NESTE BLOG:
1) A PRESENÇA DE CARLOS PINNA
2) O CAMINHO DE SANTA DULCE
3) OS CEM DIAS DE LULA -3
4) ENTRE LULA O LORD KEYNES E A
CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS
TÓPICOS:
1- O homem do gás quer ser governador
2- Valadares, o ex-senador aos 80
3- Aracaju e um novo “ aracajuano “
4- Itabaiana quer aeroporto ou um porto?
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A PRESENÇA DE CARLOS PINNA
Quando a Irmã Dulce em outubro de 2019 foi santificada pelo papa Francisco, logo surgiu a ideia de criar entre a velha e a nova capital sergipana, o que seria o Caminho de Santa Dulce . Imaginava-se uma espécie de trilha partindo do Convento do Carmo em São Cristovão até a capela no bairro Aruana, em Aracaju, que leva o nome da santa .
Anselmo Oliveira, um engenheiro sergipano que reside em Salvador , peregrino e organizador de peregrinações, viera a Aracaju trazendo a sugestão do Caminho, que é uma parte do trajeto completo saindo de Salvador, e chegando até Itabaiana, cidade que se antecipou, e fez um local de devoção a Santa Dulce dos Pobres. O longo trecho completo que ultrapassa os 400 quilômetros é dividido em sete etapas. A parte que cabe a Itabaiana avançou, os itabaianenses traçaram um percurso aproveitando os contrafortes da serra de Itabaiana, passando pelo Parque dos Falcões, atravessando a Floresta Nacional que abarca a montanha pelo lado leste. Um percurso atrativo e propiciando contato com uma mancha da portentosa Mata Atlântica, hoje sobrevivendo nesses “ santuários” protegidos.
Houve uma reunião liderada pelo prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira para cuidar especificamente do trecho que concerne a Aracaju e São Cristovão, isso, um mês depois da canonização. Havia representantes da Igreja Católica, das Prefeituras das duas cidades, do Tribunal de Contas de Sergipe, e do articulador de tudo Anselmo Oliveira.
Surgiram ideias, sugestões, até conflitantes. Não se chegou a delinear o projeto, marcou-se uma nova reunião e restaram discrepâncias, até mesmo sobre o chão da simples vereda, se seria pavimentado a paralelepípedos, pedras de calcário , piçarra ou asfalto. E então veio a pandemia, e tudo restou suspenso. Anselmo , o estrênuo , incansável peregrino, não saiu muito satisfeito com o que vira e ouvira.
Nesses últimos trinta anos, em Sergipe, tudo o que diz respeito à cultura, todas as iniciativas destinadas a inovar, modernizar, abrir horizontes à civilização, via de regra, contaram com a adesão entusiasmada e prestigiosa de Carlos Pinna de Assis.
Teotônio Neto, o jornalista que representara o Tribunal de Contas na reunião fez um relato ao Conselheiro Carlos Pinna sobre a necessidade de uma outra para a formatação definitiva do projeto. Sobreveio a pandemia, e o mundo parou.
Mas, nesse interregno de forçada pasmaceira sanitária Pinna movimentou-se, ao telefone , pela internet, conversando e trocando ideias, preocupado em dar sequencia e objetividade ao projeto do caminho de Santa Dulce. Como religioso e católico, ele enxergava o aspecto motivador ou mesmo evangelizador daquela convergência de pessoas em caminhadas , retemperando o corpo e purificando o espírito. Como técnico e intelectual pragmático, não descurava dos benefícios sociais de um fluxo permanente de turismo religioso, exemplificando com sua visão cosmopolita casos de sucesso pelo mundo afora.
O conselheiro Pinna formou a convicção de que o Caminho de Santa Dulce teria de ser uma singela trilha, jamais asfaltada, e os 18 quilômetros do trajeto preferencialmente em simbiose com a natureza, tendo pontos de parada à sombra olorosa de árvores acolhedoras. Uma peregrinação onde a fé e o mundo natural se completassem em sistêmica harmonia.
