Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A FESTA DE ARACAJU E A SEGUNDA PONTE
18/03/2023
A FESTA DE ARACAJU E A SEGUNDA PONTE

Foi a maior comemoração nesses 168 anos da cidade de Inácio Barbosa.

NESTE BLOG: 
   
1) A FESTA DE ARACAJU
E A SEGUNDA PONTE
       
2) O DESEMBARGADOR
LUIZ MENDONÇA
      
3) A ADUTORA E A
ECONOMIA DO LEITE
       
EM TÓPICOS:
1- O delírio armado 
2- O Porto segundo Jorge
3-  A maconha e o deputado Pimentel.
4-  De Welington a Samuel
5-  O almirante e o “ aviãozinho”
        
A secção Mais Livros Menos Armas

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168 ANOS DE ARACAJU  A FESTA
NOTICIAS BOAS E UMA 2ª PONTE ?


Depois de um périplo ao redor do poder em Brasília, onde tem agora laços sólidos estabelecidos,  Edvaldo Nogueira,  reeleito a fim de  liderar a  entidade que reúne os prefeitos de todas as principais cidades brasileiras, chegou a tempo para participar da mais vistosa comemoração que já se fez do aniversário da nossa  Aracaju.
Foi festa abrangente, solene,  e também  descontraída, com  arte , esporte, música , cultura,  o popular marcando presença; as mãos se juntando nas preces no acolhedor espaço de fé sobre a colina de Santo Antônio, um marco da cidade que iria espraiar-se pela margem do rio e alcançando o mar.
Houve até a relembrança daquela música que Caetano Veloso fez para  Aracaju, antes de sofrer a decepção de alguns  trogloditas que o ofenderam, isso, aliás, muito antes dos tempos odiosos e turbulentos vividos pelo país  nesses últimos quatro anos de triste memória.
Carlos Cauê, muito mais do que a fama de marqueteiro, implacável no embate com os adversários, é, sobretudo, um homem sensível, e foi lembrar da poesia de Caetano que andava por aqui esquecida, embora cantando a nossa capital.
Na Praça Inácio Barbosa, onde estão os restos do fundador, estavam comemorando juntos o governador Fábio Mitidieri e o Prefeito Edvaldo Nogueira.
E os dois resolveram dar excelentes notícias para a cidade que aniversariava. O prefeito anunciou mais uma ampla avenida na zona sul, paralela a uma outra a Melício     Machado; o governador assumiu a responsabilidade de fazer a nova ponte, absolutamente necessária sobre o Poxim, prolongando a avenida Tancredo Neves até o outro lado,  a Coroa do Meio, e deu noticia também de estudos preliminares para a construção de uma nova ponte Aracaju- Barra, dessa vez na foz do Sergipe, ligando  Atalaia Velha à Atalaia Nova,  numa distancia de menos de cinco quilômetros da primeira, uma das ousadias de João Alves, e que deu certo. Após a solenidade o governador Mitidieri passou o governo ao vice Zezinho Sobral, e faz  uma curtíssima viagem aos Estados Unidos.
A Barra dos Coqueiros transforma-se rapidamente, talvez seja hoje no nordeste, um dos pontos com maior concentração de investimentos imobiliários, diante da perspectiva de ampliação do porto , da era do gás e de mais petróleo ( a depender da confirmação da Petrobras, sobre sua prioridade na bacia Sergipe – Alagoas.) Aquela rápida conurbação na antiga Ilha dos Coqueiros, acelerada agora com a liberação das licenças ambientais, que são benvindas , desde que se faça a exigência de preservação de áreas verdes, dos coqueirais, das mangabeiras,  da vegetação de restinga e manguezais, características  da ilha, sem as quais o “ boom “ imobiliário acabará por perder fôlego. A  Barra está a exigir um planejamento urbano, tendo em vista a expansão rápida do tráfego. Da mesma forma a ponte Construtor João Alves poderá ter readequados os seus acessos nas duas cabeceiras, ou talvez ampliada a sua área de tráfego, à semelhança do que faz agora o prefeito Edvaldo com a chamada ponte da Atalaia, a primeira sobre o Poxim. Talvez a ideia da segunda ponte possa ser adiada para um bem provável segundo mandato de Mitidieri. Quando então estariam confirmadas as perspectivas do crescimento exponencial, com a produção de óleo e gás, e concretizada a ampliação do porto.
