A TERÇA-FEIRA GORDA DE MICHEL TEMER
Em que dia e em que hora nasceu a ideia da intervenção federal no Rio de Janeiro? A hora é imprecisa, mas o dia exato seria 13 de fevereiro, a terça-feira gorda do carnaval. Naquele dia o presidente Temer assistiu ao vídeo do desfile da Escola de Samba do Tuiutí, onde aquele boneco, representando o “Vampiro Presidente” com faixa verde amarela ao peito em cima de um carro alegórico, foi vaiado estrepitosamente ao longo do Sambódromo. Ele já se convencera que a sua desastrada reforma da previdência não seria aprovada. Assim, sem algo positivo a oferecer ao mercado, melhor dizendo ao sistema financeiro, sabia que a sua trajetória daí em diante seria uma corrida de obstáculos cada vez maiores. Com três por cento de aprovação popular, mais uma investigação da Polícia Federal, que o seu representante, Fernando Segóvia, não conseguira deter e a perspectiva de chegar ao fim do seu mandato renegado pelos brasileiros e tendo de prestar contas à Justiça sem a proteção do foro especial, a sua vida e a dos companheiros não estaria nada fácil.
Disse Moreira Franco que no grupo do Planalto não existem amadores. Isso é verdade. Temer e os que o cercam são profissionalíssimos, um dos seus mais ativos membros, tinha, num só apartamento, 51 milhões de reais. Ganhou de lavada para aquele que corria “apenas” com 500 mil numa mala.
Naquela terça- feira gorda Michel vivia horas inquietas. Foi então que resolveu telefonar aos amigos, aos aliados.
Foi ao telefone que criptografa as falas e, do que falaram, façamos uma ideia:
Michel Temer: “Ou Moreira, ou Padilha, ou Jucá, ou André Moura, acordem. Me digam, o que é que anda mais revoltando o povo. Não me falem em salário mínimo, no preço do gás, na gasolina, na saúde, nos nossos escândalos, nessas coisas que a gente não pode dar jeito. Me falem de coisas mais populares, mais sentidas diretamente, que estão toda hora na mídia”.
Ai, André Moura, fatigado de tanto andar pelo interior de Sergipe, levando aos prefeitos notícias sobre dinheiro chegando, ainda semiacordado, fala estremunhando: “Que tiro foi esse presidente?”.
Michel Temer: “É isso aí André. Bingo, bingo, o problema é o tiro, a bala perdida. Pronto, vamos tomar o fuzil do Bolsonaro. Amanhã cuidamos da intervenção federal no Rio de Janeiro. A gente mobiliza o exército, a marinha, a aeronáutica, bota os milicos na rua, cercando favela, subindo o morro, patrulhando estradas e aí André, vamos repetir o que você diz sempre lá em Sergipe: bandido bom é bandido morto. Aprendeu com o Maluf, não foi?”.
André: “Não presidente, naquele tempo eu era menino, quem dizia muito isso era o nosso Eduardo Cunha. O senhor lembra? Ele foi chamado, até, de Guerreiro do Povo Brasileiro. O Paulinho da Força Sindical fez isso, eu vi a manifestação, estava acompanhando o Cunha. Combater bandido pé de chinelo dá mais ponto no IBOPE do que a Lava Jato”.
Na outra ponta da linha aparece então Moreira Franco, o “gato angorá” carioca, cadáver político ressuscitado por Lula, Dilma, amigo do peito de Temer, ainda sonolento, fala arrastada vai dizendo: “É isso aí Michel, vamos entrar em cena, o tiro quem dá agora é a gente. Quando eu fui candidato ao governo, você lembra? Do outro lado estava o Darcy Ribeiro, apoiado por Brizola e disparado na preferência da classe média do Rio de Janeiro. Eu, o que fiz? Tá lembrado? Disse que Darcy era um intelectual sonhador, falando em construir escolas, os CIEPs, mas eu era ‘durão’, não ia esperar que os bandidos ficassem educados, agiria rápido e com força. Ganhei o voto do povão prometendo que, em seis meses de governo, exterminaria a bandidagem. Aqui entre nós, deu em merda, com poucos meses já gritavam na minha porta: ‘Cadê a segurança, Moreira?’ Mas eu era governador, ganhei a eleição. Veja Michel, eu não tinha as forças armadas, você tem. Se os tanques e tropas nas ruas, os helicópteros voando, em pouco tempo conseguirem diminuir a ação dos trombadinhas, dos assaltantes, dos pivetes marginais, então você cresce nas pesquisas e, aí Michel, você pode ser até ser candidato à reeleição. Pense nisso e não esqueça também de criar o Ministério da Segurança Pública. Aproveite e bote gente da nossa confiança para começar a controlar a Polícia Federal. A PF tem que sair catando é bandido com fuzil na mão, nós somos desarmados. Opa, desculpe-me, foi um ato falho. Não era isso o que quis dizer. Nós temos à nossa disposição blindados, navios, aviões, milhares de homens em armas”.
