Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A PROCURADORA EUNICE, PÉ DE PATO, MANGALÔ TRÊS VEZES
16/06/2018
A PROCURADORA EUNICE, PÉ DE PATO, MANGALÔ TRÊS VEZES

A PROCURADORA EUNICE, PÉ DE PATO, MANGALÔ 3 VEZES

                  A procuradora federal Eunice Dantas certamente não acredita na força que têm as mandingas. Não é certamente daquelas pessoas que tremem diante dos patuás que vão encontrando pelo caminho e repetem, como mantra protetor, frases assim, espécie de manto providencial de amparo ou “descarrego”: “Pé de Pato, Mangalô três vezes”.

                  A doutora Eunice é pessoa tranquila, descrente, quase com certeza, de tudo o que possa ocorrer no mundo dos bruxos ou das bruxarias. Por isso, vai levando em frente uma empreitada que pareceria difícil ou improvável para uma procuradora federal, que nasceu em Sergipe e aqui vive. Afinal, Sergipe, como tanto repete o doutor Albano, é terra pequena onde todos se conhecem. Ou seja, somos quase uma família grande, onde se cruzam laços de sangue, de amizades ou de múltiplos interesses. Assim, quase todos, mesmo as autoridades mais poderosas, sempre são susceptíveis aos argumentos reforçados pela proximidade do espaço, onde todos nos movemos. Sempre se encontra uma fórmula de aliviar ou amaciar decisões e atitudes que tenham reflexo sobre o cotidiano da nossa convivência.

                   Por todas essas circunstâncias, ninguém acreditaria, mesmo em época marcada por um forte ativismo judicial, que chegasse a termo em desfavor de tantas pessoas influentes e socialmente articuladas, uma ação que representaria o fim de muitas e vistosas carreiras políticas.  

                  São mais de vinte deputados, ou ex-deputados, alcançados pela ação judicial que percorreu os nossos tribunais. Deles emanaram sentenças fortes e chegou-se ao clímax com o julgamento derradeiro em Brasília, no Superior Tribunal Eleitoral. Conhecida a primeira etapa de um julgamento onde pesou o relatório incisivo do Ministro Luiz Fux, em todo o tramite do processo ficou marcado o protagonismo decisivo da Procuradora Federal Eunice Dantas.

                    Inconformada agora, com a perspectiva de alguns livrarem-se da cassação ou perda de direitos políticos, a Procuradora agiu com rapidez, reforçando a denúncia e reafirmando em emissoras de rádio, que, no momento, a inelegibilidade já seria fato consumado, restando, na continuação do julgamento já marcado para o dia 21, decidir-se sobre a perda de mandatos.

                  Caso sejam confirmadas as punições, altera-se substancialmente o panorama político sergipano. Ocorrerá uma espécie de clivagem separando duas épocas. Seria o antes e o depois da Procuradora Eunice Dantas e do ativismo dos nossos tribunais.

                    Em relação a ela dividem-se as opiniões. A maioria, em consonância com o clima agora dominante de aversão à classe política, estará a festejar, com entusiasmo, a proativa representante do Ministério Público Federal; uma outra parte, de menor proporção, todavia influente, irá estigmatizá-la como impertinente algoz.

                    Ninguém imaginaria ou sequer suspeitaria da possibilidade de vinditas. Não existe esse clima, nem poderia existir, dado que vivemos na plenitude do Estado de Direito e todos os personagens envolvidos, mesmo os que seriam mais afetados pelas medidas, são pessoas pacíficas e morigeradas.

                     Mas, daquilo que chamamos mau olhado, ninguém está livre. Daí, pelo sim pelo não, a Procuradora, mesmo não acreditando, poderia “botar fé” em algum amuleto e dele se mantendo bem próxima.

                     Como dizem os precavidos descrentes, todavia realistas espanhóis: “Yo no lo creo en las brujas, pero que las hay, hay”.