Além da devoção e dos outros aspectos, agora, a ideia do Caminho de Santa Dulce seria também uma forma de homenagear Carlos Pinna, intelectual, homem público, manancial de ideias , sempre envolvido naquele virtuoso sonho de ir além do âmbito pessoal, e espalhar sementes ao futuro que germinem para a coletividade.
Com o emprego de reduzidos recursos o Caminho de Santa Dulce no trecho entre São Cristovão e Aracaju, mesmo com os equipamentos de apoio que precisam existir, será um projeto a demandar poucos recursos. É imprescindível, porém, que exista o interesse das duas Prefeituras, do Governo do Estado, da Igreja Católica. Surge, nessa composição, o obstáculo legal do Estado Laico que não pode beneficiar confissões religiosas, especificamente, mas, o Caminho terá usos múltiplos, não será apenas utilizado por religiosos católicos. Será um caminho agradável para os que apreciam fazer trilhas, a prática de esportes, o ciclismo. Sob um olhar pragmático, dará retorno, abrindo espaços para o turismo motivado pela devoção à Santa Dulce dos Pobres.
Um modelo em sintonia com a exigência legal poderá ser formatado, talvez como foi feito em relação à reforma na Catedral Metropolitana, que, por motivos ainda de certa forma obscuros se arrasta há tantos anos. Isso, aliás, tem dado motivo a críticas bem contundentes feitas pelo jornalista Cláudio Nunes, e alguns outros.
Não existindo mais a presença do conselheiro Carlos Pinna, que sabia fazer convergir ideias e encontrar soluções, a Procuradoria Geral do Estado poderia manifestar-se. E hoje quem está à frente dela é Carlos Pinna Junior, um jovem jurista que herdou aquelas raras qualidades harmonizadoras do pai ; ele, também, como demonstrou antes na Procuradoria do Município de Aracaju, tem a mesma capacidade resolutiva revelada pelo seu antecessor no cargo, o Procurador Vinicius Thiago.
Finalmente, para coordenar e aglutinar os parceiros, poderia ser indicado um nome formador de consensos, o Padre Jose Lima. Ordenado depois de muitas atividades laicas, ele, professor, advogado, experimentado administrador público, é sempre movido pela vontade de fazer. E sabe como fazer.
O CAMINHO DE SANTA DULCE
(Publicado em 1/11/2019)
(Republicado em homenagem a Carlos Pinna de Assis)
Sábado dia 12, ao nascer do dia, pela Rota do Sertão a SE- 175, convergiam, de direções opostas, duas longas filas de peregrinos rumo à cidade sergipana que leva o nome da Padroeira do Brasil . Isso se repete ano a ano, cada vez com mais gente.
Ao término das celebrações religiosas, lá pelo fim da tarde, um fato curioso: nos restos deixados pelos romeiros havia muito mais cascas de coco do que garrafas pet. Isso significa que o nosso antes chamado “ coco da Bahia “ está começando a derrotar o refrigerante.
Essa oferta prodigiosa do coco, resulta de um trabalho de logística empreendido pelo empresário do turismo Manoel Foguete, agora, voltado para a industrialização, comercialização e exportação do nosso cocus nucífera , que breve chegará também a Miami.
Existem, entre esses eventos religiosos que reúnem multidões, os elos paralelos do interesse econômico. Mas, isso em absoluto não afeta a essência da fé, muito pelo contrário, é todo esse aporte logístico, gerando lucro e empregos, que viabiliza o deslocamento das massas humanas em busca da essência da fé, corporificada nas suas devoções.
Dai, surgiu o chamado Turismo Religioso.
Para os que preferem as longas romarias, a rota extensa se transforma em busca da espiritualidade, a fortaleza da fé, tantas vezes vencendo as fragilidades dos corpos.
O Caminho de Santiago há mais de mil anos é percorrido por caminhantes . Eles chegam, agora, de todas as partes do mundo. São diversos os roteiros, o mais extenso, aquele que começa nos Alpes franceses, na vilazinha de Saint- Jean- Pied - de- Port, e após 800 estirados quilômetros se chega à majestosa Catedral de Compostela, no norte da Espanha. Lá, os peregrinos entoam os seus cantos, ouvem Missa, e fazem o obrigatório ritual de bater no pescoço grosso de Santo,
para demonstrar que ali chegaram, e estão a tocá-lo.