As forças armadas assumiram um risco imenso e o general Vilas Boas, comandante do exército, falou muito claramente sobre os obstáculos que terão de ser superados. O general reformado Augusto Heleno, primeiro comandante das tropas brasileiras no Haiti, foi mais incisivo, lembrando que faltam credibilidade ao governo do presidente Temer para comandar ações contra o crime, até porque, ele mesmo, é objeto de investigações da Polícia Federal, pela terceira vez.
Tudo foi feito improvisadamente. Não se sabe sequer se haverá recursos para custear as despesas enormes com a intervenção. O Ministro da Defesa afastou a possibilidade de ser conferido poder de polícia aos militares, isso causou uma enorme insatisfação no general interventor e surgiram as controvérsias. A explicação sobre o papel das forças armadas e os objetivos da intervenção lembravam a enorme confusão que criou-se ao ser anunciado o Plano Collor, aquela doideira do sequestro de todos os ativos, tentando ser explicada pela atrapalhada Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo, que quase desmancha o casamento antigo do ministro da Justiça Bernardo Cabral, dançando apaixonadamente o bolero Besame Mucho. Depois, já ex-ministra, Zélia encantou o humorista Chico Anísio, que, sendo um homem de muitas mulheres e inteligente, desfez o casamento em pouco tempo.
No caso da intervenção no Rio, o Ministro da Defesa Jungman, evidentemente não terminará casando com nenhum humorista, mas abre uma avenida enorme para provocar o riso.
Nos faz falta um Stanislaw Ponte Preta para escrever sobre o festival, desta vez não de besteiras, mas de tragédias, desses dias que marcam o apodrecimento da República.
Os militares não podem recusar missões que lhe são atribuídas por quem é o comandante em chefe das forças armadas, a questão é quando esse chefe deixa de inspirar confiança, deixa de representar aqueles valores que são exigidos de quem deve dar exemplos pessoais de respeito às instituições e integridade pessoal absolutamente isenta de dúvidas.
O que não é o caso.
ANDRÉ MOURA, GILMAR E A TENDA DE VALADARES
O deputado André Moura joga todas as suas fichas na protetora liberalidade que demonstra o ministro Gilmar Mendes. Isso, em todos os casos que envolvam políticos incluídos naquele campo das afinidades com a sua visão pessoal do que deve ser a política, o governo, o Estado e a sociedade. Mandatos intocáveis, foro especial, coisas, que na visão do ministro, não devem ser vistas como privilégios, mas prerrogativas, que incluem também deslizes, por ele entendidos como meros acidentes de percurso. Essa convicção do ilustrado ministro seria absolutamente normal numa sociedade onde as castas superiores do poder e do dinheiro sejam tratadas como setores especiais, dispondo de liberdade e segurança, porque desempenham a missão de conduzir o rebanho e por ordem nos seus exclusivíssimos domínios.
O Brasil está deixando de ser esse tipo de sociedade.
O ministro, que é culto e transita muito desenvoltamente pelas teias da aplicação da justiça, não deixa dúvidas sobre o que pensa e como também irá agir. Falando, com a eloquência que confere ao discurso, que tanto pode ser linear, como sinuoso, o ministro deixa, explicitamente antecipadas, as suas decisões.
Com essa absoluta certeza do voto de Gilmar e dos ministros que o seguem, André Moura em nenhum momento sofreu qualquer abalo na maratona que faz para consolidar uma candidatura majoritária, que, por meses, disfarçou como se quisesse apenas uma modesta reeleição. Mas logo ele, o sergipano que mais poder até hoje acumulou na República, conformar-se em ficar, apenas, na Câmara dos Deputados? Nada disso, André, hoje, exerce comando total sobre o seu agrupamento, ao qual ele também não se deixa confinar. O senador Eduardo Amorim, mesmo contra sua vontade, irá apresentar-se como candidato ao governo. Valadares terá de conformar-se com a indicação do filho deputado federal para a vice-governança e desistir da sua pretensão de reeleger-se, acomodando-se em Brasília, mas, desta vez na Câmara dos Deputados, com eleição garantida e avalizada por André Moura. Se assim não se mostrar satisfeito terá de armar sua tenda em outro território.
FICARÃO JUNTOS?
