Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
ARACAJU, A CIDADE QUE O DENIT MANTEM ESCONDIDA
25/07/2024
ARACAJU, A CIDADE QUE O DENIT MANTEM ESCONDIDA

NESTE BLOG

 

1) ARACAJU, A CIDADE QUE O DENIT MANTEM ESCONDIDA

2) FINALMENTE , O MADURO E O BOLSONARO DE MÃOS DADAS

3) NOS ANOS CINQUENTA, JOSUÉ DE CASTRO “DESCOBRIU” A FOME

 

 

 

 

ARACAJU, A CIDADE QUE O DENIT MANTEM ESCONDIDA

O acesso da cidade escondido e uma estrada escura.

 

Quem trafega pela Se-175, a Rota do Sertão, em demanda a  Aracaju, corre  sério risco de não encontrar  a entrada principal da cidade, e somente descobrir o equívoco  quilômetros adiante, numa outra entrada via  Nossa Senhora do Socorro. Isso equivale a um arrodeio de uns vinte quilômetros. Pela Se- 175  chegam a Aracaju,  a cada dia, centenas de pessoas vindas do oeste baiano,  hoje, uma das  regiões mais prósperas do nordeste, onde circula riqueza, e  de lá nos chega quem quer lazer, ou fazer compras. Enfim, são turistas e empresários, interessados,  todos , nas oportunidades e nas praias oferecidas pela capital sergipana.

Pela Rota do Sertão, chega também a Aracaju quem vive no extremo oeste pernambucano, da cidade de Petrolina, por exemplo, um impressionante Polo de Desenvolvimento, e de onde as praias  de Aracaju ficam mais perto. E os sertanejos anseiam pelo mar.

Mas, os que pela primeira vez veem a Aracaju, podem ficar decepcionados, quando se perdem deixando a cidade para trás, e ai, dependendo dos quilômetros percorridos, podem transferir seu interesse, mudando de destino.

Se fosse possível  avaliar quantos visitantes perdemos, surgiria, com clareza, o tamanho do prejuízo que sofre a nossa capital, com o ônus recaindo principalmente sobre os hotéis, bares , restaurantes, o comércio em geral, para não citar oportunidades perdidas pelo setor imobiliário. Entre essas pessoas, que se decepcionam  com uma Aracaju ocultada,  muitas possuem recheadas contas, dinheiro suficiente para investir em imóveis,   e podem desistir, suspeitando que numa cidade sem visibilidade, nela investir, não seria bom negócio. Devem estranhar, não apenas pela ausência inexplicável de vistosas placas de sinalização, até de outdoors chamativos, não só no acesso  ocultado, mas, ao longo de toda a Rota do Sertão.

Outra surpresa desagradável,  chocante, sem dúvidas, para viajantes  vindos de todas as direções, e aqui chegando à noite: é a longa faixa de escuridão, após o viaduto, e percorrendo o trecho final da BR-101, chegando a Aracaju.

São quase  dois quilômetros com as luzes nos postes apagadas. Do viaduto até a frente da indústria de biscoitos Fabise.  O impressionante em tudo isso é que  a péssima impressão causada pelo desleixo, não é coisa recente. É uma situação que persiste, se arrastando  desde  o começo deste século, quando o governador Albano Franco( 1995- 2001- 2005) resolveu duplicar, criando uma larga e longa Avenida de acesso a Aracaju até o entroncamento com a BR-101. Fez um canteiro central arborizado, e às margens colocou postes para uma iluminação intensa. Logo, a Câmara de Vereadores deu o nome de Albano Franco à nova artéria, que, se presumia, pertencesse ao Estado, até porque o asfaltamento inicial fora feito pelo governador Leandro Maciel, ( 1955- 1959). A União retomou a posse da área, não se sabe se indenizou o estado de Sergipe pela obra feita. Com o DENIT gerindo o trecho, em pouco tempo as lâmpadas se foram apagando, alguns esparsos consertos  realizados, sem sucesso, até que o trecho foi definitivamente abandonado . Parece que aderiram à escuridão, e com ela conformaram-se.

E o Ministério Público conseguiu a retirada do nome inicial,  o de Albano Franco, da mesma forma como agiu, retirando outros nomes de ilustres sergipanos. A alegação é que eles, mesmo já afastados da politica  “ ainda “ estavam vivos.   

O trecho hoje, seria um prolongamento da Avenida Osvaldo Aranha, um grande brasileiro, sem dúvidas.  Caberia à Câmara de Vereadores dar nome ao trecho urbano da BR-101 ?

O atual dirigente do DENIT, demonstra ser um gestor antenado, inteligente, possuidor de uma visão futurista a respeito das nossas rodovias federais e também estaduais. Ele tem falado sobre a necessidade de duplicação da BR- 117, inicialmente no trecho que se torna crítico, entre Aracaju e a  Capital Nacional do Caminhão, a Itabaiana que tanto cresce.