Os primeiros romeiros, pelos caminhos gelados dos Alpes, com frequência eram atacados por lobos, em ferozes matilhas. Hoje, os lobos não mais existem, todavia, ao longo do roteiro multiplicam-se os equipamentos turísticos que mudaram para melhor a vida na região. Foi, sem dúvidas, uma profunda transformação que se deve ao apóstolo Santiago Maior.
Santa Lúcia dos Pobres, a primeira brasileira a alcançar a santidade, -isso, na perspectiva da fé católica- levou a vida a peregrinar em busca de apoio para os que padeciam das dores do corpo e das agruras da pobreza.
Baiana, ela passou uma parte da sua juventude em Sergipe. Aqui, foi noviça, e recebeu o hábito de freira. Sua clausura no Convento do Carmo, Praça do Senhor dos Passos em São Cristóvão está intacta, guardados com carinho seus objetos de uso pessoal.
Santa Dulce aqui começou a sua vida virtuosa, e já em outro plano, foi em Sergipe que manifestou sua transcendente presença.
Por tudo isso, Santa Dulce é também sergipana.
Em Sergipe, na cidade de Tobias Barreto, se fez em 1985 a primeira homenagem oficial à irmã de caridade, que se tornara símbolo de bondade e capacidade realizadora.
O conselheiro do TC Carlos Pinna de Assis, lembra:
Ele era, no governo João Alves, Procurador Geral do Estado e acumulava o cargo de Secretário de Habitação. Um dia, chegou ao seu gabinete o prefeito de Tobias Barreto, Luizinho Alves. E lhe fez um pedido: queria que o conjunto habitacional a ser inaugurado na sua cidade levasse o nome de Irmã Dulce.
Pinna foi ao governador João Alves que imediatamente concordou, lembrando, todavia, que era preciso a autorização da homenageada. Foram então a Salvador o Secretário e o Prefeito para uma conversa com a freira. Pinna recorda a forma atenciosa como ela os recebeu, e a relutância em aceitar a homenagem, alegando que trabalhava sem esperar reconhecimentos. Refletiu um pouco até dizer sim, e o conjunto Irmã Dulce foi então inaugurado.
Agora, Carlos Pinna faz parte de um grupo que pretende dar amplitude à ideia do Prefeito Marcos Santana, de São Cristóvão. Ele deseja fazer da sua cidade um polo mais amplo de turismo religioso, e, para isso, já adotou as primeiras providencias.
Foi sugerido a criação do Caminho de Santa Dulce. Trata-se de um trajeto a ser feito partindo de Aracaju, percorrendo a antiga estrada que levava à Velha Capital, tendo como um dos polos o Convento do Carmo, e a visita à Clausura onde viveu a freira, agora Santa.
A ideia tem o apoio do governador Belivaldo Chagas, dos Prefeitos de Aracaju, Edvaldo Nogueira e de São Cristovão Marcos Santana. O Arcebispo Dom João Costa já deu o seu aval.
Um grupo informal, constituído pelo Conselheiro Carlos Pinna, o jornalista Teotônio Netto, que iniciou o turismo religioso em Sergipe quando Prefeito de Carmópolis , o Secretário de Turismo de Sergipe, Sales Neto, Secretários do município de Aracaju, Carlos Cauê, Luciano Correia, e de São Cristovão, já trocam ideias, recebem sugestões, e elaboram planos.
O pessoal da Expedição Serigy, um grupo na maioria de idosos, em luta constante contra a proeminência do ventre, já incluiu na sua agenda de trilhas a inauguração daquilo que deverá ser o Caminho de Santa Dulce.
Mas será uma caminhada diferente, querem se deixar imbuir, todos, pelo mesmo objetivo de sintonizar corpo e espírito, tendo como inspiração a Santa Dulce dos Pobres. O caminho é aberto a católicos, evangélicos, espiritas, umbandistas, agnósticos e ateus.