Valadares já estaria tratando de acomodar-se numa terceira via, desde que consiga reunir alguns partidos para ter tempo na televisão, onde diria que é veteraníssimo, sem dúvidas, mas nunca se viu envolvido em casos de corrupção, nunca foi investigado pela Polícia Federal, nunca transitou como indiciado pelos tribunais superiores, nunca precisou preocupar-se com a Lei da Ficha Limpa para poder ser candidato. Nesse caso, ele estaria, mesmo sem querer, favorecendo um outro possível candidato ao Senado, o agora governador Jackson Barreto, também, da mesma forma que Valadares, com um trajeto longo pela política, mas, sem precisar rondar em Brasília pelos gabinetes de ministros, desembargadores ou juízes federais, para que o livrem de castigá-lo por atos de improbidade. Seriam então, eles dois, os únicos candidatos ao Senado, além dos nanicos que já surgem, despreocupados com a Lei da Ficha Limpa. Numa sociedade indignada com a corrupção, esse seria um discurso bem apropriado.
OS VITOS DAS CAATINGAS UMA HISTORIA VIRTUOSA
Há em Poço Redondo uma numerosa família. São os Vito. Dito assim, não haveria nada de mais importante a registrar. No sertão, as famílias costumam ter integrantes contados às centenas, se espalham tantas vezes pelas redondezas da origem, ou vão muito além delas, conservando o nome ao longo de gerações e em espaços sempre maiores. No caso dos Vito, eles preservam ainda uma tradição que os destaca e singulariza. São os Vito vaqueiros, também cantadores, violeiros, tocadores de pífanos, rezadores de “incelenças” e de outras rezas. Se fazem, de geração a geração, a memória viva da cultura popular, tão rica naquelas terras onde o sol resseca tudo, menos a esperança, a vontade de viver e a alegria da vida. Os Vito entoam os aboios ancestrais que seus avós já faziam soar pelas caatingas ainda vastas, virgens de estradas, e quase de gente, tocando o gado pé-duro, rezes tão esturricadas quanto o solo, carnes desidratadas pelos calores dos ares secos, todavia resistentes, sem precisar que lhes levassem o que beber. Buscavam água nas macambiras, nas raízes suculentas dos umbuzeiros, desafiando os espinhos dos mandacarus, para mastigarem a polpa que lhes saciava a sede e enchiam os estômagos. Acabaram-se os pés-duros, que não passavam das sete arrobas e veio o gado zebuíno, com carnes mais fartas e boa adaptação ao clima, os rebanhos cresceram, mas os pastos devastaram a caatinga, e as secas se tornaram mais frequentes e rigorosas. Os Vito a tudo isso assistiram. Sertanejos natos, homens do eito da enxada e da vida de gado, sempre foram rijos e também poetas. Vieram, dizem, faz mais de século, numa caminhada, para eles, não muito longa, o trajeto desde o quilombo da Ponta da Serra Negra, quase colado na divisa com a Bahia. Pedro Vito, o precursor, chegou acompanhado de 11 irmãos, com mulheres e filhos e o rebanho de criações, cabras, ovelhas e, também, daquelas ideias povoando as cabeças. Uma pequena multidão. Fixaram-se na fazenda Pedra Grande e, hoje, o universo dos Vito teria mais de dois mil deles.
Desde então, não pararam de tocar, dançar, de encenar a céu aberto e no chão rústico. Cantam ou recitam as “incelenças”, a encomendação das almas naquelas noites, onde os assovios das mães da lua parecem solfejar a densidade da morte. O ritual prossegue até quando as corujas recolhem-se silenciosas às sombras possíveis, enquanto o dia se anuncia luminoso no trinar dos pássaros que despertam, cumprindo a obrigação de anunciar a resiliência da vida.
OS VITOS EM FESTA
E assim se faziam sempre as despedidas últimas no rito dos sertões.
O escritor, poeta e compositor Alcino Alves Costa, que morreu num dia de finados, teve, na noite quente de um novembro esbraseado, a homenagem da “incelença” dos Vito, que se transportaram até a igreja matriz da sede de Poço Redondo.
Naquela noite, uma moça sertaneja, que se fez militante social e artista, para melhor interpretar os sentimentos da sua terra e da sua gente, se juntou às “incelenças”, que também sabe de cor e salteado. Percorreu ritmos, aqueles gonzaguianos, que são o sangue e a alma nordestina. Então, Valdilécia Feitosa Santos, Val Santos, revelou-se a cantora que consegue colocar um traço de vida, onde há o semblante da morte.
