Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
BELIVALDO, PREFEITO DE ARACAJU?
07/02/2023
BELIVALDO, PREFEITO DE ARACAJU?

É possível convencer o eleitor aracajuano que Belivaldo seria o melhor nome para suceder Edvaldo na Prefeitura?

Dizem, políticos com biografia extensa de experiências alongadas, e exibindo a trajetória bem sucedida das eleições disputadas e vencidas, dizem estes, assim tão abalizados em opinar, que, candidaturas não podem ser precoces, ou seja, devem ter o tempo exato para que possam ser lançadas, e submetidas ao crivo da avaliação popular.

Não dizem contudo, esses precavidos, como evitar que especulações sejam feitas com a voracidade das redes sociais e os nomes dos prováveis ou supostos candidatos sejam expostos, e se tornem objeto do permanente e incontrolável debate público na infinitude dos espaços virtuais.

Por outro lado, com a vigência da reeleição (um grande equívoco que a nossa Constituição abriga), não há governador ou prefeito eleito que possa evitar, já no dia da posse, a entrada em cena daquela hipótese, ou quase certeza, da disputa pelo segundo mandato. Assim, todo o primeiro mandato gira em torno da viabilidade dessa conquista.

Lula, nem completou o primeiro mês e já admitiu: chegando aos 81 anos em 2026, escorado nos resultados de um bom governo e tendo saúde poderia cogitar a respeito de um quarto mandato.

O governador Fábio Mitidieri não será uma exceção a essa regra. Jovem, disposto e fascinado pela arte da política ele, com certeza, ao fim de um mandato que tem tudo para ser bem sucedido, irá pleitear um segundo.

Mas isso não se fará sem uma boa condução da política. Mitidieri venceu uma eleição que se desenhava como improvável, e para isso houve a costura de um amplo arco de tendências, e de lideranças. Após a derrota no primeiro turno com a vitória do itabaianense Valmir de Francisquinho, ficando o açodado Rogério em segundo lugar, Mitidieri teria sido alijado da disputa não fora a inelegibilidade do vencedor, que concorreu sabendo das consequências. Houve a controversa aliança entre Rogério, do PT, e Valmir do PL bolsonarista, muito bem explorada pela campanha de Mitidieri e por significativa parte da mídia, batendo na tecla dos processos por improbidade que circulam em torno da carreira, esta, a de Rogério no caso específico da política.
 
E houve uma circunstância que foi decisiva: a permanência de Belivaldo no governo e nele exercitando toda a sua capacidade de arregimentação das lideranças partidárias. Mitidieri, ele próprio, somou uma cifra elevada de apoios de prefeitos, mas é preciso lembrar que onde há prefeito há oposição, e Rogério é de fato o "trator", que tendo “farto combustível”, e se declarando candidato de Lula, conseguiu partir Sergipe em algo próximo à duas metades.

Uma parcela que migrou no segundo turno de Francisquinho para Mitidieri, formada pelo bolsonarismo, tornou-se importante, mas esse apoio foi apenas circunstancial, pela ojeriza ao PT e ao seu candidato, e poderá tomar outro rumo, quando já se tem como quase certeza que o senador bolsonarista Laércio Oliveira será candidato ao governo, tendo a garantia tranquilizadora de estar apenas na metade do seu mandato senatorial.
Com efeito, cresce de importância a eleição para prefeitos e vereadores que acontecerá no próximo ano. E em Aracaju se travará uma batalha decisiva. Na capital a vitória de Mitidieri foi fundamental, e ela não teria ocorrido sem o empenho do prefeito Edvaldo Nogueira, que vai acumulando a seu favor o capital político de uma gestão muito bem avaliada.

Ao decidir permanecer no governo, Belivaldo não cometeu o erro fatal de Jackson Barreto quando anunciou numa rede de emissoras que não seria mais candidato, e se o fosse, que ninguém votasse nele.
 
Belivaldo não se sente atraído por cargos em Brasília, e o Senado, ou o "céu na terra", no dizer de um politico sergipano que nele esteve, não chega a seduzi -lo.

A experiência em cargos executivos, em Secretarias de Estado, nove meses no governo de Sergipe, completando o período de Jackson, depois, quatro anos de um mandato conquistado com exponencial diferença de votos, vencendo em 73 dos 75 municípios de Sergipe, tudo isso, faz do ex-governador uma liderança forte, e adquirindo substância popular na medida em que se avaliavam os resultados positivos do seu governo.

