Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A confraria do peculato
27/05/2017
A confraria do peculato

Confraria é reunião de pessoas que têm sentimentos idênticos, afinidades, ou exercem os mesmos ofícios. Pode ser ainda, uma irmandade religiosa, ou maneira de agregar pessoas, para curtirem os mesmos prazeres, ou predileções, tais como o vinho, o charuto, o uísque, a cerveja, a cachaça, a música. E haja sabores, sons, odores, que possam ser objeto de um quase ritual durante as experimentações sensoriais, com o prazer acrescido da boa conversa, algo que exige alguma sofisticação.

Há, todavia, as confrarias desvirtuadas, aquelas que se tornam “irmandades” do crime, reunindo os predispostos ao cometimento de ações, que, apesar de maléficas, criminosas, não os constrangem nem envergonham.

Os filólogos, buscando a origem de cada palavra, poderiam opor restrições ao sentido do termo, quando utilizado, também, para identificar grupelhos criminosos.

Confraria teria de ser, na sua essência, a busca incessante da fraternidade. Na palavra peculato, de origem latina, que juntamos à “confraria”, para formar a frase que deu título a este comentário, há que considerar os significados da sua distante origem.

Peculato, diz o Aurélio: “Crime que se comete na subtração ou desvio por abuso de confiança de dinheiro público ou de coisa imóvel apreciável, para proveito próprio ou alheio por funcionário público que os administra ou guarda; abuso de confiança pública, furto do dinheiro público”.


Se buscarmos no termo peculato, também as suas origens latinas, iremos encontrar a referência ao gado, “pecus”, e, por isso, a relação entre valor monetário e gado seria o meio utilizado entre os primitivos romanos para a quantificação da riqueza. Por outro lado, essa linha semântica nos conduz, também, ao que existe de mais desprezível no termo peculato, que definiria o “roubo de gado”. Dai, surgiram entre nós aquelas expressões utilizadas quando se quer definir a mais abjeta imagem de um cidadão: “Ladrão de gado”, “ladrão de cavalo”. No far-west americano, ladrões de boi ou cavalo eram sumariamente enforcados. Nos sertões brasileiros esse costume feroz ainda existe, e, quando capturados os larápios, a vingança se faz  com a execução.

A “Confraria do Peculato” existe no Brasil há séculos, reúne aquela nobreza, que hoje denominamos elite, apegada irremediavelmente aos cofres públicos. As palavras candentes do Padre Vieira atravessaram o tempo, ficaram incorporadas ao que de mais primoroso existe na arte da oratória portuguesa, mas, não alcançaram a ressonância devida entre os que persistiram no vicio de roubar o que seria público, e assim, todos eles permaneceram impunes e sobranceiros, “irmanados” naquela confraria que infesta os poderes.

De Temer, já se sabia que ele não era modelo de virtudes, todavia, tendo chegando ao elevado cargo de Presidente da República, que jamais alcançaria pelo voto direto, esperava-se que renegasse os hábitos impróprios, os vícios acumulados ao longo do tempo, na convivência com a confraria sinistra, que incluía todos os seus amigos “gedeis”. Pelo contrário, Temer os colocou ao seu lado, juntinhos, tão juntos, que um deles, o Rocha Loures, escondendo-se como foragido, foi receber 500 mil reais. Seria a primeira parcela da “aposentadoria do Michel”, como revelou um dos delatores da JBS, depois de tudo ser combinado no encontro noturno no Palácio do Jaburu, onde se deu a conversa com o bilionário meliante, Joesley Batista.

Temer elevou ao poder a sua Confraria do Peculato.

Enquanto aos brasileiros nega-se uma aposentadoria minimamente digna, “o Michel” aposentar-se-ia com 500 mil reais por semana, durante 20 anos. Certamente, como o velho Michel não é nenhum Matusalém, o vistoso “pecúlio” ficaria para o Michelzinho e sua mãe, a jovem Marcela, “bela, recatada e do lar”, que se tornaria viúva rica.

Ladrões de boi e cavalo continuam sendo os mais abominados dos gatunos, isso porque, talvez, as pessoas nem estejam advertidas para o que fazem suas excelências, os componentes da Confraria do Peculato.

Enquanto isso, em Pirajuí, São Paulo, uma senhora que furtou 3 Ovos de Páscoa  para levá-los aos filhos, permanece presa numa Penitenciária, condenada a 3 anos em regime fechado. Um eminente, conspícuo, meritíssimo, honorável, equânime, Ministro do Superior Tribunal de Justiça, o Dr. Cordeiro, negou-lhe o direito à prisão domiciliar.

