Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A Direita avança e a Esquerda se perde
11/03/2018
A Direita avança e a Esquerda se perde

A DIREITA AVANÇA E A ESQUERDA SE PERDE

          Nem chegamos, ainda, ao período de tempo reservado à campanha eleitoral, mas, no sábado, dia 3, uma organizada carreata percorreu à tarde algumas ruas de Aracaju, indo dissolver-se na Atalaia, onde grande parte dos seus integrantes terminou a festança política nos bares da Orla. Havia uns cento e vinte veículos, contando-se automóveis e motos. Não era uma pequenina manifestação, visto que nem há ainda candidatos registrados, mas as bandeiras, os banners, os adesivos do capitão Bolsonaro estavam por toda parte e revelavam uma cuidadosa organização, também a existência de recursos disponíveis.

          Tratando-se de uma carreata, já se presume que todos os manifestantes sejam gente de classe média, definição que abrange uma ampla variação de renda per capita, a partir de um piso em torno de três salários mínimos e vai até onde começa o mundo ultra restrito dos efetivamente ricos.

          No caso da manifestação dos  bolsonarianos,  bolsonaristas,  bolsoneiros, ou seja lá o que for, era bem clara a evidente caracterização de classe média. Um ônibus velho que acompanhava a carreata, onde deveriam estar os despossuídos de automóvel, estava vazio. Isso não quer dizer que o proletariado estivesse ausente, estava, na verdade, representado pelos motoqueiros. O proletariado, segundo Marx e Engels, seria a vanguarda descalça e descamisada da “revolução”, mas, hoje, pilota motos. No caso dos bolsonarianos pobres, ainda segundo a caracterização marxista-leninista, seriam eles os “lumpen proletariat”, literalmente o “trapo”, sem consciência de classe, “traidores” do esmagado estamento social ao qual pertencem,   e alheios à luta revolucionária que os levaria ao poder, isto é: à “ditadura do proletariado”. Essas categorias ou “dogmas” marxistas, se foram diluindo e sendo atropeladas pela revolução tecnológica, pela exacerbação do consumismo e consequente padronização de hábitos ou costumes. Assim, proletário acabou se tornando uma palavra ofensiva até ao “lisonjeado” com o nosso raquítico salário mínimo, que ainda mais encolheu nos últimos anos.

          Os “bolsonarianos”, por alguns agressivamente chamados de fascistas, na sua grande maioria nem sabem o que é fascismo e não têm na cabeça conteúdos ideológicos definidos. São apenas brasileiros indignados com os erros, os crimes da política, que nos levaram ao impasse dos dias atuais. Tornaram-se descrentes nas fórmulas consagradas da democracia, pouco se importam se for fechado o Congresso, se houver censura, se acontecerem fuzilamentos, desde que a violência do dia a dia seja contida, haja transportes melhores, atendimento no SUS, vaga na escola e eles se sintam menos desamparados pelo Estado que os esqueceu. Essa adesão ao autoritarismo como fórmula para que se alcancem resultados é, como mostram os exemplos históricos, uma opção desastrosa. Os demagogos, sejam de direita ou esquerda, e, pior ainda, os extremados de todas as matizes ideológicas aproveitam-se desse clima de descrença e desprezo às instituições e alinhavam os discursos  ocos, enganosos, prometendo soluções fáceis, seduzindo com promessas objetivamente impraticáveis.

JAIR MESSIAS BOLSONARO

          Quem ofereceu a munição farta para Bolsonaro disparar os seus petardos de insensatez, mas, que nas atuais circunstancias seduzem a tantos?  Foi paradoxalmente a esquerda, mais especificamente o PT, que errou clamorosamente do ponto de vista ético, que errou ao imaginar-se dono de um projeto hegemônico de poder, que se mostrou frágil e falso, porque era montado sobre uma base partidária onde prevaleciam os interesses essencialmente patrimonialistas. Misturou-se o PT com o que de pior existia no universo político brasileiro e aderiu alegremente ao oba oba do vamos aos cofres.

          Por outro lado falharam, redondamente, todos os que adotaram os discursos clássicos e contemporizadores, oriundos da social democracia europeia em relação ao trato com a questão da violência. E, enquanto a insegurança crescia, a abordagem do problema continuou sendo repetidamente feito pela esquerda centrada na desigualdade social, que seria a causa de tudo. Temas como a redução da idade penal, da progressão da pena, das liberalidades concedidas a bandidos, tudo isso foi desprezado, enquanto as pessoas ficam enjauladas em casa, com medo das ruas, e se protegem como se do lado de fora fosse área exclusiva da bandidagem.