PROCURADORA REGIONAL ELEITORAL DE SERGIPE, DRA. EUNICE DANTAS

Foto: @nenoticias

 

AS FESTAS JUNINAS E AS RASPADAS NA CULTURA

                  Em meio ao desastre a que nos conduz o periclitante presidente Temer, quando se perde até o entusiasmo com a seleção brasileira, anunciou-se que, em Sergipe, as festas juninas seriam irrigadas com uma boa dinheirama. Sairia do Ministério da Cultura, graças ao indiscutível prestígio do deputado André Moura, líder, exatamente, do devastador conluio ou contubérnio palaciano, que se intitula governo. Veio a Sergipe o Ministro da Cultura, tendo ao seu lado o prestigiado parlamentar. André é, sem dúvidas, um político repleto de habilidades. Tornou-se solícito palafreneiro do poderoso Eduardo Cunha, que saiu da presidência da Câmara Federal para continuar influente no Planalto, mesmo na condição de presidiário. André ficou também poderoso, sendo representante de Eduardo Cunha junto ao presidente Temer, que o fez líder. Assim, ele ganhou trânsito livre pela República devastada.

                 Garantir a festa junina em Sergipe seria uma etapa vencida, na tentativa, que faz André, para eleger-se senador, tendo, contra ele, o peso de uma rejeição considerável e o sinete na testa, que o identifica como parceiro de Temer, com efeito, também associado ao que a Procuradoria Geral da República classifica como “Organização Criminosa”.

                  André atendeu aos apelos do prefeito Edvaldo Nogueira que, ano passado, não teve outro remédio a não ser cancelar o Forró Caju, a nossa maior festança popular, com dimensão nacional, depois de modestamente iniciada por Jackson Barreto quando prefeito, nos anos oitenta.

                  O Forró Caju está garantido, o dinheiro chegou antes, a Prefeitura até deu uma contrapartida, todavia, sobre a festa no interior, pesa a ameaça de possíveis cortes de verbas, depois que, do fundo do tacho miúdo do Ministério da Cultura, rasparam o que ainda havia, para que fosse tapado o rombo causado pelas concessões que Temer fez aos caminhoneiros, que acabaram de desfazer o equívoco sobre a existência de um eventual governo.

               Os prefeitos, sabedores do que ocorreu no Ministério de onde deverá, ainda, sair a disputada bufunfa, andam inquietos, nervosos, porque já contrataram bandas, armaram os palcos, os camarotes, onde deverão estar com o deputado que viabilizou a festa e quer votos para tornar-se senador da República. Praza aos céus que, se eleito, André torne-se senador de uma outra República, não contaminada pelos Cunhas, os Temer, os  Geddéis, os Padilhas, os Moreiras, os Rocha Loures e tantos outros, aos quais agora, tão diligentemente, ele serve; e que apostam alto na sua eleição, para que possam contar, no Senado Federal, com um representante que os defenda, quando estiverem, a partir de janeiro, esperando que às suas portas batam os indormidos agentes da Federal.

FORRÓ CAJU CONFIRMADO E GARANTIDO

Foto: Divulgação/PMA

 

DA COLÔNIA À METRÓPOLE, O ROTEIRO SENDO REFEITO

           Da colônia no além-mar distante, chegavam à corte da metrópole portuguesa raros brasileiros, todos eles filhos de ricos fazendeiros, comerciantes ou mineradores e traficantes de escravos, que se dirigiam à Coimbra, almejando a conquista de um diploma de bacharel. Lá pelo século XVIII, a colônia enriquecida com os restos que lhe permitiam ficar, aumentava o fluxo dos que garimpavam, do outro lado do oceano, o conhecimento, por meio do qual se tornariam burocratas da elite, clérigos, ou políticos, com a certeza de mandatos que os privilégios sociais lhes assegurariam.

              Desde que o rei Dom Sebastião com seu exército de flibusteiros e forçados foram dizimados nas areias dos desertos marroquinos, pondo fim a um sonho desatinado de conquistas e pilhagens, Portugal imergiu numa espécie de madorra saudosista, tornada mais densa ainda, quando o Duque de Alba chegou, com um exército de esfarrapados, para anunciar que o novo rei de Espanha, Felipe II, era o novo monarca a quem os portugueses teriam de render vassalagem.