Enquanto isso, poderia ser avaliada a duplicação da rodovia Lourival Baptista, na primeira etapa da BR-101 até Lagarto, e em seguida até a divisa, passando por Simão Dias. Em Lagarto, onde agora se conclui o Hospital do Amor, mais um, da estirpe qualificada do Hospital de Barretos no tratamento do câncer, criação do agropecuarista e filantropo  Henrique Prata. O Campus  da UFS com ênfase nas ciências medicas,  a  pujança na indústria, comercio e agropecuária,   fazem de Lagarto um polo de desenvolvimento que está a exigir uma rodovia compatível   ao volume crescente do tráfego, e que até poderia ser privatizada.
Em Aracaju se poderia ampliar a  acanhada base logística da Petrobras, construindo-se um verdadeiro cais, onde hoje precariamente ancoram ou aglomeram-se  os barcos de pesca em frente ao Mercado Central, enquanto está paralisado o Entreposto da Pesca, com verbas cortadas no governo federal passado, e ali, acostam vez por  outra alguns barcos, fazendo a ligação com as atividades marítimas das petroleiras.  Essa frequência poderia aumentar muito caso houvesse um ancoradouro, digamos assim, decente.
Faz algum tempo aqui neste blog foi abordada a ideia de uma Barragem de Foz, a ser construída no estuário do minguante São Francisco, o Velho Chico, supliciado pelos cortes e liberações determinados pela CHESF.  Com cotas inferiores a mil metros cúbicos de descarga por segundo, o que ocorre frequentemente, se vê o Velho Chico invadido pelas águas do oceano. O engenheiro agrônomo Jose Dias, um permanente estudioso atento aos nossos problemas,  espantou-se ao saber que  crianças em Piaçabuçu, no lado alagoano, estavam registrando variações de pressão arterial,  e isso foi atribuído à salinidade na água do rio que bebem.
O perímetro irrigado do Platô de Neópolis  vem paralisando suas bombas nas marés altas, quando o oceano avança muitos quilômetros rio a dentro, da mesma forma, cidades ribeirinhas têm  o abastecimento ameaçado. Nem precisa dizer que os arrozais do Betume, serão dizimados, caso a salinidade aumente. Custa a crer que a CODEVASF, a empresa hoje tão frequentada por agentes da Policia Federal, não tenha ainda elaborado um relatório circunstanciado sobre a relação perigosa entre o rio e o oceano. E mais perigosa ainda para  os milhões de sergipanos e alagoanos que dependem, para viver, das águas ainda doces do outrora grande rio.
A urgência das mudanças climáticas faz surgir uma urgência ainda maior: a de prevenir . Aqui entre nós o maior risco reside exatamente na carência dos recursos hídricos.
A barragem de foz garantiria um bom e inalterado nível das águas no baixo São Francisco. Onde exatamente seria construída, seria um desafio a ser vencido pela engenharia, acrescentando-se vários outros problemas, como o ambiental, de forma preponderante.
Seria uma obra sem dúvidas   monumental ,   e a ser tocada pela iniciativa privada. Para começar, somente se tornaria possível caso fosse uma decisão em comum acordo  dos governadores de Sergipe e Alagoas,  Fábio Mitidieri e Paulo Dantas. Custo elevado, uma ousadia sem precedentes no país. Não só uma reguladora das águas do rio a barragem, um colosso de cimento armado, poderia ser também uma ponte rodoferroviária. E servir para a instalação de um duplo sistema de geração de energia: a eólica, com varias torres, e usando o movimento constante das águas,   com sistemas  de “ energia de marés” acoplados à base. Isso, e principalmente as tarifas da água fornecida, além de pedágios, poderiam assegurar o retorno do investimento e lucratividade  à empresa que vier a construir a barragem e explorar o sistema.
A água acumulada no ultimo trecho do rio garantiria o abastecimento sustentável de Sergipe e Alagoas, tanto para o uso humano e animal, como para a indústria e irrigação.
Não é uma ideia delirante , é apenas um grande e complexo projeto que exigiria  estudos de variados matizes , a começar pela viabilidade de implantação ; capacidade financeira para implanta-lo,  previsibilidade quando ao retorno dos recursos aplicados, e  da lucratividade. Sem minimizar os impactos ambientais e suas consequências .
Diante da descrição  do projeto, o experimentado e bem sucedido engenheiro e empresário Luciano Barreto, há uns três anos disse: “ Trata-se de uma ideia que merece uma acurada análise “.
Não custa pensar, e sobretudo pensar alto, mirando as nuvens, sem tirar os pés da terra.