          Então, chega Bolsonaro prometendo dar fuzis para as mulheres se protegerem de estupradores, liberar armas, como dizem no repetido jargão: “Para as pessoas de bem se defenderem”. Diante dessa falência acovardada ou indiferente do Estado, a onda de inconformidade cresceu e uma parte dela se dirige a Bolsonaro, que não tem escrúpulos em ofender o bom senso.

          Enquanto esquerda e direita não entenderem que fazem parte inseparável de qualquer cenário político civilizado, onde também se incluem outras tendências, o centro, o centro esquerda, o centro direita, e continuarem nessa ânsia feroz de esmagarem-se mutuamente, estaremos abrindo espaços vulneráveis ao avanço dos extremismos. Foi assim que chegaram ao poder, no século passado, os totalitários da direita e da esquerda. Coincidentemente, o século vinte foi aquele das duas devastadoras guerras mundiais e de tantas outras em menor escala espalhadas pelo mundo inteiro. 

 

UM CENÁRIO DE INCERTEZAS E DE PRÉ-PRÉ CANDIDATOS

          Uma entrevista do senador Eduardo Amorim ao radialista George Magalhães na Fan FM, quarta-feira, dia 7, deu o exato tom das cautelas com as quais se cercam os candidatos. Na oposição, onde deveria haver mais assertividade e, até, ousadias, uma fala como a do senador Amorim expõe a dimensão das incertezas, e a fragilidade dos elos que deveriam ser de pleno entendimento entre os parceiros principais, no caso os senadores Amorim, Valadares e o todo poderoso representante do presidente Temer em Sergipe, o deputado federal André Moura. André não se entende com Valadares, ou Valadares não o aceita, com o senador Amorim a situação é mais tranquila, todavia, sobram ressentimentos de parte a parte.

          Os Valadares, pai senador e filho deputado federal, já se consideram fora do grupo ao qual, aliás, nunca se ajustaram bem. Valadares Filho anuncia com ênfase a sua candidatura ao governo e antecipa que o pai estará concorrendo à reeleição na sua chapa. Apesar do timbre enfático, persistem dúvidas sobre as verdadeiras intenções dos dois habilíssimos tecelões políticos, dessa vez tendo de lidar com fios de convergência ou tolerância muito esgarçados, um desafio à engenhosidade até do mais competente dos artífices. Sentindo que a terra lhe fugia aos pés, na caminhada que pretende retomar em busca do poder político estadual, o empresário Edvan Amorim deixou suas constantes atribulações empresariais em segundo plano e, mesmo sem o forte protagonismo de antes, veio em socorro do irmão, um tanto tímido e agora tendo de fazer reverências a André Moura. Edvan retomou suas ações de articulador, tendo conseguido alguns êxitos iniciais e causado baixas no campo do governo, mas sente que seu espaço só chega até onde André permitir.

OS VALADARES

FOTO: NE Notícias

          Os Valadares estão mesmo decididos a correr por fora, abrindo uma terceira via, até porque seu partido, o PSB, vetou possíveis alianças com outros partidos que participem da base de apoio a Temer.

          Em suma, a oposição ao governo estadual e situação no plano federal será representada na chapa majoritária dentro de um modelo que for traçado por André Moura. Isso explica porque o senador Eduardo Amorim tem o cuidado de definir-se, apenas, como deixou claro na entrevista, como um possivelmente pré-candidato ao governo do estado. Logo depois da entrevista, um influente político teoricamente do mesmo grupo, telefonou ao radialista George para dizer que o senador Amorim teria feito melhor negócio se ficasse calado. Os Valadares estariam dispostos a correr sozinhos o complicado páreo.

          As incertezas crescem ainda mais e atingindo os dois lados de antagonistas, quando se sabe que até o dia vinte deverá ocorrer em Brasília o julgamento de vários políticos sergipanos, sobre os quais pesam ameaças de perda de mandato e inelegibilidade.

          No governo só haverá mesmo um rumo definido quando chegarem ao fim às alegadas dúvidas que ainda teria o governador Jackson Barreto sobre o seu futuro político. É a decisão da qual dependem todos os seus aliados.

 

OS APOSENTADOS E A PROVA DE QUE VIVEM

          Não basta ser aposentado, é preciso provar que também se está vivo. Parece inacreditável, mas há casos, e não poucos, em que a previdência detecta que pagou, às vezes durante muitos anos, os proventos a quem há muito já se fizera defunto.  Somos, infelizmente, uma sociedade muito susceptível às atrações da fraude. Talvez os desnaturados exemplos que nos chegam, vindos dos mais improváveis setores, inclusive nascendo em sórdidos encontros nos palácios símbolos da República, sejam o estímulo, ou talvez gesto de revolta, que faz as pessoas aderirem ao ilícito. “Se lá em cima fazem, por que aqui por baixo não fazemos também?”.