Trilhar é sair livremente em busca de horizontes, e nisso se faz a síntese da existência humana, onde não devem caber as intolerâncias.
Acácia e Samarone, capitães da equipe, já anunciam que, de Salvador, passando por Aracaju, e avançando até Itabaiana, já elaboram os baianos um vistoso roteiro. Itabaiana se inclui, como local sagrado, sendo palco do primeiro milagre.
A Excursão Serigy quer se refazer, voltar a reunir seus primeiros trilheiros, todos eles, que andam um tanto separados ultimamente. Convidados para a caminhada, o governador Belivaldo, o Conselheiro Carlos Pinna, os prefeitos Edvaldo Nogueira e Marcos Santana, e há espaço largo para muitos outros convites.
Desde que estejam, todos, movidos e inspirados pelos bons sentimentos de fraternidade e solidariedade humana que nos foram legados pela freira baiana que viveu em Sergipe e abençoa esta terra.
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OS CEM DIAS DE LULA -3
Cem dias é prazo exíguo, ínfimo , para que possam os governantes exibir resultados que impressionem. Não seria diferente em relação a Lula. Existe porém, e hoje até prepondera, aquela ideia de que os cem dias podem representar a síntese antecipada de um mandato de quatro anos. Seriam esses cem dias a marca registrada do governo que se inicia, ou, transformar-se num sinal de alerta sobre erros eventualmente cometidos, e que, se repetidos, poderão transformar boas expectativas em decepções futuras.
Independente de julgamentos que se possam fazer a respeito de ganhos ou perdas, avanços ou recuos, nesses tão propalados cem dias, aquilo que de mais importante deles se pode extrair, é a certeza revigorante de que o clima de civilidade retornou ao Brasil.
Acabou-se aquela insanidade que o capitão a cavalo representava, dos gritos urros e imprecações contra os Poderes da República; acabou-se aquela sensação nefasta de que estávamos retornando a um passado onde crises políticas se sufocavam com os tanques na rua.
Acabou-se a desprimorosa sensação de que o país era uma republiqueta qualquer, conduzida por um aventureiro qualquer, cuja única ambição seria alcançar o poder absoluto, marchando ou trotando para a empreitada sinistra, tendo ao seu lado o “ meu exército”.
Sabe-se agora que o “ “ meu exercito” não existe, e sabe-se, também, que o Exercito Brasileiro, tanto quanto a Marinha e a Aeronáutica, são instituições do Estado, e cumprem as funções especificadas na Constituição brasileira. E não “ pertencem “ a nenhum arrogante mandatário da República , porque são instituições republicanas.
E sabe-se assim, agora, que não há efetiva civilidade onde não exista a democracia nos moldes clássicos e talvez permanentes dos Três Poderes, harmônicos e independentes, do voto popular livre e soberano e da plena aceitação da rotatividade civilizada no Poder.
E sabe-se agora, de forma desprimorosa, que os “ moralistas “ fanáticos, tanto quanto hipócritas, se deixam seduzir com muita facilidade pelo faiscar do ouro, da prata e dos diamantes, e são capazes de emporcalhar o Brasil diante de países estrangeiros que lhes ofereciam propinas, enquanto repetiam de peito estufado e desavergonhados: Pátria Amada Brasil. E internamente murmuravam: “ Caixinha, obrigado “.
Que os cem dias prossigam, e ao longo deles se aprimore o diálogo, se amplie a participação da sociedade, se busquem com entendimento as melhores soluções para este país, que tem vocação para tornar-se grande potência, e se amesquinhou sendo traído e sabotado nesses últimos quatro anos, contaminado pela insanidade desgraçada do ódio artificialmente criado.
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ENTRE LULA O LORD KEYNES E A
CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS
Na madrugada dessa quinta feira 13, as tvs transmitiam o discurso do Presidente Lula, em Xangai -China- na solenidade de posse da ex-presidente Dilma para comandar o banco dos BRICS. ( Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ). Somados, o produto bruto desses países alcança 25 trilhões de dólares, superando o dos Estados Unidos que é de 23 trilhões e deixando longe os da comunidade europeia e dos países industrializados da Asia.
