Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
“BOLSONARISMO DE RAIZ” DESCOLA-SE DE VALMIR
21/09/2022
“BOLSONARISMO DE RAIZ” DESCOLA-SE DE VALMIR

Ser ou não ser, eis a questão.

Definir o que seja “bolsonarismo de raiz” não é tarefa simples. Classificá-lo como fascista, é a explicação apenas simplória, que resulta da polaridade equivocada, onde de um lado estariam “comunistas” e do outro “fascistas”. 

Quando andava pelas ruas aquela gente verde-amarela pedindo o impeachment de Dilma, a tendência da inepta ocupante do poder foi conformar-se com a explicação: eram os “coxinhas”. Uma gente branca onde não eram raras as grifes sofisticadas, uma espécie de modismo de uma elite encantada com o desconhecido prazer de ocupar o asfalto, onde os scarpins (sapatos de salto alto) pisavam pela primeira vez.

As ruas, em 2018, deram lugar também ao regurgitar de indignações nas redes sociais. Surgia, em cena, o nome de um deputado de extrema-direita, já famoso por defender a tortura, a ditadura, e a violência contra a “esquerdalha”.

Que ninguém se assustasse, seria mais um extremado fascista tentando aparecer, e não iria além de um voo desengonçado, cacarejante e curto. Uma ressurreição fora de tempo dos “galinhas-verde” de Plínio Salgado, o nosso Hitler caipira. 

Agora, o palco central é ocupado pelo “bolsonarismo”, e nele se destaca o grupo que se define “de raiz”. É aquele mais extremado, que ocupa as ruas pedindo o fechamento do STF, do Congresso Nacional, um regime totalitário, também defende a cloroquina, desdenha da Covid, transforma a vacina numa conspiração devastadora, implora a intervenção militar.

Há bolsonaristas que são educados, cordatos, não querem impor ideias, apenas, enxergam no capitão alguém capaz de fazer o que eles imaginam necessário para o país. Esses, que não renegam a democracia e admitem como indispensável o pluralismo e a rotatividade no poder, foram aos poucos se afastando do foco dos tumultos, onde permanece ativo o chamado bolsonarismo de raiz, que reivindica uma posição hegemônica entre os adeptos do ex-capitão.

Trata-se de um grupo muito desconfiado, espécie de seita apegada a um mito, e dele fazendo um “salvador da pátria”. Primeiro e único.

O grupo raiz sempre olha com muita suspeição aqueles que chegam como aliados. Há uma espécie de preconceito semelhante ao existente na sociedade colonial brasileira em relação aos “cristãos novos”, os judeus convertidos ao catolicismo.

Nesse espaço do bolsonarismo o candidato Valmir de Francisquinho, embora filiado ao PL, ainda é um corpo estranho, um “cristão novo”, que terá de fazer acrobacias, para demonstrar porque não foi recepcionar o presidente, quando ele veio a Sergipe; porque ele e os seus candidatos não pedem voto para Bolsonaro; porque não diz, com clareza, que é candidato de Bolsonaro. E o que deixou o bolsonarismo de raiz mais revoltado foi a declaração de Valmir sobre Lula, dizendo-se até seu antigo eleitor, e não sendo explícito na ojeriza que deveria ter ao ex-presidente, repetindo com ardor e a plenos pulmões: “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.

Para decepção maior do grupo de raiz, Valmir, numa entrevista, afirmou que sendo eleito governador de Sergipe, iria conversar com Bolsonaro, também com Lula se ele for eleito. 

Valmir de Francisquinho, apesar de filiado ao PL, o partido de Bolsonaro, e ter recebido recursos do fundo partidário, não cumpre o ritual exigido para merecer o acolhimento integral entre a tropa de choque,a vanguarda do “imbrochável”.

Por isso, os vanguardeiros bolsonaristas já começam a imaginar uma saída para o que consideram uma saia-justa, onde se meteram por descuido. Já suspeitam de que sendo Valmir o eleito, eles, os bolsonaristas que lhe darão o voto, ficarão perdidos e anônimos no somatório da votação, como parcela sem maior importância.

Assim, imaginam um plano B, urgente, que seria o foco único na candidatura do presidente, e para o governo do estado escolheriam um nanico, sem nenhuma expressão eleitoral, tal como o médico geriatra, que é candidato e não sai do zero. Despejariam os votos no geriatra, dando-lhe uma alavancada, para que ele ultrapasse os cinco ou até dez por cento.