A ASCENSÃO E  UMA POSSIVEL
QUEDA DE LUIZ MENDONÇA


Como ficou o carro em que viajava o desembargador após o atentado em 2010

Luiz Mendonça, agora alvo do Conselho Nacional de Justiça fez uma carreira emblemática  no Ministério Público. Cedo, ele já era apontado como um Promotor na linha de frente do combate ao crime organizado, a pistolagem, inclusive. Levado à Secretaria de Segurança pelo governador João Alves, ele manteve a mesma atuação, e estabeleceu uma sintonia entre o MP e a engrenagem policial, tornando mais ágeis as investigações, as operações de combate e as denuncias encaminhadas à Justiça. Por aquele tempo transitava em Sergipe um  integrante da “ elite” nordestina da pistolagem. Era Floro Calheiros ou Ricardo Alagoano. Não se tornara famoso aquele personagem sombrio apenas pelo manejo do gatilho, era também envolvido em  ações variadas no mundo turbulento das coisas ilícitas. Nisso, incluía-se a prática da agiotagem, uma empresa que costuma aliciar conivências e conluios com setores próximos, ou mesmo incluídos entre os detentores de fatias proeminentes do poder. Preso Floro, isso se tornou uma questão sensível, tal a ramificação que ele tinha na vida um tanto eivada de comprometimentos de alguns setores da sociedade  que se viram, de repente, sob a ameaça de algum respingo que viesse a manchar suas bem cuidadas vestes, ou não tanto. Assim, protegido por uma capilaridade de interesses, para ele as portas das prisões se mostraram  frágeis e vulneráveis. Então, Floro por duas vezes fugiu, deixando no rastro as digitais da sua rede influente de proteção. Nele, poderia ser identificada a figura quase perfeita de um capo, líder  influente da Máfia, da Camorra, ou da Ndrangheta, os ramos mais famosos das “ famiglias” italianas.
Como se vê, não se tratava de um personagem anódino entre vulgares criminosos, portando um 38 enferrujado . Ele transitava ostensivamente até pelas ruas centrais de Aracaju, amparado por uma segurança acintosa, onde , dizia-se, havia até policiais. Tinha o requinte de contar com os préstimos sempre pressurosos de uma equipe de “ comunicação social “, e largos espaços nas mídias.
Escapando pela segunda vez, ele fez publicar uma denuncia sobre a facilitação da sua fuga pelo próprio Secretário de Segurança que teria recebido uma propina de duzentos mil reais  . Por trás dessa denuncia estranha e destituída de lógica, mas fartamente propalada,  havia uma conjunção de interesses, evidentemente, nada virtuosos.
Luiz Mendonça, o então Secretário da Segurança já era  nome cotado   com quase certeza, para ocupar a vaga do MP no  Tribunal de Justiça de Sergipe. Tornando-se desembargador, como de fato aconteceu, e sob aplausos  quase unanimes de todos os setores da sociedade sergipana, da política, da magistratura,  do empresariado, até  da mídia, que se juntou ao coro de elogios.
Avoluma-se a falsidade nos momentos de ascensão, e explodem as idiossincrasias ou sentimentos escondidos, quando se pressente uma provável queda. Isso é comum, corriqueiro, também  sintomático.
Evidente, Luiz Mendonça ao longo da carreira, gerou descontentamentos, aversões, ganhou inimizades, e foi  implacavelmente marcado por aquele que deixou as grades e espalhou a contundente acusação, embora já esteja morto.
Quando uma autoridade que gera em torno de si algumas controvérsias, desaba naquele terreno movediço, capaz de transformar ascensão em queda vertiginosa,   logo, como tão afiadamente  caracteriza a linguagem popular, “surgem os urubus farejando  carniça.” E nesse bando  habituado à devastação de imagens públicas, ou particulares,  se multiplicam aqueles que   “engrossavam o cordão dos puxa-sacos”, agora acrescentando  coisas escabrosas ao rol  das acusações de fato existentes.
Circulam agora   absurdos, como a suspeita de que  Luiz Mendonça houvesse arquitetado uma farsa, aquele atentado contra ele próprio do qual escapou por milagre em um automóvel peneirado de balas. Uma farsa, ou encenação daquele tipo,  ultrapassaria os limites da ficção mais delirante. 
O mais sensato nesse momento de suspeitas e sobretudo duvidas, seria aguardar o desenrolar dos fatos, dando-se ao desembargador Luiz Mendonça, que tem, queiram ou não inegáveis serviços prestados à Justiça e à Segurança Pública em Sergipe, o direito fundamental da suposição da inocência.