Esses aspectos terão de ser cuidadosamente sopesados ao se cogitar de um candidato à sucessão em Aracaju que transmita a certeza de manter, ou  ampliar, o excelente desempenho administrativo do atual prefeito, e, além disso, tenha condições politicas para dar força ao grupo que precisa chegar ampliado e fortalecido às eleições de 2026. Belivaldo exerce influência pessoal nos 75 municípios sergipanos, porque, além de obras que realizou sabe construir laços de amizade e sempre está a projetar novos elos de reaproximação, como por exemplo a relação reatada com o ex-senador Valadares e a cura de possíveis sequelas surgidas na campanha entre lideranças petistas, também, com o seu antecessor e amigo Jackson Barreto.

Sabendo que terá defecções no seu atual grupo, Mitidieri tem consciência de que precisará fortalecer laços, evitar descontentamentos. Principalmente entre os aliados que perderam a eleição mas carrearam votos para a chapa majoritária. Em Brasília o governador já deu os primeiros e decisivos passos, sugerindo uma estreitamento da relação com o governo Lula, onde o Ministro Márcio Macedo será peça fundamental. São duas vagas abertas no Senado em 2026, e dois pleiteantes já se mostram ativos: Edvaldo Nogueira, e, exatamente, o influente ministro Márcio Macedo, este, de fato um amigo próximo e com lealdade comprovada ao presidente Lula. João Daniel e seu amplo cordão de seguidores do MST, não ficariam fora dessa concertação, mesmo que Daniel não venha a ser bem sucedido no julgamento que ocorrerá ainda esta semana em Brasília.
 
Isso não significa que haverá o descarte de um aliado também importante no segundo turno que foi o senador Alessandro Vieira, possivelmente com outras alternativas mais concretas, além do Senado, que agora de forma destacada vem ocupando.

Nisso tudo, torna-se fundamental a aliança com André Moura e a concordância tácita dele, em relação ao que se irá decidir nas eleições municipais. Da mesma forma aquilo que Mitidieri tão bem sabe fazer, o diálogo próximo e construtivo com a Assembleia Legislativa, agora sob o comando de Jeferson Andrade, seguindo o mesmo rumo de entendimento traçado pelo ex-presidente Luciano Bispo.

E em relação a Itabaiana, talvez seja necessário voltar sobre aquele caldeirão fervente da política e da economia sergipana, um olhar mais abrangente.

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A COHIDRO, "VAZAMENTO" E “A CASA DE MÃE JOANA”


Está camionete circulou pelas ruas de Poço Redondo transportando mantas de impermeabilização que estão abandonadas ao lado da barragem inconclusa.

A COHIDRO, Companhia de Recursos Hídricos, no âmbito da sua competência deve perfurar poços, cuidar para que não falte água nos perímetros irrigados que administra, e esse manejo da água que é no semiárido sergipano um recurso natural escasso, deve ser feito tendo em vista evitar os vazamentos, ou seja, reduzir as perdas do que se convencionou chamar de “precioso líquido". Mas existe uma outra preocupação que deve ser imprescindível e fundamental em qualquer empresa pública, aquela que tem a ver com a ética, a moralidade pública, o zelo indispensável com os recursos financeiros disponíveis e que resultam do imposto que todos pagam, esperando que sejam utilizados de forma correta e responsável. Se isso não ocorre, existe o risco de que o setor público negligente ou impúdico, venha ser classificado com aquela expressão popular a definir desordem, desmando, bagunça, “aquilo lá é uma casa de mãe Joana”.

Para que isso não ocorra, e venha a respingar no governo de Mitidieri, que apenas começa, é essencial que o dirigente daquela empresa premiado com a permanência, venha a explicar, de forma convincente e baseada em números, como se deu a aplicação de oitocentos mil reais numa barragem em Poço Redondo, que não foi concluída, e continua como antes, inutilizada por um defeito de construção que teria de ser reparado após ser vedado o local por onde a água escorria, sumia, vazava, não se chegando assim, mesmo com muita chuva ao enchimento do enorme reservatório, que daria sustentabilidade à pecuária, principalmente leiteira na região de Barra da Onça.