          Como esperar que a sociedade brasileira se comporte eticamente, quando há, intocado, um presidente com as características do que agora temos, cercado de amigos ou sócios que escondem fortunas em apartamentos, ou correm com malas cheias?

          Os exemplos dos dignitários contaminam o povaréu.

          Daí o porquê do aposentado precisar provar, quase todos os anos, que está vivo.

          Registre-se, por justiça, que o presidente do IPES – Previdência, José Roberto Lima Andrade, gestor experiente, cidadão sensato, cercou-se de todos os cuidados possíveis para que a convocação aos aposentados fosse feita da forma menos traumática possível. Todos se apresentaram, então, vivinhos da silva, mas houve alguns que não conseguiram fazer o mesmo, evidentemente por estarem mortos. Identificaram-se as fraudes, não foram muitas, mas, o surpreendente é que ocorriam em elevadas pensões.

JOSÉ ROBERTO LIMA ANDRADE

FOTO: Arquivo Portal Infonet

 

OS PERÍMETROS IRRIGADOS E A ÁGUA HOJE ESCASSEANDO

          A seca mais intensa já ocorrida em Sergipe, desde que os seus efeitos são metodicamente avaliados, acabou nos meados do ano passado, com um inverno quase regular. E, a crer nas previsões meteorológicas cada vez mais eficazes, nos dados cuidadosamente coletados por Overland Amaral e sua equipe para aplicá-los ao território sergipano, teremos agora, e nos próximos quatro anos, um período chuvoso normal, com chuvas bem distribuídas, o que faz reaquecer o otimismo no campo, renovado desde o ano passado, quando alcançamos a safra recorde de milho. Tudo muito bem, tudo muito bom, mas, o engenheiro e ambientalista especializado em recursos hídricos, Ailton Rocha, faz advertências para as consequências da longa estiagem que ainda irão perdurar. Uma delas, e a mais grave, poderá se fazer sentir no volume dos aquíferos, sem recomposição nesses quase cinco anos sem chuvas. Também a extinção de nascentes, a perda da cobertura florestal que, com a seca e as queimadas, se tornou menor.

          Durante a estiagem, a DESO e a Cohidro desenvolveram ações emergenciais, para, inclusive, suprirem, com água captada no subsolo, áreas onde a captação tornou-se impossível nos mananciais que secaram. Só um exemplo: os três pequenos riachos que abasteciam a cidade de Malhador secaram e também secou a barragem de Jacarecica, quase secou também a da Ribeira, deixando sem irrigação uma parte dos perímetros irrigados em Itabaiana e Malhador.

BARRAGEM JACARECICA

FOTO: Portal ITNET

          Em Telha, onde fica a estação de bombeamento da adutora para Aracaju, o encolhimento do São Francisco, motivou a construção urgente de um canal e a instalação de bombas flutuantes, que foram emergencialmente emprestadas pelo governo de São Paulo ao governo de Sergipe. Jackson fez a solicitação ao governador Alckmin e foi prontamente atendido.

          Mas a crise hídrica é agora não mais e apenas uma distante ameaça, todavia uma realidade com efeitos já em desdobramento e facilmente observável.

          A agricultura sergipana consome muita água, nos perímetros irrigados, nos canaviais, na rizicultura principalmente. Há oito perímetros irrigados em Sergipe, todos obras públicas. Foram construídos pelo governo de Sergipe, com recursos federais, nos governos de João Alves, cinco, um deles concluído por Valadares, o Califórnia em Canindé do São Francisco. Já o Jacarecica 2, em Itabaiana, foi construído por Albano. Agora, Jackson está instalando sistemas de irrigação, que consomem quase a metade dos atualmente em funcionamento. Os primeiros a receber os equipamentos serão o Jacarecica 1 e 2 em Itabaiana, que, apesar de situados no agreste, foram os mais afetados pela seca. O Califórnia e o Platô de Neópolis são irrigados com água do São Francisco, da mesma forma o Betume, entre Brejo Grande e Ilha das Flores, e o Jacaré-Curituba, entre Poço Redondo e Canindé, estes construídos pela CODEVASF, e que são operados pela estatal que não é exatamente um paradigma de eficiência. O Jacaré-Curituba é o que de longe mais desperdiça água, por falta de um bom gerenciamento.

