(O procurador e o "Jabutí")
Ibrahim Salim é um pequeno empresário sergipano. Mas não é apenas isso, é cidadão prestante, líder na organização a que pertence, a Loja Maçônica Cotinguiba, e no movimento maçônico sergipano. Descendente de libaneses, nasceu em São Paulo. Faz mais de 50 anos vive em Sergipe, onde já exerceu diversas atividades empresariais, e agora, além da agricultura e pecuária, montou uma indústria, que usa como matéria prima as folhas da Schinus Terebinthifolius. Nada de estranho, complicado mesmo, só a denominação científica da nossa tão comum Aroeira. A planta tem inúmeras atividades. Muito usada nos terreiros de Umbanda, é ainda desinfetante, detergente, bactericida, medicinal, e seu fruto se transforma em condimento substituto da pimenta. Da folha da aroeira saem os sabões, desinfetantes e detergentes que a fábrica produz.
Como todo empresário, seja ele, micro, pequeno, médio ou grande, Ibrahim vive sufocado por impostos, taxas, emolumentos, burocracia enorme e obrigações, que de ano a ano mais se ampliam. Ele enumera pelo menos 16 exigências que mensalmente devem ser obedecidas. É um imenso papelório, um aranzel burocrático, a exigir um funcionário especialmente treinado e destinado a cumprir as exigências, federais, estaduais, municipais, diretas, e de mais um conjunto de órgãos atrelados a esses três sempre vorazes setores.
Isso faz parte do emaranhado dos ordenamentos portugueses, depois, das nossas leis, decretos, portarias, regulamentos, que foram sendo criados ao longo do tempo e que fazem do Brasil um país adverso ao empreendedorismo. Ou seja, um país voltado para o imediatismo, que não tem visão de futuro nem busca integrar-se ao mundo moderno. Isso não é culpa deste governo, nem o labirinto criado seria culpa de algum especifico ocupante de mandato na área executiva, seja federal, estadual ou municipal.
Talvez, a origem do erro remanesça mesmo aos tempos da colônia, quando a Corte portuguesa tudo fazia para que aqui não prosperassem os agentes econômicos, capazes de ultrapassar o retrógrado modelo agrário exportador, isso, para que os nativos não viessem a se contaminar com ideias subversivas de romper os grilhões que nos prendiam à condição subalterna.
Essa herança colonial persiste intocada no arcaísmo das relações que o Estado mantem com os setores produtivos, transformando o empreendedor em adversário, em vez de vê-lo como parceiro identificado como gerador de riqueza, criador de empregos e, em última análise, mantenedor do próprio aparato estatal.
Durante o período dos governantes militares, ou da ditadura, se preferem, criaram um setor que nasceu já identificado como provisório, ao qual pespegaram o nome de Ministério da Desburocratização. Seu primeiro titular foi o engenheiro Hélio Beltrão. Com rapidez, ele foi eliminando coisas redundantes, reduzindo a carga da papelada, e só não avançou mais porque bateu de frente com a necessidade das reformas tributária, politica, administrativa, federativa, ou a ruptura do pactuado sistema decrépito- corporativo, aqueles "jabutis" escanchados nos galhos mais altos das árvores, que simbolizam o nosso renitente modelo de Estado Cartorial.
A reforma previdenciária, cuja urgência tanto se alardeia, é mesmo necessária, desde que sem punir os que não têm "jabutis arboristas”. O caos previdenciário é exatamente um dos frutos podres da “árvore dos jabutis". De pouco adiantará a reforma previdenciária se os “jabutis" não descerem ao rés do chão, dando lugar aos que lutam para produzir e são sufocados pelos seus excrementos que despencam lá de cima.
Um dos frutos podres desses rastejadores que venceram alturas é exatamente uma grande empresa como a VALE, das barragens assassinas, dos dirigentes bandidos, dos fundos de pensão saqueadores. Numa reforma ética que se faça neste país, sem a presença oportunista de gente como esses Procuradores tipo Deltan Dallagnol, e parte do grupo da Lava Jato, presuntivos “herdeiros" de dois bilhões e meio de reais, que fariam a próspera felicidade vitalícia de todos, em estreita combinação com o Departamento de Justiça Americano, que, em troca, receberia informações privilegiadas da antes assaltada, e agora traída PETROBRAS. Não fosse a reação forte da sociedade, do próprio núcleo estrelado do governante de precárias estrelas, da Procuradora Geral Raquel Dodge e Ministros do Supremo, os Procuradores de Curitiba teriam criado a “República dos Jabutís".
Não pensaram os ilustres e tão aligeirados procuradores lavajatistas em destinar toda aquela dinheirama para formar um fundo de desenvolvimento da pequena empresa, sempre arrastando-se no chão áspero das dificuldades e sobrevivendo, gerando emprego, resistindo ao cocô dos “jabutis", despencando do alto onde os colocaram.
-----------------------------------------------------
LEVA E TRAZ
-----------------------------------------------------
A MEDICINA E A PÚSTULA
Veio, o filantropo Henrique Prata, trazer a Sergipe a filosofia e a prática do Hospital do Amor de Barretos, aquele, onde o humanismo na medicina impede que pobre e rico sejam tratados de maneira diferenciada. Todos então, juntos, Henrique, o governador Belivaldo, o Procurador chefe substituto Paulo Lima, o procurador Roni Almeida, o prefeito Edvaldo Nogueira, o presidente da AL Luciano Bispo, deputados, médicos de Barretos e daqui, jornalistas daqui somente, foram ver como andam as coisas no Hospital de Cirurgia, já sob intervenção, e com a quadrilha afastada.
Henrique, os seus técnicos, todos os visitantes, ficaram alarmados com as entranhas quase escondidas do assalto continuado, do labirinto dos desmandos naquele infelicitado Hospital, de tão caras e éticas tradições do humanismo médico-social sergipano.
Mas Henrique Prata não desistiu de Sergipe. Firmou convenio com o governo do estado para manter o funcionamento da carreta de prevenção ao câncer, trazido a Sergipe faz alguns meses, por sugestão do então senador Eduardo Amorim.
Henrique Prata retornará com seus técnicos trazendo um padrão tecnicamente correto, humanamente desenhado para um projeto da oncologia em Sergipe, que o Hospital do Câncer de Barretos poderá assumir, e também de um novo hospital geral da Fundação Augusto Leite, mantendo apenas o prédio inicial como memorial, o resto, o resultado da incúria, do desmazelo, da irresponsabilidade, poderá ser demolido.