Val Santos, filha de assentados do Jacaré-Curituba, tanto mourejou no eito da enxada, como no eito do conhecimento. Formou-se em artes pela Universidade do Piauí, fez pós na Universidade da Paraíba e nunca saiu de perto da sua gente. Usa, com orgulho, o boné do MST e lembra que naquelas terras extensas, antes de poucos donos, hoje formigam mais de 5 mil pessoas. Continuam pobres, mas adquiriram a consciência da cidadania e Val contribui para que isso aconteça.
VAL SANTOS CONVERSANDO COM FELINO ViTO DOS SANTOS, O MEMORIALISTA DO ASSENTAMENTO MARIA FEITOSA
Val escreveu um livro sobre a família Vito, intitulado A Arte dos Vito: resistência cultural ou compromisso religioso familiar? Com recursos próprios custeou pequena edição e tenta agora fazer com que o livro seja adquirido pela prefeitura para ser distribuído nas escolas. Ela tem ainda um vasto material de pesquisa, sobre cultura, saberes populares e quer colocá-lo em vídeos. O prefeito Júnior Chagas prometeu apoio, mas outras entidades precisam se juntar. Não fossem esses esforços individuais já teria, há muito tempo, desaparecido as tradições, a cultura sertaneja, aquela que os Vito tão perfeitamente representam.
O suave guerrilheiro da cultura Pascoal Maynard (Pascoalzinho), armado sempre com as lanças inofensivas de cruzado permanente do fazer cultural, já tem projeto para produzir um vídeo sobre os Vito e Val Santos terá o seu livro quase como roteiro.
EM FEVEREIRO TEM CHUVA E CARNAVAL
Carnaval é coisa do mês de fevereiro, mas chuva no sertão nesse mês de verão chegando ao fim, é coisa que se vai tornando sempre mais rara. Tanto assim, que poucos deram crédito ao homem do tempo Overland Amaral, quando ele anunciou um fevereiro molhado. Mas as chuvas chegaram mesmo, dando mais crédito às previsões de chuvas, ventos e tempestades, até granizo, que ficam cada vez mais precisas. Para completar a bonança de uma seca que se foi, Overland anuncia, com a gravidade como sempre faz essas antecipações dos humores de anticiclones e ciclones tropicais, massas de ar frio e de ar quente, deslocando-se pra lá e pra cá, que, neste inverno nordestino, por aqui em Sergipe, teremos chuvas no patamar da normalidade. Ou seja, aquela que é melhor para plantar e colher.
Senhores agricultores, preparem-se para o plantio. Senhores do governo, preparem-se antecipadamente para que a semente e os tratores cheguem a tempo ao roçado dos descapitalizados.
CHUVA E CARNAVAL
Foto: Eduardo Knapp/FolhaPress
O TEMPO DE JACKSON SÓ NO SEU RELÓGIO
Quando Jackson vai sair do governo? Muito já se especulou sobre a data. Seria depois do carnaval, após o aniversário de Aracaju, dia 17, depois da semana santa que termina no último dia de março, ou no último dia do prazo legal 5 de abril?
Dividem-se as opiniões. Há também quem garanta que ele não vai deixar o cargo, permanecendo até o final do mandato, lançando Belivaldo para sucedê-lo e, assim, resolvido a encerrar sua vida pública. Essa é hipótese mais improvável. Jackson, um animal político até a medula, vive a política desde os bancos da faculdade de direito. Marcelo Déda gostava de contar: participando de uma manifestação estudantil, quando Jackson já era deputado e juntou-se a eles, fez na ocasião o seu primeiro discurso e isso aconteceu porque Jackson quase o obrigou a falar. Deda tinha uns 15 anos. Parece que JB tem, ainda, a vocação de descobrir talentos para a vida política.
Assim, considerando-se forte e saudável, mesmo ultrapassando os 70, ele entende que ter acumulado tantas experiências, ter feito tantas amizades, ter construído um amplo capital político e deixar de usá-lo, num momento difícil para Sergipe, complicadíssimo mais ainda no plano nacional, seria uma atitude de quase fuga a um desafio. Ele sente que as pessoas querem votar nos políticos que não façam lembrar algemas e tornozeleiras, ou impunidade e, por isso, estará no páreo. O mais provável mesmo é que se afaste e passe o comando a Belivaldo no penúltimo dia de março, uma sexta-feira. 31 de março para ele não seria uma data auspiciosa, pior ainda um primeiro de abril.