          Nos perímetros do estado foram, nos últimos três anos, instalados novos sistema de bombeamento e recuperados canais onde havia perda de água. Com essas providências cria-se um novo modelo para a operação dos perímetros com menor gasto de água. Para o Califórnia, a COHIDRO está concluindo a negociação de recursos para instalar um sistema fotovoltaico, a geração de energia solar, visando reduzir custos. Segundo Felizola, ex-presidente que agora assume a Secretaria de Inclusão Social, o objetivo é implantar sistemas semelhantes em todos os perímetros.


 

AS CIFRAS DA MORTE QUE NEM SENTIMOS

          Aracaju aparece, agora, numa sinistra estatística elaborada por uma entidade mexicana, como a décima oitava cidade mais violenta do mundo. Esses homicídios que, no último ano, chegaram em Aracaju a 560, em Natal, a quarta mais violenta a 1378 e em Maceió, a décima quarta mais violenta, a 658, ocorrem preponderantemente nas periferias, nas regiões mais pobres. Já existem estatísticas demonstrando que quase oitenta por cento desses assassinatos são execuções ou chacinas, resultantes de confrontos entre facções criminosas. Por isso, quem circula pelas áreas turísticas de Maceió, Natal (antes da greve das polícias) e Aracaju, não chega a sentir o impacto da violência. Se a estatística aterradora não considerasse a Grande Aracaju, ou a Grande Maceió, ou a Grande Natal, incluindo a periferia naqueles municípios no entorno, teríamos quase uma posição semicivilizada. Da civilidade mesmo estamos longe, enquanto nos iludirmos com panaceias, que não chegam ao cerne do nosso injusto modelo de gigantesca desigualdade social. Sem a ilusão também de que a violência só acaba quando for erradicada a pobreza. Nisso, há que se buscar um meio termo.

  

FONTE DA PESQUISA: ORGANIZAÇÃO DE SOCIEDADE CIVIL MEXICANA SEGURANÇA, JUSTIÇA E PAZ

          Considerando-se uma taxa por cada cem mil habitantes, Natal tem 1378 assassinatos, Maceió 658 e Aracaju 560.  Essas cifras referem-se ao ano passado. Só entram no ranking cidades com mais de 300 mil habitantes, mas no caso das capitais, são incluídos os municípios do entorno. No caso da Grande Aracaju entram, então, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros. Esses números demonstram a urgência da criação de guardas municipais armadas nos municípios. Nesse particular, teríamos muito a aprender com os Estados Unidos, onde os condados (municípios) participam ativamente das ações de segurança pública e, em alguns casos como Nova Iorque, assume sozinho esse papel. Teríamos que aprender, também, com uma cidade da Guatemala, San Pedro de Sula. Figurava como campeã na tabela dos horrores. San Pedro de Sula tem quase 766 mil habitantes e caiu para a vigésima sexta posição. Reduziu a mortandade para quase a metade no espaço de dois anos. Para o sucesso, somaram-se aos esforços uma guarda municipal eficiente. Os serviços secretos americanos que agem na Guatemala, sem nenhum segredo e até a pedido do governo local, deram uma mãozinha, como parte da política hipócrita dos Estados Unidos, que combatem o tráfico pelo mundo todo, enquanto os americanos ocupam o primeiro lugar  como cheiradores de pó e fumantes de crack, seguidos aliás, pelos brasileiros, que ocupam o segundo lugar.

          O dado assustador nessa pesquisa de horrores é que o Brasil é líder absoluto nas estatísticas da violência. São dezessete das nossas cidades figurando na relação das cinquenta onde corre mais sangue sem ter guerra, O segundo país mais violento o México, fica bem abaixo. O país mais rico e mais poderoso do mundo os Estados Unidos também figura decepcionantemente na lista. São quatro grandes cidades americanas incluídas , Nova Orleans, Detroit, Baltimore e Saint Louis.   

 

O EMBAIXADOR DO QATAR E O ANÚNCIO DO BOM NEGÓCIO

          O Embaixador do Qatar, um dos Emirados Árabes e, entre eles, o segundo mais rico, convocou a mídia para anunciar a boa nova de um negócio excelente para o seu país e, talvez, melhor ainda para o Brasil ou, mais especificamente, para Sergipe. O embaixador informou que já fora celebrado o acordo de fornecimento de gás pelo seu país à empresa CELSE, localizada em Sergipe, e para uma outra empresa no Paraná. O gás chegará à Barra dos Coqueiros num grande navio tanque que ficará ancorado a umas três milhas de onde está sendo instalada a Usina Termoelétrica. É um sistema complexo de transporte, com o gás liquefeito por baixíssimas temperaturas, que volta ao estado gasoso ao ser transportado, para ser queimado e acionar as turbinas. A quantidade é tão grande que dará também para alimentar diversas indústrias, formando uma cadeia produtiva pela qual passam as mais consistentes esperanças de desenvolvimento para Sergipe, acopladas, ainda, às perspectivas de produção de óleo e gás na nossa plataforma, no espaço dos próximos cinco a oito anos. Mas a primeira usina da CELSE deve entrar em operação no final do próximo ano. Nessa terça-feira a diretoria do grupo, oferece um almoço a jornalistas convidados, quando será feita uma exposição sobre o atual estágio das obras, que serão também percorridas pelos visitantes.