Essa votação ficaria registrada como demonstração de força eleitoral  do bolsonarismo de raiz em Sergipe. Formariam, então, um expressivo capital político, que poderiam usar num eventual segundo mandato de Bolsonaro, ou, mesmo havendo a vitória de Lula, o que agora é a probabilidade bem mais consistente. Com base nesse resultado a ser avaliado, eles teriam, então, maior mobilidade para assumir um novo partido, que oferecesse sombra e água fresca para mexerem com plena liberdade, e sem intrusos por perto, o caldeirão fumegante das suas alquimias radicais.


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ROGÉRIO EM SERGIPE TIRA VOTOS DE LULA

Abraço de urso ou de Tamanduá.


Rogério é senador em meio de mandato. Diante do cenário político sergipano e nacional que se prenunciava bem difícil e complexo, ele, tendo a segurança de mais quatro anos, se, efetivamente, o seu maior interesse fosse a eleição de Lula, e a sobrevivência do PT, teria se empenhado pela manutenção da arquitetônica política traçada na prancheta de Marcelo Déda. Era matizada em cores diversas, e tornou-se a fórmula aglutinadora para ameaçar e vencer a fortaleza eleitoral construída com a engenharia política de João Alves, e consolidada pela sua excepcional qualidade de desenvolver projetos de impacto e modernizadores.

O próprio Rogério não teria chegado ao Senado se não fosse parte de uma configuração política que sofrera abalos, mas, manteve o gás suficiente para que fosse alcançada a vitória acachapante de Belivaldo, chegando ao governo com mais de 300 mil votos de vantagem. Algo inédito em Sergipe, e que dificilmente se repetirá.

Rogério, com algum açodamento, resolveu romper e sair cuspindo fogo, algo deselegante ou fora dos trilhos. Ninguém vai  esperar de Rogério que tenha alguma preocupação com esses detalhes, para ele irrelevantes.

Sua autoconstruída candidatura provocou rupturas no PT. Dele, saiu o histórico militante Chiquinho Gualberto que já foi uma voz quase radical. Entendeu as transformações, hoje atualizou o discurso, todavia, não consegue entender política misturada com oportunismo e gestos traiçoeiros de desfaçatez. Saiu também Iran Barbosa, um político que sempre colocou os seus conceitos acima das circunstâncias. E há inúmeros insatisfeitos, apenas engolindo as palavras que lhes chegam à boca, para não ampliar dissensos. E do seu canto, filosoficamente meditando, e produzindo textos primorosos de análise política, o cidadão de Currais Novos (RGN) Rômulo Rodrigues, convergindo seu entusiasmo para a candidatura a senador de Valadares Filho, prefere calar, não exatamente conformado, mas, eticamente conveniente.

Na noite de dois de outubro, com o resultado do pleito já conhecido, graças à notável eficácia das urnas eletrônicas, se  ficar constatado que Lula deixou de liquidar a fatura logo no primeiro turno, à falta de 200, ou 300 mil votos, algum eleitor de Bolsonaro, alegre por ter escapado de purgar uma definitiva derrota, telefonará a Rogério, e emocionadamente lhe agradecerá pelos serviços prestados ao capitão. 

 

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EM SERGIPE A “COBRA” VAI FUMAR

Agora o óleo outra vez vai jorrar. 

A Cobra Energy, petroleira espanhola que comprou por vistosa quantia de mais de dois bilhões de dólares as instalações da Petrobras em terra, aqui em Sergipe, agora, tem uma subsidiária sergipana, que se chama CARMO Energy, em homenagem ao primeiro campo sergipano produtor de petróleo no município de Carmópolis.

Terça-feira uma comitiva de executivos e técnicos foi comunicar ao governador Belivaldo, que todos os obstáculos já foram removidos e a empresa começa a revitalizar os campos, engraxar os equipamentos, e vai pôr em movimento as bombas que extraem óleo e gás de todos os poços agora paralisados. A perspectiva é de que no próximo ano seja alcançada uma produção média superior a vinte mil barris diários. Isso significa muita coisa. Empregos, renda, impostos entrando nos cofres públicos. Assim, em Sergipe a “Cobra vai fumar”, aqui,  relembrando a frase sutil e encorajadora da nossa heroica FEB, que foi lutar, sofrer e vencer nos campos da Itália.

Que, no caso, o verbo fumar signifique produzir.


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AQUELA MENINA AGORA TEM 82

Um aniversário em tons rosas-vermelhos.


A doutora Zelita Correia, é advogada, promotora pública, jornalista, professora, escritora, alma de poeta e militante social.  Naquele jargão agora tão costumeiro que se imagina a serviço do empoderamento da mulher, logo surgiria a definição: “Trata-se de uma mulher guerreira”.

