” pela “mercadoria” que os matou.
Tanta inteligência, tanto dinheiro gasto para assassinar. A paz, se houvesse qualquer sinal de harmonia no mundo, seria simples: um Estado palestino reconhecido, aceito por Israel, ao seu lado, na Faixa de Gaza e Cisjordânia. E o compromisso de engavetarem os ódios. Os palestinos e israelenses trabalhariam juntos e construiriam a base de uma civilização judaico-muçulmana, florescente, progressista e inspiradora.
Aí, já entramos no terreno etéreo da utopia.