CELSE NA BARRA DOS COQUEIROS

 

O LIVRO DOS ACADEMICOS QUE ANDERSON ESCREVEU

          O historiador e pesquisador Anderson Nascimento vai lançar a sua vigésima obra. Será o livro Perfis Acadêmicos, dos quais é o organizador e também autor. No alentado volume, o presidente da Academia de Letras de Sergipe conta a história do sodalício que ele dirige há sucessivos mandatos. A história é a própria vida dos acadêmicos, todos eles, desde os fundadores de cada uma das trinta e seis cadeiras. Anderson selecionou textos escritos por todos os acadêmicos, dos fundadores até os atuais.

 

SERGIPE E A MARCA NO LEITE

          Sergipe chegou a uma marca muito significativa, pela dimensão nossa, e o despreparo para enfrentar a seca, que sempre nos tornava incapazes de produzir. Alcançamos a produção de um milhão de litros diários de leite. Coisa mínima para São Paulo, Paraná, Minas Gerais, mas expressiva aqui, onde, há pouco mais de dez anos, estacionávamos em 400 mil litros e nem conseguíamos suprir as necessidades de dois dos maiores laticínios então existentes. O negócio do leite espalhou-se pelo semiárido, onde, a depender da água que for fornecida, a ração se providencia, o clima seco e o sol a tudo favorecem, inclusive na redução das doenças e dos parasitas. O sertão aparelha-se cada vez mais para vencer os meses ásperos da estiagem e os silos se espalham também pelas pequenas propriedades, com a utilização dos grandes bolsões acharutados de plástico. Além dos grandes laticínios, somente três, há centenas de pequenos que produzem queijos e manteiga, numerosamente presentes no mercado nordestino.

 

 A HORA DE EXIBIR AS CONTAS PARA MICHEL E SEU GRUPO

          O presidente Temer sentiu o abalo e demonstrou o desconforto. As coisas chegaram ao limite tolerável para quem anda, desde o início do mandato, sobre o fio de uma navalha, que ele mesmo e o seu grupo afiaram, com as aventuras pelo terreno movediço de transações algo desprimorosas. Depois de sucessivos escândalos, o presidente chega, agora, a um ponto crítico e igualmente humilhante para uma autoridade máxima. Terá suas contas bancárias devassadas pela Polícia Federal.  Mas não só as dele, também as dos seus amigos e parceiros, tais como José Yunes e o algo misterioso coronel Lima; além de Loures, aquele da mala cheia, e seguramente Geddel, mais ainda, Moreira Franco e Padilha. O presidente viajou rápido a São Paulo, reuniu-se com o grupo e logo desistiu do que, apressadamente, havia anunciado quando o Supremo autorizou a devassa. Iria se antecipar, pedir o extrato das suas contas e exibi-las à Nação. Desistiu. Agora a tarefa compulsória, por sinal, caberá apenas à Justiça. Há, transpira nas conversas brasilienses, motivo de sobra para graves preocupações no Planalto.

 

O TEXTO SOBRE O BANESE E ALGUMAS OBSERVAÇÕES

          Sobre a nota, que aqui publicamos, a respeito da nova fase que vive o BANESE, o economista Marcos Melo, que foi Secretario do Planejamento nos dois governos de Albano, descreveu, em parte, as dificuldades que tiveram de ser vencidas para que o BANESE, naquele período de privatizações a todo custo, não entrasse na mesma onda desestatizante, que levou de roldão tantos bancos estaduais, grande parte deles, aliás, em estado de pré-falência. Albano Franco costuma relatar a dura e difícil conversa que teve com o Ministro da Fazenda de Fernando Henrique, Pedro Malan, que condicionava a reestruturação das dívidas dos estados aos programas de desestatização que fizessem e, nesse capitulo, os bancos estatais eram os mais visados, até porque, grande parte deles ajudava a exaurir os cofres estaduais. Não era o caso do BANESE, mas mesmo assim, não foi fácil garantir a sua sobrevivência, sem sofrer as consequências que eram anunciadas.

          Já o ex-deputado Jorge Araújo, que se define como defensor do BANESE, diz que faz restrições à forma como agem os Postos BANESE, que, segundo ele, sendo terceirizados afastariam, no interior principalmente, os pequenos clientes que costumam frequentar as agências e formam a maioria com as suas contas miúdas.