Lula parecia constrangido e desestimulado ao ler , fastidiosamente , o que os seus assessores escreveram. Ao final disse que diria algumas palavras improvisadas.
Com precisão e lógica mostrou o que era a dependência do Brasil ao Fundo Monetário Internacional, da mesma forma que a de outros países, exemplificados com a Argentina, em permanente crise. Lembrou das visitas constrangedoras que nos faziam as “ missões do FMI “, quando tecnocratas estrangeiros e arrogantes, esmiuçavam as nossas contas, faziam questionamentos diretos aos Ministros e ao próprio presidente e nos diziam o que teríamos de fazer para continuar habilitados aos empréstimos que nos faziam, e adotavam as chamadas “tranches”, que eram regras inflexíveis para recebimento progressivo das parcelas, como se fossem prêmios por bom comportamento, e eram alteradas ao alvedrio exclusivo deles, que, de fato, se tornavam executores da nossa política econômica, não importando os sacrifícios que fossem impostos ao povo brasileiro. Lula lembrou ainda que nos governos dele acabou-se a nossa subserviência ao FMI, sendo paga a divida, e tornando-se o Brasil um provedor e credor do Fundo, nele depositando alguns bilhões de dólares, e indo além, criando uma reserva , o fundo soberano de mais de 300 bilhões de dólares, que nos salvou dos constrangimentos sofridos, desde quando ainda no Império, e logo após a independência que não saiu barata, começamos a tomar dinheiro emprestado aos ingleses.
Com essa fala, Lula entrou no ponto crucial, que é a preponderância absoluta do dólar, e acenou com a possibilidade de, através dos BRICS, fazer surgir uma nova alternativa para o comércio global, começando com os integrantes do grupo ao fazerem suas transações entre eles mesmos, usando a própria moeda, e tendo um banco central para as compensações.
Nisso, Lula não inovava, mas, repetia uma tentativa semelhante feita por aquele que talvez seja o mais famoso economista do século passado, ninguém menos do que John Maynard Keynes, autor do também icônico livro A Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda.
Em julho de 1944, a Segunda Grande Guerra entrava na sua fase derradeira, com americanos e ingleses avançando pelo oeste, e a avalanche dos exércitos russos cercando a Alemanha pelo leste, e os países vencedores já se preparavam para desenhar o mundo de pós -guerra. Então, naquele julho, entre os dias 2 e 22, no verão amenizado das montanhas de New Hampshire, numa cidadezinha encravada nas alturas, Bretton Woods, realizou-se o encontro que definiria os rumos da economia planetária, sacramentando a hegemonia do dólar , na nova era do Império Americano.
Os Estados Unidos cuja avassaladora capacidade industrial tornara possível subjugar o Eixo, - Alemanha, Itália e Japão- se tornara credor de uma fabulosa quantia a ser paga pelos outros aliados. Através da chamada lei Lend and Lease, houve um gigantesco fornecimento de navios, aviões, tanques, canhões, armas em geral e comida, inicialmente para a Inglaterra, depois para a Rússia e os demais países aliados, inclusive o Brasil. O mundo tornou-se devedor, e os Estados Unidos o único país credor.
Em Breton Woods, um Império, o britânico, exauria-se diante do outro que se agigantava, o americano, e estabelecia a supremacia da sua moeda sobre todas as demais .
Lord Keynes era o porta-voz dos interesses do Reino Unido, e buscava não apenas salvar a Libra, moeda então preponderante, mais ainda, ele queria criar um sistema que assegurasse liquidez aos países devedores. Seria uma espécie de banco central globalizado, capaz de emitir uma nova moeda, o Bancor, na qual seriam convertidas as reservas de todos os países em ouro ou moedas, e os detentores de saldos permitiriam que eles se transformassem em empréstimos, destinados a financiar as importações dos países devedores, quase todos situados no lado pobre do terceiro mundo, e onde também, naquelas circunstancias, se encontrava o Reino Unido. Lord Keynes foi derrotado.