JACKSON BARRETO
ENTRE ELIANE E HELENO PODERÁ FICAR A VICE
Eliane Aquino, viúva de Déda, vice-prefeita de Aracaju, poderá integrar a chapa majoritária, ao lado de Belivaldo, na condição de vice. Saltaria, se eleita, de uma vice, a que renunciaria, para uma outra, dependendo da eleição. Isso aconteceria principalmente se Rogério Carvalho, agora o indicado pelo PT para disputar a senatoria, for impedido de concorrer pela Justiça. Para Heleno Silva, o ex-deputado federal e ex-prefeito de Canindé, se abririam, no campo do governo, duas chances: a de ser vice ou de ser senador, porque o PT só teria espaço em uma ou outra posição da chapa majoritária. Heleno também está na dependência de um julgamento no STJ.
Quanto as possibilidades tanto de Rogério, como de Heleno sobre absolvição ou punição, a opinião dos juristas se divide, Há ainda quem assegure que Heleno já teria sido seduzido pelos acenos a ele feitos por André Moura, que lhe abriria tanto a possibilidade de candidatar-se ao Senado, como a de ser candidato a vice na chapa de Eduardo Amorim. Heleno parece ter a convicção de que cada lado ficaria com uma das duas vagas do Senado e, pelo andar da carruagem, a disputa terminaria polarizada entre Jackson, André Moura e Valadares. André não tem bases populares, mas contaria com o apoio fechado de mais de trinta prefeitos, alguns dos quais, como o de Itabaiana Valmir de Francisquinho, determinando aos seus eleitores que façam para o Senado uma única escolha, no caso, André Moura.
QUEM SERÁ O PRÓXIMO VICE?
UMA APOSTA NA BUROCRACIA RECEBENDO TRANSPARÊNCIA
Almeida Lima dá inicio a uma experiência administrativa com características talvez inéditas no Brasil. Ele já colocou no grande vão livre onde funcionava um supermercado de materiais de construção toda a estrutura burocrática da Secretaria da Saúde. Em torno ficam outras unidades, inclusive o SAMU, e um enorme estacionamento onde há, também, um heliporto. Agora no espaço livre estão estacionadas 40 ambulâncias Mercedes Benz, aguardando a distribuição. O espaço tem múltiplas utilidades.
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CENTRO ADMINISTRATIVO DA SAÚDE SENADOR GILVAN ROCHA
Foto: F5 News
A ousadia maior de Almeida foi ter colocado no mesmo espaço todos os servidores burocráticos da pasta da saúde, onde ficam as comissões, inclusive a de licitações, que se reúnem ali mesmo, à vista de todos. Os servidores parecem satisfeitos. O local é confortável, tem boa iluminação e refrigeração eficiente. Almeida não tem gabinete pomposo, onde, para se chegar, é preciso bater em várias portas. Ele fica no final do galpão, tendo, junto à mesa, uma secretária, que a tudo acompanha. Ali ele recebe pessoas, despacha, transmite ordens, acompanha a movimentação da grande máquina da saúde. É um novo conceito no que se refere à burocracia, que ocupa um espaço transparente e igualitário, onde o próprio secretário é acompanhado por todos, desde o momento em que chega e fica acessível a quem com ele precisa manter contato.
O MP HOMENAGEIA GILTON
O ex-governador do Amapá e ex-deputado federal, também ex-secretário da segurança e da Casa Civil, Gilton Garcia, foi também chefe do Ministério Público no governo de Augusto Franco. Foi ele alias, no Brasil, o primeiro político cassado pelo regime autoritário a ser reintegrado à vida pública. Augusto Franco deu um passo ousado, baseando-se no fato de que Gilton fora absolvido pela Justiça de todas as acusações feitas contra ele por militares, que tanto se desandavam na fúria persecutória, que não dava direito à defesa.
Gilton já teve seu mandato de deputado estadual simbolicamente devolvido pela Assembleia. Recentemente, foi homenageado pela Assembleia do Amapá, recebendo o título de cidadão do estado que governou por pequeno período de tempo em 1990, tendo sido o fundador da nova unidade federativa que deixava de ser território federal. Vai receber nessa segunda feira, às dez horas, uma homenagem do Ministério Público, no prédio sede que leva o nome do seu pai, o ex-governador Luiz Garcia, que era Promotor Público e foi, segundo Luiz Antônio Barreto, o primeiro sergipano, oriundo da classe média baixa, a chegar ao Governo do estado pelo voto.
Fará a saudação a Gilton o Procurador de Justiça Moacyr Motta.