JORGE ARAÚJO

OS MENINOS QUE “VIRAVAM BOSTA”

          Que o título não assuste ninguém. Não se trata aqui de nenhuma transmutação de crianças em excrementos. Nada de escatológico. Na realidade um bom exemplo, mas que, repetido hoje, seria motivo suficiente para ações movidas pelo Ministério Público e, até, prisões de pai e mãe determinadas pela justiça. Vivemos sob o império um tanto duvidoso de valores impostos e que se sobrepõem ao que, se imagina, deveria ser adstrito ao pátrio poder. A família, pais, mães, desde que não seja formada por pessoas marginais, deve ser mais presente, mais responsável, mais protetora do que uma exacerbada vigilância do Estado, que já se arvorou até de criminalizar a palmada.

          O tema, sem dúvidas, é árido, é controverso, é extremamente polêmico. Mas, quem viaja pelo mundo, quem percorre os campos na Europa, nos Estados Unidos, áreas do primeiro mundo, se for brasileiro, até se espanta, observando menores trabalhando nas fazendas, geralmente da agricultura familiar. Alguns operam até tratores. São jovens saudáveis e que não deixam de frequentar rigorosa e regularmente a escola. Formados na disciplina do trabalho, da responsabilidade, crescem quase sempre isentos ao contágio da droga, dos vícios que enchem o tempo de que fica desocupado. Se a idade para a pratica de algum trabalho deve ser a partir dos 14 anos, ou se aos 12 já poderia acontecer, certamente os pais, se forem pessoas sensatas, justas, equilibradas, saberão avaliar aquilo que caberia a cada faixa etária.

          Estudo, lazer, trabalho, também em doses corretas, não deformam, nem subvertem jovens em formação.

          Mas voltemos ao título da matéria: Os meninos que “viravam bosta”.

          O cenário: Os campos de Jaborandi, interior paulista, região de Ribeirão Preto. São pastos extensos que alimentam grandes rebanhos. O fazendeiro, que tem um pasto verde, bonito, preocupa-se muito com a bosta do boi. Aquelas placas que caem, ficam sobre o capim e, se lá permaneceram, logo, em vários pontos do pasto, se formam manchas cinzentas de capim seco. Assim, é preciso remover a bosta e isso é feito, constantemente, por trabalhadores que recolhem os excrementos já solidificados e os arrumam para serem colhidos pelas carretas, que os levam até as esterqueiras, onde, misturados com a urina das rezes, forma-se então a compostagem, um excelente adubo. Aos domingos, um daqueles fazendeiros, com a concordância dos pais, transportava crianças para os pastos e elas ficavam a “virar bosta”. Se alimentavam, descansavam, trabalhavam até quando quisessem e, no fim da jornada, eram remunerados. Tomavam todos um bom banho e eram reconduzidos às casas dos país.

          Poderia se objetar: Isso é trabalho escravo, é exploração de crianças. Tudo bem, mas em Jaborandi, na virada da década dos anos cinquenta para os sessenta, era uma prática normal e a ninguém teria afrontado.

          Uma dessas crianças dá um testemunho lisonjeiro sobre o que fazia e diz que tem orgulho de ter sido “um vira bosta”, porque o trabalho lhe deu a satisfação de receber um salário, de exercitar o corpo, aprender a lidar com dinheiro e a ter responsabilidade. A criança é o hoje bem sucedido empresário Ibrahim Salim. Filho de um libanês mascate, que não ficou rico e de mãe paulista, ele trabalhou nos pastos aos domingos e frequentou a escola nos dias normais. Veio aos vinte anos a Aracaju e daqui não saiu. Já passou dos setenta, criou empresas, diversificou negócios, agiu como ser humano sociável que tem responsabilidade com o seu tempo, a sua gente e a terra que adotou para viver e constituir família, desde que casou com a sergipana Selma, já falecida, com a qual teve três filhos, que não “viraram bosta”, mas foram educados com a responsabilidade do trabalho a partir da adolescência.

          Salim, que vai ao Líbano todos os anos para visitar parte da família que por lá ficou, é um líder maçônico que conseguiu a proeza de ser Venerável de 3 Lojas: a Cotinguiba, a Marcos Ferreira e a Clodomir Silva. Foi Grão Mestre do Grande Oriente de Sergipe, tendo fundado 6 Lojas Maçônicas, sendo Venerável Emérito de 4 delas.

          Talvez, se naquelas manhãs e tardes de domingo, ele não estivesse ocupado, num trabalho digno como qualquer outro, não existisse o Ibrahim Salim de hoje.