Os americanos fizeram surgir o Fundo Monetário Internacional, e o dólar assumiu absoluta primazia. Os direitos especiais de saque reivindicados pelos países pobres, sempre foram postergados, e a rédea curta do FMI era o espaço restrito onde tateavam as economias dos países pobres.
Ninguém espera que de repente o dólar seja substituído por uma outra moeda nas transações internacionais, inclusive Lula. Mas isso não significa que haja um eterno conformismo, e a fala de Lula, nessa quinta- feira, agrega ao debate um sentimento forte de insatisfação que, sem dúvidas, começará a soar como um recado forte aos ouvidos no lado de cima do planeta.
A revista Time desta semana já coloca Lula entre os personagens mais influentes neste ano de 2023, enquanto o ex- vice presidente dos Estados Unidos, All Gore, num artigo publicado refere-se a Lula como um
Climate Champion, ou seja, um líder em defesa da natureza. Escreveu Gore: “ Como presidente, Lula prometeu fortalecer a posição do Brasil no mundo- renovando o compromisso do país com a democracia, a justiça e a equidade econômica. Mas, em nenhuma outra área ele pode gerar um impacto mais significativo do que nas crises do clima e da biodiversidade , “
Tudo isso corre no lado oposto à enorme catástrofe proposta pelo medieval mentecapto Ernesto Araújo, que Bolsonaro teve a incrível e absurda irresponsabilidade de colocá-lo à frente do Ministério das Relações Exteriores. Ele disse desejar, sob os aplausos do capitão que trotava, fazer do Brasil um país pária no mundo.
TÓPICOS
1) O homem do gás quer ser governador
O senador Laércio Oliveira, que gosta de ser definido como o “pai da politica do gás “, cujos resultados ainda são aguardados, mal aquietou-se na cadeira senatorial, já articula com o seu sócio no império da terceirização que criaram em Sergipe, o hábil estrategista Fernando Carvalho, um novo salto político, se possível a ser catapultado pela força significativa do “gás”, que sem dúvidas possui.
Quer suceder ao governador Fábio Mitidieri, do qual é aliado forte, embora, sem preocupar-se em indagar se ele, precocemente, teria desistido de tentar a reeleição.
Contatos já estão em curso e até avançados, e o sonho dourado de Laércio é ter ao seu lado Valmir de Francisquinho, o recordista de votos no primeiro turno, e que não disputou por força de uma decisão judicial o segundo, onde teria toda a chance de ser vencedor. Laércio imagina uma chapa com ele governador e Valmir Senador. Mas, antes, pretende turbinar o bolsonarismo em Aracaju, apoiando a candidatura a prefeito do ultra-direitista, ou simplesmente fascista, deputado federal Rodrigo Valadares.
Haja gás...............
2) Valadares, o ex-senador aos 80
Antônio Carlos Valadares, descontados alguns erros de percurso cometidos ao longo da bem sucedida carreira , é um cidadão que merece figurar na galeria austera dos políticos rigorosamente honrados. Isso, já seria uma credencial valiosíssima na sua biografia, que, a partir de agora, pode ser vista ao longo de oitenta anos.
Ele começou jovem, tornando-se prefeito de Simão Dias, depois, deputado estadual, federal, integrado ao forte grupo liderado por Augusto Franco. Era líder do governador Jose Rolemberg Leite na Assembleia Legislativa onde travava um constante e sempre cordial debate com os sagazes e atuantes deputados da oposição Guido Azevedo, Leopoldo Souza e Oviedo Teixeira. Surpreendeu a todos, arenistas e emedebistas ao apresentar uma moção apoiando as eleições diretas para presidente. Uma temeridade naqueles tempos incertos.
Rompeu com o grupo ao qual pertencia, aliou-se a João, de quem se tornara vice, foi eleito governador, cometeu um erro ao romper com Jackson Barreto que o apoiara na acirrada disputa pelo governo, enfrentando Jose Carlos Teixeira. JB, emedebista, rompeu com Jose Carlos, que lhe dera suporte no inicio da sua vida política. Mas a política não é um palco para o desfile de virtudes excelsas.