Essa desgraçada senhora cometeu o grave equivoco de não ter, antes, aderido à Confraria do Peculato. Se o fizesse, poderia estar no terceiro andar do Palácio do Planalto, olhando, lá de cima, as tropas do Exército por suspeita decisão do mais destacado integrante da Confraria, que pretendia exibir poder, lançadas numa tarefa que a polícia do Distrito Federal já estava cumprindo, controlando a fuzarca de bandidos em que se transformou a democrática manifestação popular.

IRMÃS DE AÉCIO E BEIRA MAR

Semana passada a PF prendeu duas mulheres. Uma delas, irmã do mais famoso dos nossos meliantes de baixo coturno, Fernandinho Beira Mar.

Outra, foi Andrea, irmã do senador Aécio Neves, ex-governador de Minas, e por muito pouco não foi presidente da República.

Há um enorme fosso que delimita diferenças sociais a separar as duas irmãs. Uma oriunda das camadas pobres da população nasceu e cresceu num ambiente em que começou a ser contaminada pelo cotidiano da delinquência, da violência dentro do próprio barraco onde morava. Assistiu o irmão juntar-se a bandidos, e deles tornar-se líder. Acompanhou o rastro de sangue que Beira Mar foi deixando pelo caminho, enquanto ela mudava de vida, frequentando shoppings, usando produtos dispendiosos que passaram a fazer parte da sua vida, agora de farturas. Nem se constrangia, sabendo que tudo aquilo era proveniente do crime. A delinquência, a transgressão, as mortes, sempre foram parte inseparável do seu dia a dia. Seguiu a estrada delituosa do irmão, dele tornou-se eficaz parceira.

Andrea Neves nasceu, como se costuma dizer, em “berço de ouro”, não, todavia no sentido comum de riqueza. O avô Tancredo não legou aos descendentes patrimônio apreciável. Quando candidato na eleição indireta em 1985, Tancredo foi classificado, num relatório secreto do Departamento de Estado americano, como um político envolvido em atos de corrupção. Pouco depois, ele teria o atestado de idoneidade confirmado pelo próprio Departamento, que reconheceu o erro e corrigiu-se. Os dois netos, tanto Aécio como Andreia, certamente orgulham-se muito do avô ilustre. Mas não cuidaram de preservar e engrandecer o incalculável patrimônio imaterial,  herança maior do avô estadista. Dilapidaram-no, apesar dos exemplos que tiveram, da refinada educação que receberam da escola de civismo onde viveram da tradição da família.

Aécio fez carreira, a política, no caso, dizendo-se espelhado sempre, na imagem respeitada do avô. Durante a intensa campanha eleitoral pelo Brasil afora, mobilizando-se as massas e fazendo-as influir sobre o restrito colégio de votantes, um sergipano que fazia a locução nos comícios, relata uma constante preocupação de Tancredo com o neto, que tinha “largas aspirações”, e poderia, de uma hora para outra, transformar em pó a sua caminhada até a almejada Faixa de Presidente que conquistou e por fatalidade não a atravessou ao peito.

Tancredo, nem imaginaria que o neto se tornaria um malandro vulgar, a ponto de um tio, desembargador aposentado, pai do Fred, revoltado com Aécio, que utilizou espertamente o primo, para transportar propina, dizer: a República “livrou-se de um gangster”.

Aécio, era somente a farsa que representou as mentiras, que repetiu as trambicagens que sempre fez, e ficaram ocultas na embalagem eficiente da enganação.

A ITABAIANIZAÇÃO DE SERGIPE

Quinta, dia 24, a Câmara de Vereadores de Itabaiana fez sessão especial. Dos 14 vereadores, 13 estiveram presentes, o presidente José Teles de Mendonça, Roosevelt Santana, Gustavo Américo, que também representava a Maçonaria, Ivoni Andrade, João Cândido, José Carlos de Santana, José Roberto dos Santos, José Virtuoso, Marcos Vinícius, Moisés Mota, Paulo Messias, Sinvaldo Teixeira e Wagner Andrade.

A nota que aqui publicamos, sob o titulo “A Itabaianização de Sergipe”, motivou o presidente da Câmara José Teles, e os demais vereadores, a iniciarem uma discussão a respeito do modelo de desenvolvimento itabaianense, que oferece exemplos de empreendedorismo a Sergipe e ao Brasil.