IBRAHIM SALIN

 

O ANIVERSÁRIO DE LUCIANO BISPO E A FESTA POLÍTICA

          Contando por baixo, passaram no sábado à tarde pelas instalações do BNB Clube em Itabaiana, algo próximo a umas mil e quinhentas pessoas. Houve churrasco, festa, animação, clima de amizade, comemoração e evento político, que marcou o início de uma caminhada. Luciano anunciou e convidou para uma festa de amigos e, junto ao convite, uma foto de Belivaldo Chagas. Seria assim uma espécie de adesão, em Itabaiana, a uma candidatura. Prefeitos, vereadores, deputados, deram uma coloração forte de política à festa de aniversário. Sucederam-se os oradores, Luciano, Jackson, Belivaldo, Rogério, Eliane Aquino, Fábio Mitidieri, Chico do Correio, Marcos Santana e tantos outros. A coisa prolongou-se até o cair da noite e de lá os que saíram, faziam avaliações sobre a enorme capacidade de aglutinação que tem o presidente da Assembleia, Luciano Bispo. Nos comentários, uma chapa que já estaria consolidada; Belivaldo governador, Ivan Leite vice, Jackson Senador e, na outra, vaga Rogério ou Eliane Aquino, a viúva de Déda.

LUCIANO BISPO, PRESIDENTE DA ALESE

FOTO: SES/SE

 

FIZERAM DA REPÚBLICA UM BORDEL E A BACANAL DEGENERADA CONTINUA

          O jovem Mikael, 19 anos, curso médio incompleto, nenhuma experiência administrativa, ganhou, na República que a turma de Michel Temer já transformou em bordel, um carguinho em comissão no Ministério do Trabalho. Salario: cinco mil reais. Tarefa: Gestor Financeiro da Área de Recursos Logísticos do Ministério do Trabalho. Orçamento: QUINHENTOS MILHÕES DE REAIS. O jovem, na primeira canetada desferida, liberou um pagamento de 27 milhões. A empresa beneficiada: Business Tecnology, que, por mera coincidencia, pertence a um sobrinho do deputado federal Jovair Arantes, ele, e mais o outro quadrilheiro, Roberto Jeferson, são os “padrinhos” do jovem Mikael. A empresa é inidônea, foi condenada pela Controladoria Geral da União a devolver quatro milhões de reais e, mesmo assim, continua operando em várias áreas federais, inclusive no Ministério do Trabalho, feudo dos assaltantes do PTB, a eles concedido pela generosidade conivente e pusilanime de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil.

MIKAEL TAVARES MEDEIROS

          O gestor já foi exonerado da função, mas continua com o seu cargo em comissão de cinco mil reais. E nada mais aconteceu. Nesta República que virou cabaré, continua a bacanal.

          Quando será que os militares, jogados a contra gosto na improvisada aventura de policiar a desordem do Rio de Janeiro, irão finalmente entender, que, por uma questão de dignidade da farda, não podem mais bater continência a um Chefe Supremo que leva as instituições brasileiras à desmoralização?

          Entre Pátria e bordel, a opção é óbvia, principalmente para quem veste farda, ou toga.

          Mas, infelizmente, a Ministra Carmen Lúcia recebeu, na sua residência, o presidente, cujas contas bancárias foram abertas à investigação da Polícia Federal, com autorização do Supremo, que ela, por sinal, preside.

 

UMA “FERA” SERGIPANA NA EUROPA

GUILHERME FIGUEIREDO

          Ele tem somente 13 anos e já se tornou nome famoso no circuito internacional do kart mundial. Chama-se Guilherme Andrade Figueiredo e é neto de dois avós, que agora só não fazem andar em kart, mas já conhecem todas as manobras do esporte e acompanham a trajetória de sucesso do neto campeão. A avó é a Procuradora de Justiça aposentada Creuza Brito Figueiredo, o avô, o agora quase um circunspecto tambem skartista, o advogado e ex-Vice Governdor Benedito Figueiredo. Guilherme, semana passada, num torneio de kart em Milão, que juntou os 50 melhores do mundo, ficou em quinto lugar.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Ele já foi contratado pela federação europeia de kart para participar de competições na França, Bélgica, Alemanha e Itália.

          Guilherme é patrocinado, felizmente, pelos que acreditaram nas suas raras qualidades de quase alçar vôo pilotando um carrinho barulhento: BANESE CARD, GRUPO MARATÁ, MF TOUR, RESTAURANTE KARRANCAS.