Valadares foi governador e fez um governo que apresentou bons ou até excelentes resultados em diversas áreas, como na Educação, na construção de casas populares, no turismo, na cultura. Fez coisas inesperadas, convidou seu adversário politico e referencial de honradez pessoal, o ex-governador Seixas Dória, para comandar o plano de obras públicas; e foi buscar no Rio de Janeiro o jornalista mais famoso do país, o sergipano Joel Silveira, para ser seu Secretário da Cultura.
Mas, como Senador em três mandatos, numa fase de maior experiencia de vida e política, Valadares desempenhou o seu maior e mais importante papel, voltando-se com intensidade para as demandas sergipanas e nacionais.
Aos oitenta anos Valadares pode ter absoluta tranquilidade de consciência, por ter servido com exemplar dedicação a Sergipe e ao Brasil.
3) Aracaju e um novo “ aracajuano “
A festa foi memorável. Poucas vezes se viu na Câmara de Vereadores de Aracaju um número tão expressivo de empresários, políticos, e de gente de todos os setores da sociedade.
O empresário Juliano Cezar recebia o título de Cidadão Aracajuano. O merecimento era atestado pelo próprio numero de pessoas que compareceram à solenidade.
Juliano Cezar faz parte de uma jovem geração de empresários que não se limita a fazer as contas triviais de receita e despesa, e outras correlatas a cada tipo de negócio. Ele tem visão social, metas modernizadoras, e nisso se faz um personagem que ultrapassa a faixa de uma atividade especifica, e se envolve em temas de maior abrangência que interessam à sociedade.
Pela coerência que demonstra, ele poderia ser um quadro a ser inserido na atividade politica direta, até para ocupar espaços importantes, que estão sendo ultimamente assaltados por gente absolutamente desqualificada para representar o povo, e isso ocorre com maior intensidade
nos Parlamentos, mas essa gente infelizmente é eleita.
Sempre preocupado em adquirir mais conhecimento, e tendo uma boa escola de experiencia e honradez pessoal do seu pai Raimundo Juliano, além de visão afinada sobre os problemas de Sergipe e do país, Juliano Cezar seria um acréscimo de qualidade importante, para a nossa tão empobrecida cena político-partidária.
4 ) Itabaiana quer aeroporto ou um porto?
A trepidante Itabaiana tem vastas ambições e largos descortínios, e por tudo isso, sempre está a fazer e também a reivindicar. Agora, o município deveria estar com toda a sua representação política, com todas as suas entidades empresariais, com toda a sua energia coletiva, voltadas, quase exclusivamente, para conseguir o inicio ainda este ano da duplicação da BR-235. Cada dia que passa aquela atulhada rodovia se torna um obstáculo mais urgente a ser vencido.
Mas Lagarto, rival em desenvolvimento de Itabaiana já tem um aeroporto, ou melhor, apenas um aeródromo Teria sido uma reivindicação do empresário e filantropo,e empreendedor social, que fez o Hospital do Câncer de Barretos, agora com similares em outros locais, inclusive um em Lagarto, a ser brevemente inaugurado. Henrique Prata desloca-se no seu jato com frequência, as vezes até pilotando, e virá ver como anda a mais nova joia da sua coleção de preciosidades que fazem bem à humanidade.
Itabaiana não quer ficar atrás, e quer o aeroporto, que não será internacional, por enquanto. Isso, numa época em que entre Aracaju e Salvador não há mais linha aérea em operação.
Para Itabaiana nada é impossível. Problema vai ser quando os itabaianenses começarem a sonhar com um porto, e off -shore.
MAIS LIVROS, MENOS ARMAS
O livreto Baladas Palavras e Outonos reune tres grandes poetas de Sergipe,
Carmelita Fontes, Gizelda Morais e Núbia Marques.
O livreto Cordel, Grito popular é uma incursão do nosso poligrafo maior Gilfrancisco pela literatura que o nordeste celebrizou
O livro A arte do Romance, é obra de uma das mais famosas romancistas do século passado Virginia Woolf