                 Tudo isso era a sequência de capítulos de uma desgraça, que, além da humilhante derrota, passava pela ausência de um sucessor, após a morte do cardeal Dom Henrique, tio de Dom Sebastião, que sexagenário, idade limite naquela época, buscara autorização do papa para casar e procriar, a fim de dar herdeiros ao trono. Morreu sem casar, nem consumar a ousada tarefa de gerar filhos, e o país facilmente se deixou subjugar.

               Surgia o mito do “sebastianismo” aquela crença de que o rei, morto em África, retornaria para reviver o tempo de glórias. O esperançoso mito santificava o jovem rei, sem mesmo entender que ele, menino ainda, entrava em transes místicos, enquanto sentia o cheiro da carne queimada de judeus ímpios, assados nas fogueiras piedosamente expiatórias acesas em Évora e se imaginava indo levar a fé cristã, em meio à pilhagem de tesouros, a caminho da Terra Santa.

              Os sebastianistas, séculos depois, enxergaram em um soturno carola autoritário, a própria figura do rei Sebastião, que nele estaria encarnada. E assim viveram mais uma longa noite, na qual as guerras em Moçambique e Angola geravam milhares de viúvas que, em longos vestidos negros e densos véus lhes encobrindo as faces, eram vistas entrando e saindo das catedrais e capelas, cumprindo um ritual sem fim de lamentos e sacrifícios.

               Em abril de 1974, finalmente os jovens oficiais, cansados daquela madorra eternizada, ao som de Grandola Vila Morena, a música senha, puseram em marcha os seus tanques e botaram abaixo o que restava do legado sinistro do falecido ditador Oliveira Salazar, um velho que já era decrépito desde a juventude.

           Portugal trocou a lamúria do fado por músicas menos enfadonhas, e mudou de cara, mas o fez em tumulto, numa desordem de revolução sem rumo. Restabelecida a sensatez, houve a adesão à Comunidade Europeia e o país pobre, em parte ainda arrastando uma herança feudal, recebeu o alento de projetos transformadores. A euforia acabou quando surgiu a crise, a quebradeira, mas aí, o “sebastianismo” ou o mito do homem rei salvador, já fazia parte de uma história sem nexo.

              Depois de 2011, quando houve o colapso e tudo parecia perdido, buscava-se uma saída para a crise e a comunidade europeia hesitava em ajudar um país que parecia imitar o insucesso permanente da Grécia, igualmente falida. Então, a vitória nas eleições parlamentares de um bloco socialista fez surgir o Primeiro Ministro Antônio Costa. Desapegado dos modelos excludentes de fazer política, lançando uns contra outros, numa luta sem fim e sem vencedores, ele, sensatamente proclamou: “A chave para o futuro é a capacidade de identificar, entre os interesses contraditórios, a base comum para descortinar o futuro europeu e essa base é a capacidade para construir pontes entre diferentes famílias políticas. Portugal tem duas alternativas claras, a nossa e a da direita e isso é bom para a democracia. Temos de falar com todos, sem que ninguém perca sua identidade”.

                O primeiro ministro deu fim à autofagia, que dizimava a política e gerava antagonismos inconciliáveis.

                Ao completar 500 dias do governo Antônio Costa, o salário mínimo, que era de 505 euros, passou para 580 e no próximo ano será de 600 euros. O índice de desemprego em 2013 era de 16.2%, agora é de 8.9%. Os servidores na ativa e aposentados tiveram os salários descongelados, a produtividade crescendo permitiu que fossem acrescentados ao tempo de lazer mais quatro dias feriados. Foram reduzidos impostos e o país se prepara para receber empresas inglesas, na maioria start-ups, que fogem das incertezas do Brexit, a saída do Reino Unido da comunidade europeia. E já criaram um slogan: “Portugal, a segunda casa dos britânicos”.