  

 

CONVITES:

 

 

NAS REDES SOCIAIS:

REFORMA POLÍTICA

RenovaBR, projeto criado para preparar novos talentos para as eleições deste ano, conta com quatro integrantes do estado de Sergipe em sua primeira turma. Entre os 100 aprovados para o programa de capacitação de lideranças políticas para promover transformações positivas no Brasil, estão os sergipanos Alessandro Vieira, Coronel Rocha, Milton Andrade e Saulo Vieira.

A meta é prepará-los para possíveis candidaturas a deputados estaduais e federais, bem como ajudá-los a desenvolver a capacidade de diálogo e convergência para a solução de problemas do país.

O programa mescla aulas presenciais e à distância, com carga horária total de 240 horas, entre atividades obrigatórias e eletivas. O primeiro módulo presencial aconteceu entre 22 de janeiro a 02 de fevereiro, em São Paulo. Foram duas semanas de imersão em contato com profissionais de excelência nas áreas de Direito Eleitoral, Marketing Político, Liderança, Papel do Poder Legislativo, Teoria Geral do Estado, Práticas de Inovação na Política, entre outros temas. A segunda etapa presencial será entre os dias 14 e 16 de março, também em São Paulo, com foco em marketing político e segurança pública.

“Hoje, temos escolas de formação em negócios, gestão, empreendedorismo, mas não há uma formação para novas lideranças políticas”, justifica Eduardo Mufarej, idealizador do projeto. “Esses novos talentos, identificados a partir de um processo de seleção, serão preparados para fazer a renovação de que tanto precisamos na política brasileira”.

Além do curso, cada participante tem acompanhamento de um coach da Sociedade Brasileira de Coaching para aprimorar questões de liderança, propósito e foco na possível jornada a uma vaga ao Legislativo.

Os integrantes da primeira turma do RenovaBR recebem uma bolsa mensal de até R$ 12 mil para dedicação exclusiva ao treinamento. Para seguir no projeto até julho, prazo final do curso, os bolsistas terão de cumprir carga horária mínima de 200 horas e ter 80% de aprovação das avaliações feitas ao longo do semestre, além de seguirem alinhados com o propósito do projeto de trabalhar pela ética, democracia e vontade de servir à sociedade.

“É uma extraordinária oportunidade de conviver de forma intensa e ouvir pessoas de diversos estados, condições socioeconômicas e ideologias, compondo o variado mosaico brasileiro”, afirma o delegado de polícia Alessandro Vieira. “Nossa maior riqueza está na diversidade. As lições de diálogo e tolerância são essenciais para reconstruir o Brasil”.

“O RenovaBR abriu as portas para mim sem nenhuma contrapartida de ideologia ou agenda, apenas com o objetivo de preparar e projetar novos nomes no sistema político que possam agir com ética e transparência”, diz Coronel Rocha.

 

Processo seletivo

 

Mais de 4 mil pessoas de todos os estados se inscreveram no processo seletivo do RenovaBR. Os inscritos passaram por etapas de teste online, entrevistas e banca avaliadora, até que se chegasse à lista final de 100 aprovados.

Atualmente, o RenovaBR busca mais 50 nomes por um processo de “hunting” para iniciar a segunda turma de formação em março.

“Queremos pessoas da sociedade, livres das amarras da política atual, para discutir e buscar soluções para os principais problemas do país”, afirma Mufarej.

Conheça os sergipanos do RenovaBR

Alessandro Vieira tem 43 anos. É delegado de polícia em Sergipe há 17 anos e tem atuação destacada nas áreas de proteção a grupos vulneráveis, combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. Já ocupou vários cargos na Polícia Civil como Delegado Geral da PC/SE. É especializado em Gestão Superior de Segurança Pública e atua como instrutor de diversos cursos do MJ/Senasp.

Coronel Rocha tem 50 anos. É coronel da Polícia Militar de Sergipe. Possui Doutorado em Segurança Pública e Mestrado em Direitos Humanos. É instrutor de Direitos Humanos da PM. A última função na PM foi Chefe de Inteligência e Chefe do Gabinete de Gestão de Crises e Conflitos e já atuou no governo em cargos civis ligados à justiça e às medidas socioeducativas.

Milton Andrade tem 31 anos e atua como advogado, empresário e palestrante no Sergipe. É vice-presidente da CDL Aracaju e conselheiro do CEAPE/SE.

Saulo Vieira tem 32 anos, atua como advogado na área do Direito Societário, coordena a iniciativa Advogados Pela Liberdade em Sergipe, é ativista e palestrante desde Porto da Folha no interior Sergipano à Cartagena das Índias na Colômbia. Já concorreu a vereador em sua cidade e sendo hoje o primeiro suplente da coligação.

 

Loures Consultoria

Assessoria de imprensa

RenovaBR

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