GILTON GARCIA
EM RITMO DE ESPERA ATÉ O DIA 8 DE MARÇO
Até o dia oito de março a política sergipana permanece em compasso de espera. Naquele dia, a depender da decisão da justiça em Brasília, poderão perder seus mandatos nove deputados estaduais e dois federais. O que se diz é que, pelo menos quatro, dificilmente se livrarão e a situação dos dois federais também não seria cômoda. Se a cassação ocorrer, será a maior devastação feita em mandatos eletivos em Sergipe, sem paralelo inclusive nos períodos mais duros do regime militar, o inicio, em 1964, e o recrudescer da repressão em 1968.
Poderá também não acontecer nada, mas, se acontecer, haverá, na política estadual, efeitos equivalentes ao de um tsunami.
DEPUTADOS INCOMODADOS QUEREM DEMITIR ALMEIDA
Há alguns deputados da base do governo que estão incomodados com as atitudes do secretário da saúde, o ex-senador Almeida Lima. Insistem com o governador para que ele seja exonerado, ou faça o seu genro, Breno Almeida, desistir da candidatura a deputado estadual. Breno estaria atingindo, com sua desenvoltura pessoal, alguns redutos eleitorais de deputados estaduais candidatos à reeleição. Breno é de uma família de empresários, que tem influência política em Itabaianinha, onde um dos seus tios já foi prefeito. O deputado mais descontente é Zezinho Guimarães, que tem em Itabaianinha uma parte considerável dos votos que recebe. Quando Belivaldo assumir o governo, a pressão sobre ele vai recrudescer.
AS CALÇADAS E O MURO DE BERLIM DE EDVALDO
Essa história de Aracaju ser a cidade da qualidade de vida não será bem entendida enquanto perdurar, nos ares dos quatro cantos da capital, aquela fedentina de esgoto. A DESO já explicou, repetiu a explicação, disse e voltou a dizer, que a rede de esgotos foi, e está sendo, consideravelmente ampliada e que toda a descarga sanitária é devidamente tratada. Acontece, afirma o engenheiro Carlos Melo, presidente da empresa, que existem ligações clandestinas de esgotos despejando na rede de águas da chuva. O problema vem se agravando, a fedentina alcança bairros pobres e ricos, chega à Atalaia, ponto turístico, concentração maior de hotéis, bares e restaurantes, local onde fica a magnífica Orla. Segundo ainda Carlos Melo, somente uma ação coordenada, com a participação da Prefeitura, do estado e do Ministério Público, poderia apontar em direção à solução do problema.
Uma cidade que tem as calçadas no estado em que se encontram as de Aracaju, também não poderá ostentar o título campeoníssimo da qualidade de vida. Essa qualidade é uma excelente meta a ser perseguida e fica a depender, principalmente, do comportamento da sociedade, dos seus habitantes. O ex-deputado Leopoldo Souza, um observador constante do nosso dia a dia, diz que é preciso reintroduzir o conceito de passeio público, calçadas largas, onde as pessoas se deslocavam tranquilamente, naquela visão de que ao pedestre, e não ao carro, devem ser dadas todas as prioridades. João Augusto Gama, nas reformas que fez no centro da cidade, com o apoio forte do então governador Albano Franco, ampliou calçadas, arborizou as ruas, inclusive do centro, mas foi na ocasião pesadamente criticado, sob o argumento retrógrado de que retirava espaços que deveriam ser exclusivos para os veículos.
Leopoldo sugere ao prefeito Edvaldo que analise a possibilidade de conceder estímulos, com o IPTU, às pessoas que se dispuserem a colocar suas calçadas dentro de um padrão estabelecido pela prefeitura.
O PREFEITO E SEU MURO DE BERLIM
Leopoldo gostaria de conversar com Edvaldo, mas tem hoje limitações de mobilidade por problemas de visão. Mas o problema mesmo, para ter algum contato com Edvaldo, é romper aquela barreira que seu gabinete cria entre ele e os cidadãos. Há na prefeitura o Muro de Berlim, reerguido por um ex-comunista.
O MEMORIAL DE DEDA E OS CANÁRIOS EM TORNO
Dia onze de março Marcelo Déda faria 57 anos. Ele se foi há quase cinco, em dezembro de 2013. Desde então, imaginou-se fazer uma homenagem ao virtuoso homem público, grande sergipano. Seria o Memorial Marcelo Déda, a ser erguido no Parque Augusto Franco, a Sementeira. A ideia começou a andar. O arquiteto, que é também poeta, talvez por isso muito criativo, Ezio Déda concebeu o Memorial. Tem linhas enxutas, é esguio entre árvores que o adornam.
Foi iniciado pelo prefeito João Alves, que o deixou inconcluso. As árvores fazem parte do bosque criado quando Deda era prefeito, por ocasião do sesquicentenário de Aracaju. Ele mesmo encarregou-se de plantar um pau brasil, agora frondoso e, exatamente ali, pediu que fossem depositadas as suas cinzas.