Observa-se que a sociedade itabaianense, os seus políticos, demonstram invejável sintonia quando estão em pauta assuntos do interesse do município. Por isso, também estavam na Câmara a deputada estadual Maria Mendonça, o prefeito Valmir de Francisquinho, o ex-deputado federal José Carlos Machado, representantes do CDL, e Federação dos CDLs, Fábio Moura e Ricardo Passos, o representante da Academia de Letras, José Almeida Bispo, que também representava o acadêmico e desembargador federal Vladimir Carvalho, o assessor de comunicação da Câmara, radialista Edvanildo Santana, o Secretário da Agricultura, Erotildes, empresários, servidores públicos, profissionais liberais, estudantes, representantes de movimentos sociais.

A Expedição Serigy estava representada pelos seus líderes, os radicais itabaianenses, professores doutores Luciano Correia, Samarone, e a empresária Acácia Maria Santos.

Este escrevinhador foi o convidado para ampliar o conteúdo do texto simples que escrevera a respeito de Itabaiana. Manifestaram-se todos os vereadores, o prefeito Valmir de Francisquinho. O ex-deputado federal Jose Carlos Machado traçou o que significará para o futuro de Itabaiana, o asfaltamento da BR 235 até Jeremoabo, depois, ao oeste baiano. Sugeriu ainda uma ampla convergência política para que se reivindique a duplicação da BR 235, desde Aracaju, atravessando Itabaiana, até o entroncamento, em Ribeirópolis, com a Rota do Sertão.

O ex-vereador de Itabaiana Olivério Chagas, mostrava no plenário da Câmara, uma placa brilhante, onde estão listadas as Sete Maravilhas de Itabaiana. São elas: a Serra, o Parque dos Falcões, o Colégio Murilo Braga, a Feira Livre, a Igreja Matriz, as ruinas da Igreja Velha e a Filarmônica Nossa Senhora da Conceição.

O vereador Olivério foi o autor do projeto que relacionou as Sete Maravilhas.

Há quem note a ausência da Festa do Caminhoneiro.

CAMINHOS DA SOJA O PORTO DE ARACAJU

Toda ideia, projeto, sugestão, tendo origem na EMBRAPA, contem o selo de qualidade da empresa que privilegia a eficiência, os avanços gerenciais e tecnológicos. Agora, o Chefe Geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, com sede em Aracaju, Manoel Moacir Costa Macedo, lança a ideia da criação de um arco de plantio da soja, abrangendo Sergipe, Alagoas e Bahia (SEALBA).

Seria uma copia, em escala menor, da (MATOPIBA) vasta área de plantio de soja, abrangendo as extensões imensas de campos do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Ali, se expande notável polo de desenvolvimento, e uma pequena parte da soja produzida, escoa pelo porto da Barra dos Coqueiros. A rede de rodovias está sendo modernizada, e o mesmo precisa acontecer com o porto. Dai a necessidade de retomar negociações com o grupo Hamburg Sud.
Destaca Macedo o fato de que áreas de Frei Paulo e outros municípios, onde hoje se planta intensamente o milho, servem perfeitamente para a soja, cultivo que agrega valor.

O agrônomo José Dias, vem defendendo há algum tempo a ideia da rotação de culturas, milho-soja, e Macedo lembra, reforçando essa ideia, que seria a melhor forma de nitrogenar o solo e assegurar a continuidade indefinida do seu uso. Se conseguirmos produzir milho e soja, ampliaremos as vantagens locais para as indústrias de alimento humano e rações animais.

A sugestão da EMBRAPA merece atenção.

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO E QUANDO LOURES ABRIR A BOCA

Rocha Loures, aquele que estava num gabinete ao lado de Temer, e foi chamado pelo seu chefe de “magnífica figura humana” é figurinha carimbada nos ambientes onde ocorrem as “tenebrosas transações”. O espantado carregador da mala com os 500 mil reais sumiu depois que se viu flagrado pela PF. A mala evaporou, não estava nas casas e escritórios que a polícia vasculhou. Depois, apareceu, foi entregue na sede da Polícia Federal em São Paulo.

Contada a “bufunfa” descobriu-se que faltavam 35 mil. Loures roubou, certamente, seguindo aquele ditado: “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Acossado, mandou advogados levaram a quantia que faltava. A coisa complicou-se agora muito mais para ele. Loures não é exatamente alguém em cujo caráter se possa minimamente acreditar. Vai abrir a boca, e o chefe da Confraria do Peculato que se cuide.