               Portugal pela primeira vez cresce mais do que o resto da Europa e o Primeiro Ministro explica a sua fórmula de sucesso: “Definimos uma alternativa política centrada em mais crescimento, mais e melhor emprego, mais igualdade”.

               Enquanto isso, aqui no país recolonizado, pela incompetência política que chega ao clímax com essa quadrilha no poder, acumulamos desastres, escândalos, decepções, desespero e revolta.

              E os brasileiros que podem, refazem com esperanças, todavia forçosamente, o caminho rumo a Portugal, visto agora como a “metrópole” que deu certo e até faz inveja aos que por aqui assistimos, inermes, ao desmonte de um grande país, que renuncia, covardemente, à sua vocação de grandeza, para ser uma colônia dominada por bucaneiros.

PRIMEIRO MINISTRO ANTÔNIO COSTA, O "SOCIALISTA QUE DEU CERTO" EM PORTUGAL

 

DE VESPÚCIO A MICHEL E A TERRA SEM PROVEITO

            Américo Vespúcio, como se sabe, foi um grande navegador, um mareante tão famoso cujo nome serviu para dar identidade às novas terras que Colombo e Cabral haviam encontrado. Nascido em Florença e de família aristocrática, viveu no exuberante tempo dos Médicis e, a eles, serviu como um burocrata ilustrado, calculando muito bem os juros cobrados pelos financiadores do comércio, que se expandia, e da aventura pelos mares em busca das novas terras.

         Já era velho, para os padrões da longevidade naquele tempo, quando decidiu fazer-se ao mar. Mais do que um simples aventureiro, ele figura entre os navegadores que se armaram com o conhecimento para ultrapassar as fronteiras do desconhecido.

              Espírito pragmático, ao percorrer as costas daquela terra imensa, a que davam o nome de Terra dos Papagaios, Vespúcio, diante da prodigalidade tropical que tanto encantara o escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, não se perdeu em devaneios e encantamentos, foi seco, até ríspido, ao traduzir o seu pessimismo equivocado, quando escreveu numa descrição das suas viagens, que logo correria a Europa, a respeito das terras descobertas por  Cabral: “Pode-se dizer que nelas não encontra-se nada de proveito”.

             Logo depois, o próprio Vespúcio desfazia o desesperançado engano e aderia aos que já antecipavam a vastidão dos lucros que teriam com aquela árvore de madeira vermelha, a ibirapitanga dos índios, o pau em brasa ou brasilis, que terminou dando nome à terra e dela sendo a primeira riqueza extraída.

              O mareante Vespúcio equivocou-se quando imaginou que daquela terra não se poderia tirar proveito. Ao longo de quinhentos anos, tirar proveito é exatamente o que fazem aqueles que, de uma forma ou de outra, se assenhoreiam da terra que é, aliás, prodigamente dadivosa, principalmente para os que se tornaram, através da história, seus reincidentes saqueadores.

AMÉRICO VESPÚCIO, NAVEGADOR, MERCADOR, CARTÓGRAFO E GRANDE EXPLORADOR


O CAMARÃO, UMA NOVA ECONOMIA QUE SURGE

                 Avançando pelo estuário encolhido do São Francisco em agonia, penetra o mar, as águas salgadas do oceano. Agora, onde existiam várzeas ocupadas pelo cultivo do arroz, surgem criatórios de camarões. O camarão tem alto valor agregado e é produto avidamente procurado pelo mercado, com margem ilimitada de demanda, desde que bem prospectadas as oportunidades. Ou seja, trata-se de um bom negócio e, na região definida como a mais pobre do estado, é uma perspectiva nova que se abre na acanhada economia do baixo São Francisco, que ainda mais capengou desde que o autoritarismo dominante (década dos setenta) decidiu enfiar, goela  abaixo, da sofrida e paupérrima população ribeirinha, um ambicioso projeto de irrigação, destinado à rizicultura. O projeto nunca alcançou pleno sucesso, e se desmancha ainda mais com a precária e rotativa gerência da estatal CODEVASF, palco ambicionado para a encenação, sempre calamitosa, de variados grupos políticos que ali se revezam.