Ele tem apontado a necessidade de federalizar a Se-270,  no trecho Aracaju- Lagarto, asfaltado há mais de cinquenta anos por um governante com visão de futuro, Lourival Baptista. A  rodovia, hoje acanhada, precisa ser  duplicada  para garantir a notável ampliação do trafego,  na medida em que se expande o agronegócio, o Parque Industrial, e hoje o Polo da Saúde,   este último, mais fortalecido ainda com a inauguração do Hospital do Amor, um ramo lagartense do Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo.

Custa a crer que o atual dirigente do DENIT em Sergipe, não tenha transitado à noite pelo trecho da escuridão; e entrado na cidade tanto a noite como durante o dia, com dificuldade para enxergar a curva repentinamente surgida,  depois, um estreito trecho sinuoso. A precaríssima entrada de Aracaju, cidade que não é, pelo menos assim acreditamos, um simples vilarejo, procurado vez por outra, por escassos viajores. Não é apenas uma demonstração de desprezo ou pouco caso.

É revoltante,  embora tolerada humilhação. E ao longo de  vinte anos.

 

 

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FINALMENTE , O MADURO E O BOLSONARO DE MÃOS DADAS

 

Finalmente uma identidade dupla, todavia coerente.

 

Não é preciso recorrer à Teoria da Relatividade de Albert Einstein,  para explicar a curvatura do espaço e o encontro das paralelas no infinito, a coisa é bem mais simples , quando se deixa o campo das ciências exatas e  vadeia-se pelas ciências humanas, onde a que trata de política é a  mais controversa.

O inimaginável encontro de duas paralelas no infinito, reside apenas nas elocubrações teóricas,  demonstradas pela sutileza precisa das equações matemáticas.

No caso dos extremos e extremistas no campo da politica que acabam por se darem as mãos,  e se colocarem de repente do mesmo lado, não há necessidade de  esquentar muito a cabeça. Bastam os fatos, as evidencias.

Em agosto de 1939, os Ministros do Exterior da Alemanha e  da União Soviética, firmaram em Moscou o Pacto que ficou conhecido pelos nomes deles mesmos, Ribentrop  , o alemão nazista; Molotov, o soviético comunista.

Fascistas e comunistas que se engalfinhavam nos combates de rua pelo mundo afora, ficaram inicialmente estupefatos com a notícia. Depois, conseguiram encontrar “ argumentos “, ou cinismo suficiente,  na tentativa de  racionalizar a hecatombe das suas próprias convicções.

Ao começar setembro, a “ blitzkrieg” nazista, os blindados e bombardeiros Stukas de mergulho avançavam pelo leste da Polônia, enquanto os exércitos soviéticos entravam pelo oeste.

Stalin, o ditador comunista, em Moscou levantava brindes de vodca à saúde do líder do povo alemão , enquanto em Berlim, Hitler, que não bebia, fazia adocicadas referências ao seu homônimo tirano.

 Juntos, deram inicio à Segunda Grande Guerra, até hoje a maior hecatombe que os habitantes inteligentes causaram no planeta  onde vivem.

Em Londres, preparando-se para comandar a resistência quase desesperada,  Winston Churchill

um conservador lúcido, enxergava com absoluta desconfiança o nazi -fascismo e o comunismo.

E   aos dois atribuía a culpa pela desgraça que envolvia o mundo.

O fim da União Soviética e a demolição do Muro de Berlim pelo povo revoltado, selaram o fim definitivo do comunismo.

Claro,  existem os saudosistas, mas se mantêm um tanto acanhados.

Já o fascismo, que pode ser a perfeita definição a caber, na era contemporânea, a todos os ramos do totalitarismo, está em plena ascensão, impulsionando uma extrema-direita que se intitula de forma jocosa como anarco-liberal, e dela surgem os políticos tumultuários, tais como Milei, Trump, ou Bolsonaro. Neles, a essência autoritária não é outra coisa senão o carimbo fascistoide .

Maduro na Venezuela, um   ridículo bufão autoritário, ameaça um banho de sangue caso vençam os “fascistas”, o apelido que dá a todos os adversários.

Não há fascismo quando se acredita nas soluções democráticas, quando   se reconhece a legitimidade do voto, quando se entende a eleição como único mecanismo para  realizar pacificamente a rotatividade do poder.

Mas o fascismo está presente em  todas as manifestações autoritárias; na  recusa em aceitar  resultados adversos, e não admitir que o opositor possa, legitimamente,  ser eleito e tomar posse.

O fascismo é aquele sentimento que domina os que se apegam ao poder, e querem nele permanecer , mesmo se houver um banho de sangue.

Assim, Maduro, individuo arrogante  autocrata primário, e boçal, é, queiram ou não as esquerdas que ainda o enxergam como modelo do “ patriota que enfrenta o imperialismo americano”, um exemplar puro e acabado do mesmo fascismo que movia o seu criador, Benito Mussolini,( que levou a Itália e o mundo a um banho de sangue)  e tantos outros, que ainda nele  se espelham.

Um dia os autocratas intolerantes, que se imaginam donos absolutos e únicos do poder, se encontram juntos, e protagonizando os mesmos episódios de insensatez, arrogância e egoísmo.