Não, Zelita não se identifica com essa definição belicosa. Ela é, essencialmente, uma pacífica harmonizadora, mas, sempre avessa à aceitação da mediocridade como regra de bem viver. Zelita prefere a inquietude, a ânsia de transformar. Assim,  mantém uma fidelidade atemporal, ao que foi a menina, e ao que se configura hoje, na alma e na face de uma mulher de 82 anos, mãe, avó, bisavó.

Vai ver, na sua biblioteca já estão há muito tempo repostos,  aqueles livros, que o sempre lembrado Paulo Barbosa recomendou a todos que os enterrassem, quando raiou o dia 2 de abril de 64, e havia, assim, uma sensação de “subida da colina”, o caminho da prisão nos tempos em que, por desgraça, e erros recíprocos dos lados em polarizado confronto, o quartel do Exército em Aracaju transformou-se em provisória prisão política.

Zelita, sempre dada a pensar e agir, andava naquele tempo às voltas para quebrar o hermetismo de Merleau  Ponty, e entender o seu livro Fenomenologia da Percepção, um desafio lançado pelo polivalente pensador Ezequiel Monteiro.

Pois então, transpostas as ilusões, aquietados os sonhos, Zelita permanece hoje, firmemente, acreditando num mundo melhor, democrático, acolhedor, fraterno, e assim, nessa sexta- feita dia 24, reúne, na sua casa, família e velhos amigos, para comemorar seus 82, numa festa temática, onde fotos de Lula estarão decorando o cenário.

Velhos tempos, novos e envelhecidos tempos.......

 

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COMO ENRIQUECER AO LADO DO DINHEIRO VIVO

Uma família unida pela preferência ao dinheiro vivo, e pela compra de mansões.

Passada essa eleição, a família Bolsonaro poderá dedicar-se a um negócio que certamente lhe renderá muito dinheiro. Especialistas, com prática comprovadíssima nesses três anos em fazer multiplicar patrimônios e usando dinheiro, preferencialmente em espécie, montariam uma Consultoria financeira e teriam sucesso garantido.

Mostrariam, por exemplo, como acumular nove milhões e trezentos mil reais, em dois anos, e, nesse período, fazer aplicações financeiras de oitocentos mil reais; comprar uma vistosa mansão em zona nobre de Brasília, pela módica quantia de três milhões de reais, tal como fez uma das ex-esposas felizes do presidente Bolsonaro. Nesse período, ela tinha dois empregos que lhe rendiam cerca de dez mil reais. Com esse salário, necessitaria, sem gastar um só centavo, passar dos setenta anos para chegar próximo aos nove milhões e trezentos mil.

Haja competência e engenharia financeira, haja milagre, haja bênçãos de Silas Malafaia.

Não pode haver dúvidas de que, todos eles, são ferrenhos defensores dos valores morais da família brasileira.

INFORME PUBLICITÁRIO

Baixa cobertura vacinal pode reintroduzir doenças erradicadas

Sergipe registra queda no índice de vacinação geral, sobretudo em crianças e adolescentes nos últimos três anos. A redução é resultado de uma tendência que atinge o Brasil desde 2015, mas que se acentuou com o início da pandemia da Covid-19.

O cenário é preocupante, principalmente, quanto a cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1). De janeiro a setembro do ano passado, a cobertura vacinal foi de 56%. Este ano, 41 %, segundo dados do Programa Estadual de  Imunização da Secretaria de Estado da Saúde.

Situação semelhante acontece com a imunização contra a paralisia infantil. A cobertura da vacinação contra poliomielite caiu de 73%, da janeiro a setembro de 2021, para 64% este ano de 2022. Embora o Brasil esteja livre da paralisia infantil desde 1990 é  fundamental a continuidade da vacinação para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no país. 

Diante do cenário de baixa cobertura vacinal, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), vem impulsionando o movimento "Vacina Mais Sergipe"; para ratificar a vacina enquanto meio essencial para erradicar e impedir o retorno de doenças.

A Secretaria de Estado da Saúde reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial das crianças menores de cinco anos que devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina.

A maior parte das doenças infecciosas graves podem ser, atualmente, evitáveis através de vacina. Porém, é preciso estar atento ao calendário de vacinação. Sergipe conta hoje com 489 postos de saúde, distribuídos entre sede e povoados, além das unidades  hospitalares que recebem as vacinas para recém-nascidos (BCG e contra Hepatite B).

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