             O camarão é uma esperança de dinamização para uma economia quase estagnada, também em consequência da deterioração das águas do Velho Chico, antes piscosas, agora, quase sem vida.

            A carcinicultura, nome horroroso para uma atividade tão promissora, começou antes de ter sido reduzida a vazão do rio. Em Brejo Grande existiam muitas salinas, aquela forma primitiva, todavia, quase a única para a obtenção do sal com o represamento da água salgada do mar, formando a “água mãe” que, evaporando-se ao sol tropical, vai deixando depósitos de sal, que são recolhidos e amontoados, numa faina que era, além do mais, uma agressão ao ser humano trabalhando em condições tão precárias.

             Ao que se diz na região, as salinas desapareceram durante o governo do general presidente Garrastazu Médici, por força de uma determinação férrea e sem remédio. Foram então os imensos tanques inservíveis, transformadas pelos seus proprietários em viveiros para a criação de peixes. Esses viveiros, que só permitem uma despesca por ano, durante a Semana Santa, se tornaram antieconômicos e um político e advogado da região, o ex-prefeito de Brejo Grande, Carlos Augusto Ferreira – Carlinhos – foi ao Rio Grande do Norte verificar como ali se produzia camarão em cativeiro.

            Voltou com a ideia de transformar os viveiros e salinas, que existiam numa das propriedades do pai, em criatórios de camarão. Usou as técnicas recomendadas e teve sucesso. O que fez, então, foi incentivar outros proprietários a seguirem o mesmo caminho e a carcinicultura se expandiu, ganhou estatura, importância e poderá crescer muito mais.

           O governador Belivaldo já visitou várias vezes a região, dialogou com os camaroneiros e já tem um projeto para incentivar a produção e ampliá-la por outros estuários de Sergipe. Sergipe com estuários de águas organicamente ricas, em virtude dos manguezais, temperatura ideal e baixa poluição, poderá transformar-se num grande polo camaroneiro.

          A criação de ostras é outra atividade que começa a se expandir. Na região de Pacatuba principalmente. Ao contrário do camarão, a ostra não precisa ser alimentada com ração especial e isso reduz consideravelmente os custos. Mas a ostra faz grandes exigências. Requer águas limpas, ou seja, sem poluição, também ricas em matéria orgânica e a temperatura que exatamente é a que temos. Existem águas assim, ainda limpas, ao longo do canal do Pomonga, em partes do rio Sergipe em Santo Amaro ou Socorro, em áreas do amplo estuário da Barra da Estância e, também, onde já se pratica, nas proximidades da foz do São Francisco.

CAMARÃO E OSTRA, UM BOM CARDÁPIO PARA ALIMENTAR A NOSSA ECONOMIA.

 

O MILHO AMEAÇADO E O QUE DIZ OVERLAND

               O milho, hoje a atividade agrícola que mais se expande em Sergipe, depende, evidentemente, das chuvas de inverno, que costumam cair entre março e agosto. Depois de cinco anos sucessivos de estiagens, tivemos, ano passado, um clima favorável e nossa produção levou o estado a fixar-se como o terceiro maior produtor do Nordeste.

            Este ano as perspectivas iniciais eram muito boas, mas o discurso do meteorologista Overland Amaral, que é a nossa voz do clima, sofreu algumas modificações e passou do otimismo pleno para uma cuidadosa mediana expectativa. É que as chuvas, previstas para maio, atrasaram e houve até um veranico. As máquinas já haviam preparado a terra, desde Nossa Senhora Aparecida, passando por Dores, Glória, Monte Alegre, Carira, Frei Paulo, Ribeirópolis, Pinhão, Simão Dias e Poço Verde, os maiores produtores, mas as chuvas não vieram como esperado e, no semiárido, sequer chegaram ainda nesse meado de junho.