COM A ADUTORA O SERTÃO    
VAI VIVER A ERA DO  LEITE



 Esses uberes vistosos não se enchem sem água farta.

A “Adutora do Leite” aquela cantiga de uma  nota só que aqui  enjoativamente entoamos há uns cinco anos, vai mesmo transformar-se em realidade. O nome Adutora do Leite, é apenas alegórico, na verdade a adutora transportará água, mas, que se transformará em leite. Não se imagine que a água será adicionada ao leite , para  engrupir os consumidores incautos,  da forma usual e  abusivamente praticada quando não existia fiscalização, e tudo se fazia de uma forma primitiva ou rústica. 
A vaca, generosa produtora de leite exige, para a sua “ química”  transformadora, uma oferta ampla e constante de água e de alimentação com elevado valor nutritivo.

Só na Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, há um rebanho leiteiro superior a cinco mil vacas . Admitindo-se que cada vaca beba 50 litros, seriam exigidas 25 viagens de caminhões-pipa com capacidade de transportar cada um 10 mil litros.
Já se fez um cálculo minucioso sobre quando se gasta transportando água em carros-pipas para todo o semiárido sergipano, que, aliás, segundo previsões meteorológicas quase sempre confirmadas, estaria na iminência de sofrer mais uma estiagem ?
O Secretário da Agricultura Zeca Silva  tem, sobre sua mesa, a planilha detalhada desses  gastos, e identifica com clareza a realidade do semiárido,   por isso, aderiu desde o primeiro momento à ideia da construção da Adutora do Leite, como o início de um programa hídrico livre da dependência do anunciado Canal de Xingó, que nascerá na Bahia, terá de vencer quase cem quilômetros naquele estado até chegar às divisas de Sergipe. Acrescente-se a isso o fato de que a água será captada à montante do complexo hidrelétrico de Paulo Afonso e da Usina de Xingó, sabendo-se que as liberações se fazem, prioritariamente, tendo em vista a geração de energia.
O governador Fábio Mitidieri  confirmou a construção da Adutora, agora facilitada com a emenda de quarenta milhões de reais viabilizada pelo senador Alessandro Vieira. Ele compreendeu que a ênfase absoluta  ao combate à corrupção, seguindo a linha da sua atuação como Delegado, poderia ser substituída sem perda de substancia, pela atenção aos reais e mais urgentes problemas de Sergipe, e assim,  agora, o seu nome está decisivamente identificado com o maior problema do nosso sertão: a água.
O projeto será elaborado pela DESO, e o presidente da empresa Luciano Góis, já adotou as providencias para que tudo venha a acontecer no menor prazo possível. 
Para assegurar o volumoso, a comida do rebanho, Zeca Silva já volta sua atenção para as margens úmidas do São Francisco.

