Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A HIGIENIZAÇÃO DA POLÍTICA FEITA PELA POLÍCIA FEDERAL
10/12/2018
A HIGIENIZAÇÃO DA POLÍTICA FEITA PELA POLÍCIA FEDERAL


Aquela cena de um deputado federal eleito sendo preso pela Polícia Federal, na entrada de um dos mais movimentados restaurantes de Aracaju, poderia ter sido perfeitamente evitada. Isso, se os nossos partidos políticos e uma parte das nossas lideranças políticas tivessem alguma vergonha na cara.

Quando o cidadão com o nome estapafúrdio de Valdevan 90 apresentou-se ao mundo político sergipano como pleiteante a uma vaga num partido qualquer para disputar uma cadeira na Câmara Federal, não foram poucos os que colocaram à sua frente tapetes vermelhos para conduzi-lo à filiação.

O 90 não vive em Sergipe, mas, seria sergipano, com propriedades no sul do estado e morando faz muito tempo em São Paulo, onde lideraria um setor não formal do transporte publico paulistano. Sobre ele havia suspeitas, e muitas informações preocupantes. O clima de suspeições não impediu 90 de transitar com uma acintosa desenvoltura, alardeando poder e riqueza.

Antes de causar reservas e precauções, a atitude espalhafatosa de 90, atraiu para ele uma grande quantidade de ¨cabos eleitorais¨, e ao mesmo tempo a tolerância de lideranças políticas expressivas que lhe facilitaram o trânsito até o registro da sua candidatura, e o desenrolar da campanha.

O candidato 90 percorreu o interior sergipano abrindo a sua bolsa para distribuir dinheiro.  Um ¨cabo eleitoral¨ que recebeu dinheiro mas ficou apavorado ao conhecer a fama que lhe pintaram do candidato, o procurou dizendo que queria devolver o dinheiro, e com isso, também, desfazer o compromisso do voto. Recebeu a resposta: ¨Não quero dinheiro de volta, quero os votos que você me prometeu e eu lhe paguei. Vou acompanhar a apuração e se aqui eu não tiver voto você vai saber quem é Valdevan 90¨.

O homem voltou apavorado ao seu município e não fez outra coisa ate o dia da eleição a não ser implorar voto para o 90. Acompanhou a apuração ao pé do rádio, e quando os votos de 90 chegaram ao que ele havia prometido, saiu pelos bares ¨enchendo a cara¨ comemorando a vitória do seu candidato, com a sensação de que salvara também a sua vida.

O sistema eleitoral é perverso, chega a ser um convite permanente à transgressão, tanto por parte do candidato como do eleitor.

Gastando muito dinheiro, qualquer calhorda analfabeto e truculento terá amplas possibilidades de ser eleito e tornar-se ¨honorável representante do povo¨ nas Câmaras, nas Assembleias, nas duas casas do Congresso Nacional.

A escória social representada pelos peculatários, traficantes, assaltantes, falsários, manhosos de toda espécie, se sentiu atraída pelas vantagens e a impunidade na vida publica, e serão ações como esta da PF em Aracaju o mais eficiente recado transmitido aos bandoleiros que se engravatam.

Mas é preciso comedimento, equilíbrio e muita sensatez, para que a ânsia de punir não se desvirtue pelo exagero em certos casos, quando se criminalizam políticos principalmente, que não podem ser confundidos com simples meliantes, bastando apenas que se percorra a história de vida de cada um. Bastaria aqui ciar o caso do deputado presidente da Assembleia Luciano Bispo, algo que soa como gritante injustiça.

 

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