Maduro, dá as mãos a Bolsonaro quando  agride o sistema eleitoral brasileiro, da mesma forma o dos Estados Unidos, e acrescenta a estes o da Colombia.

Se após os resultados adversos que são esperados, em face do ponto de  degradação a que Maduro, levou a Venezuela, e ele for bater às portas dos quarteis, apelando aos militares  que garantam a sua permanência no poder, até poderá ter sucesso.

A diferença entre Maduro e Bolsonaro é que, na Venezuela, uma sociedade inerte, permitiu que ele corrompesse sem freios o Judiciário e as Forças Armadas. Aqui, a sociedade reagiu, e os militares na sua grande maioria não se deixaram corromper.

Nos dois casos, perpassa a nata repugnante e pegajosa do fascismo,  que escorre podre de todos os extremismos.

 

NOS ANOS CINQUENTA, JOSUÉ DE CASTRO “DESCOBRIU” A FOME

A fome, parte de uma miseria sempre ocultada.

 

A fome sempre foi um assunto tabú. Algo   escondido, assunto   incômodo, jamais abordado nas rodas de pessoas que se consideravam inteligentes. Aliás, a fome nem existia. De fome ninguém morria. Mas, podia morrer com preguiça de trabalhar. Enfim, fome era uma invenção de quem só pretendia  ameaçar a harmonia social.

Nos anos cinquenta, um brasileiro, médico , pernambucano, começou a preocupar-se com a desnutrição, com os elevados índices de  mortalidade infantil, com as doenças resultantes da escassez  de proteínas. E foi aos poucos encontrando-se com a fome, a fome que assolava parcelas  expressivas da população brasileira, a nordestina com maior intensidade. Especializou-se em fome, denunciou a fome encoberta pela hipocrisia  , a mesma que alimentara a indiferença diante da escravatura, e atravessava o tempo, colocando aos olhos a venda  da desfaçatez, que moldava uma sociedade omissa, incapaz  ou covarde de enxergar a realidade incômoda.

Josué de Castro, o descobridor da fome, o estudioso da sua abrangência, da realidade social nas regiões onde  ocorria mais intensamente, e começou a escrever livros, demonstrando conhecimento, conteúdo científico e coragem moral para denunciar.

Surgiram a Geografia da Fome, a Geopolítica da Fome, traduzidos para diversas línguas, e que despertaram a atenção do mundo, do primeiro mundo, do qual há muito tempo as epidemias da fome já haviam desaparecido. Mas a fome naqueles anos cinquenta, ainda devastava a China, a Índia, e existia sim, de forma  quase oculta é verdade, em todo o Brasil.

As pessoas começaram a perder a vergonha quando se declaravam famintos.

E a Fome foi ganhando espaço nos jornais, nas  revistas, passou a ser tema debatido entre intelectuais, e chegou até a classe politica, aos que decidiam os “ destinos da Pátria “.  Mas tudo muito timidamente. E houve quem, na área dita conservadora, chamasse de comunista a todos os que insistiam em  dizer que havia fome no Brasil.

Os programas sociais efetivamente voltados para o combate à fome somente começaram a aparecer consistentemente nos anos setenta, embora o regime de então  olhasse com a desconfiança de sempre, os talvez “ subversivos”, descobrindo  problemas para alimentar discursos políticos oportunistas.

Josué de Castro, apesar da admiração e do respeito que conquistou através do mundo, aqui foi punido com a cassação dos seus direitos políticos.

Mas a semente da resistência estava lançada, e foram  surgindo lideranças abnegadas que ampliaram a consciência social em relação ao problema da fome.

Fernando Henrique iniciou um programa  saído de uma ideia de Eduardo Suplicy, e com Lula surgiu a Bolsa Família, ou Bolsa Preguiça, como a depreciaria depois um deputado federal chamado Jair Bolsonaro, que, por sinal, prometia  extinguir no seu governo, até  enxergar no programa um imenso espaço eleitoral que começou a ocupar com o Auxílio Brasil.

Agora, a ONU reconhece o  Brasil como um país que teve êxito na redução da fome. Já foram calculados cerca de quarenta milhões de brasileiros passando fome ou carências  nutricionais graves.

Hoje, diz a última estatística, são menos de quinze milhões, mas ainda é muita gente, ainda é uma vergonha que persiste. Um gigantesco produtor de alimentos, como é o Brasil, sem conseguir botar comida na boca  de todos os brasileiros três vezes ao dia.

Só não mais nos envergonharemos quando  for garantida a todo o brasileiro a comida suficiente sobre a mesa.

O ideal seria que o problema da fome fosse concentrado nas ações de cada  município, evidentemente, com o apoio dos governos federal e estaduais.

E   fosse elaborada  uma alentada pesquisa  oferecendo o mapa real da fome em cada  município.

Se cada Prefeito que  será eleito  este ano , seja na cidade grande ou em miúdos municípios, enfrentar de fato o problema da fome, colocando isso como meta de governo e  elaborando relatórios anuais,    haveria a possibilidade de erradicar de uma vez por todas a vergonhosa situação de conviver com a fome, a mais aviltante situação a que pode ser submetido um ser humano.

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