No local, craibeiras plantadas na mesma ocasião, neste verão exibiram a primeira florada amarela. As mudas foram doadas pelo Instituto Vida Ativa, sediado em Canindé do São Francisco. As craibeiras, árvores que se impõem sobre a vegetação da caatinga, crescem rápidas nos locais mais úmidos como Aracaju e mais de cinco mil delas estão espalhadas pelas nossas ruas e avenidas. Deda programou plantá-las, Edvaldo o seguiu e um engenheiro agrônomo, Francisco Nei, dedicou-se, com amor e afinco, ao trabalho. Em torno do memorial há bandos de pássaros, entre eles se destacam os canários da terra, que ficaram raros, quase desapareceram e agora são numerosos na Sementeira. Nesse dia 11 de março. Jackson Barreto, a família de Marcelo Deda e o Prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, estarão entregando o Memorial aos aracajuanos.
A obra tornou-se possível com a participação do Instituto BANESE, que, na administração de Fernando Mota, tem sido uma presença constante em projetos, tanto culturais, como de desenvolvimento econômico.
TRUMP E O APOCALIPSE
Nos Estados Unidos, ainda o mais poderoso país do mundo, com um arsenal atômico capaz de destruir, por dezenas de vezes seguidas, o planeta, a nossa casa no universo infinito. São mais de 10 mil ogivas nucleares, instaladas em foguetes intercontinentais, submarinos atômicos, bombardeiros, prontos a qualquer hora para começar o apocalipse, se ele for desejado por Donald Trump. A senha, por ele acionada, deveria passar antes pelo alto comando das forças armadas, é o que dizem. E se assim não for? Qual a esperada sanidade mental de um presidente, que, diante de mais um massacre nas escolas, com o uso de armas ultra mortíferas, que são vendidas na bodega da esquina, diz que é preciso armar os professores para que eles reajam ao ataque. E, o pior de tudo é que essa selvagem insensatez recebe apoio no Congresso, é aprovada por pelo menos quarenta por cento dos americanos, alguns deles fanáticos mesmo, acreditando que é chegada a hora final e é preciso chamar Jesus de volta para ele fazer o “julgamento dos ímpios”. E se eles imaginarem que Jesus poderá ser acordado do seu sono celeste com o ribombar terrível das bombas desabando, a começar pela Coreia do Norte? Trump já revelou várias vezes o desejo de torrar as banhas do gordinho sinistro.
Sem dúvidas, parece mesmo que o mundo está carente de uma coisa chamada razão. Aqui mesmo entre nós tupiniquins, estamos sentindo os efeitos desse tsunami. Seria ele bolsonariano, ou agora micheltemerino?
A POLÍTICA NA LEVEZA E SUTILEZA DA CRÔNICA
Falar ou, principalmente, escrever sobre política, ainda mais quando ela se deixa envolver por camisas de força mentais das ideologias, é tarefa quase sempre a exigir, digressões por várias áreas do conhecimento e, tudo isso, se faz com um tempero de gosto azedo, numa mistura de erudição com as empáfias da vaidade intelectual.
Imaginem então a abordagem de algo como o centésimo septuagésimo aniversário do “Kommunistisches Manifest”, aquele livrinho miúdo, escrito por Karl Marx e Friederich Engels que, entre nós de língua portuguesa, foi, como no resto do mundo, traduzido literalmente, aqui como Manifesto Comunista. Para uns, tornou-se uma espécie de Bíblia, de Alcorão, de Talmude, de Livro da Sabedoria, para outros, um presságio aterrador. Tanto que, após todo esse tempo, desde que ruiu o Muro de Berlim, dissolveu-se a União Soviética, esfumaram-se as “democracias populares”, ainda andam por aqui a acirrar os ânimos anticomunistas, como se o fantasma anunciado por Marx e Engels a rondar a Europa em 1847, ainda estivesse perto, ameaçador, pronto a revelar-se materialmente através de um ectoplasma em algum Centro Espírita, capaz de realizar essas proezas parapsicológicas.
Mas então, para amenizar esses textos invariavelmente ásperos da política ou da doutrinação ideológica, surge um cronista, um manipulador da palavra com leveza de colibri, ágil, inteligente, sutil e, ainda, capaz de sugerir o riso. Coisas assim só os predestinados para a escrita, que flui agradando e seduzindo, podem fazer. Algo como um jovem que se revela cronista, do mesmo quilate de um Rubem Braga, um Carlinhos Oliveira, um Antônio Maria, poderia tornar possível: falar sobre o Manifesto Comunista sem derrapar pelas paixões, agora senis, que ainda desperta. Isso é o que fez Rian Santos, o moço que escreve crônicas sobre artes, literatura, no Jornal do Dia, e, também, às vezes, sobre o natalício de quem já nasceu carregado de um opressivo peso.