TÓPICOS

1) A insensatez do armamentismo
O ex-presidente,  agora tentando explicar o escândalo das joias,  espalhou pelo Brasil a ideia da segurança pública garantida pelo cano das armas. O que ele dizia: “se cada homem de bem estiver armado, os bandidos serão neutralizados. A arma na mão de cada um, porá fim à violência.” Espalharam-se pelo país os CACS – caçadores, atiradores, colecionadores. Isso num país onde a caça é proibida. Mas o “caçador” poderia ter dezenas de armas, milhares de munições. Os atiradores  mais ainda, e os colecionadores uma infinidade delas.
Praticamente anularam a ação fiscalizadora exercida pela Policia Federal e o Exército brasileiro. 
Os armados começaram a cometer assassinatos, a violência não foi contida , as armas foram parar nas mãos de bandidos. Um anormal,   estuprador,  o bilionário chamado Thiago Brennan ( vergonha da tradicional e honrada família pernambucana), espancador de mulheres, torturador do próprio filho, revela agora a PF: tinha, ocultas num Clube de Tiro 70 armas, algumas automáticas de grosso calibre.
  São inúmeros os exemplos revoltantes de gente  que cultua as armas, para exibir-se,  demonstrar poder , cometer  crimes. Nem precisa falar no amoral exibicionista e criminoso Roberto Jeferson.                                       
                       
2) Um adendo ao comentário sobre o Porto
Jorge Araujo, ex-deputado, era vereador de Aracaju.  Ele tinha posição firmada e a defendia na Câmara: o porto deveria ser no mar, não no rio Sergipe.
 Lembra Jorge que o Secretário do Planejamento Marcos Melo foi figura fundamental para que tudo acontecesse ,e isso ocorreu  no  governo de Augusto Franco.
No livro escrito por Marcos Melo intitulado O Legado Desenvolvimentista do Governo Augusto Franco há o relato minucioso de tudo.

Em novembro de 1980, o presidente Figueiredo em  Aracaju, após ouvir  Augusto Franco demonstrar que em menos de 5 anos precisaríamos exportar mais de 2 milhões de toneladas de minérios e fertilizantes, comprometeu-se em apoiar o porto.
Em 1981, o Ministro Delfim Neto levou ao presidente uma exposição de motivos favorável ao porto,  incluindo no orçamento   cem milhões de cruzeiros para a sondagem e  ensaios geotécnicos.
Em dezembro do mesmo ano o ministro do planejamento Flávio Pécora assinava com o governador Augusto Franco o contrato para o início das obras. Antes, Augusto Franco já completara a “ estrada do porto “, desde a BR-101, passando por Maruim e Santo Amaro até o Jatobá, na Barra dos Coqueiros, e desapropriara toda a área  do retroporto.
Ao assumir o governo  em 83, o engenheiro João Alves entendeu que a obra deveria ser reduzida, para torná-la mais rápida e viável diante da escassez de recursos. O porto seria inaugurado 5 anos depois, já no governo de Valadares.
Hoje, o governador Mitidieri tenta conseguir recursos para ampliar o porto,  ( que agora é privado, pertence à Vale)  ou construir um outro.
                                      

3) A maconha e o deputado Pimentel
 Caso, no chamado período do “ Rei Sol” Luiz XIV, um dos seus cortesãos ou ele próprio houvesse em Versailles ,  dado algumas baforadas num charuto feito com o cânhamo, aquele material usado para fabricar cordas que eram fartas nos navios  de todas as marinhas europeias, certamente, em pouco tempo, os salões  de todos os palácios daquela era de ostentação, estariam tomados pelo cheiro que é horroroso,  não mais, todavia, do que aquele que emana do tabaco. Mas os charutos que a realeza e a aristocracia  passou a curtir, eram feitos com as folhas daquela planta vinda das Américas a Nicotiana Tabacum, coisa exótica e cara.
O cânhamo era   fibra da cannabis sativa, a maconha.  Suas sementes,  trazidas ao Brasil pelos escravos  no fundo fétido de navios negreiros. Então, a maconha era coisa dos negros, dos escravos, de marinheiros, ou a ralé jogada aos navios, desfazendo as cordas , secando seus restos e aspirando a fumaça, e tornando menos infernal o martírio das longas viagens mar afora.
O tabaco elitizou-se, tornou-se habito mundano,   traduzia elegância, o modelo  em que surgiam fumando os astros de Hollywood.
Há muito já se descobriram propriedades medicinais nas folhas da canabis, algumas também nas folhas do tabaco.
Mas a maconha tornou-se maldita, coisa de marginais, e o tabaco tomou destino menos ignóbil.
A Califórnia e outros estados americanos enriquecem com o plantio da maconha, e produzem o canabidiol ,   que, afirmam os cientistas, tem feito quase milagres no tratamento de doenças degenerativas. O chamado uso recreativo da maconha se dissemina, e ninguém ainda conseguiu provar se esse habito é mais danoso do que o consumo imoderado de bebidas alcoolicas,  livremente vendidas e propagandeadas.
O deputado Luciano Pimentel na Assembleia Legislativa de Sergipe dá um passo coerente, e corajoso também, ( porque o preconceito é o maior estigma da ignorância arrogante) e apresenta uma propositura autorizando no estado as pesquisas e o uso  do canabidiol  como medicamento, aliás já liberado pela ANVISA.
Aqui, continuamos encarcerando miúdos traficantes de maconha, até usuários, enquanto  nos Estados Unidos os produtos da maconha já são cotados em Bolsas, e geram bilhões e bilhões de dólares. 
Preconceito também se chama Hipocrisia. Ou burrice.
 