Após a nota que aqui publicamos na última semana, uma camionete foi fotografada (foto acima) conduzindo uma peça da manta que teria de ser usada para vedar e impedir o vazamento, e ficou abandonada, da mesma forma outros equipamentos.

Na barragem o vazamento de água permanece, acrescentando-se agora, àquela obra problemática um outro "vazamento", que não é exatamente um problema de engenharia, mas, de falta de vergonha, caso não venha, como se espera, a ser minuciosa, e adequadamente explicado.

Enquanto persiste o silêncio do gestor responsável, o engenheiro Paulo Sobral, continuam as dúvidas, sobretudo as suspeitas. E toda uma população prejudicada e decepcionada. Fica-se a imaginar dessa forma que, 
além do sumidouro de água já existente, acrescentaram um outro: o sumidouro de reais, milhares deles.

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-TÓPICOS-

1) A Sealba e os seus resultados

A Feira do Agronegócio reunindo Sergipe, Alagoas e Bahia, foi mesmo muito além do que inicialmente dela se esperava, a começar pelo volume de negócios em torno de cem milhões de reais.

Um sucesso da força empreendedora e criativa de Itabaiana, que somou apoios do governo do estado, da federação da agricultura, do Sebrae, da prefeitura de Itabaiana, e de tantos outros parceiros importantes e decisivos.

Na abertura do evento onde estavam dois governadores, o de Sergipe e o de Alagoas, o prefeito de Itabaiana fez um bem concatenado discurso, mostrando o sucesso de uma feira do agronegócio que caminha para ser uma
das mais importantes do país, pelas parcerias nela envolvidas. O prefeito convocou o empresariado para que seja construído um parque multi-eventos que poderá abrigar e dar uma dimensão ainda maior à SEALBA. 


2) Um colapso anunciado

A entrada em recuperação judicial do grupo ACF já era algo aguardado pelo mercado. O grupo resulta da partilha feita com muita competência e sabedoria pelo patriarca Augusto Franco, dando, em vida, formatação legal antecipada ao processo de herança, e coube a um dos mais empreendedores dos seus filhos Antônio Carlos Leite Franco, gerir um complexo industrial formado por duas moderníssimas fábricas de tecido, uma central de acabamento, um jornal e algumas fazendas, entre elas a histórica Pedras, onde havia uma usina açucareira desativada, e seus canaviais alimentavam a portentosa usina Pinheiro, o carro-chefe do grupo; tudo isso, além de inúmeros outros ativos, e vistosas aplicações financeiras, inclusive em dólares. O Jornal da Cidade foi algo que  Antônio Carlos tratou como se fosse uma joia, e a todos os seus colaboradores dedicava um carinho especial, porque apreciava conviver com a inteligência nas reuniões quase semanais que promovia no próprio jornal, ou mais descontraídas, em restaurantes da cidade e até europeus. Dessas reuniões com o grupo de jornalistas, e intelectuais, ele extraia ideias que iam surgindo, e as aplicava, tanto na atualização do seu grupo com as tendências mais modernas da economia, como também, para fazê-las gestar no ambiente da política sergipana, onde ele se tornara um líder, ouvido e referenciado. O jornal modernizado por Antônio Carlos Franco tornou-se líder da mídia impressa sergipana, reunindo as mais ilustradas cabeças do jornalismo sergipano, e brasileiro. ACF, (a sigla sugerida por Thais Bezerra, e como todos carinhosamente o tratavam) se transformava numa espécie de “editor-chefe”, acompanhando o dia a dia do jornal e impondo uma regra: liberdade completa aos texto opinativos.

Com a morte prematura de ACF, tudo mudou, e o jornal entrou em decadência, não só pelo avanço da mídia eletrônica, mas, sobretudo, pelo desprezo a que foi relegado, acabando por ter a sua redação abrigada nos fundos de uma das fábricas de tecido.

Mas a decadência não afetou apenas o jornal. O grupo enveredou por iniciativas que não deram certo, como a área hoteleira e o equívoco de um Shopping surgindo em local impróprio e com uma estreia anunciada em marketing meia-sola.

O que se deseja é que o grupo supere as suas dificuldades, e volte, breve, a ter a mesma pujança que o caracterizava durante a vida de Antônio Carlos Franco.

Para isso três coisas são necessárias: visão empresarial, inovação, e menos vaidade.

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