CUSPINDO NA JUSTIÇA OU . . . . . . . PRA ELA
Seria uma grosseria, indelicadeza imperdoável chamar de vagabunda uma mulher, uma senhora, ainda mais mãe de três filhos. Mas a palavra logo chega à mente e é contida pelo cavalheirismo, quando aparece o nome da senhora Adriana Ancelmo, distinta esposa do distinto senhor ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Presa, depois liberada por liberalíssima bondade do Juiz Sérgio Bretas, para cumprir prisão domiciliar, porque tem três filhos menores. Há, no Brasil, mais de 30 mil mulheres, quase todas pobres e negras enjauladas, muitas vezes por levar cem gramas de maconha, servindo de “avião” para o traficante e garantindo o arroz com feijão. Entre essas, muitas estão grávidas, têm filhos menores. Semana passada uma jovem mãe, e ainda mais grávida de nove meses, foi mandada por uma juíza e a pedido de um promotor para mofar numa cadeia onde pariu e, mesmo assim, permaneceu encarcerada. Só foi libertada depois, em vista da comoção nacional provocada pela justiça que se tornou desvirtuada e selvagem. Adriana Ancelmo, a distinta senhora, é advogada, participou de todas as criminosas e calamitosas tramoias do marido, o grande responsável pela tragédia que baixou sobre o Rio de Janeiro. Cobria-se e continua cobrindo-se de joias e de luxos. Foi para a “prisão domiciliar” no seu apartamento de alto luxo no Leblon. Agora resolveu mudar-se para uma outra morada, um apartamento de cobertura às margens da lagoa Rodrigo de Freitas, avaliado, por baixo, em cinco milhões de reais. E esse Juiz Bretas é mesmo Juiz, ou empresário do ramo de semi-joias, como, aliás, diante dele, teve a ousadia de insinuar o réu Sérgio Cabral?
ADRIANA ANCELMO E SÉRGIO CABRAL
A IGREJINHA DO SACO E AS MARÉS DE MARÇO
Aproximam-se as marés enormes de março. Com elas poderão ser antecipados os ventos invernais do sudeste, mais fortes, que substituem o nordeste manso, pacificando os navegantes dessas costas nordestinas. Com marés altas e ventos fortes, será rapidamente selada a sorte da periclitante igrejinha da Praia do Saco. Na verdade, ela não é relíquia de séculos passados, apenas substituiu uma tosca capela que existiu. Teria sido erguida pelos portugueses, umas quatro décadas depois do descobrimento, quando eles já navegavam muito por essas bandas disputando com os franceses, bucaneiros invasores, a primazia do corte e transporte da riqueza do pau brasil, a primeira oferta da terra à cobiça estrangeira. Só poderia ser assim mesmo, aqui, os índios não sabiam o que era dinheiro, muito menos lucro, comércio, capitalismo, ambição de ter, de ficar rico. No suposto local, ou na proximidade dele, ergueu-se a igrejinha, que o mar, inapelavelmente, levará abaixo. Para tentar salvá-la mobilizam-se juízes, promotores, conselheiros do tribunal de contas, procuradores, acadêmicos, ambientalistas, mas até agora não se achou a solução salvadora. E as marés de março estão chegando.
AUDIÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS BUSCA SOLUÇÃO PARA SALVAR IGREJINHA
NAS REDES SOCIAIS:
Sobre a entrega da Plataforma P-74
Postado por Agnaldo Alves
E assim é entregue a P-74, a primeira plataforma a operar a Cessão Onerosa do Pré-sal brasileiro. Projeto executado no Brasil, aqui na cidade de São José do Norte, RS. A navegação iniciará amanhã de manhã, e quando posicionada, produzirá petróleo do campo de Búzios, supercampo no litoral extremo sul do RJ. Sem nenhuma parceria, é a primeira plataforma onde a Petrobras operará sozinha, produção 100% nossa. Compartilho com vocês esse momento, pois mesmo nesse cotidiano sombrio que a nossa classe enfrenta, ainda temos forças para mostrar potencial e gerar a riqueza (não somente financeira) que nossa Companhia e nosso País tanto carecem.
Comandante do Exército sobre a interveção militar no Rio
Postado por Blog Reflexões no YouTube
Michel TOMER no programa Conversando com Bial