4) De Welinton  ao capitão Samuel
Welinton Mangueira nunca foi um comunista na acepção costumeira da palavra. Se um dia houvesse a “revolução proletária “, ele, se dela participasse, estaria indignado e revoltado contra os métodos da “ ditadura do proletariado “. Antes de juntar-se a qualquer ideologia, Welinton  carrega consigo a essência do que se traduz por humanismo, nada mais do que o amor acendrado à humanidade. Movido por este sentimento ele foi, um tanto deslocado pela realidade,  Secretário da Segurança de Sergipe,  ousadia do governador Albano Franco, inspirado por outro humanista, tão injustiçado aliás, o intelectual Luiz Antônio Barreto. Welinton deixou o legado da Polícia  Comunitária, algo pedagogicamente humano.
Dirigiu por alguns anos a instituição que cuida de menores infratores. Durante o período dele, não aconteceram as que eram antes quase semanais rebeliões. Ele levou aos meninos  o discurso da humanização, nisso, foi ajudado e muito pelo  coronel PM Luiz Fernando, outro, que se pauta pelo humanismo.
Quando o governador Mitidieri anunciou que Welinton iria para a Escola do Legislativo e seria substituído pelo ex-deputado e capitão PM Samuel, houve alguns murmúrios. Mas um capitão e político ?
Pois é, Samuel está dando sequencia ao trabalho de Welinton, ele carrega a larga experiencia da instituição que criou para a recuperação de drogados. Tem, da mesma forma ,o humanismo como bandeira.
    
5) O almirante e o “ aviãozinho”
O ex- ministro das minas e energia Bento Albuquerque, é, até prova em contrário, um cidadão e militar digno. Fez um bom trabalho no Ministério e o deixou por discordâncias éticas com o capitão. Tem bom conceito na Marinha.
Agora, se vê envolvido numa trama um tanto sórdida, talvez , a contaminação sofrida pela mixórdia ética que vicejava entre o clã poderoso. Foi mais um dos militares utilizados como se fossem “ aviãozinhos “ ou “ mulas”, a denominação chula que se dá aos infelizes utilizados pelos traficantes na “ logística “ criminosa do tráfico.
O ex-presidente deles se utilizou no afã ganancioso de juntar ao seu patrimônio pessoal aqueles quase vinte milhões de reais, representados pelos  faiscantes presentes, ou propinas, recebidos indevidamente da realeza saudita.
                    
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Este livro A Liga Sergipana Contra o Analfabetismo, escrito pela professora Cloteides  Farias de Souza é a síntese de uma grande e virtuosa luta. Aquela, tendo como lideres principais os integrantes da Loja Maçônica Cotinguiba e professores da rede pública e particular que se propunham a levar o conhecimento básico a quase setenta por cento dos sergipanos analfabetos. A semente produziu resultados a partir do inicio dos anos vinte. Já na metade dos anos 40 surgiam no interior sergipano as Escolas Rurais,  no primeiro governo do engenheiro Jose Rolemberg Leite, que acatou a ideia transformadora  apresentada pelo seu Diretor do Departamento de Educação, o professor Acrísio Cruz. Lendo este livro se pode fazer uma avaliação do esforço e da dedicação dos que se dispuseram a exterminar a chaga indecente.
É publicação da EDISE a editora  pública de Sergipe.
 

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