                   Overland faz previsões agora mais modestas, calcula chuvas em torno de 300 milímetros, de agora em diante a até fins de agosto, mas isso para o agreste, com ressalvas para o alto sertão. Se o previsto acontecer, dará ainda para haver uma safra que, todavia, não deverá chegar aos dois terços do que foi a do ano passado.

MILHO SERGIPANO, SAFRA PREJUDICADA PELO ATRASO DAS CHUVAS

 

UM PASTOR E A SUA DISCIPLINA DE MILITAR

                Faleceu o pastor Nonô, José Antônio dos Santos. Ele morreu em Aracaju, durante uma reunião da sua congregação, a igreja Assembleia de Deus, da qual era um dos dirigentes em Sergipe. A vida do pastor transcorreu, porém, quase toda em Canindé do São Francisco, onde deu sequência à obra evangelizadora do seu pai, o Pastor Antônio José. A comunidade Nova Vida, plantada no quase deserto dos confins do município, transformou-se numa referência de gente dedicada, trabalhadora, onde a criminalidade quase não existe.

              O pastor Nonô, que desceu ao túmulo ao som de uma corneta em toque de silêncio, que, por algum tempo, substituiu as orações, teve a homenagem que merecia, partida das duas instituições às quais dedicou a vida: a Igreja Evangélica e o Exército Brasileiro. O exemplo de fé e disciplina que ele transmitia foi muito além do âmbito da família e percorreu a numerosa comunidade de fiéis, a sua outra família, que a ele obedeciam, não só como pastor, mas também como conselheiro, que em muitas circunstâncias fazia o papel de um pai.

JOSÉ ANTÔNIO DOS SANTOS, O PASTOR NONÔ


HOMENAGEM MERECIDA AO PASTOR NONÔ

 

LIMPANDO O LIXO QUE É POSSIVEL REMOVER

                   Nesse sábado, 16, remadores com suas canoas, caiaques, pranchas, skifs percorrendo as águas, em alguns pontos fétidas e desgraçadamente poluídas do rio Poxim, passam um exemplo para a comunidade, para os aracajuanos sobretudo, que, em última análise, são os responsáveis pela sujeira que é lançada ao rio, pelos esgotos que nele, criminosamente, despejam. O exemplo dos remadores é, também, um grito de socorro do rio morrendo, transmitido, sobretudo, às autoridades e sugerindo que se juntem, Estado, prefeituras, governo federal, Ministério Público Federal e Estadual para que se unam e desenvolvam um inadiável programa de salvação dos nossos rios. Comecem pelo Poxim, de cujas cabeceiras, ainda limpas, recebemos parte da água que chega às nossas torneiras.

                O prefeito Edvaldo Nogueira transmitiu, ao presidente da EMSURB, a tarefa de juntar-se ao ato dos remadores. Acontece que o advogado Luiz Roberto Santana é também ambientalista e entusiasmou-se. Providenciou o recolhimento do lixo que for coletado pelos caminhões da limpeza urbana e prometeu transformar em projeto a sugestão que lhe foi levada para usar canoas ociosas, tanto de pescadores, como as que fazem o transporte Barra-Aracaju, num trabalho permanente de coleta do lixo nos rios que cortam Aracaju,  e são quatro: o Sergipe, o Sal, o Poxim e o Vaza Barris. Os demais prefeitos, no caso, os da Barra, Socorro, Santo Amaro, São Cristóvão e Itaporanga poderiam adotar a mesma providência. O da Barra dos Coqueiros, Airton Martins, assegurou que vai participar.

                    Com o lixo recolhido, e até exposto a quem estiver no Parque dos Cajueiros, se planta uma semente de ativismo ecológico que deverá render frutos.

REMADA DE LIMPEZA NO RIO POXIM, DANDO EXEMPLO DE CIDADÂNIA E ATIVISMO ECOLÓGICO PARA OS ARACAJUANOS


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lugares de memória

Um blog de viagens culturais que se propõe a dar ideias, despertar desejos ou fazer você viajar sem sair de casa.

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