OS ÚLTIMOS DIAS DE TEMER

Michel Temer tem os seus dias no poder agora contados. E são poucos. Os escândalos estão por toda parte, no rastro por onde passou a Confraria do Peculato. O Procurador da República Rodrigo Janot pegou pesado, viu na fita gravada a prova de que o ainda presidente cometeu gravíssimo crime de responsabilidade, e pede que o Ministro Fachim o convoque para depor. Ou seja, o governo está no chão. A saída da economista Maria Sílvia Bastos do comando do BNDES, é o sinal de que aqueles distantes da imoral Confraria estão saindo enojados.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, fala claramente que o governo Temer acabou, agora, resta um acordo para que se dê um mínimo de formalidade ao ato final de desmoralização e vergonha. Tasso descarta o impeachment, por ser um processo muito longo. Os empresários já demonstram, claramente, que esse clima de incerteza precisa acabar o mais rápido possível.

Outro recado absolutamente dentro das normas, sem ultrapassar escalas da hierarquia, e em sintonia com a Constituição, foi dado pelo discreto e firme comandante do exército, general Vilasboas, referindo-se à presença do Exército para conter as arruaças em Brasília, jogada final e desastrosa de Temer, para simular uma força que não tem. Disse o general: “Acredito plenamente que as forças policiais são suficientes para conter a desordem em Brasília”. No dia seguinte Temer revogou o decreto.

Temer só estaria agora esperando a garantia de que não será preso. Não é à toa que o Ministro Gilmar Mendes articula a revogação do que ficou decidido pelo Supremo, autorizando a prisão após o julgamento em segunda instancia, ao critério do tribunal.

Os candidatos mais prováveis na eleição indireta são o próprio Tasso Jereissati, o ex- ministro Nelson Jobim, o Ministro Meireles, o preferido dos banqueiros, ou o ex-presidente FHC, que finge não ter interesse, mas está repleto de energias, do alto dos seus 84 anos.

A CHUVA CAINDO A ÁGUA INDO EMBORA

No semiárido constrange ver chuva caindo, em alguns locais até fartamente, e a água escorrendo pelo chão cristalino, que pouco absorve, mas, pelos desníveis faz correr riachos, torrentes rápidas, passageiras, os cursos d’água intermitentes.  Acumular água é a grande tarefa a ser feita onde pouco chove. Não é coisa fácil, há séculos no nordeste, começam e acabam projetos hídricos. No final de 2015, quarto ano da longa estiagem, Jackson Barreto criou uma Força Tarefa.

Finalidade: estudar melhor o semiárido, propor medidas práticas para a convivência com as secas. Em suma: acumular água, evitar que as chuvas caindo ao solo escorram e se percam. Juntaram-se as Secretarias da Agricultura, do Meio Ambiente, da Casa Civil, a DESO, a COHIDRO a Defesa Civil, e foram surgindo ideias, projetos.

 JB percorreu o sertão, quando a chuva começava a cair. Viu, na divisa dos municípios de Glória e Carira, a barragem alargada e aprofundada das Aningas, o acúmulo da água, a alegria do povo. Diziam alguns que estavam vendo pela primeira vez, um governador, e que por dois anos, não falará água para dar de beber aos rebanhos. Outras barragens foram ampliadas, ou iniciadas, poços foram perfurados e produzem água. Se esse trabalho continuar, as secas se tornarão menos devastadoras.

ENTRE O BENIM E SERGIPE

No Benim, África, a PETROBRAS torrou 74 milhões de dólares num campo de petróleo que, descobriu-se depois, era quase seco. Rolou propina por todo lado, espalhando-se pela Confraria do Peculato.

Em Sergipe, num campo em Santo Amaro, onde o grupo pernambucano Brenand, quer instalar uma fábrica de cimento, a Petrobras que nos abandona, emperrou, não libera a área porque nela existe um só poço que pouco produz. A questão não é tão simples como se imagina. Devem ser realizados cuidadosos estudos antes da liberação, mas a empresa travada por tantas “liberalidades” antes cometidas, agora não tem dinheiro para nada, e os estudos não se realizam. Sergipe já não tem mais a Petrobras, e a Petrobras impede que tenhamos mais uma fábrica de cimento.

A XINGÓ VERTENDO E A ILUSÃO LOGO DESFEITA

Pela barragem de Xingó começou, surpreendentemente, um verter de água. A chuva caia sobre o baixo São Francisco, nos trechos médio e alto não choveu, assim, era estranho aquela água correndo, quando se anunciava que a vazão seria reduzida de 800 m³/s para  600 m³. No site da Rádio Xingó FM, foi postada foto com a observação de que aquilo não era causado pela chuva.

Em menos de dez horas houve 134 mil acessos, mais de 2 mil compartilhamentos. De todo o Brasil as pessoas queriam saber mais informações sobre aquilo que poderia ser uma boa noticia. Tratava-se, apenas, de um teste para avaliar o funcionamento de turbinas que irão funcionar com menos água.

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